quinta-feira, 29 de março de 2007

31 - GOODBYE LOVER


goodbye lover (usa, 1998) – de Roland Jaffé, do ótimo Cidade da Esperança. Sandra (Patricia Arquette, 08 de abril de 1968) tem um caso com Ben (Don Johnson, 15 de dezembro de 1949), mas é casada com Jake (Dermot Mulroney, 31 de outubro de 1963). Para conseguir o dinheiro do seguro, ela e Jake decidem matar Ben, que tinha uma romance com a secretária (Mary-Louise Parker, 02 de agosto de 1964). Depois de descobrir que Jake também mantinha um affair com ela, Sandra mata os dois, mas é investigada pela detetive Rita (Ellen DeGeneres, 26 de janeiro de 1958) que, por sua vez, a chantageia para dividir a bolada com ela. Comédia de humor negro, com timing e tiradas engraçadas, principalmente nas falas de Ellen DeGeneres.

30 - OS ESQUECIDOS


os esquecidos (the forgotten, usa 2004) – de Joseph Ruben. Ao serem informados de que seus filhos não existem, uma mulher (Julianne Moore, 03 de dezembro de 1960) e um homem logo descobrem que um inimigo muito mais perigoso está à espreita. Acabam se vendo no meio de uma trama que envolve abdução para experimentos alienígenas. Gary Sinise tem apenas uma participação vazia. Apesar da bela fotografia, a história cai muito no terço final, revelando uma trama para lá de inverossímil, que de maneira alguma não combina com o início animador, com aquele jogo do “que é realidade e o que não é”.

29 - O SOMBRA


o sombra (the shadow, usa 1994) – de Russel Mulcahy, cujo grande sucesso foi Highlander, de 1986. Alec Baldwin vive aqui o herói dos quadrinhos, num estilo meio campy e carregado numa atmosfera sombria, lembrando o Batman de Tim Burton e o Dick Tracy de Warren Beatty. O filme é fraco e, embora Alec Baldwin se esforce para dar alguma consistência ao personagem, a gente fica sem saber se ele incorpora mesmo o herói ou apenas fica à sua sombra.

segunda-feira, 26 de março de 2007

28 - CLOSER


closer, perto demais (closer, usa 2004) - este, definitivamente, não é um filme para todo mundo. Incomoda, aponta contradições, nos coloca diante da desmistificação da verdade nas relações. Como Edward Albee um dia disse: “A proposta da arte é colocar um espelho na frente do nariz dos que estão na platéia e dizer – isso é o que você é... agora, mude!”. O filme faz isso. É uma história intrigante de paixão, drama, amor e abandono que, apesar de sua aparente simplicidade, vai se tornando cada vez mais complicada, à medida que os dois casais (Jude Law e Natalie Portman, Clive Owen e Julia Roberts) começam a se inter-relacionar entre si. A grande e agradável surpresa para mim é a israelense Natalie Portman (09 de junho de 1981), que está magnética na tela e se entrega a um papel difícil e pesado. Achei Julia Roberts (28 de outubro de 1967) meio inadequada ao papel, embora, no todo, ela dê conta do recado. Vê-la, no entanto, sem maquiagem e com todas as imperfeições físicas e de caráter à mostra, sem se importar se está sendo politicamente correta ou não é uma experiência tão incômoda quanto revigorante. Clive Owen (3 de outubro de 1964), juntamente com Natalie, tem uma atuação ofuscantemente vulcânica e impetuosa. Enfim, uma das coisas que me chamaram a atenção foi a sugestão corajosa de que a verdade nunca existe totalmente nas relações. Quem se propuser dizer sempre a verdade, de acordo com o filme, vai acabar ferindo-se e ferindo o outro de forma irremediável. A história, adaptada de uma peça homônima do inglês Patrick Marber, se passa em Londres e, curiosamente, em determinada cena, ouve-se uma canção da bossa-nova cantada em português. Closer é um filme sobre começos, finais e recomeços. Ou, mais precisamente, sobre como o amor é em grande medida uma ilusão que, ao ganhar alguma nitidez, deixa de corresponder à expectativa e passa a exigir uma nova miragem de que se alimentar. A falha, postulam o autor e o diretor, não é do sentimento, mas de quem o sente. Como um não existe sem o outro, entretanto, tem-se aí uma charada difícil de destrinchar. Não há nudez ou sexo em Closer, mas a exposição do íntimo dos personagens é tão cruel, e a linguagem que eles usam tão forte e direta, que a sensação é de explicitude total. Direção de Mike Nichols.

sexta-feira, 23 de março de 2007

27 - O PRÍNCIPE DAS MARÉS


o príncipe das marés (the prince of the tides, usa) – depois da tentativa de suicídio de sua irmã, Tom Wingo Nick Nolte (08 de fevereiro de 1941) conhece a psiquiatra Susan Lowenstein (Barbra Streisand, 24 de abril de 1942) que o fará explorar o passado para ajudar a salvá-la. Juntos, fazem o levantamento de suas frustrações. Obviamente, os dois se apaixonam. Nolte faz muito bem o tipo do homem meio desprotegido, inconformado, desiludido, incapaz de se cuidar por conta própria, pedindo que alguém o socorra, e é exatamente este clima que a direção de Barbra captou. Mas o final soa meio moralista, tendendo mais para o politicamente correto e deixando a sensação de que faltou algo. Direção, como já disse, da própria Barbra Streisand.

quinta-feira, 22 de março de 2007

26 - CASABLANCA


casablanca (casablanca, usa 1942) – como ainda não se emocionar com a história de amor entre Rick e Ilsa, o desesperador desencontro que se abate sobre eles, a possibilidade de recuperar o amor que já julgavam perdido? Tudo parece funcionar nesta produção de baixo orçamento, mas com uma história que sobrevive por si só. Além do mais, há Humphrey Bogart (25 de dezembro de 1899 – 14 de janeiro de 1957) e Ingrid Bergman (29 de agosto de 1915 – 19 de agosto de 1982) no auge de suas carismáticas carreiras. E ainda tem Peter Lorre (26 de junho de 1904 - 23 de março de 1964) assustado, com medo de ser apanhado pelos nazistas. Gosto muito da ironia e do sarcasmo do inspetor Renault de Claude Rains (10 de novembro de 1889 - 30 de maio de 1967). Ainda há muito mais para falar sobre Casablanca, muito mais o que sentir sobre Casablanca, muito mais para se ver em Casablanca. É uma linda história sobre a possibilidade de reencontrar o amor – isso já bastaria para fazer do filme um dos maiores de todos os tempos.

quarta-feira, 21 de março de 2007

25 - COISAS BELAS E SUJAS


coisas belas e sujas (DIRTY PRETTY THINGS, uk 2002) – impressionante filme sobre um imigrante ilegal em Londres, Okwe (Chiwetel Ejiofor, 10 de julho de 1974), que trabalha como recepcionista de um hotel onde acontece tráfico de órgãos, mais especificamente rins, trocados por vistos e passaportes para os imigrantes. Audrey Tautou (09 de agosto de 1976), de O código Da Vinci (2006) e de Le Fabuleux destin d'Amélie Poulain (2001), é Senay, com quem Okwe se envolve, à medida que vai descobrindo os segredos que os rondam. Ejiofor mostra que é, de fato, muito bom ator. Ele já tinha brilhado, com menos intensidade, em Melinda, Melinda (2004), de Woody Allen, Simplesmente Amor(2003) e Amistad (1997) A tensão percorre a história do início ao final sensacional e inesperado. Vale ver pela originalidade e ousadia. Dirigido por Stephen Frears, responsável também pelo magnífico Ligações Perigosas (1988), uma importante contribuição cinematográfica para a restituição do Iluminismo. Esse filme foi uma indicação preciosa do meu grande amigo Miranda.

segunda-feira, 19 de março de 2007

24 - O GOLPE


o golpe (the big bounce, usa 2004) – de George Armitage. Vi o filme por causa do grandíssimo Morgan Freeman (01 de junho de 1937), mas acabei me decepcionando, porque o a história é confusa e se baseia mais nas belíssimas paisagens das praias do Havaí e no corpo da mocinha, Sara Foster. Tudo bem. Já é o segundo filme que vejo e não entendo nada, o que é preocupante, pois desconfio de que tempo começa a agravar o que, antes, eu chamava de inexperiência. Owen Wilson (18 de novembro de 1968) é um marginal simpático que vive de golpes e que acaba se apaixonando pela namorada de um bandido, ou alguma coisa parecida, ainda não sei bem. Freeman é um juiz que supostamente quer ajudá-lo, mas que não passa disso. Total desperdício de talento. O que Freeman está fazendo nessa roubada?

23 - CONTRATO DE RISCO


contrato de risco (the deal, usa 2005) – de Harvey Kahn. Em meio a uma crise energética, um jovem investidor de Wall Street (Christian Slater, 18 de agosto de 1969) emprega uma ativista ambiental (Selma Blair, 23 e junho de 1972) na empresa petrolífera Condor. Mas suas vidas passam a correr perigo quando descobrem as relações entre a Condor e a máfia russa. Selma Blair fez Hellboy e continua linda aqui neste filme. Ela é casada, na vida real, com o filho de Frank Zappa. O roteiro é meio confuso. Algumas boas tomadas de Nova York.

22 - STARSKY E HUTCH


starsky e Hutch – justiça em dobro (starsky and hutch, usa 2004) – versão cinematográfica da popular série de TV dos anos 60, em que se destacava o carro vermelho com uma faixa lateral branca e o manjado antagonismo entre a dupla de policiais que não respeitavam a lei para resolver o caso. No filme Ben Stiller é Starsky e Owen Wilson (18 de novembro de 1968) é Hutch, mas o roteiro, mais chegado ao pastelão, não colabora para o filme decolar. Carmem Electra faz uma participação e, claro, a gente sempre fica querendo ver mais, mas é só uma ponta sem importância. A abordagem aqui é uma homenagem à cultura pop dos anos 70, com músicas da época, figurino kitsch e diálogos inocentes. Vale ver a cena de Stiller dançando numa discoteca. Direção de Todd Philips.

21 - LAUREL CANYON


laurel canyon (usa, 2002) – de Lisa Cholodenko. Enquanto procuram uma casa definitiva, um jovem casal, Sam e Alex (Christian Bale, 30 de janeiro de 1974 e Kate Beckinsale, 23 de julho de 1973), vai morar na casa da mãe de Sam, Jane (Frances McDormand, 23 de junho de 1957), uma produtora de discos que leva uma vida, digamos, desregrada, com muitas festas, drogas e rock'n'roll. Como o passar do tempo, Jane acaba por atrair Alex para seu estilo de vida, causando uma ruptura na relação dela com Sam. Flash da vida em Los Angeles, envolvendo drogas, showbiz e relação entre mãe modernosa e filho supostamente careta, que se mostra incapaz de superar os traumas de infância. É um filme estranho, pois até que tem um argumento interessante, mas o final é totalmente enigmático e desconexo com a história. Vale ver pela belíssima Kate Beckinsale, num papel que oscila entre a inocência quase perdida e a malícia mal disfarçada.

quinta-feira, 15 de março de 2007

20 - O ENCANTADOR DE CAVALOS


o encantador de cavalos (the horse whisperer, usa 1997) – de Robert Redford. Depois de uma queda traumática de cavalo, Grace (Scarlett Johansson, 22 de novembro de 1984) vai com a mãe (Kristin Scott Thomas, 24 e maio de 1960, lindíssima) a uma fazenda no Colorado para tentar superar a situação traumática, levando também o cavalo seriamente ferido. O personagem de Redford (18 de agosto de 1936), além de encantar o cavalo e fazer com que a menina torne a montar, acaba por seduzir a mãe dela também. No que faz muito bem aliás, pois Kristin nunca esteve tão linda e imensamente aberta ao mundo dos sentimentos, com aquele ar triste e cabelos curtos. O filme é longo demais e ficou muito aquém do que eu esperava. Redford, fisicamente, está muito encarquilhado, embora ainda apresente o tradicional charme característico de uma época em que os ditos galãs obedeciam a um padrão pouquíssimo flexível. Sam Neil, Chris Cooper e Diane Wiest completam o elenco. Vale ver.

19 - A FILHA DO CHEFE


a filha do chefe (the boss’ daughter, usa) – de David Zucker. Comédia descerebrada com Ashton Kutcher (07 de fevereiro de 1978), que parece ter sido escolhido para ser a bola da vez das produções mais populares de Hollywood, embora ache que ele ainda é muito verde, mesmo para roteiros imbecis como este: escolhido pelo patrão (Terence Stamp, 22 de julho de 1939)inexplicavelmente sub-aproveitado) para tomar conta da sua casa durante a sua ausência, rapaz recém-contratado se mete em várias confusões durante a tarefa e, claro, se apaixona pela filha do chefe e justifica o título do filme. Tudo muito debilóide. Carmem Electra (20 de abril de 1972) tem uma participação apenas para mostrar o corpo, o que seria a única justificativa para assistir ao filme.

18 - LIÇÕES PARA TODA A VIDA


lições para toda a vida (secondhand lions, usa 2003) – de Tim McCanlies. Belo e sensível, este filme é um daqueles que faz a gente chorar pela beleza poética que emociona em cada seqüência. Um tímido garoto (Haley Joel Osment, excepcional) vai passar férias com seus dois tios excêntricos (Michael Caine e Robert Duvall, excelentes!). Enquanto eles dão asas à imaginação e sonham com as aventuras da juventude, o garoto lhes ensina um modo diferente de ver a vida. Adorável! Haley Joel Osment (10 de abril de 1988) tem uma expressão profunda e autêntica, que já apresentara em O Sexto Sentido e A. I., de Spielberg. Aqui, ele está magnífico. Caine (14 de março de 1933) e Duvall (05 de janeiro de 1931) estão memoráveis! O título em inglês se refere, circunstancialmente, ao velho leão que os dois vetustos tios compram no decorrer do filme e que é responsável por uma observação adorável de Osment, ao ver que o felino era tão idoso que mal se agüentava em pé: “Vocês compraram um leão usado?”. Obrigatório.

quarta-feira, 14 de março de 2007

17 - MEDIDAS EXTREMAS


medidas extremas (extreme measures, usa 1996) – de Michael Apted. Excelente thriller de suspense com a presença surpreendente de Hugh Grant (09 de setembro de 1960) num papel dramático, que faz um médico estagiando num grande hospital de Nova York e que acaba descobrindo uma máfia que trafica seres humanos para experiências com alguma coisa parecida com células-tronco. O grandíssimo Gene Hackman (30 de janeiro de 1930) é o médico responsável pelos experimentos. Sarah Jessica Parker (25 de março de 1965), também uma médica, tem um personagem fundamental na trama. Muito bom filme, com Grant fazendo um papel diferente do que a gente se acostumou a ver e no qual se sai muito bem, diga-se.

16 - TÃO LONGE, TÃO PERTO


tão longe, tão perto (far away, so close, alemanha 1993) – de Wim Wenders. Cassiel é um anjo que acompanha a vida dos habitantes de Berlim. Após salvar a vida de uma jovem, ele vira humano e é perseguido por um supervisor de anjos que deseja puni-lo. Cassiel pede ajuda a um amigo que se tornou humano e agora vive com a família na Berlim unificada. O filme foi vencedor de Cannes em 1993 e é continuação de Asas do Desejo. Nastassja Kinski (24 de janeiro de 1959) está belíssima, um verdadeiro anjo ( ! ), como o personagem dela. O foco é na inadaptação de Cassiel à vida humana. Vemos, o tempo todo, uma contínua interação entre fantasia e realidade, coisa do mestre Wenders. Há cameos de Mikhail Gorbachev, Peter Falk e Lou Reed. Gorbachev aparece porque seu secretário, fã de Wenders, o convenceu a fazer uma ponta durante sua passagem pela Alemanha.

15 - SWAT


swat (swat, usa 2003) – thriller policial dirigido por Clark Johnson, com Samuel L. Jackson (21 de dezembro de 1948) e Colin Farell (31 de maio de 1976), emulando a antiga série de TV. O filme melhora muito no seu terço final, com uma clássica perseguição a um Lear Jet que pousa numa ponte para resgatar um criminoso (Olivier Martinez, o francês de Unfaithful) que oferece 100 milhões de dólares para quem o liberte. Jackson é mesmo um grande ator, com presença galvanizante e com domínio total das cenas. Vale dar uma espiada, sem grandes expectativas.

domingo, 11 de março de 2007

14 - EFEITO BORBOLETA


efeito borboleta (the butterfly effect, usa 2004) – suspense psicológico estrelado por Ashton Kutcher, atual marido de Demi Moore, no qual ele é um rapaz atormentado por visões do passado que, quando combinadas com suas lembranças, afeta o destino de seus amigos de infância. O roteiro não me pareceu original – já vi isso em algum lugar. Violento e longo demais. Se puder, evite. Direção de Eric Bress.

sábado, 10 de março de 2007

13 - DUPLEX


Duplex (duplex, usa) – excelente produção dirigida por Danny DeVito - um especialista em comédias de humor negro - com Ben Stiller (30 de novembro de 1965) e Drew Barrymore (22 de fevereiro de 1975), que são um casal que aluga um apartamento em cujo segundo andar mora uma velhinha que inferniza a vida dos dois. Fazia tempo que eu não ria tanto vendo um filme com um roteiro inteligente e atuações sensacionais, principalmente de Eileen Essell (1922), que faz a velhinha. Piadas politicamente incorretas, escatologia, situações constrangedoras: tudo que o americano adora, mas que aqui dá certo, está no filme. Uma das melhores atuações de Stiller. O final é sensacional.

sexta-feira, 9 de março de 2007

12 - O HOMEM INVISÍVEL


O homem invisível (the invisible man, usa 1933) – de James Whale, o mesmo diretor de Frankenstein (1931). Cientista (Claude Rains, 10 de novembro de 1889 - 30 de maio de 1967) descobre uma fórmula que o faz ficar invisível e começa a enlouquecer em função disso, além de cometer as maiores atrocidades. Bons efeitos especiais e aquele clima noir das produções de horror da época. Claude Rains, o capitão Renault de Casablanca, faz um personagem difícil, pois só na última cena é que ele se torna visível, por breves instantes. As atuações são toscas, mas a adaptação da obra de H.G. Wells, para a época, é bem razoável. Houve uma refilmagem em 2000 com Kevin Bacon, o primeiro filme a que assisti em DVD (isso é uma trívia cinematográfica extremamente pessoal, queiram perdoar). A simpática Una O’Connor (23 de outubro de 1880 – 04 de fevereiro de 1959), que depois faria a Minnie em A Noiva de Frankenstein (1935), aparece com o recorrente - em sua carreira - personagem de mulher histérica. Acabou se tornando um dos rostos mais conhecidos dos clássicos de horror da Universal.

11 - DESPERTAR DE UM PESADELO


Despertar de pesadelo (long kiss godnight, usa 1996) – suspense com toques de comédia estrelado por Geena Davis e Samuel L. Jackson. Geena descobre que perdeu a memória e que é uma agente especial do governo americano. Juntamente com Jackson, tenta descobrir as pessoas que querem eliminá-la. Bom ritmo e atuações convincentes dos protagonistas, embora o roteiro exagere nas cenas de violência. O final é muito over e prejudica o filme com uma pirotecnia desnecessária. Larry King tem um cameo no fim. Para ver uma vez e esquecer para sempre. Direção de Renny Harlin.

10 - AS BRUXAS DE EASTWICK


As bruxas de Eastwick (the witches of eastwick, usa 1987) – de George Miller, de Mad Max. Inspirado num best-seller de John Updike. Três mulheres (Cher, Susan Sarandon e Michelle Pfeiffer) imaginam um homem ideal, capaz de compartilhar do espírito libertário das três com muito amor e sem ciúmes. Aí, entra o personagem de Jack Nicholson, mudando a vida das três mulheres. O papel é perfeito para ele, um especialista em gente esquisita. Veronica Cartwright (20 de abril de 1950), irmã mais velha de Ângela, tem um papel supostamente importante, cujo sentido na história ainda não consegui entender. Veronica foi Jemima, filha mais velha de Daniel Boone (Fess Parker, 16 de agosto de 1924), no seriado de 1964. Michelle está linda, como sempre, aliás. Mais para uma Fada de Eastwick. Mais tarde, reencontraria Nicholson em Lobo. Michelle Pfeiffer... hummm, nada mal para um Nicholson em plena idade do próprio.

9 - SUSPEITO ZERO


Suspeito zero (supect zero, usa 2004) – de E. Elias Mehige. Filme chato e violento esse com o ótimo Ben Kingsley e com o fraco Aaron Ekhart e a séria Carrie-Ann Moss, de Matrix, sub-aproveitada aqui. O filme é um tédio só, com aquele clima de suspense psicológico e com fotografia esmaecida em exagero, cansando quem assiste. Ekhart (12 de março de 1968) fez Possessão, que é um bom filme, mas está péssimo aqui – totalmente inexpressivo e fazendo um good guy meio suspeito. Nota zero para ele.

8 - PIRATAS DO CARIBE


Piratas do caribe (pirates of the caribeean, usa 2003) – este é o típico caso em que ver o filme pela segunda vez o torna muito melhor. Da primeira vez que vi Piratas do Caribe, não gostei. Mas, agora, dá para constatar que Johnny Depp está magistral como o folgado pirata Jack Sparrow; que, queira ou não queira, Keira Knightley é mesmo um dos rostos mais lindos do cinema contemporâneo e que a única nota dissonante é mesmo Orlando Bloom como um fraco protagonista que não convence como mocinho. O filme é muito bem feito tecnicamente e o roteiro, embora não seja grande coisa, tem lances criativos como, por exemplo, o fato de os piratas do Black Pearl se mostrarem como fantasmas sob a luz da lua (um spoiler, eu sei, sorry!). Já temos a segunda e a terceira seqüências e, no cotejo, esse aqui parece sair ganhando. Até a década passada, os filmes em série eram um caso de tentativa e erro, e o normal é que o interesse por eles fosse diminuindo a cada novo episódio. Hoje, as continuações são preparadas argutamente. Os capítulos iniciais já são feitos com as continuações em mente. É o que se chama "endgame": faz-se o primeiro filme com o desfecho do último em vista. É o caso desse Piratas do Caribe.

7 - DE REPENTE, 30


De repente, 30 (13 going on 30, usa 2004) – de Gary Winick. Uma menina de 13 anos, depois do efeito de um pó mágico, se transforma numa mulher de 30 (Jennifer Garner) e recupera o grande amor de sua vida (Mark Ruffalo, 22 de novembro de 1967). Ruffalo esteve em View from the Top, com Gwyneth Paltrow, do Bruno Barreto e é um ator bastante razoável, com estilo meio cool, intimista, bom para estas comédias românticas. O roteiro é tão pouco original que só vale a pena mesmo para ver como o diretor se vira para dar uma roupagem nova a uma idéia extremamente batida. Por outro lado, tem a Jennifer Garner (17 de abril de 1972) e a presença dela, mesmo calada, melhora qualquer filme. Seu único defeito na vida é ter casado com aquele boboca do Ben Affleck e ainda ter um filho com ele, meu Deus do céu! Mas o filme é dela, definitivamente. Está linda e perfeitamente integrada ao personagem, feito sob medida para seu jeito esfuziante. Só não dá para desculpar o Affleck na vida dela.

6 - RETRATOS DE UMA OBSESSÃO


Retratos de uma obsessão (the one hour photo, usa 2002) – de Mark Romanek. Robin Williams e seus papéis esquisitos novamente. Aqui, ele é um empregado de uma loja que vende filmes e revela fotos, num shopping. Sem qualquer razão aparente, começa a ficar obcecado por uma família de classe média que costuma deixar suas fotos de família ali. A bela Connie Nielsen, muito compreensivelmente, é o foco de sua obsessão. O final é meio chocho.

5 - PLANETA DO TESOURO


Planeta do tesouro (treasure planet, usa 2002) - Jim Hawkins é um jovem rebelde que sonha com viagens e histórias de piratas. Quando, de repente, o mapa que leva ao lendário Planeta do Tesouro chega às suas mãos, o menino vive uma inacreditável aventura através do espaço. Baseada no clássico da literatura infantil "A Ilha do Tesouro", de Robert Louis Stevenson, esta animação mescla o tradicional desenho animado com as modernas técnicas de animação digitalizada ou CGI.

4 - MENTIRA SALVADORA


Mentira salvadora (ladies of the chorus, usa 1948) – de Phil Karlson. Marilyn Monroe pertence à segunda geração de uma família de bailarinas e se apaixona por um ricaço, gerando problemas com sua mãe, que não aprova o romance. Musical misturado ao drama, bem típico da Hollywood pós-guerra, enfocando o preconceito com as vedetes do teatro rebolado. Marilyn está linda, ainda bem jovem e convincente como a garota inocente que nunca mais seria depois do torvelinho de sua vida pessoal.

3 - CONTATO DE RISCO


Contato de risco (gigli, usa, 2003) – de Martin Brest. O filme é pífio e só o que vale nele é a presença exuberante de Jennifer Lopez. O roteiro é confuso, com diálogos paupérrimos, especialmente quando Jennifer tenta convencer o aparvalhado do Ben Affleck que não há nada melhor do que gostar de mulher (ela faz uma suposta lésbica). Surpreendentemente, Al Pacino faz uma participação, já no final do filme, totalmente descabida, diga-se de passagem. A crítica já tinha arrasado o filme, mas eu não imaginava que fosse tão ruim assim. De acordo com o Razzie Awards, foi consagrado como O Pior Filme, O Pior diretor, O Pior Ator, A Pior Atriz, O Pior Casal em Cena e o Pior Roteiro. De fato, tudo é muito ruim. Só Jennifer justifica as quase duas horas de total constrangimento diante da TV. Um exemplo: a palavra “fuck” é usada 124 vezes. Dos atores principais, só Christopher Walken, não faz uso de tal recurso, digamos, lingüístico.

2 - A MÃO QUE BALANÇA O BERÇO


A mão que balança o berço (the hand that rocks the cradle, usa 1992) – de Curtis Hanson. Eficiente thriller de suspense em que uma babá maligna Peyton (Rebecca De Mornay, 29 de agosto de 1962) quer se vingar por ter perdido o bebê que esperava, atazanando a vida da família de Claire (Anabella Sciorra, 24 de março de 1964) a responsável pela denúncia de assédio que levou ao suicídio do marido de Peyton, então médico de Claire. Mas a grande desempenho do filme é de Ernie Hudson, de Os Caça-Fantasmas, que faz Salomon, um quase deficiente mental que acaba sendo vital para o desenlace do filme. Não lembrava da participação importante de Julianne Moore. Segundo grande papel de Anabella Sciorra, depois de Jungle Fever, de Spike Lee. Revisto na HBO, 05 de janeiro de 2006.

1 - MOÇA COM BRINCO DE PÉROLAS


Moça com brinco de pérolas (girl with pearl earrings, usa 2004) – revendo agora o filme, ainda acho-o delicado e belo, com a presença luminosa de Scarlett Johansson (22 de novembro de 1984) e o excelente Colin Firth (10 de setembro de 1960) no papel de Vermeer. Os longos silêncios que permeiam o filme ressaltam a beleza suave (neste filme) de Scarlett. Acho que vou usar este filme como suporte para o Mestrado, no sentido de rever a questão da imagem percebida diferentemente por pessoas diferentes. A cena em que Vermeer pinta o retrato dela é primorosa. O filme não merece aplausos somente por retratar uma fantasia da meia-idade: patrão arruma empregadinha que o entende melhor do que a patroa. No caso, Griet (Scarlett Johansson) o entende a ponto de, instruída a não mexer em nada no ateliê do mestre Vermeer (Colin Firth), perguntar à dona da casa se pode limpar os vidros empoeirados. Porque, só a jovem enxerga, isso mexeria no bem mais precioso: a luz. O olhar de Scarlett é tão mais notável quanto o do quadro que dá título ao filme, apesar de colocado num belo e fresco rosto, encima um corpo fora dos padrões sarados de beleza dos tempos que correm. Por isso, e mais que a poesia não ousa, o prazer de olhar de Scarlett Johansson – e o prazer de olhar para Scarlett Johansson – nos desperta sutis áreas de percepção.

quarta-feira, 7 de março de 2007