sexta-feira, 23 de outubro de 2009

829 - DESPEDIDA EM LAS VEGAS


DESPEDIDA EM LAS VEGAS (LEAVING LAS VEGAS, USA 1995) - de Mike Figgs. Ben Sanderson (o vencedor do Oscar de Melhor Ator Nicolas Cage, 07 de janeiro e 1964)é um roteirista que perde o emprego e a família em virtude do alcoolismo e que decide passar seus últimos dias em Las Vegas, bebendo até morrer. Ao chegar lá, ele conhece uma prostituta, Sera (a bela Elizabeth Shue, 06 de outubro de 1963),e começa a manter com ela uma relação de profundo respeito: ambos não interferem no estilo de vida de cada um.O roteiro se escora no Mito de Orfeu, ao colocar Ben numa viagem sem volta em busca de sua esposa, assim como acontece com a tentativa de Orfeu de reencontrar Eurídice. Figgs nos dá uma pista sutil sobre isso quando Ben dá a Sera um par de brincos gregos. É a história do encontro de duas pessoas solitárias que, durante a sua convivência, acabam encontrando pontos em comum. É um filme sobre alcoolismo e solidão que não se parece com nenhum outro do gênero. Dica do Miranda.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

828 - MAX PAYNE


MAX PAYNE (MAX PAYNE, USA 2008) – Mark Wahlberg é Max Payne, um detetive que teve sua mulher e filho brutalmente assassinados. Transferido para um departamento de casos insolúveis, Payne consegue descobrir uma ligação entre a morte de sua família e uma série de mortes violentas que passam a acontecer na cidade: uma tatuagem em forma de asa. Thriller eficiente, baseado num vídeo game do qual nunca havia ouvido falar. Fotografia impressionante, acentuando o clima noir das histórias do personagem. Atenção para a bela ucraniana Olga Kurylenko, de Quantum of Solace (2008).

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

827 - A MULHER INVISÍVEL


A MULHER INVISÍVEL (BRASIL, 2009) – o diretor Cláudio Torres escorregou feio nesta suposta comédia com verniz psicológico, em que nada se salva, nem mesmo contando com um ator de talento inegável como Selton Mello e a beleza magnética de Luana Piovani. Percebe-se que o diretor quis atingir as grandes platéias - aquelas cujo senso crítico cabe perfeitamente num Twitter - e para quais basta a propaganda bombardear com a legenda “uma comédia sensacional” para entupirem os cinemas e acharem tudo uma perfeição. Até aí, tudo bem. Afinal, cinema é mesmo diversão. Mas não pode ser enganação: o filme é ruim. Selton interpreta o controlador de tráfego, Pedro, que, depois de dispensado sem cerimônia pela mulher (Maria Luísa Mendonça), cai em depressão. As coisas parecem que vão melhorar quando Amanda (Luana Piovani) bate à sua porta e Pedro acredita ter encontrado a companheira ideal. Só que ela é mera criação de sua mente solitária e só existe na sua fantasia. Daí por diante, Selton Mello esforça-se para segurar o filme, e as situações e os diálogos evoluem (?) para uma “interpretose” constrangedora que subestima a inteligência do espectador com truques baratos de psicologia, como aconteceu em O Divã, com Lília Cabral.

826 - P.S. EU TE AMO


P. S. I EU TE AMO (P.S. I LOVE YOU, USA 2008) – com Gerard Butler e Hillary Swank. Exatamente na era do e-mail, aparece esta história para mostrar às novas gerações o que é receber uma carta de papel e a emoção de ela vir inesperadamente. Pois bem, Gerry (Butler) e Holly (Swank) são um casal apaixonado, cuja felicidade é interrompida com a morte dele, em decorrência de um tumor cerebral. Gerry deixara cartas para que sua mulher suportasse a dor da perda, e Holy passa a recebê-las dos modos mais inesperados. O roteiro explora a saudade como tema principal: até que momento o amor pode perdurar depois da morte de uma de suas pontas? Hillary Swank mostra talento, e a Butler cabem as travessuras de garotão amoroso, num roteiro que, creio, poderia ter sido bem mais aproveitado. Harry Connick Jr e Kathy Bathes no elenco. Uma homenagem às cartas de antigamente.

825 - VOCÊ É TÃO BONITO


VOCÊ É TÃO BONITO (JE VOUS TROUVE TRÈS BEAU, FRANÇA 2005) – de Isabelle Mergault. O filme trata de um problema recorrente para os franceses: os imigrantes do leste europeu. No filme, Aymé (Michel Blanc, excelente) é um fazendeiro que fica viúvo (sua mulher era apenas uma empregada de luxo). Sua preocupação, agora, é conseguir alguém que faça as tarefas de casa e logo se vê num avião em direção a Bucareste, para entrevistar potenciais noivas que, na sua maioria, querem apenas trocar a vida difícil na Romênia pelo glamour das luzes parisienses. Uma delas, Elena, diz que gosta de fazenda e de animais e acaba sendo escolhida por Aymé que, a princípio, não tem intenção de casar com ela – apenas colocá-la para trabalhar. A partir daí, tudo fica muito previsível: diante da doçura de Elena, Aymé deixa vir à tona um ser humano sensível e carente que estabelece com ela uma forte relação de amor. Vale a pena, sobretudo, pela atuação de Blanc.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

824 - MAMMA MIA


MAMMA MIA (MAMMA MIA, USA 2008) – com Meryl Streep, Colin Firth e Pierce Brosnan. Musical com canções da banda Abba em sua trilha sonora. Na trama, Sophie (Amanda Seyfried, linda), filha de Donna (Streep), vai se casar numa paradisíaca ilha grega. Desejando ser levada ao altar por seu pai que nunca conheceu, ela manda convites para três ex-namorados de sua mãe. Quando eles chegam à ilha, Donna inventa desculpas para não revelar quem é o pai de Sophie. O filme é muito divertido. A diretora Phyllida Lloyd também dirigiu a montagem na Broadway.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

823 - JOVEM FRANKENSTEIN


YOUNG FRANKENSTEIN (USA, 1994 - de Mel Brooks. As gerações mais novas talvez não vejam no filme a hilariedade que causa em quem acompanhou as grandes produções da Universal da primeira metade do século passado. No entanto, Jovem Frankenstein é um marco na carreira de Brooks e dos seus atores de fé, Gene Wilder (11 de junho de 1933) e Marty Feldman (08 de julho de 1933 - 02 de dezembro de 1982). Sem exagerar nas caracterizações, o diretor pinça as sutilezas de Frankenstein (1931) e A Noiva de Frankenstein (1932)e adiciona gags que se tornaram inesquecíveis nas atuações de Wilder e Feldman. Atenção para Gene Hackman como o homem cego que recebe A Criatura (Peter Boyle)na sua casa - a sequência é muito engraçada e sutil. Os cenários, principalmente o imponente castelo, são recriações muito próximas dos originais utilizados nos filmes da "Universal", sendo que inclusive os instrumentos e todo o maquinário elétrico e equipamentos do laboratório do Dr. Frederick Frankenstein são exatamente os mesmos criados por Kenneth Strickfaden para os clássicos dos anos 30 (com um agradecimento especial nos créditos de abertura). A cena onde o monstro está carregando Elizabeth desacordada à noite por uma sinistra floresta é uma referência e homenagem ao clássico "O Monstro da Lagoa Negra" (54), de Jack Arnold, que tem uma sequência similar envolvendo o monstro do título e a bela Kay, a mocinha interpretada por Julie Adams. No início do filme, ouvem-se treze badaladas do relógio, algo difícil de perceber a não ser que se contem todas as batidas pacientemente. Aliás, também perto do início, um casal de passageiros num trem fala exatamente as mesmas palavras em inglês (quando simulam a passagem por uma estação em New York) e também em alemão (quando passam por uma estação na Transilvânia). O estridente e ameaçador uivo do lobisomem que se ouve quando o Dr. Frankenstein, sua assistente Inga e o corcunda Igor estão chegando ao castelo numa carruagem, foi feito pelo próprio diretor Mel Brooks, que aliás também foi o autor de um grito imitando um gato sendo atingido por um dardo arremessado de forma errada pelo Dr. Frankenstein, quando tentava acertar um tabuleiro como alvo. Quando o Dr. Frankenstein localiza a biblioteca particular de seu avô, Victor, num aposento secreto no imenso castelo, ele encontra um livro escrito por seu avô intitulado "How I Did It" (Como eu Fiz), que é uma brincadeira do roteiro ao mencionar a existência de um registro que revelava como Victor Frankenstein conseguiu reanimar carne morta, um fato que não está revelado no livro original de Mary Shelley. Naquela cena onde o monstro encontra na floresta uma garotinha, Helga (Anne Beesley), numa referência à mesma sequência do filme de 1931 de James Whale, eles ficam jogando flores num lago, e no momento em que a menina diz não ter mais flores para jogar, perguntando o que poderia então ser arremessado na água (para quem conhece o filme da Universal sabe o que o monstro escolheu para jogar no lago, numa cena que chocou o público na época e que ficou censurado por muitos anos), a criatura faz uma expressão de deboche para a câmera. Quando o monstro faz uma visita espontânea ao homem cego, e depois de não ter obtido sucesso com a sopa quente, vinho e um charuto oferecidos por ele, numa série antológica de trapalhadas totalmente hilariantes, o monstro decide fugir com raiva e em seu encalço o homem cego ainda lhe oferece um cafezinho (essa última parte foi improvisada pelo ator Gene Hackman, pois não estava no roteiro). O primeiro cérebro escolhido para a criatura era de um tal de Hans Delbruck, que no filme era descrito como cientista e santo, homem de grande inteligência e ideal para fazer parte do monstro, e na realidade Delbruck era mesmo um historiador e professor alemão de grande relevância nas áreas de economia e política. Numa das cenas finais, Elizabeth utiliza um cabelo igual ao da noiva do monstro no filme de 1935, quando a atriz Elsa Lanchester tinha um penteado com enormes mechas brancas no cabelo, que foi inspirado em antigas esculturas da rainha egípcia "Nefertiti".