quarta-feira, 11 de maio de 2011

1070 - O BEM AMADO


O BEM AMADO (BRASIL, 2010) – de Guel Arraes. É um sacrilégio mexer com coisas sagradas. Pois bem, a versão original de O Bem Amado, no início dos anos 70, com Paulo Gracindo como protagonista, é uma dessas coisas sagradas que, acima de tudo, devem ser conservadas, intactas, na memória de quem viu e na suposição de quem não viu. O que fizeram agora com a obra de Dias Gomes, transpondo-a para a tela grande, foi de grande infelicidade. Para quem ainda tem a novela guardada na memória afetiva, é o filme é de um impacto desagradabilíssimo; para quem não viu na TV, só fica uma sensação de humor que, temos que admitir, não funciona mais nos dias de hoje. O Bem Amado original brincava perigosamente com a ditadura militar, criticando o status quo, o autoritarismo do governo de então e suas figuras canhestras. Mesmo mantendo a perspectiva histórica da época, o filme não funciona. Apesar de grande ator, Marco Nanini não é Paulo Gracindo, e José Wilker não chega nem às botas sujas de poeira do sertão do Zeca Diabo de Lima Duarte. A única luz de interesse do filme é a presença graciosa de Maria Flor, repetindo um pouco os maneirismos de Aline, da TV.