terça-feira, 28 de junho de 2011

1105 - PERVERSA PAIXÃO


PERVERSA PAIXÃO (PLAY MISTY FOR ME, USA 1971) – de Clint Eastwood. Neste filme, Clint ainda se mostra um cineasta um pouco inseguro, com alguns bons momentos. Na época, ele estava ansioso para dirigir seu primeiro filme, e os produtores lhe ofereceram a chance, com a condição que nada lhe seria pago. O resto é História, como sabemos. O filme oscila entre bons momentos de suspense e outros um pouco exagerados, como, por exemplo, a atuação meio over de Jessica Walter, como a fã obcecada por DJ Dave (Clint), que repete a fórmula de “Atração Fatal”.


1104 - CIDADE ARDENTE

CIDADE ARDENTE (CITY HEAT, USA 1984) - Este não é um bom filme de Clint. Apesar de estrelar junto com outro peso-pesado, Burt Reynolds, a história que envolve a Máfia nos anos 30 se perde entre a confusão e o pastelão, sem grandes alcances. Na cidade do Kansas em 1933 Murphy (Burt Reynolds), um detective particular, segue a pista do assassino do seu parceiro. Entretanto o Tenente Speer (Clint Eastwood) da Polícia local não está nada contente com a guerra do submundo que assola a cidade. Os dois detestam-se, o que, naturalmente, faz deles mais uma versão dos parceiros que se odeiam, apesar de trabalharem juntos. Era para ser um daqueles encontros dos sonhos, com dois atores de imensa popularidade, mas que acabaou não dando certo na tela, muito em função do roteiro muito mexido.

1103 - COMO TREINAR SEU DRAGÃO

COMO TREINAR SEU DRAGÃO (HOW TO TRAIN YOUR DRAGON, USA 2010) – a história de um menino viking que se torna amigo de um temível dragão, depois de ajudá-lo a voar novamente, numa sociedade que se jacta de caçá-los como esporte, não tem lá muita originalidade, mas, aqui, funciona muito bem e a gente se delicia do princípio ao fim.

1102 - AS FACES DA VERDADE

AS FACES DA VERDADE (NOTHING BUT THE TRUTH, USA 2008) – de Rod Lurie. Rachel Amstrong (Kate Beckinsale) é uma jovem jornalista política que trabalha em um dos maiores jornais da capital dos EUA. A sorte bate á sua porta quando obtém informações seguras sobre um escândalo sem precedentes que pode abalar toda a estrutura do atual governo que, decidido a descobrir de onde a informação vazou, a obriga a revelar sua fonte. Ela se recusa a dar a informação e trair seus princípios e enfrentará um duro julgamento, comandado pelo procurador Patton (Matt Dillon), para ser presa, deixando sua família para manter sua integridade como jornalista. O filme é muito bom, com todos os ingredientes de um thriller policial e um desfecho surpreendente. Além disso, duas das mais belas e talentosas atrizes do cinema atual – Kate Beckinsale e Vera Farmiga. Atenção para David Schwimmer, o Ross de Friends, aqui num papel dramático, como marido de Kate. Alan Alda também tem uma atuação marcante, como advogado da protagonista.

1101 - O FUGITIVO

O FUGITIVO (THE FUGITIVE, USA 1993) – esta versão do seriado com David Janssen, na década de 60, é excelente, principalmente pela boa atuação de Harrison Ford e de Tommy Lee Jones. Harrison é Richard Kimble, acusado de ter assassinado sua esposa, que tenta de todas as formas provar sua inocência e encontrar o responsável. É aí que o filme tem alguma coisa de diferente – Kimble não se transforma em um herói de ação, como seria Indiana Jones, mas sim uma pessoa comum (ou quase) que consegue superar todos os obstáculos para encontrar a verdade.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

1100 - O SOLTEIRÃO

O SOLTEIRÃO (SOLITARY MAN, USA 2010) – Michael Douglas põe em cheque sua fama de garanhão – nas telas e fora delas, diga-se – na pele de um Don Juan em fim de carreira cuja vida vai naufragando numa cascata de fracassos profissionais e afetivos. O curioso – e fundamental – neste filme é que ele não se arvora em apontar saídas para a redenção e se concentra, numa abordagem bastante assertiva em consequências afetivas e em seus efeitos colaterais, sem o peso do julgamento moral. Destaca-se a atuação convincente de Douglas, que é um mestre em se apresentar com um olhar irresponsável, desleixado, desbocado e sem a mínima preocupação com o politicamente correto. O título em português é um equívoco total.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

1099 - AMOR AOS PEDAÇOS


AMOR AOS PEDAÇOS (LOVE & SEX, USA 2000) – comédia romântica sobre as idas e vindas do casal Kate e Adam (Famke Janssen e Jon Favreau, que agora dirigiu os dois Homem de Ferro). O que mais impressiona no filme é que, claro, a gente espera aquele dejà vu das comédias deste tipo, com todas as situações típicas dos romances que sofrem todo tipo de twists até dar tudo certo no fim, mas a diretora Valerie Breiman dá um ritmo que envolve o espectador e a química entre o Famke e Jon funciona. Neste caso, o título em português é muito melhor do que o original.


quarta-feira, 15 de junho de 2011

1098 - À PROVA DE MORTE


À PROVA DE MORTE (DEATH PROOF, USA 2007) – de Quentin Tarantino. Fiel às características imanentes à filmografia pregressa do cineasta, Tarantino joga nos nossos olhos um filme explícito de gênero hollywoodiano. Inequivocamente, esbarra-se numa de suas referências mais nítidas - o tributo ao exploitation dos anos 1970, com os seus filmes B repletos de sexo e violência. Destarte, Tarantino compõe o pastiche com personagens caricatos, papo-furado feminino, signos da cultura pop americana e muita ação automobilística, além das alusões aos clássicos do cinema dos anos 70. Sem muito esforço, aparecem as motivações imediatas, as cores primárias, os lugares prosaicos e músicas populares da época: “Baby It´s You” (Burt Bacharach), “Down in Mexico” (The Coasters), “Hold Tight” (Dave Dee, Dozy, Beaky, Mick & Tich), entre outras da inspirada trilha, que é outro achado. A gente logo percebe que está diante da história manjadíssima (mas Tarantino nunca quis ser original) de um psicopata sádico persegue gostosas descerebradas para trucidá-las em cenas brutais que levam o termo “descerebradas” a ser entendido ao pé da letra. A câmera fetichista abusa nos closes em shortinhos apertados e pés desnudos, com direito à dança erótica (lap dance). Kurt Russell é Stuntman Mike: ex-dublê machão, com cicatriz e tudo, que pilota um Dodge Challenger extraído diretamente de Corrida Contra o Destino (1971). Sem uma gota de culpa a lhe rolar pela face cicatrizada, o assassino ao volante escolhe “namoradas” pela cidade e as mata com o seu muscle car preto. O personagem sublima a falta de amor/sexo de belas mulheres por meio de perseguições e rachas excitantes. Para ele, o possante carro é como extensão fálica, o que o faz, literalmente, penetrar as mulheres com o veículo. O velho charme do efeito retrô, aparece em imagens riscadas, cortes descontínuos, planos perdidos, manchas brancas e pretas, interrupções do áudio e falhas de montagem. O procedimento também serve para desnarrativizar a história e, e certo modo, perturbar o espectador, como quando há o primeiro desastre provocado por Mike. Entretanto, afora essa seqüência, À Prova de Morte é narrado de modo contínuo. Organizado como díptico, divide-se em duas partes de mesma estrutura de personagens e ação, que se antagonizam no desfecho. Se, na primeira, o psicopata motorizado é bem-sucedido em massacrar as três hot girls; na segunda, elas renascem na pele de outras atrizes, para uma vingança adivinhada e, confesso, deliciosa. Eis o tema tarantinesco da mulher poderosa, que faz e acontece, movida à vingança na mais alta octanagem, a exemplo de Jackie Brown (Pam Grier, no filme homônimo), Beatrix Kiddo (Uma Thurman, em Kill Bill) ou Shosana Dreyfus (Melanie Laurent, em Bastardos Inglórios). Todas elas se vingam de homens prepotentes e controladores. É a celebração da alegria na degustação da pura vingança. Se não há moral no universo de Tarantino, existe uma ética da potência, na medida em que os personagens lutam por si mesmos, na relação de forças, para sobrepujar os agressores. Tarantino se equilibra admiravelmente no processo de explorar até a última gota de sangue os lugares-comuns e os estereótipos do cinema da década de 70. No entanto, é exatamente na composição de seus filmes que ele se mostra genial, acrescentando minimalisticamente um e outro detalhe que faz toda a diferença. Os diálogos são superficiais, mas envolventes. Os personagens são caricatos, porém sedutores. Os cenários são pop, mas também pop art, na invocação da participação do espectador, na desmistificação do bom-gosto e do sublime da arte clássica. O diretor trilha o caminho inverso da comunicação de massa e mostra como a arte consegue surrupiar da sociedade hipócrita seus ícones e produtos para, então, jogá-los contra o mesmo sistema que os produziu. Sob esta ótica, À Prova de Morte prescinde de qualquer transcendência. Transcender o gênero seria perder a sua essência e, assim, a sua potência. Por isso, Tarantino desvela fraquezas, inseguranças, repressões exatamente no local que melhor exorciza o medo do abandono – a estrada – espaço onde o cinema americano se reinventou na década de 70, a partir de “Easy rider”. É um prazer degustar o coquetel que Tarantino prepara de referências à cultura pop e a um certo tipo de cinema que não costuma ser visto como obra de arte. O filme não força a idolatria à tipologia para reeditar a história já vista em outras produções ou para cultuar o cinema pelo cinema (religião). Apenas enfia com vontade a agulha na veia do gênero e de seus lugares-comuns, para encher a seringa com um espesso líquido quente que mistura cocotas de shortinho e bermudinha esfiapada ao redor de coxas grossas, close nos pés femininos, perseguições de carro e diálogos enebriantemente longos – tudo isso a serviço do universo tarantinolândico que tanto nos fascina.

domingo, 12 de junho de 2011

1097 - W


W (USA 2008) – de Oliver Stone, que apresenta a biografia de George W. Bush, desde de sua época de colégio, incluindo as bebedeiras e o eterno problema com o álcool, além de evidenciar sua relação problemática com o pai, mesmo depois de ser eleito presidente duas vezes. Josh Brolin está perfeito no papel de um Bush apalermado, vacilante, rude ao extremo e dominado por uma crença religiosa que o deixava ainda mais frágil diante das decisões que tomou em relação à guerra do Iraque. O elenco é de alto nível: Richard Dreyfuss é o vice Dick Cheney; Thandie Newton é Condoleezza Rice; Scott Glen é Rumsfeld e Jeffrey Wright é Colin Powell. O personagem principal, vivido por Brolin, é uma caricatura, mas tão verossímil que dá calafrios só de pensar no perigo que representou na Casa Branca.

1096 - O DIRIGÍVEL HINDERBURG


O DIRIGÍVEL HINDERBURG (THE HINDERBURG, USA 1975) – de Robert Wise. O filme narrar a viagem do dirigível Hinderburg, da Europa até os Estados Unidos, até o desastre que ocorre na sua chegada ao território americano. Os efeitos são meio toscos até mesmo para a época, mas acabam funcionando, em função das sequências extremamente lentas que ocorrem dentro da aeronave. Alguns nomes consagrados – como George C. Scott, Anne Bancroft e Charles Durning – reproduzem a estratégia de alguns filmes-catástrofes da época, que também tinham um elenco estelar. No final, há uma discutível edição de imagens, intercalando as da época com as feitas para o filme. Não me pareceu digno de Wise.

1095 - O CÉU DE OUTUBRO


O CÉU DE OUTUBRO (OCTOBER SKY, USA 1999) – na linha dos filmes que contam a história de alguém que acredita no seu sonho, apesar de todas as dificuldade, O Céu de Outubro cumpre bem o papel de emocionar o espectador, principalmente pela verdadeira atuação de Jake Gyllenhaal e de Chris Cooper, este último se mostrando muito à vontade no recorrente papel de pai severo e intransigente, como fez em Beleza Americana. A tensão entre os personagens de Jake e Chris leva o filme até o final emocionante, que coroa a história real de Homer Hickam, um jovem de uma cidade do interior dos EUA, que tem o sonho de construir um foguete.

sábado, 4 de junho de 2011

1094 - UMA NOITE EM 67


UMA NOITE EM 67 (BRASIL, 2010) – documentário sobre a final do Festiva de Música Brasileira, que a Record promovia nos anos 60. O que é notável é a quantidade de músicas de qualidade, de uma tacada só: Ponteio, a vencedora, Domingo No Parque, Roda-Viva e outras. O melhor da MPB estava lá: Chico, Caetano, Gil, Edu Lobo, Os Mutantes e até um extremamente relaxado Roberto Carlos, que fez até piadinha com o violão que Sérgio Ricardo quebrara momentos antes. A primeira reflexão, depois de assistir ao documentário é constatar que a música brasileira empobreceu de forma irresgatável, se levarmos em conta os grandes nomes acima citados. Os números musicais são entremeados por entrevistas atuais com os mesmos personagens. Dá para sentir a tensão que a violência da ditadura imprimia à competição.