domingo, 29 de dezembro de 2013

2207 - PROVA DE VIDA

(PROOF OF LIFE, USA 2000) - Só desta vez notei a excelente fotografia deste filme com Russel Crowe e Meg Ryan, que começaram um romance na vida real durante a produção. O filme é longo demais, embora seja correto na sua proposta de mostrar - um pouco estereotipadamente,  é verdade - o clima de guerrilhas em países subdesenvolvidos da América do Sul. Meg Ryan continua, aqui, a ser uma péssima atriz, além de ser a dona do andar mais feio que o cinema já focalizou. Neste filme, ela ainda não apresentava o constrangedor contorno "bico de pato" na boca, resultado de uma aplicação de Botox, que a deixou ainda mais sem graça e feia. Crowe, por outro lado, mostra que é excelente, mesmo num papel sem grande envergadura.

2206 - PODEROSO JOE

(MIGHTY JOE YOUNG, USA 1998) - Eu nunca tinha assistido a este filme com atenção, mas, hoje, enquanto passava na TV, comecei a perceber que, tecnicamente, PODEROSO JOE é muito bom. Se compararmos com o KING KONG de Peter Jackson, com falhas técnicas evidentes, o Joe desta história ficou perfeito, em todas as cenas. A produção, em si, está à altura do original de 1949, ou seja, um exemplo de um remake que valeu a pena. Bacana ver o cameo de Terry Moore, o protagonista do filme original, e Harry Harryhausen, responsável pelos efeitos daquela produção. Ah, e, claro, tem Charlize Theron, linda e suave.

2205 - O SEGREDO DE SANTA VITÓRIA

(THE SECRET OF SANTA VITTORIA, USA 1969) - Este é um dos filmes que marcaram a minha vida, pois é uma história cativante, principalmente pela atuação ígnea de Anthony Quinn, como Bombolini, um simplório prefeito de uma cidadezinha italiana, no pós-guerra, Santa Vitória. É ali que os nazistas pretendem fazer uma ocupação, saqueando o maior tesouro da população: um milhão e trezentas mil garrafas de vinho. Ciente disso, Bombolini executa um plano ousado: esconder a maioria da produção numa das cavernas próximas da cidade. Atenção para a atuação igualmente vibrante de Anna Magnani, que consegue, em inglês, dar a sonoridade italiana a um discurso sempre colérico, engraçado e, claro, politicamente incorreto. A sequência final é hilariante, inesquecível! Um clássico.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

2204 - MELANCOLIA

(MELANCHOLIA, Dinamarca, Suécia, França, Alemanha, 2011) - Nos oito minutos iniciais, ao som de Tristão e Isolda, de Wagner, Lars von Trier dá a partida para a história de duas irmãs que esperam o fim do mundo. Sim, o mundo vai acabar, e vemos isso claramente quando o gigantesco planeta Melancolia se aproxima da Terra e colide com ela estrondosamente. Ver isso logo no início do filme tem um propósito específico: surpreender não com a ideia do fim do mundo, mas com a maneira como seus personagens o receberão. Este ano, vi um outro filme com temática semelhante, PROCURA-SE UM AMIGO PARA O FIM DO MUNDO, que também me emocionou muito. É uma ideia interessante ver os dois em sequência.

2203 - UM HOMEM DE FAMÍLIA

(THE FAMILY MAN, USA 2000) - Este é um dois filmes que sempre vejo no fim de ano. Nicolas Cage é Jack Campbell, um investidor de Wall Street, que tem a oportunidade de ver como sua vida teria sido se ele tivesse casado com a namorada da época da faculdade (Téa Leoni, lindíssima). É uma boa oportunidade para pensarmos como seria a nossa vida se tivéssemos tomado decisões diferentes. Platão dizia: "Uma vida não examinada não merece ser vivida" - o filme, portanto, pode ter este viés filosófico, que instiga um questionamento sobre coisas como o "destino", o livre-arbítrio e a capacidade de empatia.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

2202 - 2 DIAS EM NOVA YORK

(2 DAYS IN NEW YORK, França/Alemanha/ Bélgica, 2012) - Evidentemente, vi este filme por causa de Julie Delpy, que protagoniza e dirige esta comédia meio sem graça. O casamento de seu personagem, Marion, com um americano naufragou, deixando-lhe só o filho pequeno - mas ela está feliz no namoro como Mingus (Chris Rock, péssimo), que também tem uma filha de outro relacionamento. Essa simetria harmônica é fragorosamente rompida com a chegada a Nova York do pai de Marion, sua irmã doidinha e o namorado idiota desta. Imagino que Julie tenha querido dar ênfase ao choque cultural, mas o que se vê é uma série de estereótipos preconceituosos em relação ao comportamento inapropriado dos franceses quando em visita a um país estangeiro. No fim, como se quisesse ser politicamente correta, a bela e talentosa Julie acaba fazendo a apologia da união da família, sem as devidas visões críticas.

2201 - LOBISOMEM - A BESTA ENTRE NÓS

(WEREWOLF - THE BEAST AMONG US, USA 2012) - Tenho sempre curiosidade a respeito dos filmes de terror, para compará-los com as pioneiras produções da Universal, lá da década de 30. Apesar de todo o avanço tecnológico, os filmes antigos eram infinitamente melhores. Este filme é muito bem cuidado na fotografia e nos cenários, mas falha no principal: o dono da festa, o lobisomem, é feito no pior CG possível, destoando totalmente da decente produção que até apresentou um roteiro bem original, dentro do possível, pois lembra, em algumas sequências, VAN HELSING. O cubano Steven Bauer e o irlandês Stephen Rea são os nomes mais famosos do elenco praticamente desconhecido.

domingo, 22 de dezembro de 2013

2200 - O AMOR É CEGO

(SHALLOW HAL, USA 2002) - Os irmãos Farrelly conquistaram espaço nobre no coração da novíssima crítica cinematográfica a partir de uma série de comédias calcadas na incorreção política, na qual limitações físicas estimulam o debate sobre exclusão. Neste filme, eles apostam numa das (muitas) doenças da nossa sociedade: a obsessão pela magreza. Soma-se a isso um boa catucada nas bases do desejo visual masculino, e temos Jack Black e seu humor cínico na pele de Hal, ensinado desde garoto a só se interessar por mulheres dentro dos padrões espartanos de beleza e desprezado por, ele mesmo, não estar dentro da expectativa feminina. Até que conhece Rosemary (uma Gwyneth Paltrow capaz de provocar abandono de lar), um exemplo de mulher tamanho GG, mas que, aos olhos dele é a mais bela das sílfides, graças à hipnose de um guri de autoajuda.

2199 - O SOLTEIRÃO

(SOLITARY MAN, USA 2010) -O equivocado título em português quase estraga este interessante filme em que Michael Douglas meio que faz um personagem-espelho de sua vida afetiva, consabidamente afetada pelo vício que ele próprio fazia questão de declarar, não sem com uma ponta de orgulho: sexo. Pois bem, neste filme, ele é Ben Kalmen, um famoso vendedor de carros, que já conheceu melhores dias, que dinamita seu futuro ao ceder à sedução de sua enteada, numa visita a um campus universitário. Lá, trava amizade com um garotão nerd (Jesse Eisenberg), para quem será uma espécie de tutor. A relação dos dois não descamba para o paternalismo raso. O roteiro do filme é delicado demais para sentimentalismos. Não se fala em redenção. Fala-se da em inconsequências afetivas - e em seus efeitos colaterais - sem juízos morais. Kalmen não tem medo da solidão, mas, sim, da miséria, da qual se dá conta após um torvelinho de episódios comoventes e hilários que nos levam ao impacto da cena final, tão singela como dramática. Atenção para o excepcional Danny DeVito e para a sempre resignada ex-esposa interpretada por Susan Sarandon.

2198 - AS AVENTURAS DE SIMBAD

(CAPTAIN SIMBAD, USA 1963) - Meu maior interesse, neste filme, é rever Guy Williams, o professor Robinson de Perdidos no Espaço, no papel de Simbad, numa história que envolve todo o universo fantástico do mundo árabe, incluindo um dragão invisível ( ! ). É uma boa oportunidade de comparar os efeitos deste filme com os do mestre Harry Harryhausen, sempre em produções de pouca criatividade. Aqui, não: a história é repleta de surpresas e as cenas super coloridas estimulam o interesse sobre uma típica atração da Sessão da Tarde.

sábado, 21 de dezembro de 2013

2197 - O RESGATE

(STOLEN, USA 2012) - Apesar de não andar fazendo bons filmes, Nicolas Cage ainda conta com crédito comigo. O RESGATE não é um filme ruim. É péssimo. Com qualquer outro ator, seria insuportável por mais de 10 minutos. A história é muito parecida com TAKEN, estrelado por Liam Neeson e tudo parece ter sido feito meio às pressas, como fica evidenciado no roteiro. Não lhe soa familiar uma trama em que um ex-presidiário procura pela filha, com quem tem problemas de relacionamento, é rejeitado por ela que, por sua vez, é sequestrada por um antigo comparsa do pai procurando vingança, para, no fim, todos se harmonizarem? Pois é, o filme é isso apenas. A falta de originalidade só agrava o que, por si só, já seria ruim. Os personagens são muito estereotipados, especialmente o psicopata com uma perna de pau interpretado por Josh Lucas.  A sequência final é constrangedora, com direito até a uma pálida alusão ao EXTERMINADOR DO FUTURO.
 

2196 - VIAGEM FANTÁSTICA

(FANTASTIC VOYAGE, USA 1966) - Este é um dos meus filmes favoritos. Quando um diplomata, de importância vital nas relações da Guerra Fria, sofre um atentado em entra em coma, um grupo de médicos é convocado por um programa secreto do governo para operá-lo, depois de serem miniaturizados dentro do PROTEUS, um dos mais legais submarinos atômicos já mostrado pelo cinema de sci-fy. Entre os cientistas, está Raquel Welch, mais linda do que se pode imaginar, num uniforme colado ao corpo sinuoso. Vendo hoje, pude perceber que a música incidental é muito parecida com a que rolou, anos depois, em O PLANETA DOS MACACOS, com Charlton Heston, e que o roteiro pareceu ter sido feito meio às pressas, acentuando de maneira quase infantil o didatismo de algumas cenas. Mas, no todo, é ainda o mesmo filme que me impressionou indelevelmente, desde a primeira vez que o vi. Imagino como deve ter sido no cinema, com a tela grande.  
 

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

2195 - O HOMEM QUE QUIS MATAR HITLER

(MAN HUNT, USA 1941) - Esta pequena obra-prima de Fritz Lang tem um ritmo quase teatral, mas que se coaduna muito bem com o clima da II Grande Guerra, no que diz respeito ao que, à época, era considerado um "serviço de inteligência". A história parte de uma premissa curiosa: um cidadão britânico, sem motivo aparente, enquanto de férias na Alemanha, aponta seu rifle de caça para o Führer em pessoa, tranquilamente dando bobeira numa sacada de uma casa de campo. Um soldado nazista se atraca com ele, antes de sabermos se o tiro seria ou não disparado. Os alemães concordam soltá-lo, sob a condição de que ele assinasse um documento responsabilizando o governo inglês pelo quase atentado. Walter Pidgeon é o protagonista, o oligopiônico John Carradine é o seu perseguidor e, para nossa surpresa, o jovenzinho Roddy MacDowell já mostra seu talento.
 

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

2194 - UM MÉTODO PERIGOSO

(A DANGEROUS METHOD, Inglaterra/Alemanha/Canadá/Suíça) - Sou fã de David Cronenberg, por isso fiquei curioso para saber como ele iria mostrar como Jung e Freud progrediriam de uma relação confortável entre discípulo e mestre para o ressentimento, o ataque e o ódio. Fica claro, no filme, o simbolismo psicanalítico entre o aluno e a figura paterna que, logicamente, Freud encarnava muito bem. De fato, o roteiro nos traz um Jung fraco que, no fundo, deseja o parricídio que nunca será capaz de perpetrar, emocionalmente, é claro - Jung teve um longo período de glória, mas é sob a égide de Freud, não a sua, que vivemos até hoje. Não obstante, Michael Fassbender dá a seu Jung a dimensão de uma colisão controlada de ambição científica, desejo rebelde e necessidade de afirmação. É por aí que, diante de Freud (Viggo Mortensen), ele tentar justificar sua relação amorosa com Sabine (Keira Knightely), uma ex-paciente que logo vai, também, se tornar uma psicanalista. Embora começasse a formular uma teoria dissidente da libido (como professava Freud), o Jung do filme quase põe tudo a perder ao se enrabichar pela mulher que lhe dava os prazeres que a esposa (esta, sim, objeto mais evidente de uma psicanálise mais intensa) lhe negava.
 

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

2193 - ARGO

(ARGO, USA 2012) - Este filme dirigido por Ben Affleck ganhou o Globo de Ouro e o Oscar - isto é tão difícil de acreditar quanto o fato de sua história tratar de um episódio verídico. De fato, não achei o filme tivesse potencial para tanto, embora seja correto e bem dirigido por um dos piores atores que já pisaram a sombra do famoso letreiro de Hollywood. De talentos menos notáveis como ator que como diretor, Affleck repete a fórmula bem sucedida de ATRAÇÃO PERIGOSA, deixando os melhores papéis para quem sabe atuar e acertadamente escolhe o personagem cuja maior característica é nunca chamar atenção sobre si. De qualquer forma, apesar de todas as críticas que lhe fiz, Affleck é um exemplo de um profissional que cresceu ao se desviar do óbvio fracasso na frente das câmeras, para aí, sim, aparecer para o mundo do cinema como um bom diretor que pode ir ainda mais longe.
 

2192 - TOY STORY 3

(TOY STORY 3, USA 2010) - Mais uma obra-prima da Pixar, o filme desenvolve de maneira comovente - e às vezes assustadora - uma dúvida dos primeiros filmes: que destino têm os brinquedos quando seus donos crescem? A Pixar não não só se mantém magistral nos aspectos técnicos da animação digital, da qual foi pioneira, mas também nos fundamentos do bom cinema: um excelente roteiro e grandes personagens. TOY STORY 3 não repisa ideias dos filmes anteriores, mas sim as desenvolve até suas consequências extremas, como a cena aterrorizante dos brinquedos no lixão, em direção ao incinerador e o alívio humorístico de um curioso deus ex machina. O encanto da série talvez esteja em grande parte nessa visão nostálgica, talvez ingênua, mas muito sensível de uma infância que acho que não existe mais hoje em dia. Neste terceiro filme, os brinquedos precisam escapar da aniquilação, depois de adquirirem a consciência de que são precários. De certa forma, o filme nos leva a pensar sobre a aceitação das transições da vida
 

2191 - MATRIX

(THE MATRIX, USA 1999) - Devo dizer que, quando vi MATRIX pela primeira vez, não dei ao filme a atenção devida. Volto, portanto, ao tema, ao assistir à encenação mais uma vez. Claro está que MATRIX tem muito a ver com a concepção de "verdade" que Descartes aponta em sua obra, quando aceita mergulhar no ceticismo mais absoluto em nome da exigência da verdade, dirigindo-se ao desconhecido ponde em dúvida tudo o que sabe. Pensei nisso, enquanto me recompunha com a história que questiona as sensações reais. É precisamente esse o universo de MATRIX, em que as sensações vividas são fruto de estímulos que fazem o cérebro acreditar que correspondem a objetos reais, ao passo que apenas as sensações são reais. Morpheus (Laurence Fishburne) convida Neo (Keannu Reeves) a pôr em dúvida a realidade e a mudar seu olhar sobre tudo o que o que o cerca, indicando que o real pode ser um mero sinal elétrico interpretado pelo cérebro. A partir daí, o roteiro vai nos levando para perto do Mito da Caverna, ao emular um dos conceitos de Descartes: não há meio de determinar se o que posso ver e sentir é real ou não, se existe fora de mim ou não passa de uma ilusão dos meus sentidos. Ou seja, não é: primeiro, eu penso e, então, em seguida, deduzo que existo. É ao mesmo tempo. Não um sem o outro, mas um como condição do outro, logo, os dois juntos, inseparáveis até mesmo por uma vírgula temporal. Tudo o que pode ser traçado, desenhado no espaço, geometricamente, pode ser escrito em números, aritimeticamente. Esse é o princípio de MATRIX e da realidade virtual. Assim Morpheus pode ser visto como uma referência clara a Descartes, procurando definir as condições da evidência, ao opor o mundo que conhecemos, o mundo ilusório, ao mundo tal como existe, o deserto do real. Permito-me, então, fazer uma alusão ao meu trabalho com O RETRATO DE DORIAN GRAY e apontar que MATRIX tenta nos mostrar o que seria o mundo do ponto do vista do espírito, ao passo que o filme, por definição, só pode fazê-lo com os recursos do mundo físico. O filme, assim como o retrato de Dorian, só pode mostrar o mostrável, uma imagem, pois é o que mais se aproxima da ideia, que não é uma evidência visual. Falando nisso, tinha me esquecido de como Carrie-Anne Moss é bonita...

sábado, 14 de dezembro de 2013

2190 - JACK REACHER - O ÚLTIMO TIRO

(JACK REACHER, USA 2012) - Tom Cruise é um investigador misterioso que se envolve no caso de um ex-fuzileiro que matou, aparentemente sem razão e aleatoriamente, cinco pessoas, no centro de uma grande cidade americana. Achei que Cruise fez este personagem meio ligado no automático, quase como uma obrigação, como se não fizesse muita questão de se desligar do Ethan Hunt, de MISSÃO IMPOSSÍVEL. Faz caras e bocas para a bela Rosamund Pike, a advogada solitária (só em filme mesmo...) que luta pela justiça, e vai abatendo, um por um, todos os bandidos que lhe aparecem pela frente. Tudo bem, mas o roteiro poderia ter sido menos óbvio - a gente logo percebe o que está por trás da trama - e o filme mais curto. O excelente Richard Jenkins faz, novamente, um papel secundário, sem grande importância para a história, o que é um grande desperdício de um ator excepcional que teve, infelizmente, apenas uma grande chance para brilhar, em O VISITANTE (2007). Robert Duvall se reencontra com Cruise, depois do longínquo DIAS DE TROVÃO, e tem apenas uma atuação correta, como sempre, embora merecesse também um destaque maior, pela carreira e pelo ator sensacional que é.
 

2189 - FORREST GUMP - O CONTADOR DE HISTÓRIAS

(FORREST GUMP, USA 1994) - Forrest Gump é aquele personagem de entendimento bastante limitado, nas frímbrias da debilidade mental, mas que dispõe, como todo ser humano, e uma vontade feminina. Com a morte da mãe, de quem era completamente dependente afetivamente, Forrest se vê inerte. Petrificado pelo luto, não fala mais e não se mexe. Não vive sequer uma indecisão, que supõe hesitação diante de diversas ações possíveis - ele está no nada. Abúlico, não manifesta qualquer desejo, até que uma mudança produz-se nele; sente vontade de correr. Logo no início do filme, Forrest, ainda menino, é obrigado a usar um aparelho nas pernas. É, então, perseguido por um bando de garotos. Aí, temos uma das mais belas cenas, na minha opinião: ao correr, ele vai se libertando do aparelho e consegue fugir em meio a um campo.
 

2188 - O HOBBIT

(THE HOBBIT, New Zealand, USA 2012) - Assim como Tolkien faz nos seus livros, gastando páginas e páginas para descrever um única cena, o filme de Peter Jackson também é, de certa forma, um vasto preâmbulo para mostrar o universo da Terra Média, muito antes de O SENHOR DOS ANÉIS. No fim, tudo ficou um pouco confuso, como um desfile de carnaval que tentasse impor ao espectador um resumo de, digamos, dez anos de enredo de uma escola de samba. O excesso de CGI também me cansou. Um dos acertos foi a escalação de Martin Freeman para o papel de Bilbo - Freeman leva ao extremo a arte britânica de se evadir de situações desagradáveis, mediante polidas hesitações, além de preencher com graça um personagem difícil, mais ladino e bem menos altruísta do que Frodo.
 

2187 - APAGAR HISTÓRICO

(CLEAR HISTORY, USA 2013) - Larry David faz, aqui, um personagem bem parecido com o que ele mesmo interpretava em SEGURA A ONDA (CURB YOUR ENTHUSIASM). Este filme pode muito bem funcionar como um episódio estendido da atração da HBO. Para quem é fã da série, APAGAR HISTÓRICO tem tudo para agradar, em função do seu potencial para diversão baseado em situações constrangedoras do dia a dia, especialidade de David, desde os roteiros de SEINFELD. Dá para ver, se você está com o cérebro em modo "neutro". O elenco ainda tem coadjuvantes de luxo - as participações de Michael Keaton e Liev Schreiber são imprevisivelmente engraçadas.
 

sábado, 30 de novembro de 2013

2186 - LEE HARVEY OSWALD: 48 HORAS PARA VIVER

2185 - OS FILMES PERDIDOS DE KENNEDY

Os Kennedys foram uma família com uma imagem pública brilhante, mas ao mesmo tempo com uma vida familiar intensamente privada. Filmes caseiros revelam a história pouco conhecida do clã Kennedy, desde 1935 até 1961, quando JFK foi eleito presidente dos Estados Unidos. Entrevistas com pessoas próximas à família, cartas íntimas e outros documentos pessoais dos nove filhos de Kennedy constituem fontes originais dessa história, onde, combinadas com gravações de áudio inéditas, os Kennedy poderão contar sua história com suas próprias palavras.

2184 - O ASSASSINATO DE KENNEDY

As últimas ações de Lee Oswald após os acontecimentos em Dallas são documentadas neste especial, sob uma nova perspectiva, tanto sobre ele próprio como sobre o assassinato de Kennedy. A polícia de Dallas estava convencida de que ele era o único suspeito do assassinato, mas ele morreu dois dias após o falecimento do presidente. As 48 horas após o assassinato refletem os desafios dos 50 anos de Lee Harvey Oswald.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

2183 - A NEGOCIAÇÃO

(ARBITRAGE, USA 2012) - Dos filmes recentes que têm o colapso econômico como pano de fundo, A Negociação  é o mais acessível, porque não é preciso entender a crise para se conectar com o dilema moral que está no centro da trama. Ao sujeitar o protagonista a um impasse duplo, o roteirista e diretor Nicholas Jarecki (The Informers - Geração Perdida) os torna uma coisa só: responder pela morte da amante equivale a responder pela fraude, e vice-versa. Um tema árido, o subtexto financeiro, então se torna mais palatável, na forma do thriller de adultério. E se tem um ator que entende de história de traição - fora Michael Douglas - é Richard Gere. Em A Negociação ele não só refaz com Susan Sarandon o casal partido de DANÇA COMIGO como repete seus cacoetes já vistos em filmes de triângulos amorosos como Desejos e INFIDELIDADE. Não há nada mais familiar do que já saber, nas cenas mais tensas, que Gere vai piscar os olhos mais rápido para transmitir nervosismo. Se o ator acabou indicado ao GLOBO DE OURO por A Negociação, não foi porque surpreendeu no papel - foi porque confirmou seus tiques mais eficientes.

domingo, 24 de novembro de 2013

2182 - O AMOR PODE DAR CERTO

(GRIFFIN & PHOENIX, USA 2006) - It's about time, é o que fiquei pensando enquanto assistia a este drama romântico sobre duas pessoas que descobrem o amor, justamente quando se veem diante das limitações de tempo que a vida pode impor. Dermot Mulroney mostra, mais uma vez, que é um bom ator que não foi muito aproveitado na sua carreira. Seu personagem, Griffin, lhe dá espaço para uma atuação correta e sensível. Amanda Peet, a Phoenix, está linda e leve, como sempre. Sempre acho interessante quando um filme nos coloca a questão do amor e do tempo. Aqui, temos a chance de constatar que esquecer o futuro pode representar um presente de melhor qualidade. É uma refilmagem do filme de 1976, com Peter Falk. Atenção para o simbolismo dos nomes dos personagens.
 

sábado, 23 de novembro de 2013

2181 - OS KENNEDYS

(THE KENNEDYS, USA 2011) - Oito episódios contando a saga da família Kennedy. Quem domina a cena nos três primeiros episódios é Tom Wilkson, como o patriarca Joe Kennedy, dando as diretrizes para que seu filhos, primeiro Joe Jr, e, depois, John, chegassem à Casa Branca. Greg Kinnear está bem parecido com Kennedy, emulando os trejeitos e a voz de maneira muito convincente. Katie Holmes faz uma Jackie melancólica, mas verdadeira, bem próxima da verdadeira Primeira Dama. Tudo feito num tom meio novelão mexicano, o que, na verdade, era mais ou menos o que acontecia na Camelot ianque. De qualquer forma, o estilo didático oferece um panorama histórico para os menos familiarizados com os Kennedys antes do assassinato do presidente, em Dallas, há exatos 50 anos.
 

2180 - JFK - TRÊS TIROS QUE MUDARAM A AMÉRICA


(JFK: THREE SHOTS THAT CHANGED AMERICA, USA 2009) - Impressionante documentário sobre o assassinato de John Kennedy, com imagens cruas feitas no dia de sua chegada a Dallas e nas semanas seguintes, quando o mundo coçava a cabeça para entender o que havia acontecido naquele dia 23 de novembro de 1963. A sensação é de estar vendo os acontecimentos como se fosse hoje.
 

2179 - SEM PROTEÇÃO

(THE COMPANY YOU KEEP, USA 2012) - Robert Redford dirige e protagoniza este razoável thriller policial, em que ele faz um ex-terrorista que, depois de anos incógnito, passa a ser perseguido pela polícia. A única coisa que mais chama a atenção é a presença de alguns nomes famosos como: Julie Christie, Susan Sarandon, Nick Nolte, Chris Cooper, Stanley Tucci, Richard Jenkins, Brendan Gleeson, Sam Elliot e a queridinha do momento, Brit Marling. Aparte Christie, Gleeson e Marling, todos têm cenas rápidas. O roteiro aponta para uma reflexão sobre a perda da inocência e deixa muitas pontas soltas, como, por exemplo, a definição do personagem-chave de Susan Sarandon. Shia LaBeouf interpreta o repórter investigativo que deslinda a trama, mas sua atuação não convence.
 

2178 - ESTAMIRA

(BRASIL, 2004) - Trabalhando há cerca de duas décadas em um aterro sanitário, situado em Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro, Estamira Gomes de Sousa é uma mulher de 63 anos, que sofre de distúrbios mentais. O local recebe mais de oito mil toneladas de lixo da cidade do Rio de Janeiro, diariamente, e é também sua moradia. Com seu discurso filosófico e poético, em meio a frases, muitas vezes, sem sentido, Estamira analisa questões de interesse global fala também com uma lucidez impressionante e permite que o espectador possa repensar a loucura de cada um, inclusive a dela, moradora e sobrevivente de um lixão.
 

2177 - LIXO EXTRAORDINÁRIO

O documentário concorreu ao Oscar em 2011 e mostra um projeto do artista plástico Vik Muniz no maior aterro sanitário do mundo, Gramacho, no Rio de Janeiro. O filme conta como foi a experiência do artista Vik Muniz ao fazer arte com lixo e transformar a vida de um grupo de catadores.
O filme mostra a vida difícil de pessoas que vivem literalmente no lixo e que dependem dele para a sobrevivência. O artista, que nasceu na classe média baixa paulistana e hoje é um dos maiores expoentes das artes visuais no mundo, trabalha com colagens e montagens de materiais diversos para formar retratos.
 

domingo, 17 de novembro de 2013

2176 - 360

(360, Uk, Áustria, França, Brasil, 2011) - Fernando Meirelles dirige este filme que conta a história de várias pessoas, em diversas partes do mundo. A melhor parte, para mim, é a cena em que Maria Flor contracena com Anthony Hopkins, em um aeroporto. Diante do grandíssimo Hopkins, ela tem uma atuação leve, verdadeira e altamente convincente. Além de estar linda, como sempre. Jude Law e Raquel Weisz também estão no elenco. É um daqueles filmes para meditar durante e depois, mas que, de forma alguma, é chato ou pedante. Gosto de filmes que procuram discutir a natureza das relações afetivas, e esse cumpre bem a premissa.
 

2175 - A PRAIA DOS BIQUINIS

(BIKINI BEACH, USA 1964) - Aventura desmiolada sobre a juventude americana do início da década de 60, já muito influenciada pelo pop britânico, e com os ícones juvenis da época: Frankie Avalon e Annette Funicello. Dá para ver como curiosidade histórica e, especialmente, pela presença de um Stevie Wonder menininho, cantando já no final do filme, e pela participação inusitada de Boris Karlof, cuja cinebiografia não tem nada a ver com este tipo de produção. Por isso mesmo, acaba dando certo. Não posso deixar de mencionar o engraçado personagem Eric Von Zipper, o líder de uma gangue de motoqueiros, que sempre acaba se hipnotizando ao colocar o dedo indicador na testa. Nada de mais, porém vale uma olhada, porque é um registro do que era a juventude naqueles tempos.
 

2174 - SOB FOGO CERRADO

(UNDER FIRE, USA 1983) - Três jornalistas estão na Nicarágua, durante os últimos dias da ditadura de Somoza, para fazer a cobertura do conflito entre o governo e os revolucionários sandinistas. Nick Nolte está perfeito como o fotógrafo honesto e corajoso que se envolve com Claire (Joanna Cassidy, com o pior corte de cabelo já visto, até então, na história do cinema) e ajuda o chefe, Alex (Gene Hackman, soberbo, como sempre) a obter o foto do chefe da guerrilha, Rafael. Aí é que entra um fator interessante que me fez lembrar de BLOW UP: Nolte é capturado pelos revolucionários e é obrigado a fazer uma foto de Rafael, que morrera dias antes, como se estivesse vivo, a fim de desmoralizar o governo de Somoza. É aquele tipo de filme que envolve o espectador do início ao fim, em função da força das imagens e das atuações do elenco. UNDER FIRE faz parte do pacote de filmes feitos na década de 80 mostrando jornalistas cobrindo guerras, como UM GRITO DE LIBERDADE.
 

sábado, 16 de novembro de 2013

2173 - JOÃO E MARIA, CAÇADORES DE BRUXAS

(HANSEL & GRETEL: WITCH HUNTERS, USA 2013) - versão gore da fábula clássica dos irmãos Grimm, não tem mais nem menos banho de sangue do que muitos filmes de baixo orçamento ou produções direto para DVD voltadas para o mercado do terror. Para uma produção de grande estúdio que pega carona na moda dos contos de fada, porém, a litragem de sangue até que é bem inesperada. Não convém aqui discutir se foi uma boa estratégia ou se a violência cartunesca misturada com fábula infantil vai cair num vácuo demográfico (o filme pode ser impróprio para pré-adolescentes e considerado bobo por adolescentes). A questão é que a surpresa de ver astros como Jeremy Renner e Gemma Arterton besuntados de sangue falso é a única atração deste filme - que, de resto, é um grande equívoco de concepção e execução. Na comparação, João e Maria - Caçadores de Bruxas faz ABRAHAM LINCOLN, CAÇADOR DE VAMPIROS parecer muito sofisticado. O parentesco mais próximo é com VAN HELSING, não só porque as armas e os figurinos parecem reaproveitados do filme de 2004 (quando teremos um blockbuster sem vergonha de se assumir steampunk?), mas principalmente porque ambos tentam contar uma história medieval com uma linguagem pop e terminam num indeciso meio termo, descaracterizando tudo. Talvez um dia João e Maria - Caçadores de Bruxas seja visto como uma transgressora obra de arte que implode a lógica das franquias hollywoodianas ao revelar parodicamente suas entranhas, uma bomba de metalinguagem que deixa estilhaços e vísceras por todos os lados. Até lá, é só um filme com a ilusão de que pode imitar Os Vingadores (a superequipe com suas armas viradas pra câmera no final), o modelo de franquia hoje, como se ninguém fosse perceber.
 

2172 - FRANKENWEENIE

(USA 2012) - Mais uma obra-prima de Tim Burton. O jovem Victor Frankenstein adora seu cãozinho Sparky, tanto que o transforma em astro de seus filmes caseiros de monstros, nos quais é sempre o herói. Um dia, Sparky é atropelado e morre. Incorformado, e estimulado pelo professor de ciências do colégio, Victor desenterra o cão e o traz de volta à vida, através da eletricidade gerada por uma tempestade. Burton usa todo o universo de FRANKENSTEIN, filme de 1931, para recriar uma história singela e, sim, um pouco pertubadora, pois nos coloca, novamente, diante do fato (quase) inexorável da morte e das consequências, se nos fosse dada a oportunidade de revertê-la. Há referências a NOSFERATU, de Murnau, JURASSIC PARK, BATMAN, GREMLINS, OS PÁSSAROS, e A NOIVA DE FRANKENSTEIN, entre outros monstros clássicos da Universal. Muito legal, como quase tudo que Burton faz. Por incrível que pareça, Johnny Depp e Helena Borhan-Carter não estão nesta versão em stop-motion do curta feito pelo próprio Burton, no início de sua carreira. O ato do amor transformador do mundo e das coisas raramente recebeu tanta atenção e expressão nos últimos anos como neste filme. A beleza do filme de Burton está mais próxima daquela concebida por Scorcese em Hugo: a beleza da paixão. Dois filmes que, curiosamente, realizam o embate entre o novo e o velho, entre seus personagens juvenis (na pré-adolescência) e um mundo antigo, de muitos mistérios. Aqui, trata-se da necessidade de revisitar um filme morto, de colocar em jogo uma narrativa antiga e dar-lhe a reatualização necessária. A inocência parece ser convocada para dar vida a olhos cansados. E, claro, Burton deixa evidente a mensagem de que, mais que nunca, é preciso botar fé na ciência.
 

2171 - JOGOS VORAZES

(THE HUNGER GAMES, USA 2012) - Não sei se por não ter lido os livros de Suzanne Collins, com 30 milhões de exemplares vendidos no mundo, nos quais o filme foi baseado, mas, digo e dou fé, o filme, para mim, é muito ruim. Apesar de alguns excelentes atores (Woody Harrelson, Elizabeth Banks, Donald Sutherland) a trama não empolga e é totalmente sem graça, como a protagonista, Jennifer Lawrence que, embora ganhadora do Oscar por O LADO BOM DA VIDA, tem, neste filme, pelo menos, uma atuação comparável a uma porta. Emulando o universo distópico criado pro George Orwell em "1984", JOGOS VORAZES retrata o confronto social entre duas castas bem distintas e nada originais - os pobres injustiçados e os ricos bobocas, que se divertem com as maiores platitudes da vida. A meu ver, nada que contribua para alguma reflexão sobre estados totalitários, o papel da mídia e a evolução das classes sociais.
 

domingo, 10 de novembro de 2013

2170 - O INCRÍVEL HULK

(THE INCREDIBLE HULK, USA 2008) - Apesar da presença do excelente Edward Norton no papel de Bruce Banner, o filme é muito ruim. O que chama mais a atenção é seu início, no Rio de Janeiro, com um cenário e ação que lembram muito TROPA DE ELITE. Neste intróito, a única coisa que causa impacto mesmo é a beleza estonteante de Débora Nascimento, que contracena rapidamente com Norton (olhaí do lado...). O CG responsável pelo layout do Hulk é mais que lamentável, assim como aconteceu no outro filme, com Eric Bana. O herói, aqui, é uma massa gelatinosa, quase um desenho animado, muito aquém de outras criações bem bacanas, como o HOMEM-ARANHA, por exemplo. William Hurt também está subaproveitado, assim como o ótimo Tim Roth. Lou Ferrigno faz uma ponta, o que é muito pouco em face à sua importância para o personagem Hulk. No mais, é só reafirmar meu ponto de vista em relação à relevância duvidosa de um super-herói cujas únicas (e questionáveis) características se resumem ao fato de ficar com raiva e destruir tudo que vir pela frente. Fuja.
 

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

2169 - EM BUSCA DO AMOR

(THE CITY OF YOUR FINAL DESTINATION, USA 2009) - Os dois títulos desconexos me chamaram a atenção, assim como o elenco com dois atores imperdíveis: Anthony Hopkins e Laura Linney. Um professor de literatura vai até o Uruguai para convencer a família de um escritor recém-falecido a permitir que ele escreva sua biografia. Lá, tem que se entender com o que sobrou da vida do escritor: a viúva (Linney), o irmão (Hopkins) e a amante (Charlotte Gainsbourg). Embora tenha gostado da premissa envolvendo a questão das biografias - na moda, atualmente - a história não se resolve plenamente, e Hopkins e Linney acabam completamente desperdiçados.
 

domingo, 3 de novembro de 2013

2168 - MISSÃO IMPOSSÍVEL 3

(MISSION IMPOSSIBLE 3, USA 2006) - A direção de J.J. Abrams e a escolha de Philip Seymour Hoffman como o vilão é o que faz este filme se destacar na comparação com os dois primeiros da série. Na época, Hoffman tinha acabado de ganhar o Oscar por CAPOTE. É um ator excepcional! Muita ação, diálogos precisos e algumas cenas de tirar o fôlego (apesar da artificialidade visivel de alguns CGIs). Tom Cruise continua dando o máximo de si nas sequências de ação, o que nos faz ter uma empatia instantânea com o personagem Ethan Hunt que, agora, está prestes a se casar com Julia (Michele Monaghan). Laurence Fishburne faz o chefe mais crível já visto em filmes do gênero. Ah, e é sempre bom poder contar com o gente boa Ving Rhames para salvar a nossa pele no último minuto, não Ethan?
 

sábado, 2 de novembro de 2013

2167 - PROCURA-SE UM AMIGO PARA O FIM DO MUNDO

(SEEKING A FRIEND FOR THE END OF THE WORLD, USA 2012) - O mundo vai acabar em alguns dias - um meteoro gigante vai colidir com a Terra. Dodge (Steve Carell) e Penny (Keira Knightley) estão na estrada, cada um atrás de seus sonhos. Nesta busca, aprendem que a felicidade pode, sim, estar nos seus últimos dias. A história, uma fábula, é linda e triste, muito triste, especialmente quando pensamos em tudo o que jogamos fora afetivamente, sem saber que a felicidade pode estar ali, no momento que vivemos. A redescoberta da consciência do que pode ser o verdadeiro sentimento se impõe com a proximidade do fim do mundo. Confesso que ainda estou impactado com o filme e nem sei muito bem o que dizer sobre as sensações que ele provoca. Certamente, é um daqueles filmes que possuem muito mais do que aparentemente mostram. O filme de apocalipse - e seu subgênero do terror de mortos-vivos - nunca esteve tão vivo na cultura pop. Isso se parece muito com a abordagem da pós-modernidade de Bauman. O conceito de uma sociedade em fragmentada (Bauman de novo!), em que tudo o que as pessoas têm é o outro, sem o apoio de tecnologia, governo ou mídia, demonstra uma certa nostalgia de um passado recente, em que o convívio existia de maneira física, sem a interferência tecnológica que vivemos diariamente hoje. A nostalgia do contato é claramente colocada, e o roteiro aproveita para reforçar a regressão tecnológica também através da música. A personagem de Keira anda o tempo todo abraçada aos seus LPs - e explica como reconhecer um bom vinil: quanto mais grosso o disco são mais fundos os sulcos, o que melhora a qualidade do som. Quanto mais "físico", melhor. Claro que isso nos remete à decadência da qualidade das relações de amizade hoje em dia, na baumaniana pós-modernidade. Não é à toa que o título inclua a palavra "amigo" como a derradeira busca num mundo terminal. Amigo como você, Marcelo. A combinação de sátira, road trip e comédia romântica é primorosa. Os protagonistas (ambos desiludidos nas suas relações afetivas) se tornam companheiros numa jornada que termina (ou começa) em amor antes que o mundo acabe. Se pararmos para pensar, todos nós vivemos num mundo que, em algum dia, vai acabar, não necessariamente na mesma hora que vai acabar para os outros. Portanto, as implicações sugeridas pelo filme não se limitariam ao cenário apocalíptico. De uma maneira ou de outra, todos nós estamos diante do fim do mundo, se considerarmos nossa própria mortalidade. A questão fundamental é com quem você passaria seus últimos momentos sobre a Terra, e por que não está com esta pessoa agora? Vale ver de novo, se você suportar bem a tristeza. A última cena é uma das coisas mais emocionantes que já vi no cinema, quando Dodge está tão feliz por ter finalmente encontrado alguém com quem tem completa conexão, que ele nem liga para o fim iminente do mundo. Carell, uma versão moderna de Peter Sellers, está esplêndido, quase sem falas, quase sem muita expressão facial, meio Charile Brown, e Keira, linda e emocionante. O personagem de Carell sou eu.
 

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

2166 - TUBARÃO 2

(JAWS 2, USA 1978) - O filme é um lixo, o roteiro não presta e quase nada lembra o estrondoso sucesso de Spielberg, diretor do primeiro filme. Só há uma razão para se perder tempo com TUBARÃO 2: Roy Scheider. Assim como no filme original, Scheider mostra que é um excelente ator, principalmente nos closes e nos silêncios altamente expressivos. É pena que sua carreira, depois de TUBARÃO, não tenha decolado como ele merecia. Nos anos subsequentes, Scheider só participou de filmes de baixa qualidade ou qualquer relevância. Lembro de seu primeiro papel, em TUMBA MALDITA (1964), e em KLUTE, com Jane Fonda.
 

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

2165 - PROCURA-SE UM AMOR QUE GOSTE DE CACHORROS

(MUST LOVE DOGS, USA 2005) - Diane Lane e John Cusack são atores talhados para este tipo de comédia romântica, em duas pessoas, carentes, sensíveis e, sobretudo, solitárias, acabam se encontrando, apesar de todas as dificuldades. A história, em si, não é grande coisa, mas a empatia do casal de protagonistas acaba prendendo a atenção até o fim.O problema, a meu ver, é a messagem dupla de que a solidão é ruim e que só possível ser feliz se houver um relacionamento amoroso na vida. Isso torna o filme uma ficção deletéria. Enquanto as pessoas acharem que o outro é remédio para seu desamparo e solidão, as relações de dependência afetiva continuarão a espalhar a mais profunda e suprema infelicidade. Lane e Cusack correm o risco de ficarem estereotipados por causa de filmes como esse, but who cares?
 

domingo, 27 de outubro de 2013

2164 - ZUMBILÂNDIA

(ZOMBIELAND, USA 2009) - O filme é fraco, apesar da presença de Woody. O que mais conta é a participação rápida de Bill Murray que, em poucas cenas, se torna inesquecível. Que grandíssimo ator! É uma comédia de horror, um gênero que se perdeu por causa de várias produções deste tipo, que não sabem dosar as tintas.

2163 - ENSINANDO A VIVER

(MARTIAN CHILD, USA 2007) - O título em português não tem muito a ver com a história de uma criança órfã que acha que veio de Marte e que é adotada por um escritor de ficção científica viúvo (John Cusack), que faz tudo para integrá-lo ao mundo real. Mais uma história de uma criança desajustada aos padrões (quantas haverá por aí?) que encontra om uma pessoa de bom coração que a acolhe e lhe mostra o que é o amor. Bem, o argumento não é lá muito original, mas o filme conta com alguns trunfos. Primeiro, temos John Cusack, um ator que tem uma qualidade excepcional: a gente fica logo amigo dele, desde o primeiro fotograma. Esta capacidade de estabelecer empatia com o público o levou a se repetir em vários papéis como este, em que há um conflito familiar. Segundo, temos Amanda Peet, fulgurante na tela, mas com um papel muito aquém das suas possibilidades. Mas está linda, como sempre. Ela e Cusack já estiveram juntos em três outros filmes de que me lembro agora: IDENTIDADE e 2012, no qual ele também faz um escritor. 
 

2162 - DUBLÊ DO DIABO

(THE DEVIL'S DOUBLE, Bélgica e Holanda, 2011) - O neozelandês Lee Tamahori traz, aqui, parte da biografia - um pouco estilizada, é bem verdade - de Uday Hussein, o sádico psicopata filho de Saddam, que não saía das páginas jornais na década de 80, devido ao seu estilo de vida "playboy ensandecido". Mesmo com algumas imprecisões históricas, o filme mostra até com certo exagero o paroxismo autoritário e sanguinário de Uday, bem de acordo com o clima de guerra no qual o Irã se encontrava na época. Muito boa mesmo é a atuação de Dominic Cooper, que faz um papel duplo: do próprio Uday e do seu dublê, um militar iraniano, convocado a contragosto a se passar pelo fascínora em determinadas situações. Um must-see.
 

2161 - OS PÁSSAROS

2160 - INTOCÁVEIS

domingo, 20 de outubro de 2013

2157 - PARA SEMPRE

(THE VOWS, USA 2012) -

2156 - ATRÁS DO CANDELABRO

(BEHIND TNE CANDELABRA, USA 2013) - Por baixo dos babados e paetês, o telefilme de Steven Soderbergh sobre o pianista americano Liberace revela os efeitos monstruosos do narcisismo. O filme se esmera na reconstituição de seu mundo bizarro. Soderbergh usa o arsenal de brilho fátuo, contudo, para iluminar um desvão psicológico: os efeitos perversos de uma personalidade narcísica sobre aqueles que se dedicam a atender aos caprichos desta.

2155 - VIZINHOS IMEDIATOS DO 3.o GRAU

2154 - HOTEL TRANSILVÂNIA

(HOTEL TRANSYLVANIA, USA 2012) - Originalíssimo, o filme tem uma sacada genial na inventiva reunião de personagens emblemáticos das histórias de terror envolvidos numa comédia em que os monstros são do bem. Na trama, Drácula abriu um resort para receber exclusivamente seus amigos monstruosos. As criaturas se reencontram para comemorar o aniversário de 118 de Mavis, a filha do anfitrião. Durante os preparativos, aparece um visitante abelhudo, que, claro, se apaixona por Mavis, para o horror do pai, para quem todo humano é uma ameaça. Muito legal.
 

domingo, 6 de outubro de 2013

2152 - INVASÃO À CASA BRANCA

(OLYMPUS HAS FALLEN, USA 2013) - Raramente vi um desperdício tão grande de material digital, atores, cenários, eletricidade etc. O filme, simplesmente, não presta. A história é ruim e totalmente inadequada (terroristas coreanos invadem a Casa Branca, depois de uma carnificina) e quem quer que fosse responsável pela direção saiu para tomar um cafezinho e esqueceu de voltar ao set. O que mais me deixa indignado é ver o grandíssimo Morgan Freeman, coitado,  completamente subaproveitado e perdido num papel sem importância. A produção peca com o excesso de CGs, nem sempre bem feitos. Tudo muito ruim. Gerard Butler não convence como o guarda-costas do ainda menos convincente presidente de Aaron Eckhart.
 

domingo, 29 de setembro de 2013

2151 - HITCHCOCK

(HITCHCOCK, USA 2012) - Baseado no livro "Alfred Hitchcock And The Making Of Psycho", este filme revela os bastidores do clássico Psicose (1960). Na época, mesmo estando no auge de sua carreira, Hitchcock não conseguiu apoio para realizar a obra, porque os estúdios não queriam investir em um pequeno filme de terror. O resto é história. Este filme ajuda a humanizar um pouco a figura do mestre Hitch, mas devo dizer que Anthony Hopkins, sob uma pesada maquiagem, me deixou uma impressão de estranheza, como se ele próprio não estivesse muito à vontade. O Hitch de Toby Jones, em A GAROTA, me pareceu muito mais convincente. O foco, um pouco insistente, na relação do diretor com Alma (feita por Hellen Mirren, toda botocada, ptz!) ficou meio sem sentido, pelo menos para mim, pois ansiava por uma radiografia mais profunda dos bastidores de PSYCHO. Pelo menos, a mais que bela Scarlett Jonhasson, no papel da igualmente belíssima Janeth Leigh, ambas talentosas, diga-se, enfeita o filme até o fim.