domingo, 28 de abril de 2013

2069 - O ESPETACULAR HOMEM-ARANHA

(THE AMAZING SPIDER-MAN, USA 2012) - vamos com calma: nem tão espetacular assim. Na verdade, a intenção de dar uma "refrescada" no herói, depois da trilogia de Sam Raimi, acabou sendo um tiro n'água. Apesar do esforço, Andrew Garfield, não tem a força dramática de Toby Maguire, e só fez o super aracnídeo perder em emoção e massa física. Sim, agora temos, se tanto, uma aranhinha de fundo de quintal, sem a performance atlético-acrobática dos filmes anteriores que, por sinal, reproduziam com saudável fidelidade o personagem dos desenhos. No quesito "heroína", o filme continua devendo: Emma Stone tem uma atuação pétrea, sem vivacidade e é tão sem sustança dramática quando a mocinha dos primeiros filmes, a desenxabida Kirsten Durnst. Longe de ser um espetáculo, a produção é apenas um entretenimento médio, mesmo assim para os fãs mais acríticos.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

2068 - HERÓI

(HERO, CHINA, HONG KONG 2002) - o mais caro filme chinês de todos os tempos ainda é visualmente arrebatador - sua beleza quase agressiva é o que se pode chamar de poesia em movimento. No mais, este filme me é especialmente querido porque foi tema de meu primeiro trabalho escrito no mestrado, o que me rendeu uma nota alta e algum prestígio durante o curso. «Herói» é uma obra com grande força estética, sem diluir uma estruturação narrativa, assente emflashbacks com vários pontos de vista de uma realidade já consumada (a morte dos três assassinos), desenvolvida, conforme referido, na prossecução do conceito de que tudo e todos se devem submeter a um ideal superior que é a criação da China imperial. A história é contada várias vezes, e Zhang, o diretor, conta com a arte e a técnica de Chris Doyle para compor vários segmentos, dominados por cores específicas (vermelho, azul, branco e verde), conferindo às imagens um certo abstraccionismo poético, isolando vários níveis de realidade. Os trajes desenhados por Wada foram tingidos numa multitude de tons (mais de 50 variações de vermelho, por exemplo) e os momentos para a rodagem de cada plano cuidadosamente selecionados (para capturar a cor certa nas folhas das árvores ou beneficiar da luz adequada). Confira aí

terça-feira, 23 de abril de 2013

2067 - JOSÉ E PILAR

(JOSÉ E PILAR, PORTUGAL, ESPANHA, BRASIL, 2010) - genialidade e simplicidade podem conviver numa mesma pessoa. É isso que se conclui quando terminamos de assistir ao documentário sobre José Saramago. O foco está na quase intimidade do escritor, no seu convívio com Pilar Del Rio, a quem ele devota o suave e inabalável amor dos lúcidos. Ao mesmo tempo que desvela a agridoce forma com que o autor de Ensaio Sobre a Cegueira, o diretor Miguel Gonçalves Mendes aponta sua câmera para uma Pilar um pouco agressiva demais, principalmente quando a coloca como defensora de algumas bandeira feministas.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

2066 - CHUVA NEGRA

(BLACK RAIN, USA 1989) - de Ridley Scott, que adotou o título em referência ao espesso e corrosivo temporal  provocado pela bomba atômica lançada pelos americanos contra Hiroshima e Nagasaki. O filme teve seu lançamento durante a a chamada "febre antiamarela" nos EUA, em função da expansão econômica do Japão, sobretudo no setor automobilístico. Acusado de corrupção, Nick Conklin ( Michael Douglas, inspirado) tem que viajar a Tóquio para escoltar o perigoso Sato (Yasaku Matsuda), um mafioso da Yakuza, preso em Nova Iorque. Depois de escapar e matar Charlie (Andy Garcia), parceiro de Nick, tudo conspira para a deflagração de uma cruzada regada a xenofobia. A partir daí, Nick poreja racismo com um jeitão capadócio. O dado trágico do elenco é que Yasaku já estava sofrendo com câncer durante as filmagens e pediu ao diretor - contra a vontade deste - que continuasse no filme até o fim.

2065 - OS VINGADORES

(THE AVENGERS, USA 2012) - nesta sopa de heróis dos estúdios Marvel, só o Homem de Ferro de Robert Downey Jr. e a deliciosa Scarlett Johnasson aguçam as papilas gustativas do espectador. O resto é apenas uma tentativa de sugerir um trabalho em equipe para que os mocinhos impeçam que Nova Iorque seja destruída por alienígenas. O filme funciona como a matinê que se propõe a ser. Nada mais.

sábado, 20 de abril de 2013

2064 - RABO DE FOGUETE

(VISIT TO A SMALL PLANET, USA 1960) - o diretor Normam Taurog, reponsável pelo Mágico de Oz e alguns filmes de Elvis Presley, conteve um pouco as caretas de Jerry Lewis que, neste filme, faz um alienígena curioso sobre a vida suburbana de uma típica família norte-americana. A história é simples e os efeitos especiais são mínimos. De fato, tudo é baseado numa peça de Gore Vidal, tanto que o filme todo parece mesmo encenado num palco, com marcações bem teatrais. Consta que Vidal não queria Lewis para o papel, mas teve que engoli-lo em função da fama que o jovem Jerry desfrutava na época. Numa das cenas, há uma referência direta ao movimento Beatnik, movimento sócio-cultural dos anos 50 e 60 que subscreveu um estilo de vida antimaterialista, na sequência da 2a. Guerra Mundial. O mais interessante, para mim, é que o título inspirou o nome de um dos meus episódios favoritos de Perdidos no Espaço: Visita a um Planeta Hostil.

terça-feira, 16 de abril de 2013

2063 - O IMPOSSÍVEL

(THE IMPOSSIBLE, SPAIN 2012) - o diretor catalão Antonio Bayona faz deste suposto filme-catástrofe um cinema de boa qualidade, estruturado sobre a sobriedade no trato com os sentimentos e a intensidade de sua linguagem visual, bem distante dos congêneros de baixa craveira que só objetivam impressionar o público menos crítico. A história - real, diga-se - de uma família que sobrevive ao tsunami ocorrido em 2004, na Tailândia, é tratada com o foco das vítimas na necessidade de ligar-se aos outros e numa extraordinária capacidade de interiorização. Tecnicamente, as cenas do tsunami são tão boas quanto as mesmas que aparecem em "Além da Vida", de Clint. Por outro lado, ainda temos as atuações magníficas de Ewan McGregor, o pai da família, Tom Holland, como o filho sobrevivente e, em particular, Naomi Watts, eletrizante, como Maria, a mãe.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

2062 - PHIL SPECTOR

(PHIL SPECTOR, USA 2012) - só o fato de contar com Al Pacino faz o filme ser obrigatório, costumo dizer. Este aqui ainda tem o apelo de chamar a atenção dos fãs dos Beatles, pois seu personagem principal, Phil Spector, está historicamene ligado a eles, por causa da invenção da Wall of Sound, técnica de gravação usada pelo grupo. Encarnado por Pacino com uma canastrice proposital que, aqui, funciona a favor da semelhança com a lendária figura - uma espécie de Caubi Peixoto americano - Spector se mostra delirante e um pouco alheio à acusação de ter matado uma atriz em sua casa, uma mansão repleta de coleções de armas e bustos de políticos assassinados, além de uma pletora de perucas. Apesar de tudo isso, o filme, que também conta com Hellen Mirren, é meio chato e não está à altura do talentoso David Mamet, roterista e diretor.

domingo, 14 de abril de 2013

2061 - O OPERÁRIO

(THE MACHINIST, SPAIN 2004) - Christian Bale é um ator impressionante: chegou a pesar 55 quilos para fazer o papel principal deste drama psicológico, em que faz um operário que está há mais de um ano sem dormir e que passa a duvidar da própria sanidade mental. Sua transformação física é tão impressionante que, não raro, deixamos de prestar atenção à história, para vê-lo atuando quase como um fiapo humano. É também chocante, devo dizer. Dê uma olhada nas fotos aí do lado. Consta que Bale ainda queria perder mais peso, mas foi impedido pelo diretor do filme. Ele, aliás, repetiu esta transformação física em O Vencedor (2010). Com toques hitchcokianos, principalmente na trilha sonora, "O Operário" vale a pena ser visto.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

2060 - AGENTES DO DESTINO

THE ADJUSTMENT BUREAU, USA 2011) - a história dos encontros e desencontros amorosos entre um político e uma bailarina serve eixo para uma fábula de ficção científica sobre a questão - bem terrena, por sinal - do livre arbítrio e do destino. É a premissa da história: nós controlamos nosso destino ou forças ocultas manipulam nossas ações? Isso tudo se concentra num espaço urbano simbólico - Nova Iorque, claro - onde todos têm seus passos literalmente seguidos por agentes misteriosos que se encarregam de que o planejamento não saia dos trilhos. Boa chance de pensarmos sobre como conduzimos nossas vidas. Além disso, "Agentes do Destino" (a tradução do título ficou tão boa quando seu correspondente em inglês) inaugura um novo gênero, bipartido entre sci-fi e o romance escancarado, que, a meu ver, funcionou muito bem aqui. Matt Damon dá credibilidade ao político apaixonado.

domingo, 7 de abril de 2013

2059 - A MALDIÇÃO DA MOSCA

(THE CURSE OF THE FLY, USA 1965) - apoiando-se no sucesso de "A mosca da cabeça branca" (THE FLY, 1958), com Vincent Price e David Hedison, e de "O monstro de mil olhos", este filme funciona como inseticida definitivo sobre o argumento original. A distorção começa com um roteiro que enfoca as primeiras experiências com o teletransporte e - pasmem - nenhuma mosca foi convidada para fazer parte do filme. Talvez seja uma influência de Star Trek. E ainda temos a sequência inicial mais exdrúxula jamis vista num filme deste gênero: a bela Carole Gray, fugindo de um hospício, apenas usando lingerie, até ser encontrada, no meio da estrada, por George Baker, o protagonista sem graça, meio mosca morta. Triste epílogo para a trilogia mosqueira.

terça-feira, 2 de abril de 2013

2058 - O SUBSTITUTO

(THE DETACHMENT, USA 2011) - o filme é uma crônica de três semanas na vida de professores, diretores e alunos de uma escola de ensino médio, sob a ótica de um professor substituto, Henry Barthes (o excepcional Adrien Brody) que assume uma turma problemática de adolescentes agressivos. Sendo substituto, Barthes assim evita qualquer aprofundamento de relações pessoais, o que vai ao encontro com seu desejo de se diluir existencialmente no mundo exterior. Ao chegar nesta escola, Henry acaba tendo seu secreto mundo emocional sacudido por três mulheres: uma colega de trabalho, uma aluna do primeiro ano e uma jovem prostituta, todas, assim como Henry, numa luta de vida e morte para achar beleza e sentido num mundo aparentemente sem amor. Atenção para o nome do personagem de Brody: Barthes - mais existencialista impossível. Aliás, que grande ator é Adrian Brody! A história é triste, mas o diretor Tony Keye consegue manter o interesse até o fim.