quarta-feira, 30 de abril de 2014

2288 - LIV & INGMAR - UMA HISTÓRIA DE AMOR

(LIV & INGMAR, NORWAY, SWEDEN, UK 2013) - Documentário intimista sobre a relação de Liv Ullmann e Igmar Bergman, que durou 42 anos. Eles ficaram casados por 5 anos, mas continuaram trabalhando juntos até a morte do cineasta sueco. Confesso que fiquei emocionado com a forma com que Liv viveu intensamente esta que pode ser chamada de uma verdadeira relação de amor. O sentimento com que ela fala de Ingmar nos atinge como uma das mais belas demonstrações amoráveis já vistas. Narrado sob o ponto de vista de Liv, o filme é construído a partir de uma entrevista com a atriz e de imagens dos filmes realizados por ambos, com cenas dos bastidores, fotografias, trechos da autobiografia da atriz e cartas pessoais de Ingmar para ela. Um olhar sobre dois grandes artistas, amigos e companheiros.Este é um bom exemplo de como uma amor pode, sim, durar para sempre. Algumas pessoas deveriam assistir e, com sorte, aprender.

terça-feira, 29 de abril de 2014

2287 - AS VIRGENS SUICIDAS

(THE VIRGIN SUICIDES, USA 1999) - Uma das coisas interessantes deste primeiro filme de Sofia Coppola é evidenciar um olhar feminino raro no cinema.Mais raro ainda é encontrar nesse olhar uma abordagem autêntica e delicada pela condição humana, que valoriza as questões femininas, sem os excessos do feminismo raivoso, colocando a mulher no centro do universo e evitando estereotipar o homem como o grande vilão insensível. Sophia Coppola demonstra talento, principalmente na direção dos atores mais jovens. Poder-se-ia argumentar que faltou uma narrativa um pouco mais incisiva, para que a história pudesse ter um impacto mais intenso, mas não creio que isso seja relevante para uma apreciação muito positiva do filme. Cinco adolescentes são criadas de forma repressiva pelos pais (os talentosos James Woods e Kathleen Turner, cujas convicções morais e religiosidade extremada, que beiram o fundamentalismo, reprimem a adolescência explosiva das filhas. Fica claro, no filme, que eles não agem assim por maldade, mas sim por superproteção. Sophia nos faz observar o drama à distância, através do olhar de quatro rapazes, que funcionam como narradores desde o início do filme. Assim , temos uma sensação quase nostálgica diante dos fatos que se sucedem, permitindo-nos uma reflexão poética da tragédia que se anuncia quase inocentemente. O roteiro privilegia uma das garotas - Lux Lisbon - a mais bela e mais provocante, interpretada sem dificuldade pela diabolicamente angelical Kirsten Dunst, que já foi adotada por Tom Cruise e Brad Pitt, em ENTREVISTA COM O VAMPIRO, e se enredou nas teias dos três primeiros filmes do HOMEM-ARANHA, de SAm Raimi. O universo criado por Sofia Coppola faz jus à história. A fotografia “amanhecida”, traz melancolia a um universo melancólico por si só. Constrói-se um mundo de calmaria disfarçada, de pacificidade polida, mas que consegue te perturbar e derrubá-lo como um furação. Não é um filme fácil, mas não pelos motivos óbvios. É perfeitamente inteligível mesmo para o espectador mais leigo, porém exige um total envolvimento com a trama e as personagens para que se compreenda o que ele realmente tem de melhor. A princípio, na história pode parecer que existe uma falta de propósito, mas para um cinema que expressa através da linguagem visual, é um prato cheio e uma deliciosa viagem de sutileza e melancolia.

 

domingo, 27 de abril de 2014

2286 - HOMEM DE FERRO 3

(IRON MAN 3, USA 2013) - Os efeitos especiais deste filme são excelentes - é um bom exemplo de como se pode usar o CGI integrado à história, sem parecer que estamos assistindo a um desenho animado. Robert Downey Jr está cada vez mais identificado ao personagem, e suas falas . O único personagem mal elaborado no filme é o de Ben Kingsley, o Mandarim. Nas histórias originais, nunca haveria uma abordagem tão ridícula.

sábado, 26 de abril de 2014

2285 - TERROR UNIVERSAL

(UNIVERSAL HORROR, USA 1998) - This documentary on classic horror is found on the Blu-Ray version of FRANKENSTEIN, about which I wrote some posts ago. It consists of interviews with actors, crew, experts and those who have been inspired in various ways by the movies, clips of them(from different decades, silent and spoken alike, and you can see the evolution of film-making), behind-the-scenes footage and stills as well as narration(Branagh seldom lets us down, and this is no exception). The amount of journalism alone is impressive here, and the presentation is so smooth and compelling that you end up not able to take your eyes off it. They cover a massive amount in the well-paced 95 minutes that fly right by. The technical aspects, different language versions(some of them superior to the American originals!), Boris Karloff, Lon Chaney, make-up, the connection to WWI(the popularity of the thrilling flicks was partially on account of grotesquely hurt and disfigured people(victims of the war) living on, because of medical advances), the accusation of these pictures causing real life crimes, European styles and look, Gothic, Bauhaus, expressionism, art, etc. They even give away how some of the FX were done(including an early version of blue-screen!), and you really understand why these were beloved. Editing is crisp, and this never dwells excessively on anything. There is a lot of disturbing content, gory and violence in this.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

2284 - O HOMEM DO ANO

(BRASIL, 2001) - Adaptação sensacional do livro O Matador, de Patrícia Mello, que acabou resultando num filme tenso, hipnotizante, mostrando, pelo menos para mim, que Murilo Benício pode ser um bom ator. Ele faz Máiquel, um homem simplório que, por causa de uma aposta, se transforma num matador e herói de uma comunidade da baixada fluminense. Sua atuação é, de fato, muito boa, e ele consegue dar ao personagem uma pletora de sentimentos confusos e contraditórios, quase beirando a um autismo psicótico. Destaque para Natália Lage e Cláudia Abreu. A trilha sonora incidental de Dado Villa-Lobos é primorosa.

2283 - MARCELO ZONA SUL

(BRASIL, 1970) - Crônica de costumes que mistura o drama urbano da juventude no início da década de 70 com os anseios da classe média carioca que sonhava com a estabilidade do emprego, através da colocação em repartições públicas. O Marcelo do título é Stepan Nercessian, aos 15 anos, personificando o adolescente rebelde, dentro dos moldes da época. Françoise Furton, no seu primeiro papel, tem uma atuação surpreendentemente madura. Marcelo é um carioca adolescente de 16 anos, filho de um rigoroso e comum funcionário público. Ele têm boa índole mas temperamento rebelde e não liga para a escola. O que ele gosta mesmo é de ficar com sua namoradinha Renata, também estudante, passeando pelas praias e indo em cinemas e festinhas. As coisas se complicam quando seu pai corta a mesada e a escola descobre suas "pilantragens". Marcelo então resolve partir em busca de seu sonho: viajar pelo mundo pedindo carona.

2282 - OS PAQUERAS

(OS PAQUERAS, BRASIL 1969) - O mais interessante deste filme é ver como era a zona sul carioca no final dos anos 60, mais especificamente Copacabana, que era onde as coisas aconteciam. Reginaldo Farias e Walter Foster são dois paqueradores seriais que não perdem a chance de abordar as garotas que desfilam pela orla. O filme tem defeitos técnicos que comprometem, como, por exemplo, a captação de áudio. Na história, fica evidente a condição inferiorizada da mulher na sociedade brasileira naquele período. Chega a ser engraçada a ideia, que o filme sugere, que todas as mulheres no Rio de Janeiro, na época, casadas ou não, estavam propensas a aventuras amorosas.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

2281 - FRANKENSTEIN (1931)

(FRANKENSTEIN, USA 1931) - A versão em Blu-Ray mostra, em detalhes magníficos, todo o esplendor da fotografia em preto em branco deste clássico da Universal.Depois do sucesso de DRÁCULA, os estúdios cogitaram que sua maior estrela do gênero de horror, Bela Lugosi, desse vida (!!!!) ao monstro de Frankenstein. Consta que Lugosi recusou o papel, depois de alguns testes de câmera, pois seu rosto ficaria todo tempo coberto pela pesada maquiagem que o personagem pedia. Foi a deixa para que Boris Karloff assumisse o que seria o papel de sua vida, transformando a criatura feita de cadáveres roubados do cemitério num ícone do cinema e da cultura pop. No romance de Mary Shelley, Henry Frankenstein morre pelas mãos do ser que ele havia criado, mas a Universal percebeu o potencial para uma sequência e mudou final, fazendo com que ele sobrevivesse. Foi uma ideia muito feliz, pois só assim tivemos o que talvez seja a melhor sequência cinematográfica de todos os tempos, A NOIVA DE FRANKENSTEIN, com o mesmo diretor, James Whale, e praticamente todo o elenco original.

2280 - UM GRANDE GAROTO

(ABOUT A BOY, UK, 2002) - Este é um dos meus filmes de cabeceira. Apesar de ser apresentado como uma comédia, UM GRANDE GAROTO é uma história que fala profundamente sobre a solidão, o que me fascina. O personagem de Hugh Grant (que é ele mesmo) passa boa parte do filme querendo (se) convencer de que a vida solitária é o melhor que pode existir nestes tempos pós-modernos - e eu concordo plenamente com ele. Nesta primeira análise, podemos até embarcar na ideia de que o filme é uma crítica (mais uma) à solidão, como se ela não fosse condição universal para todo mundo. Will (Grant) leva ao paroxismo sua independência emocional, chegando a citar, mesmo que transversalmente, um verso de John Donne: "Todo homem é uma ilha". E Will completa: "Com eventuais pontes para o continente". É exatamente aí que o roteiro poderia ter se aprofundado, pois, queiramos ou não, somos mesmo ilhas e cabe a nós nos tornarmos os melhores engenheiros possíveis para construir estas pontes para o que está além de nós. É aí que, a meu ver, entra a razão, sob cujo escopo as emoções podem ser as melhores possíveis.

2279 - STAR TREK - ALÉM DA ESCURIDÃO

(INTO THE DARKNESS, USA 2013) - Ao rever este filme, só confirmo as melhores impressões que tive: JJ Abrams soube revitalizar a franquia de uma maneira que faz parecer que todo o universo de Star Trek surgiu agora, turbinado atomicamente por efeitos especiais excelentes e um roteiro surpreendente. Só não cola muito, pelo menos para mim, é o quase romance de Uhura com Spock. Bem que Zoe Saldana e Zachary Quinto se esforçam, mas, quando contracenam, não consigo deixar de pensar em Sheldon sendo encurralado por Amy Farrah Fowler. Atenção para a cena em que a Enterprise emerge de dentro do mar, logo no início do filme. Benedict Cumberbatch, como Khan, é o epítome do arquirrival que Kirk (Chris Pine, estupendo e visceral) poderia ter.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

2278 - DIREITO DE AMAR

(A SINGLE MAN, USA 2009) - Bem que alguém, um dia, me disse que este era um filme muito triste. De fato, é mesmo. Colin Firth, soberbo, é um professor universitário que não consegue superar a morte do companheiro e procura encontrar algum sentido na vida, depois desta perda imensa. O filme, portanto, aborda uma situação tão comum quanto dolorosa: o que fazer para elaborar a perda de alguém que se amava muito? Firth segura como ninguém os questionamentos do personagem, que devem atingir em cheio a audiência mais sensível e principalmente o público gay. O enredo discute temas espinhosos, como a aceitação dos relacionamentos homossexuais pelas famílias e pela sociedade americana dos anos 1960. Vai na trincheira aberta por MILK, mas cobre o lado menos politizado e mais humano da coisa toda.O título em português é uma dessas coisas que deveriam levar ao fuzilamento ou à cadeira elétrica, se não ambos.

2277 - O BEBÊ DE ROSEMARY

(ROSEMARY'S BABY, USA 1968) - Confesso que não sou um grande fã deste clássico de Polanski, e o que mais me chama a atenção na trama é a escolha do Edifício Dakota, em Nova Iorque, como locação principal. O prédio depois ficou tristemente famoso por causa do assassinato de John Lennon, em frente ao seu portão principal. Sempre que a fachada aparece, não consigo me concentrar na história e fico imaginando que, anos depois, Lennon iria morar ali até morrer, em 08 de dezembro de 1980. No filme, Mia Farrow (filha de Maureen O'Sullivan, a primeira Jane de Tarzan) tem uma atuação segura e parece não sentir a responsabilidade de comandar um elenco de estrelas como John Cassavetes, Ruth Gordon, Ralph Bellamy e Maurice Evans (o pai de Samantha, A Feiticeira). Vale ver porque é um filme considerado clássico, mas eu fico com A DANÇA DOS VAMPIROS, do mesmo Polanski.

terça-feira, 15 de abril de 2014

2276 - UM DIVÃ PARA DOIS

(HOPE SPRINGS, USA 2013) - Meryl Streep e Tommy Lee Jones são um casal que, depois de 30 anos de casamento, vai fazer terapia com um médico especialista (Steve Carrel), por iniciativa dela, claro. O que poderia ter sido apenas uma comédia doméstica, sem grandes alcances do ponto de vista da discussão do relacionamentos amorosos, acaba se transformando num roteiro corajoso, tocando em assuntos delicados e de difícil entendimento e aceitação. A meu ver, o filme contribui para mostrar as vantagens da excitação sobre o desejo, nos relacionamentos mais longevos. Tommy Lee Jones está perfeito como o marido rabugento, infenso a qualquer tipo de terapia, fechado nas suas convicções machistas e anacrônicas. Meryl Streep, por sua vez, está bem no papel, mas, conhecendo-a, como a conhecemos, poderia ter tido uma atuação mais convincente.

domingo, 13 de abril de 2014

2275 - OPERAÇÃO SKYFALL

(SKYFALL, USA 2012) - Já assisti a este filme algumas vezes e sempre fico com a melhor sensação quando acaba. Daniel Craig consegue dar uma humanidade inédita a James Bond, o que faz o personagem ter vários alcances durante a história. sim, Bond, aqui, está mais perto da decadência física e psicológica, começa a questionar todo o sistema ao qual serviu a vida toda e se defronta com uma inesperada relação edipiana com M, vivida com intensidade pela grandíssima Judi Dench, que também brilhou em FILOMENA (veja o post anterior). Por outro lado, o filme traz o melhor nêmesis de 007 de todos os tempos: o vilão vivido por Javier Barden quase fica maior do que o personagem principal, principalmente devido à forma deliciosamente irresponsável com que o ator espanhol desfila em cena. E ainda temos diálogos sutis e britanicamente engraçados e uma agente cor de cotia do MI6 incapaz de desaparecer de nossas retinas..

2274 - FILOMENA

(PHILOMENA, USA 2013) - A história real traz lances comoventes e parece extraída da ficção. em 1952, a jovem Philomena dá à luz um menino num convento. Mãe solteira, ela fica separada do bebê, que ganha pais adotivos três anos depois. Philomena jamais esqueceu o trauma. Em 2002, sua filha procura o repórter desempregado Martin Sixsmith (Steve Coogan, excelente), na intenção de ajudar a mãe a encontrar o primogênito. Patrocinados por uma revista, os dois vão em busca da verdade. O diretor Stephen Frears (A RAINHA) conduz a trama com humor e agilidade, dando chance para que haja um ótimo confronto de personalidades entre os protagonistas.Judi Dench está magnífica como a Philomena idosa.

sábado, 12 de abril de 2014

2273 - OS VINGADORES

(THE AVENGERS, USA 2012) - Revi o filme para checar alguns pontos do roteiro que tinham me escapado das outras vezes. Minha opinião não mudou muito: os dois pontos altos do filme são Scarlett Johansson e a atuação vibrante e debochada de Robert Downey Jr. Conta também o fato de Tony Stark é, de longe, o personagem mais interessante de todo o grupo de vingadores, com os melhores e mais mordazes diálogos. Há algo trágico na trajetória de Stark, porque sua vida parece estar sempre por um fio, em função do estilhaços que lhe confrangem o coração (soa familiar, não?). Esta situação dramática o faz zombar da vida em geral e, mais especificamente, da sua própria, sem se levar muito a sério. Provavelmente, é um dos casos em que o ator está em total consonância com o personagem, visto que Downey também já tenha andado brincando perigosamente com a vida. Assisti-lo é um prazer, principalmente pela naturalidade com que se enlaça com a persona individualista (sim, é uma qualidade!) de Stark e com a natureza nem tanto assim invencível de um super-herói que, como todos nós, tem lá seus graves problemas de coração. No mais, desta vez, percebi que os CGIs não são assim tão bons, Gwyneth Paltrow podia ter tido mais cenas (de shortinho, principalmente) e que o Capitão América, pelo menos neste filme, é um chato. Vamos ver come ele se sai no agora recém-lançado CAPITÃO AMÉRICA E O SOLDADO INVERNAL. 

terça-feira, 8 de abril de 2014

2272 - MAZZAROPPI

(BRASIL, 2013) - O filme mostra a trajetória de um dos grandes campeões de bilheteria no Brasil: Amácio Mazzaroppi, Imortalizado na figura do Jeca Tatu, ele foi um dos mais consagrados comediantes brasileiros. O sucesso iniciado em SAI DA FRENTE (1952) o fez aventurar-se na direção e no roteiro, criando um dos maiores impérios comerciais do país. Além de ter produzido a maioria de seus filme, ele mesmo tinha funcionários para distribuir as cópias. No filme, podemos ver as suas brigas com o Cinema Novo, a homossexualidade, o desenvolvimento de um modelo de negócios audiovisuais na América Latina, a fama de pão-duro e a quebra de preconceitos em relação ao homem do interior.

2271 - INTOCÁVEIS

(UNTOUCHABLES, França, 2011) - Sempre assisto a este filme maravilhoso, que já comentei aqui várias vezes. Farei outras tantas. É uma história que conta, entre outras coisas, como duas pessoas totalmente diferentes pode se tornar realmente amigas, pelo simples e relevante fato de se respeitarem integralmente. Há também um interessante questionamento sobre a real importância da obra de arte na sociedade contemporânea.Vivido pelo experiente François Cluzet (cada vez mais parecido com Dustin Hoffman), Philippe é um ricaço que aprecia a Arte e vive cercado por funcionários fiéis que lhe dedicam atenção incondicional desde que se tornou tetraplégico em um acidente de parapente. É então que conhece Driss (Sy), um jovem negro recém-saído da prisão, e decide contratá-lo como acompanhante/enfermeiro por reconhecer no rapaz não a experiência necessária para seus cuidados, mas uma espontaneidade que lhe falta no dia-a-dia. Aos poucos, os dois homens se tornam próximos, mudando a maneira como encaram o mundo.Da mesma forma, o diretor de fotografia Mathieu Vadepied é habilidoso ao contrapor a realidade confortável do milionário, com seus planos abertos e paleta quente, à dureza enfrentada pela família de Driss, que surge constantemente em cores frias e quadros fechados que ressaltam a claustrofobia de um apartamento pequeno ocupado por tantas pessoas. Além disso, é admirável o cuidado da produção com detalhes que podem passar despercebidos, mas conferem realidade à narrativa, como a cicatriz de traqueostomia exibida por Philippe.

domingo, 6 de abril de 2014

2270 - O ATAQUE

(WHITE HOUSE DOWN, USA 2013) - Roland Emmerich gosta mesmo de destruir os principais monumentos e e edifícios dos Estados Unidos, como mostrou em INDEPENDENCE DAY que, entre mortos e feridos (muitos, por sinal) era bem melhor do que este desastre cinematográfico. O roteiro é ruim - a Casa Branca é tomada por terroristas - , assim como a atuação de todo o elenco, inclusive os atores mais talentosos. Jamie Foxx, por exemplo, como o presidente americano, está muitíssimo abaixo  do que se pode considerar como um papel sério. Maggie Gyllenhaal e o ótimo Richard Jenkins estão perdidos e desperdiçados. O personagem de James Wood mais parece um dos inimigos caricatos de 007. Os homens do Serviço Secreto têm o mesmo nível de eficiência da polícia carioca, e a CIA manda o seguinte recado: com uma central de inteligência como essa, quem precisa de inimigos? Tudo é muito previsível, degradante e tosco, num filme descerebrado, para espectadores com defict de atenção e pouquíssimos neurônios. Cento e cinquenta milhões de dólares jogados fora.

sábado, 5 de abril de 2014

2269 - MINORITY REPORT: A NOVA LEI

(MINORITY REPORT, USA 2002) - Depois de assistir a este filme novamente, percebi que não tinha entendido a história quando o vi pela primeira vez. É uma adaptação de um conto de Philip K. Dick, bem dirigida por Spielberg e com Tom Cruise fazendo mais ou menos a mesma coisa que sempre faz nos filme de ação em que atua. Os efeitos estão datados, infelizmente. No entanto, há alguma coisa meio "cool" no desenho de produção como, por exemplo, as bolas de bilhar com os nomes das futuras vítimas, e o médico especializado em trocar as órbitas oculares das pessoas perseguidas pela polícia, como foi o caso do personagem de Cruise. Apesar de tudo, o filme ainda vale a pena ser visto.Há algumas boas teses na área criminal, que podem ser encontradas na Internet sobre o filme, pois o roteiro mostra que pessoas (ainda) inocentes são presas por crimes que cometeriam no futuro.

2268 - UMA LINDA MULHER

(PRETTY WOMAN, USA 1990) - Julia Roberts realmente estava linda neste filme que, mesmo depois de tanto tempo, não perdeu o frescor e a mágica que o transformaram num grande sucesso. Era o papel da sua vida. Assim como também aconteceu com Richard Gere, perfeito como o executivo meio "aloof", meio culpado por fazer fortuna com a falência de grandes empresas. E é a mesma relação conflituosa com dinheiro que aproxima os dois personagens, Edward e Vivian, numa noite movimentada em Los Angeles. Embora o filme tenha sido vendido como uma versão moderna de Branca de Neve, ou seja, da moça pobre e humilhada que acaba casando com o improvável príncipe, acho que o roteiro acerta em muito mais coisas importantes. Uma delas é a então crescente necessidade de os indivíduos ostentarem objetos e até mesmo pessoas, como status social, configurando uma época marcada pela vaidade a qualquer preço. Gosto, especialmente, do personagem de Hector Heliozondo, que faz o gerente do hotel onde Edward está hospedado e que acaba sendo o protetor de Vivian. É dele a melhor atuação do filme.