quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

2507 - THE WALKING DEAD - 2a TEMPORADA

2506 - DOCE NOVEMBRO

(SWEET NOVEMBER, USA 2001) - Este é um dos filmes mais tristes e belos. Charlize Theron está linda como nunca no papel de Sara, uma riponga que convence um publicitário todo certinho (Keanu Reeves, perfeito) a deixar sua vida cronometrada e, até certo ponto, engessada por compromissos e ambição financeira. Ela propõe que morem juntos, durante o mês de novembro (as razões estão lá), para que ela o ajude. Sem entender muito a proposta, ele, já fascinado por Sara, se deixa levar pela história sensível e que, aos poucos, vai se tornando trágica e emocionante, apesar de alguns furos no roteiro. Um dos aspectos que mais gosto no filme é que ele chama a atenção para o peso que o tempo tem em nossas vidas.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

2505 - UMA PROFESSORA MUITO MALUQUINHA

(BRASIL, 2011) - Com boa criação da década de 40, a trama se passa na pacata cidade mineira de São João Del Rey. Depois de estudar na capital, Cate (Paola Oliveira, certamente uma das mulheres mais lindas do mundo) vai lecionar num colégio de sua cidade natal e, lá, usa métodos de ensino nada ortodoxos. Por exemplo: dar gibis à criançada para incentivar a leitura e levá-los, pela primeira vez, ao cinema — o filme é Cleópatra (1934), onde eles devem aprender algo mais sobre história. Linda, simpática e inteligente, Cate vira alvo da paquera de vários moços, mas seu coração parece ter ficado preso no passado, quando brincava com Beto (Joaquim Lopes), o afilhado de seu tio (Chico Anysio) que virou padre. O filme é bonitinho, feito com honestidade e sem grandes pretensões. A história é uma adaptação de um livro do Ziraldo que, por sinal, faz uma ponta como gerente do cinema da cidade.

2504 - QUANTUM OF SOLACE

2503 - UM HOMEM DE FAMÍLIA

2502 - OPERAÇÃO SOMBRA - JACK RYAN

(JACK RYAN - SHADOW RECRUIT, USA 2014) - Esta é uma nova versão da saga de Jack Ryan, personagem dos livros de Tom Clancy. A trama, apesar de inédita, esbarra na carência de momentos de ação empolgantes. Durante o longa podem ser citados, no máximo, três situações que justificam o interesse de quem gosta de ação e filmes de espionagem. No restante, a história é focada apenas nos pequenos dramas pessoais vividos pelo casal - Chris Pine e Keira Knightley - , inclusive a suspeita de traição por parte de Cathy, e em Ryan fazendo análises financeiras e hackeando computadores. A atuação de Pine no papel de Jack Ryan, apesar de não ser algo de tirar o chapéu, não decepciona quem espera algo assim no estilo James Bond. Ele segue com fidelidade os passos de seus antecessores na tela, como Harrison Ford. A seriedade, a destreza nas cenas de luta e a inteligência do personagem são transmitidas de maneira precisa. No entanto, a gente fica com a impressão de estar vendo o Capitão Kirk em cena, especialmente quando Ryan se comporta como um "bad boy" que não respeita as regras.

 

sábado, 27 de dezembro de 2014

2501 - ÚLTIMA VIAGEM A VEGAS

(LAST VEGAS, USA 2013) - Fico me perguntando como podem fazer um filme assim? Sério, não há qualquer sentido, a meu ver, nesta história que reúne quatro grandes e respeitados atores - Michael Douglas, Morgan Freeman, Robert De Niro e Kevin Kline -, mas que não apresenta nenhuma consistência e propósito. Tudo no filme é apenas uma patética tentativa de desqualificar a velhice, sem propor qualquer reflexão mais séria a respeito do tema. Fica-se com a sensação de que o intuito foi mesmo o de confirmar que, nesta sociedade pós-moderna, só a representação da juventude tem importância. As situações são constrangedoras de tão simplistas e desenxabidas e acabam transformando em imensa frustração a chance de ver juntas pessoas tão importantes na história do cinema contemporâneo.
 

2500 - A CAÇA

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

2499 - CAÇADORES DE OBRAS DE ARTE

2498 - DOZE HOMENS E OUTRO SEGREDO

(OCEAN'S TWELVE, USA 2004 - Pouco importa se a trama da refilmagem de 2001 é melhor que a atual. Vale mesmo é ver que Catherine Zeta-Jones (linda, veja aí do lado) e Vincent Cassel adicionam charme a um elenco cuja fotogenia já era um tanto anabolizada. Toda a série estrelada por Danny Ocean (Clooney), ladrão que nunca perde a pose, a última palavra ou a vontade de pregar uma peça, é no fundo um caça-níqueis – inspirado e luxuoso, bem entendido, mas que em momento nenhum busca disfarçar sua intenção de ganhar dinheiro em troca de duas horas de diversão honesta. Temos, então, a impressão de estar vendo uma reunião de amigos, todos atores famosos de Hollywood, se divertindo num filme que, no fundo, só ratifica a imagem glamorosa e mítica que todos sobejamente já têm. No entanto, na minha opinião, o filme, como os outros dois da trilogia, diverte e cumpre uma das funções mais importantes do cinema: entreter.  
 

2497 - ROXANNE

(ROXANNE, USA 1987) - Adaptação da peça "Cyrano De Bergerac", com Steve Martin e Daryl Hanna, que serve mais como veículo para o histrionismo de Martin do que para uma reflexão mais profunda sobre valores estéticos da sociedade moderna. O roteiro é, de certa forma, reducionista, carregando nos estereótipos mais óbvios: os feios são inteligentes e sensíveis, enquanto os belos são ignorantes e rudes. A história poderia lançar luzes sobre a questão do desejo visual masculino e do quanto as mulheres - que não possuem este comportamento - se deixam apropriar desta característica por simples pressão cultural. Coincidentemente, esta temática da beleza aristocrática foi abordada numa outra produção, A MULHER DO AÇOUGUEIRO, cujo comentário pode ser lido, há alguns filmes atrás, neste mesmo blog.  
 

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

2496 - NIXON BY NIXON: IN HIS OWN WORDS

(NIXON BY NIXON: IN HIS OWN WORDS, USA 2010) - This strange little documentary  is engrossing despite itself. Timed to the 40th anniversary next Saturday of Richard M. Nixon’s resignation, it samples Nixon’s secret White House tapes to sketch the familiar portrait of the president as a closeted monster: paranoid, vicious, racist, sexist, anti-Semitic, with a casual disregard for anything besides his own standing. But “Nixon by Nixon” is also structured as a brief history of the Nixon presidency, and it alternates the darkness of the tapes with the brighter, tinnier tones of newscasts and interviews. As it moves through the Nixon era at a lightning pace — a few minutes on China, a few more on Vietnam, here the Moscow summit, there the Pentagon Papers and finally Watergate — it has a self-canceling quality, probably intentional but still odd. The public narrative elements (underscored by chipper, burbling music) are constantly undercut and exposed by the harsh truth of the tapes.
 

2495 - KAMCHATKA

(KAMCHATKA, Argentina, 2002) - Belo e sensível, Kamchatka é um filme que se passa na década de 70 e conta a história de uma família argentina que se vê obrigada a fugir para escapar da ditadura no país. Quem nos conta essa história é Harry, o filho mais velho de um casal. Enquanto o cinema brasileiro só se preocupa com platitudes, os argentinos fazem filmes sobre o amor a vida a morte, a vida das pessoas comuns, gente como a gente, seus problemas, suas alegrias, suas angústias – ao mesmo tempo em que sabem mostrar todo o pano de fundo político e econômico, a complexidade social toda. Kamchatka é o nome de uma localidade que aparece em um jogo de tabuleiro (versão argentina do War), que Harry joga com seu pai (o grandíssimo Ricardo Darín). Atenção para a última cena do filme - um momento único de beleza, sensibilidade, emoção e impacto. Você gostaria.
 

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

2494 - FOREVER: UMA VIDA ETERNA

(FOREVER, USA 2014) - Excelente série sobre um médico-legista de 200 anos, que procura resolver os mais variados crimes, em Nova Iorque, nos dias de hoje. Claro que tem muito a ver com HIGHLANDER, um dos meus filmes favoritos, e com a ideia, sempre atraente, da imortalidade. Os episódios têm um ritmo ágil, direto, sempre com humor. O galês Ioan Gruffudd é Henry Morgan, o legista imortal que tem como sua maior arma a inteligência e o poder de dedução, o que o aproxima de Sherlock Holmes. Sua atuação é brilhante. Ele divide a cena com a detetive Jo Martinez (Alana De La Garza) que, por sinal, é linda. A série, então, é uma versão de HIGHLANDER, sem espadas e raios, mas com o charme que muitos dos projetos que envolvem ficção científica não têm.
 

2493 - O PREDADOR

(PREDATOR, USA 1987) - Um dos maiores sucessos de Arnold Schwarzenegger, O PREDADOR tem uma história muito parecida com de ALIEN, O OITAVO PASSAGEIRO, de Ridley Scott. de 1979. No entanto, o roteiro funciona, principalmente pela bela fotografia da selva tropical, onde se passa toda a ação. Uma curiosidade: Jean Claude Van Damme tinha sido cogitado para o papel do Predador, mas a produção desistiu por causa de sua fama de encrenqueiro. Os efeitos especiais são bem razoáveis, sem exageros. O filme continua valendo a pena ser visto.
 

2492 - A MULHER DO AÇOUGUEIRO

(THE BUTCHER'S WIFE, USA 1991) - Um açougueiro (George Dzundza) de Nova York viaja em férias para a Carolina do Norte e em uma ilha conhece uma clarividente (Demi Moore). Ela por sua vez pensa ter encontrado o homem de sua vida, pelo fato de já tê-lo visto em seus sonhos. Eles acabam se casando rapidamente e ela acompanha o marido quando este retorna para a metrópole. Ela causa um grande impacto em todos que conhece por antecipar suas perguntas e ações e também por aconselhá-los na vida sentimental. A interferência dela faz com que tenha contato com o verdadeiro homem dos seus sonhos, um psicólogo (Jeff Daniels). O filme é muito ruim, a começar pelo roteiro que aponta, tristemente, para uma característica marcante de nossa sociedade: a valorização das conquistas aristocráticas, aquelas que só estão disponíveis aos poucos que estiverem de acordo com os padrões (discutíveis) deste mesmo meio. Ou seja, o açougueiro, gordinho, desajeitado, quase patético, não tem mesmo vez com uma mulher bonita e cobiçada por todos. Esta, por sua vez, depois de ter casado com ele por puro capricho, dispensa-o, para ficar com o louro alto, muito mais de acordo com os padrões hollywoodianos. Triste, não? Pois é, é assim, por estas vias, que este tipo de comportamento altamente aristocrático se perpetua, causando muito mais sofrimento do que se imagina. O roteiro - fraco - parece querer seguir um certo "realismo mágico" na sua concepção, mas acaba não sendo nem realista e muito menos mágico. O filme, como era de se esperar, foi um fiasco. Demi Moore prova, mais uma vez, que é péssima atriz. Acabou ficando com o papel porque Meg Ryan (outra que não sabe atuar) o tinha rejeitado. A única coisa interessante desta produção lamentável é um olhar sobre a vida urbana, e brega, de Nova Iorque no começo dos anos 90.
 

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

2491 - SIMPLESMENTE AMOR

(LOVE ACTUALLY, UK 2003) - Este é um dos filmes "obrigatórios" de fim de ano. Simplesmente por se uma produção tão leve e poética, que encanta pela quase inocência de suas situações, é que faz todo o sentido rever, especialmente agora. Você ainda não viu? Veja, então, encante-se, sinta apenas. Cada cena tem sua razão de ser na construção de várias histórias paralelas sobre o amor e, principalmente, a busca dele, até que as ações se perpassam numa espécie de mosaico poético e emocionante. Atenção para Hugh Grant no papel de Primeiro-Ministro inglês. Neste ano, em particular, é curioso ver Andrew Lincoln, o Rick do sensacional THE WALKING DEAD, no papel de um romântico que sofre por ser apaixonado pela esposa de seu melhor amigo que, no filme, é interpretado pelo grandíssimo Chiwetel Ejiofor, de 12 ANOS DE ESCRAVIDÃO. Aliás, o elenco é estupendo: Alan Rickman, Colin Firth, Liam Neeson, Laura Linney. Claro que, numa análise mais fria, muita coisa ficaria sem sentido, e alguém com um olhar mais arguto logo observaria que as mulheres de LOVE ACTUALLY estão, de certa forma, em segundo plano, apenas servindo ao mundo masculino no qual estão insertas. Mas o filme é tão mágico que até isso pode perfeitamente ser deixado de lado. Acho que você acharia lirismo em cada aspecto desta história.  
 

2490 - COPACABANA, MON AMOUR

(BRASIL, 1970) - Um dos filmes de Rogerio Sganzerla para a Belair, sua produtora em conjunto com Júlio Bressane e Helena Ignez que, em 1970, no período mais repressivo da ditadura militar, realizou seis longa-metragens em seis meses. Copacabana, mon amour não foi lançado comercialmente devido à censura. O filme é rodado em CinemaScope, em boa parte nas favelas do Rio de Janeiro, e é um dos experimentos mais radicais do cinema brasileiro. Copacabana, mon amour apresenta parte da mística do submundo do bairro de Copacabana ao modo de uma chanchada tropical. Helena Ignez é a protagonista Sônia Silk, a “Fera Oxigenada”, sempre à sombra do poder do patrão do seu irmão, este, interpretado por Otoniel Serra. A trilha sonora original é de Gilberto Gil. O elenco também conta com Paulo Villaça, Lilian Lemmertz, Joãozinho da Goméia e Guará Rodrigues.

domingo, 21 de dezembro de 2014

2489 - SOB A PELE

(UNDER THE SKIN, UK, USA e Suíça, 2014) - Uma mulher, numa van, dirige pelas estradas da Escócia, seduzindo os homens que encontra pelo caminho. A mulher da van é uma alienígena. A mulher da van é linda, pois ela é Scarlet Johansson, a mulher mais linda do mundo, a meu ver. Há um propósito nisso aí, mas é necessário que vejamos o filme no clima que ele sugere: tudo meio misterioso, numa paisagem fria e surpreendentemente agradável, misturando o terror ao conceito de beleza e explorando ao máximo o desejo visual masculino em relação a mulher - deste e de outros planetas. SOB A PELE pode ser classificado como um filme sem sentido, e é aí que ele passa a ter todo o sentido do mundo (e dos outros também). Para a história ter uma certa coerência cinematográfica, digamos, era mesmo importante ter um símbolo inquestionável de beleza feminina à frente, oferecendo uma mistura de signos interessantes para o espectador - uma situação semelhante ao uso da voz de Scarlett no excepcional ELA, de Spike Lee. Aqui, Scarlett nada mais é do que a forma humana assumida por uma alienígena, cujo objetivo é atrair homens para um covil e se alimentar deles. Ou seja, no filme, Scarlett seduz sem fazer força, exatamente como ela vem fazendo com todo mundo, há mais de uma década. É uma ficção científica meio noir, em que a narrativa lenta e a composição visual de closes e penumbras fortalecem o clima de mistério acerca da protagonista, uma femme fatale meio ingênua, já que é uma alienígena descobrindo o que pode ser, no fundo, a vida na Terra.
 

2488 - PRODUZIDO POR GEORGE MARTIN

(PRODUCED BY GEORGE MARTIN) - Se existe um quinto Beatle, esta pessoa é George Martin. E este documentário não só deixa isso claro, mas também coloca o trabalho do britânico em um contexto bem mais amplo. Descobre-se, por exemplo, como os discos de comédia que Martin produziu para Peter Sellers e outros comediantes influentes dos anos 50 ajudaram na elaboração dos arranjos do álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967), dos Beatles. Além de depoimentos variados, Martin é entrevistado por gente como Paul McCartney, Michael Palin (Monty Python), Ringo Starr e pelo filho Giles (herdeiro nas questões relacionadas aos Beatles), o que garante intimidade e descontração. É o suficiente para confissões (ele acha que ganhou pouco da EMI pelo trabalho que fez com o quarteto de Liverpool e se sentiu desprezado por Lennon quando Phil Spector foi contratado para “re-produzir” Let It Be) e momentos de melancolia (quando ele fala sobre envelhecer e sobre estar ficando surdo). Em um trecho mais leve, ele, que produziu “Live and Let Die” (recentemente votada a melhor música-tema de James Bond), ensina a preparar um Martini perfeito. O DVD ainda tem quase uma hora de extras, incluindo produtores importantes como T. Bone Burnett e Rick Rubin louvando e explicando os méritos de George Martin.
 
 

sábado, 20 de dezembro de 2014

2487 - AVIÕES

(PLANES, USA 2013) - O roteiro, embora nada original, tem lá seu charme, especialmente para quem já se esqueceu da história de CARROS, da mesma produtora: um aviãozinho pulverizador de plantações sonha em participar de uma corrida ao redor do mundo, mas tem medo de altura. Claro que, como tudo que a Disney faz, AVIÕES é adorável na sua realização, mas é ruim em relação ao roteiro. Totalmente sem imaginação, a história é mais do que previsível. Desde o início é fácil saber o que vai acontecer com o avião pulverizador que quer participar da maior corrida de aeroplanos do planeta. Para conseguir completar a volta ao redor do globo, ele vai ter que vencer obstáculos externos e, claro se superar, enfrentar seus próprios traumas. Tudo aquilo que você já viu centenas de vezes nas telas é repetido novamente.
 

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

2486 - DEZ MINUTOS PARA MORRER

2485 - TRUE LIES

(TRUE LIES, USA 1994) - Ainda hoje, TL é um excelente filme de ação, com um roteiro meio nonsense, mas também engraçado, uma sátira aberta aos filmes de espionagem, Arnold Schwarzenegger é um agente tão secreto que nem a sua esposa (Jamie Lee Curtis) há quinze anos, desconfia de sua atividade como espião. A partir daí, James Cameron, o diretor, brinca com todas as possibilidades do roteiro que, já naquela época, envolvia uma ameaça terrorista de um povo não definido do mundo árabe. A produção é bem cuidada, e as sequências de ação são impressionantes. Charlton Heston faz uma ponta. Talvez o maior destaque seja a cena de strip-tease com Jamie Lee Curtis - veja aí abaixo. Um dos melhores exemplares dos thriller que combinam ação com comédia. Não há queda do ritmo da ação, em momento algum e, ao fim, temos a saudável sensação de que tivemos um dos mais memoráveis momentos de entretenimento que o cinema pode oferecer.
 
 

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

2484 - A ARMA DE LIZZIE BORDEN

(LIZZIE BORDEN TOOK AN AX, USA 2014) - O título original é tirado de uma canção infantil muito popular nos Estados Unidos e que está relacionada, veja só, com um assassinato cometido por uma adolescente, no início do século passado. Christina Ricci encabeça um elenco sem graça e tem uma atuação meio teatral, forçada, sem qualquer inspiração. A trilha sonora, com rocks atuais, poderia ter funcionado num blend que nos remeteria a HIGHLANDER, mas acaba ficando mais estranha ainda, em função da total falta de interesse que o filme inspira.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

2483 - GRAVIDADE

(GRAVITY, USA 2013) - Impressionante produção dirigida por Alfonso Cuarón, que lança o espectador numa das mais imersivas experiências cinematográficas da história. No filme, quase que fazemos parte de uma jornada em que a ação e a reação se encadeiam sem pausa, num ambiente de verossimilhança fotográfica tão impactante que nos deixa ao mesmo tempo paralisados e com a sensação de estarmos girando numa cápsula no espaço. GRAVIDADE é um espetáculo sensorial e lógico arrebatador, desde a primeira sequência, em que a câmera de Cuarón gravita por doze minutos, sem cortes, ao redor dos astronautas, executando afastamentos e aproximações impressionantes e trocando de ponto de vista entre o narrador e os protagonistas diversas vezes, sempre com elegância e clareza perfeitas. Para se ter a ideia deste feito, basta imaginar que Cuarón tenha realizado um feito semelhante ao do escritor que ao mesmo tempo narra e descreve, faz seus personagens falarem e reproduz seus pensamentos, sem usar um ponto final sequer para indicar estas operações de natureza tão distinta. Algo assim como Saramago fez em ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA. A correlação com o livro é pertinente, tanto na forma como no conteúdo: temos a impressão de que, no espaço, perde-se a noção de profundidade e distância, cor e brilho, como se, gradativamente, fôssemos perdendo a visão e tudo aquilo que ela relaciona com a vida e seus sentidos. Com apenas dois atores, George Clooney - este, sim, um astro entre seus pares - e Sandra Bullock - que tem um talento superestimado - , GRAVIDADE é mais que um filme de ficção científica: é uma aula de cinema em que a sensibilidade do espectador é finalmente testada, principalmente na cena final, que nos faz rever toda a interpretação possível para o que acabamos de ver e viver.   
 

2482 - BATMAN

(BATMAN, USA 1989) - A estética dark de Tim Burton encontrou em BATMAN um universo ideal para se desenvolver. Criando um cenário futurista-retrô (sei que você vai entender isso), Burton consegue trazer para a tela o ambiente sufocante de uma Gotham City entregue à sua própria sorte em virtude da onda de crimes perpetrada pelo Coringa (Jack Nicholson, grandioso). Claro, há falhas. Michael Keaton certamente não foi a melhor escolha, mas procura fazer um Bruce Wayne de forma honesta, melhor do que Clooney e Val Kilmer dos filmes posteriores, e certamente com o pior cabelo que o angustiado milionário já apresentou. Para piorar, seu traje de Batman é muito engessado, fazendo-o parecer um boneco petrificado em alguns momentos. A trilha sonora de Danny Elfman, contumaz colaborador de Burton, é excelente, ainda mais com o auxílio luxuoso de Prince em várias canções. Os efeitos mecânicos funcionam bem no mundo criado por Burton, embora os elementos cênicos pareçam realmente brinquedos. Mas isso tem tudo a ver com Burton, não é mesmo? Kim Basinger está muito bonita, mas sem talento, como sempre. O filme, no entanto, é de Jack Nicholson, fazendo um Coringa entre o patético e o dramático, sempre genialmente. São três cenas, pelo menos, em que ele está maravilhoso: a primeira é quando entra numa galeria de arte, vandalizando as obras, ao som de Prince (veja vídeo abaixo); a segunda é quando distribui dinheiro aos transeuntes, durante uma parada e a terceira é na sequência em que, com a expressão mais inocente do mundo, balbucia "Ele roubou meus balões...", ao ver Batman cortar os fios deles com o Bat-plano. Ah, e ainda há, no finalzinho, outra estupenda: pendurado no alto de um prédio, pergunta para uma gárgula de pedra de que ela está rindo. Um dos maiores atores ever!  
 

2481 - RANGO

(RANGO, USA 2011) - Esta é uma das melhores animações já feitas, tanto no aspecto técnico quanto no roteiro. O diretor Gore Verbinski acerta em tudo: é impressionante o realismo sensorial do deserto onde se desenrola a trama, assim como a textura de cada elemento cênico. O tema da falta d'água, tão dramaticamente presente hoje em dia, é tratado com total conformidade com a história que também analisa as relações de poder e a ancestral necessidade de se fabricar um herói que catalise os anseios de uma sociedade. Assistir de novo possibilita observar melhor os detalhes de cada cena, como a sensacional sequência dos morcegos, emulando o ataque das naves da federação de Star Wars. Outro ponto alto é a homenagem a Clint Eastwood, que aparece como o 'Espírito do Deserto". A trilha sonora é excepcional, assim como a ideia de colocar um coro de corujas cantantes para costurar as partes mais importantes. Johnny Depp, Ned Beatty, Alfred Molina e Billy Nighy fazem as vozes dos personagens principais. RANGO pode ser considerado um "road movie" no sentido mais existencial (quem, melhor do que um camaleão, para representar isso?), pois, além de todo o divertimento, possibilita uma reflexão sobre tudo aquilo que contribui para sermos o que somos. 

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

2480 - AVASSALADORAS

(BRASIL, 2002) - Este simpático filme tem como protagonista Giovanna Antonelli, cujo personagem catalisa os anseios românticos da mulher do início do século XXI (ou do início de todos os séculos). No entanto, o roteiro estimula descaradamente a dependência afetiva e, equivocadamente, condena a solidão aos posto de o pior dos males que podem se abater sobre o ser humano. Se comparado com os filmes nacionais atuais, AVASSALADORAS é até bem digerível, principalmente pelo uso adequado das paisagens deslumbrantes do Rio e pela ambição de ser apenas um entretenimento descompromissado.  
 

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

2479 - O SUSPEITO

(RENDITION, USA 2007) - O filme entra para a lista daqueles feitos para mostrar as atrocidades cometidas por governos autoritários que não se preocupam em acabar com a vida de uma pessoa, desde que seja em nome da segurança nacional. Uma das medidas mais extremas - e igualmente polêmicas - é a Rendição Extraordinária, em que um suspeito de terrorismo pode ser sequestrado pelo próprio governo e levado para uma base secreta em outro país, onde é torturado até que fale o que eles querem ouvir. É o que acontece com um cidadão egípcio-americano que pode - ou não - estar ligado ao alto-escalão terrorista. Quando está voltando de uma viagem à África do Sul, ele é devidamente "escoltado" de volta à África, onde vai passar por todos os tipos de interrogatórios. O filme é muito bom, embora se perca em dado momento ao oferecer um excesso de explicações para o roteiro. Meryl Streep está irreconhecível, em um papel bidimensional tão facilmente odiável quanto sua contrapartida na vida real: a poderosa Condoleezza Rice.
 

domingo, 14 de dezembro de 2014

2478 - 12 ANOS DE ESCRAVIDÃO

2477 - CORAÇÃO SELVAGEM

(WILD AT HEART, USA 1990) - Um dos filmes mais acessíveis de David Lynch, CS conta a história de um casal apaixonado, Sailor e Lula (Nicolas Cage e Laura Dern), que foge pelas estradas americanas, depois que a mãe de Lula manda um matador profissional atrás deles. Este filme parecia uma concessão do diretor ao seu estilo bizarro e à sua sensibilidade pós-moderna, mas não foi o que aconteceu - Lynch voltaria com força total à raízes com CIDADE DOS SONHOS, em 2001. Violento, visceral e repleto de imagens oníricas, com textura de pesadelo, “Coração Selvagem” concentra todas as obsessões de David Lynch em uma galeria inesquecível de personagens carregados de símbolos da cultura pop: o casaco de pele de cobra de Sailor Ripley, o chiclete eterno de Lula, os dentes podres de Bobby Peru (Willem Dafoe), os cabelos loiros desgrenhados das gêmeas más vestidas de preto (Grace Zabriskie e Isabella Rossellini), o assassino negro da moeda de prata que usa terno púrpura (Calvin Lockhart). Ligando os personagens, outra série interminável de motivos caros ao cineasta, como citações a Elvis Presley e Marilyn Monroe, além de referências múltiplas ao clássico infanto-juvenil “O Mágico de Oz” (1939). Apesar de uma aparente tempestade caótica, a fusão de todos esses elementos do imaginário pop se revela coesa e bem amarrada, por causa do talento de narrador de David Lynch, que constrói um road movie violento, sensual e repleto de humor negro.
 

2476 - OS HOMENS SÃO DE MARTE, E É PARA LÁ QUE EU VOU

(BRASIL, 2014) - Parece-me bastante razoável a dinâmica que os movimentos de libertação social apresentam juntamente com períodos de repressão espontânea. Foi assim com os hippies que. com toda a sua filosofia do desapego material, acabaram gerando os engravatados yuppies, e o feminismo exacerbado, que deu origem a uma geração de mulheres desesperadas por preencher vazios existenciais com o sexo oposto. É exatamente aí que esta comédia escrita e protagonizada por Monica Martelli se apresenta como uma aparente apologia à independência da mulher, mas que, na verdade, se transforma, desde a primeira cena num discurso descerebrado à dependência afetiva e à irrefletida luta contra a solidão. A personagem de Monica passa por várias experiências afetivas frustradas até - pasmem! - se sentir realizada por "ter uma foto sua vestida de noiva na parede da sala". Logo, ter um marido supera a importância do marido em si. Martelli diz que “ama estar apaixonada” e é “apaixonada pelo amor". Uma percepção de relacionamento que está mais para autoafirmação e a vaidade do que para a união de qualidade entre duas pessoas. Se o filme retrata o pensamento geral das mulheres do segundo milênio, é de se lamentar que, neste aspecto, o entendimento das relações afetivas tenha evoluído tão pouco. Está claro que a independência emocional está longe de ser alcançada tanto por homens como por mulheres. Triste, muito triste.
 

2475 - UMA SAÍDA DE MESTRE

(THE ITALIAN JOB, USA 2003) - Muito parecido com ONZE HOMENS E UM SEGREDO, o filme não apresenta muita originalidade, apesar do bom elenco. Charlie Croker (Mark Wahlberg) é um gênio do crime, que está decidido a recuperar um cofre repleto de ouro que fora roubado por seu ex-sócio Steve (Edward Norton), que o traiu. Para tanto ele conta com uma gangue formada pelo gênio da computação Steve (Seth Green), Handsome Rob (Jason Statham), o especialista em explosivos Left Ear (Mos Def), o arrombador de cofres John Bridger (Donald Sutherland) e ainda a bela Stella Bridger (Charlize Theron). O plano da gangue é recuperar o cofre em plena Los Angeles, criando para tanto o maior engarrafamento que a cidade já viu em sua história.
 

2474 - MARY POPPINS

2473 - WALT, OS BATIDORES DE MARY POPPINS

(SAVING MR. BANKS, USA, Inglaterra e Austrália, 2013) - Apesar do título indigesto em português, o filme entrega o que promete: a difícil batalha que Walt Disney empreendeu com a escritora inglesa P.L. Travers, para adaptar seu grande sucesso, Mary Poppins, para o cinema. O filme mostra uma verdadeira dança de sedução de Disney com a escritora. Tom Hanks está soberbo na primeira personificação de Walt para o cinema. Emma Thompson está deliciosamente tensa como P.L., toda caras, bocas e sotaque metálico. Não é preciso conhecer o filme original para se deliciar com este, que tem sua própria comédia, música e dois atores estupendos nos papéis principais.
 

2472 - INDIANA JONES E O TEMPLO DA PERDIÇÃO

(INDIANA JONES AND THE TEMPLE OF DOOM, USA 1984) - Ainda um dos filmes mais sensacionais de todos os tempos. Em termos de aventura e ação, tudo funciona magicamente. Os diálogos são sensacionais e totalmente integrados às sequências do roteiro. Os efeitos mecânicos, muito mais eficientes e charmosos dos que muitos CGIs de hoje em dia, e o score já mítico de John Williams, fazem do filme o clássico dos clássicos.  
 

2471 - O AVIADOR

(THE AVIATOR, USA, Japão, Alemanha, 2004) - Extremamente bem filmado por Scorsese, o filme cobre a primeira fase da vida do milionário e pioneiro da aviação, Howard Hugues, cujo comportamento obsessivo-compulsivo o levou a fazer tudo para pôr em práticas seus sonhos mirabolantes, entre os quais a construção de uma hidroavião gigante que, por sinal, voou apenas, e brevemente, uma vez. Leonardo DiCaprio personifica à perfeição este personagem digno mesmo de um grande ator, pois, além de namorador serial da atrizes de Hollywood da época, Hugues foi também uma figura sinistra, de inclinações fascistas, que esteve envolvido com espionagem. No entanto, Scorsese põe este lado de Hugues escondido em algum escaninho de seu escritório e ficou apenas com o visionário que pagou com a sanidade por ter desafiado as convenções e mirado mais longe no futuro do que qualquer outro em sua época. Cate Blanchett faz uma imitação precisa, mas um pouco exagerada, de Katharine Hepburn, e a lindíssima Kate Beckinsale interpreta a não menos bela Ava Garner. O AVIADOR é um filme excelente, mas não deixa de ter, entre seus ingredientes, muita coisa de CIDADÃO KANE e de O GRANDE GATSBY.   
 

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

2470 - MUITA CALMA NESTA HORA 2

(BRASIL, 2014) - O filme é tão ruim quanto o primeiro. De belo, apenas as estonteantes paisagens do Rio de Janeiro e Andreia Horta. O resto é lixo, do roteiro bobo às atuações pouco inspiradas de atores quase amadores. Mesmo os melhores fracassam, como Marcelo Adnet, que exagerou muito além da conta no seu personagem paulista. O espectador é lembrado o tempo todo dos patrocinadores, como se os logotipos nos créditos iniciais já não bastassem. Fast food e redes de hotéis à parte, ficamos com a impressão de que estamos vendo um grande comercial de TV. Tudo lamentável e sem propósito. Depois reclamam que o cinema nacional é duramente criticado. Com produções como esta, não há qualquer defesa.  
 

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

2469 - ENTRANDO NUMA FRIA MAIOR AINDA COM A FAMÍLIA

(LITTLE FOCKERS, USA 2010) - Aproveitando o questionável sucesso do filme anterior, este aqui junta as mesmas peças, cola-as num arremedo de roteiro e aposta no magnetismo de atores consagrados. As piadas de gosto duvidoso também são repetitivas e, o que é pior, sem graça. A trama, como sempre, é centralizada em Robert DeNiro e Ben Stiller, forçando a barra na relação belicosa entre sogro e genro que nunca se entendem. Gosto muito de Stiller e de seu jeito meio "autista" de flanar nas situações dramáticas e de tirar delas alguma hilaridade. Ele se esforça, mas não consegue salvar o filme.