domingo, 30 de novembro de 2014

2468 - MACHETE MATA

(MACHETE KILLS, USA 2013) - Para quem gosta da estética cinematográfica de Robert Rodriguez, - como é o meu caso - este é um filme sensacional. Todo o universo que Rodriguez divide com Tarantino está representado em todo o seu esplendor: muitas mortes violentas, garotas bonitas, explosões, situações engraçadas levadas a sério e, claro, um elenco estelar que costumava ser inesperado nos primeiros filmes (agora já é) e que nos faz ficar de olhos grudados no que vai acontecer. Para começar, Charlie Sheen (que, nos créditos, vem com seu nome de batismo, Carlos Estevez) está sensacional no papel do presidente dos Estados Unidos que convoca Machete (o insopitável Dani Trejo), para caçar um terrorista no México, que está a serviço de Voz (Mel Gibson, no seu primeiro papel de vilão no cinema). A partir daí, as surpresas passam a acontecer a cada cena. Lady Gaga, Cuba Gooding Jr., Antônio Banderas, Sofia Vergara, Michelle Rodriguez e Amber Heard estão no elenco. Continuação de MACHETE (2010). No fim, já podemos ver o anúncio de MACHETE MATA DE NOVO NO ESPAÇO, a sequência da trilogia.
 

2467 - QUEM É ESTA GAROTA?

(WHO'S THAT GIRL, USA 1987) - Quando a popstar Madonna decidiu estrelar essa comédia, ela estava no auge de sua popularidade nos anos 80 e já havia feito, há pouco tempo, outra comédia mais ou menos parecida chamada "Procura-se Susan Desesperadamente". Aqui a fórmula volta a funcionar principalmente para os fãs da cantora, já que ela é o grande centro das atenções do filme. Ela interpreta uma garota que foi envolvida em um crime que não cometeu e transforma completamente, em um único dia, a vida de um advogado (Griffin Dunne) ao pedir ajuda a ele. Dessa forma, o cara que sempre agiu corretamente, e sempre foi até mesmo meio nerd, se vê envolvido com essa bela e insopitável garota, que tem um espírito libertário e não está nunca muito disposta a seguir qualquer tipo de regra. Ou seja, Madonna, em sua persona real. Serve para matar as saudades da estão esposa de Sean Penn, no frescor de sua rebeldia. Atenção para John McMartin, que participou de um episódio de CHEERS, em que ele fazia um terapeuta sexual totalmente tarado. A sua dicção é engraçadíssima.
 

2466 - MÁQUINA QUASE MORTÍFERA

2465 - INTRUSOS

2464 - 72 HORAS

terça-feira, 25 de novembro de 2014

2463 - KINSEY, VAMOS FALAR SOBRE SEXO

(KINSEY, USA 2004) - Cinebio de Alfred Kinsey, entomologista americano que, no início do século passado, foi pioneiro nos estudos sobre sexualidade humana, enfrentando os enormes preconceitos da sociedade. Conhecido como Doutor Sexo, ele revolucionou o estudo biológico das relações humanas ao falar em aulas concorridíssimas de masturbação, sexo fora do casamento e homossexualismo nos castiços anos 1940. Liam Neeson está perfeito como o cientista angustiado com as questões sexuais das pessoas que, naquela época, não tinham a menor noção de como era a fisiologia do sexo e, ainda por cima, eram maltratados pelas crenças religiosas altamente preconceituosas. A excelente Laura Linney faz Clara, esposa de Kinsey, que o apoia durante toda a vida.
 

2462 - KING KONG (2005)

(KING KONG, Nova Zelândia, USA e Alemanha, 2005) - Peter Jackson queria fazer uma homenagem ao clássico de 1933 e, em parte, consegue seu objetivo. No entanto, tecnicamente, o filme tem algumas falhas. A cena da luta entre Kong e os T-Rex, por exemplo, ao ser vista várias vezes, revela um uso meio relaxado do GC e deixa o filme com jeito de animação computadorizada. No entanto, a sequência do Empire State é muito bem feita, embora ainda apresente uma atmosfera meio fantasiosa que era pertinente nas cenas da ilha. Naomi Watts fica a um passo do exagero no papel de Ann Darrow, mas como é talentosa e com um rosto magnético, acaba se saindo bem como objeto de desejo de Kong. Como já registrei em outras oportunidades, o filme é iluminado demais para uma história caracteristicamente sombria, quase sobrenatural. Adrien Brody, como sempre, brilha com um personagem pouco crível (um dramaturgo que se torna um herói), mas que tem tudo a ver num filme que leva a realidade fantástica ao seus limites.
 

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

2461 - A LETRA ESCARLATE

(THE SCARLET LETTER, USA 1995) - O diretor londrino Roland Joffé fez um filme que eu adoro, A CIDADE DA ESPERANÇA, com Patrick Swayze, mas pisou feio na bola com esta adaptação do livro de Nathaniel Hawthorne, que tem como protagonistas Demi Moore e Gary Oldman. O filme é ruim. As atuações dos atores principais beiram o nível da dramaturgia mexicana, pois os personagens não se resolvem cenicamente e em termos de roteiro. Tudo parece uma novela ruim, apelativa, arrastada. Outro bom ator desperdiçado num personagem risível é Robert Duvall. A LETRA ESCARLATE apresenta-se como um clássico da literatura, a respeito de uma sociedade fortemente influenciada pelos ideais vitorianos ingleses de moral e sexualidade, com uma dose paradoxal de relativização e tolerância. A história se passa na Nova Inglaterra, no ano de 1666, na rígida comunidade puritana de Boston do século XVII, envolvendo uma mulher chamada Hester Prynne (Moore). Os puritanos vieram para América na tentativa de se livrarem da igreja da Inglaterra. Eram protestantes devotos imbuídos na purificação da sua fé e determinados a fundar colônias no Novo Mundo, que servissem como modelo para toda a nação.
 

domingo, 23 de novembro de 2014

2460 - A PROMETIDA

(THE BRIDE, USA 1985) - O aspecto mais interessante desta releitura bem liberal de A NOIVA DE FRANKENSTEIN são os dois protagonistas: Sting e Jennifer Beals. Sting é o criador do monstro (Clancy Brown) e logo nas primeiras cenas do filme já está, digamos, arrematando uma fêmea para ele. Para ele quem? Para o monstro? Para si próprio? É claro que ele logo ficou interessado na nova criatura, ainda mais se tratando de Jennifer Beals, que tinha alcançado um enorme sucesso dois anos antes, em FLASHDANCE. Sting se sai bem no papel que, convenhamos, não lhe exige grandes malabarismos dramáticos. O enredo acaba se concentrando na relação do monstro com um anão de circo, um personagem com ares filosóficos. No geral, não é um bom filme, e se tem a impressão de ter sido mal costurado na sua proposta de ser uma nova versão de um clássico do terror.  
 

sábado, 22 de novembro de 2014

2459 - DIÁRIO DE UMA BABÁ

(THE NANNY DIARIES, USA 2007) - Porque hoje é o aniversário de Scarlett Johansson, revi este filme, no qual ela arruma emprego de babá, numa família riquíssima de Nova Iorque. O que é mais interessante aqui é perceber o timing perfeito que ela tem para comédia contida, esta que mais critica do que escracha. Ela é Annie, nome que propicia um jogo de palavras com "nanny" e que desencadeia a trama, numa tarde ensolarada no Central Park. Comédia romântica sem grandes pretensões, mas que cumpre sua função de divertir. Ah, e acima de tudo, tem Scarlett...

 
 

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

2458 - MEDO DA VERDADE

(GONE BABY GONE, USA 2007) - Com a carreira de ator ferida de morte desde DAREDEVIL - O DEMOLIDOR, por uma canastrice aparentemente sem chance de recuperação, o californiano Benjamin Geza Affleck-Boldt, reinventou-se como artista quando decidiu passar para trás das câmeras e filmar o livro "Gone Baby Gone", de Denis Lehane. Com sensibilidade e talento, Affleck transpôs para as telas a reflexão do escritor sobre a ética dos policiais confrontados pela violência contra menores. Aqui, o enredo concentra-se no impacto que a caçada pelo paradeiro da menina Amanda em sobre o casal de detetives particulares, vivido pelo irmão de Ben, Casey Affleck (este, sim, um excelente ator) e Michelle Monagham. O filme fica ainda melhor com a presença de Morgan Freeman e Ed Harris. Imperdível para quem gosta de cinema de alta qualidade.
 

2457 - MEDIDAS EXTREMAS

(EXTREME MEASURES, USA 1996) - Hugh Grant é Guy Luthan, um médico britânico, num pronto-socorro de um hospital de Nova Iorque. Quando um paciente morre e desaparece sem qualquer registro, ele começa a desconfiar de que experiências pouco éticas estão sendo feitas, principalmente com moradores de rua. O que chama a atenção é ver Hugh Grant num papel totalmente oposto ao que ele costuma fazer: um homem determinado, corajoso, sem inseguranças e disposto a ir até o fim para estabelecer justiça. Convenhamos, não combina muito bem com sua, digamos, natureza dramática. Isso provavelmente se deve ao estereótipo marcante que ele assumiu, depois de NOTTING HILL, FOUR WEDDINGS AND A FUNERAL e ACUTALLY LOVE, filmes posteriores a EXTREME MEASURES, diga-se de passagem. Apesar de pouco original na sua construção cênica, a história é bastante razoável, pois, além de tudo, tem no elenco o auxílio luxuoso do genial Gene Hackman, que aparece pouco, mas arrasa numa sequência já no fim do filme.
 

2456 - JUSTIÇA VERMELHA

(RED CORNER, USA 1997) - Jack Moore (Richard Gere) é um advogado americano que vai à China para fechar um meganegócio, mas uma noite conhece uma chinesa com quem se envolve. Na manhã seguinte, é acordado por soldados que invadem seu quarto e o prendem pelo assassinato da mulher que passou a noite com ele. Além de existirem vários indícios que o incriminam, ele se depara com um sistema legal que não respeita os direitos civis. Como não pode ter um advogado estrangeiro, o estado indica Shen Yuelin (Ling Bai), uma jovem advogada chinesa que nunca conversou com ele antes de entrar no tribunal nem acredita que ele seja inocente. Gere é seguidor do Dalai Lama, que foi expulso do Tibet pelas forças comunistas chinesas. Portanto, um filme estrelado por ele e que mostra estes aspectos negativos do país não deve ser apenas coincidência. Excelente suspense, dirigido por John Avnet.
 

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

2455 - EVIDÊNCIAS DE UM CRIME

(CLEANER, USA 2007) - Samuel L. Jackson é Tom Cutler, um ex-policial que agora tem uma firma de limpeza de cenas de crime. Como ele mesmo diz, no início, quando alguém morre em casa, a polícia se encarrega de retirar o corpo, mas a sujeira que fica é da responsabilidade da família. e é fazendo este tipo de serviço que, um dia, ele se depara com um mistério envolvendo uma bela mulher (Eva Mendes) e policiais corruptos em conluio com um político fora da lei. Jackson, como sempre, traz uma enorme distinção ao personagem, nos trazendo naturalmente para dentro da história. Tom Cutler, como já disse, é um ex-policial; aposentou-se, e criou uma empresa especializada em limpeza de locais onde houve crimes ou mortes violentas, as cenas de crime. Tem alguns empregados, mas ele mesmo vai à rua executar o serviço – metodicamente, organizadamente. Leva uma grande pasta com seus produtos químicos, entra nos lugares onde muitas vezes houve um banho de sangue, e os deixa, depois de algumas horas de serviço duríssimo, imaculadamente limpos. Faz isso de forma absolutamente legal, depois que a polícia e seus peritos já fizeram todo o serviço e autorizam que o local seja limpo. O clima meio noir se mantém até o fim.
 

2454 - OS DONOS DA NOITE

(WE OWN THE NIGHT, USA 2007) - Muito bom thriller policial, com os excelentes Joaquin Phoenix e Mark Wahlberg.  Estamos nos anos 80, e o tráfico na cidade virou uma guerra armada entre os russos e a polícia. Joseph é policial, assim como o pai, Burt (Robert Duvall). Bobby (Phoenix) renega a família a ponto de adotar o sobrenome da mãe na hora de trabalhar na boate. Acontece que a máfia está com Joseph e Burt na mira. Bobby precisa decidir então se deve respeito aos seus contratantes ou se protege os do seu sangue. Phoenix dá conta da complexidade do personagem, sem arroubos de interpretação mas com um extremo comprometimento dramático que as situações requerem. Eva Mendes está simplesmente linda e sensual como a namorada de Bobby. O diretor James Gray não filma com filtros afetados, fotografia exótica, longos planos-sequência, sem se exibir com a câmera na mão, com cortes clipados, preferindo, felizmente, uma simples e efetiva história linear. O filme é ótimo, em toda a sua concepção.
 

terça-feira, 18 de novembro de 2014

2453 - TREZE HOMENS E UM NOVO SEGREDO

(OCEAN'S THIRTEEN, USA 2007) - O filme fecha a trilogia que começou muito bem, mas que cai um pouco na sequência. Aqui, Soderbergh volta ao humor e à costura rápida das cenas que vão construindo a trama, no mesmo ritmo do filme original. A grande aquisição é Al Pacino, como dono do cassino da vez, atuando propositalmente meio canastrão e se transformando no dínamo de interesse de toda a história. Ele é Bank, um empresário inescrupuloso que passa Reuben (Elliot Gould) para trás e, com isso, provoca a vingança de Danny (George Clooney) e toda a sua turma. Soderbergh novamente não poupa a mão e injeta estilo em cada frame do longa-metragem. A música, a câmera calculadamente inquieta, os figurinos, as atuações "cool", está tudo lá outra vez.
 

2452 - UMA NOITE DE CRIME

(THE PURGE, USA 2013) - No filme, os EUA foram tomados pelo crime e as prisões do país estão com lotação esgotada. Para tentar conter ocorrências, a cada ano o governo estabelece um único dia em que todo e qualquer crime é permitido. Ethan Hawke interpreta James Sandin, morador de uma comunidade murada que tenta se proteger da onda de crimes. Quando um invasor entra no isolamento, porém, Sandin tem que proteger sua família durante o período da permissão, sem cair na tentação da violência legalizada. Realizado com um baixo orçamento, faturou quase 90 milhões de dólares, o que mostra, infelizmente, o fascínio que o público em geral tem por este tipo de filme, no qual a violência e a agressividade tem salvo-conduto por todas as cenas.
 

2451 - STRIPTEASE

(STRIPTEASE, USA 1996) - Produzido especialmente para que Demi Moore pudesse exibir seu corpo, o filme, como era de se esperar, em termos de roteiro e direção, não está à altura das belas curvas da então esposa de Bruce Willis. Já àquela altura, uma história sobre uma dançarina de boate, com um coração de ouro e dedicação à filha, já não convencia as plateias mais exigentes. Demi Moore se sai bem nas coreografias, mas é uma atriz de recursos limitados. Dois destaques: Burt Reynolds, meio caricato demais na pele de um senador tarado, e Ving Rhames, como o brutamontes protetor das dançarinas. Em termos de cenas com música e pouca roupa, lembro de algumas atrizes que não fizeram feio: Jamie Lee-Curtis, em TRUE LIES, Salma Hayek, em UM DRINK NO INFERNO, Natalie Portman, em CLOSER, e Kim Bassinger, em NOVE SEMANAS E MEIA DE AMOR. A nota dissonante nesta lista é Jennifer Aniston, no filme comentado dias atrás, em que ela faz uma cena de strip totalmente sem noção. No caso de Demi, até hoje é difícil frear os hormônios na sequência em que ela, fazendo justiça ao título, tira, peça por peça, um bem-comportado terninho que encobre todo aquele belo conjunto de pernas, braços e seios. A fotografia bruxuleante de Stephen Goldblattt deixa as saradas curvas de Demi em alto-relevo e, claro, bem na fita.
 

sábado, 15 de novembro de 2014

2450 - FAMÍLIA DO BAGULHO

(WE'RE THE MILLERS, USA 2013) - Definitivamente, um dos piores filmes dos últimos tempos. Custa-me a acreditar que possa haver público para este tipo de produção que parece querer ser engraçada, mas que acaba sendo constrangedora, na tentativa de mostrar situações supostamente risíveis. É lamentável ver uma atriz como Jennifer Aniston se prestar a um papel tão decadente e apelativo, num filme que não tem nada de interessante, desde a temática (tráfico de drogas) ao roteiro sem noção, repleto de estereótipos sem graça. Se o público jovem (a quem o filme provavelmente se destina) gosta deste tipo de coisa, só posso ficar descrente na existência de vida inteligente no futuro.
 

2449 - S.O.S - TEM UM LOUCO SOLTO NO ESPAÇO

(SPACEBALLS, USA 1997) - Mel Brooks acertou com esta paródia dos filmes de ficção científica que fizeram sucesso, como STAR TREK, ALIENS e O PLANETA DOS MACACOS, e, mesmo vista hoje, ainda mantém uma boa dose de hilaridade. Destaque para Rick Moranis, fazendo uma versão meio atrapalhada de Darth Vader e para John Candy, na pele (literalmente) de Barf, uma criatura meio homem meio cachorro, que é o ajudante do herói, vivido por Bill Pullman.
 

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

2448 - AMOR PLENO

(TO THE WONDER, USA 2012) - De Terrence Malick. Se é que eu entendi bem, o filme começa com um americano (Ben Affleck, péssimo, como sempre) se apaixonando por Olga Kurylenko (linda, como sempre), em Paris. Aí, eles veem para os Estados Unidos, onde o americano reencontra com sua ex-namorada (Rachel McAdams, linda, como sempre) e provoca um conflito no relacionamento. Isso tudo com muita câmera passeando pela paisagem, com mulheres rodopiando, com a exaltação da natureza, como Malick gosta. No fundo, a meu ver, o filme é só isso, sem ir a fundo nas questões que aparentemente são levantadas. E, claro, tem Ben Affleck que, como ator, afunda qualquer projeto.  
 

2447 - ROCKETEER

(ROCKETEER, USA 1991) - Rocketeer ainda é um filme interessante, sob o ponto de vista da homenagem aos seriados dos anos 30 e 40, mais especificamente, neste caso, ao HOMEM-FOGUETE, de 1949, cujo capricho técnico impressiona até hoje. O problema, a meu ver, é o roteiro, meio fraquinho. Nos anos 30, Cliff Secord (Billy Campbell) é um aviador que encontra, por acaso, um foguete propulsor que lhe permite voar. Os nazistas estão atrás da invenção, assim como o FBI. Timothy Dalton faz um ator de Hollywood suspeito de espionagem, personagem que nos remete a Errol Flynn que, em sua época, também foi acusado de ter ligações com o nazismo. A direção de arte é muito bem feita, com bons figurinos e cenários inspiradores. Alguns efeitos especiais, no entanto, ficaram defasados, o que prejudica um pouco o andamento da ação. Jennifer Connely está lindíssima. 
 

2446 - A FUGA

(DEADFALL, USA 2012) - O filme é uma grande fusão de fascínios do olhar estrangeiro pelos gêneros tipicamente estadunidenses. A trama de suspense policial - com direito a femme fatale, boxe e assalto - evoca um neo-noir. O cenário, a vastidão nevada da fronteira rural entre Estados Unidos e Canadá, sugere um faroeste (algo evidenciado por cenas abertas, com poucos cortes em uma perseguição, que são registradas com grande beleza). Para mim, foi uma boa surpresa, pois estes elementos costumam formar um mosaico narrativo pouco original. No entanto, o filme vai crescendo a cada cena, especialmente quando coloca, lado a lado, as paisagens gélidas sob fortes nevascas, e cenas de alta temperatura em termos de suspense. O elenco ajuda muito. Eric Bana está perfeito como o fugitivo que, depois de ter assaltado um cassino, começa a buscar a fronteira do Canadá, junto com a irmã (Olivia Wilde), com tem uma relação meio incestuosa. Aliás, Olivia está perfeita como a garota frágil, fascinada pelo irmão mais velho, e que, de repente, encontra o amor em meio à fuga. Kris Kristofferson e Sissy Spacek estão estupendos.
 

2445 - SEM PERDÃO

(DEAD MEN DOWN, USA 2013) - Bom thriller com Colin Farrel e Naomi Rapace. O enredo é relativamente simples e não faz mistério do que está acontecendo (já nos primeiros minutos, o espectador é colocado a par da maior parte dos fatos), de modo que o que importa, é o desenrolar deles – e nisso o diretor Niels é brilhante. Farrell faz o papel de Victor, um mafioso calado e taciturno que é um dos capangas do chefão Alphonse (Terrence Howard), que por sua vez, responde diretamente à máfia italiana. Victor conhece sua vizinha de frente, uma mulher chamada Beatrice (Rapace), mas que teve o rosto arruinado por um acidente de carro causado por um motorista bêbado. Os dois se juntam para pôr em prática um interessante plano de vingança que prende a atenção até o fim.  
 

2444 - NAVIO FANTASMA

(GHOST SHIP, 2002) - O filme é ruim, como constato agora, depois de revê-lo. A única cena que acabou ficando famosa é a que está logo no início do filme, quando uma corda de aço corta ao meio as pessoas que estão dançando num baile promovido pelo capitão de um navio. Quarenta anos depois, um grupo de exploradores encontra o navio à deriva, mal assombrado por fantasmas dos passageiros e, claro, passa a sofrer as consequências de mexer com quem está morto. Cheio de clichês, o roteiro não traz nada de novo à velhíssima história de almas penadas buscando vingança. O bom Gabriel Byrne encabeça o "elenco" só para embolsar uns trocados, ao que parece.
 

2443 - TEMPO DE CRESCER

(PAPER MAN, USA 2009) - Jeff Daniels é Richard, um escritor com crise de criatividade que se instala numa casa no campo, para poder terminar seu livro. Casado com Claire (Lisa Kudrow), ele acaba por estabelecer uma improvável ligação de amizade com uma adolescente, Abby (Emma Stone), enquanto mantém um diálogo com um herói imaginário, vivido por Ryan Reynolds, que representa sua voz interior. É um filme sobre a solidão silenciosa que assola as pessoas comuns, às voltas com situações engraçadas. TDC acerta ao optar por ser essa espécie de “pseudo comédia” (já que o riso não parece ser o alvo, mas sim o clima) despretensiosa, que convive com um lado triste e delicado de ambos personagens e não tem medo de encarar essa faceta trágica dessas personalidades esfaceladas que acabam conseguindo se remontarem apenas quando percebem que as peças que faltam em seus quebra-cabeças talvez estejam no outro.
 

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

2442 - OS TRÊS

(BRASIL, 2011) - Apesar do clima meio experimental, OS TRÊS parece ter uma proposta de discussão dos reality shows e da influência da interatividade que a internet possibilita, em meio a planos arrojados de marketing. Três jovens universitários inseparáveis, dois rapazes e uma garota, dividindo um apartamento. Esta, que pode ser a descrição de inúmeras repúblicas estudantis, é a base do roteiro de “Os 3″, longa de Nando Olival. Obviamente haverá tensão romântica na mistura e pronto: surge uma história que o cinema vez por outra revisita e que resultou em filmes como o recém revisto O SHOW DE TRUMAN. O roteiro acrescenta um detalhe: o projeto de conclusão de curso dos três protagonistas consiste numa espécie de reality show via internet, no qual é possível comprar os produtos usados pelas pessoas que são vigiadas por câmeras 24 horas por dia. Naturalmente, os três acabam como cobaias do projeto. Os personagens começam a questionar, afinal, o que é ficção e o que é realidade numa vida midiatizada. Essa é a pergunta que todo filme acaba provocando, à medida em que as interferências externas vão pautando as ações e as reações do trio. É só olhar com mais calma para notar que, mais do que criticar a sociedade de consumo ou depreciar um dado formato de programa de TV, o filme está na verdade falando sobre si mesmo enquanto representação de uma realidade que, num mundo pós-moderno, acaba por ser um simulacro dela própria. Numa leitura mais superficial, o que fica do filme é a presença bela e magnética de Juliana Schalch, que parece ser uma dessas atrizes que têm tudo para fazer uma carreira impressionante, pois é talentosa e carismática, desde que possa se libertar, aos poucos, da imagem perturbadoramente sexy que possui e que o roteiro explora em quase todas as suas cenas, nas quais ela aparece de lingerie. Muito linda, diga-se.
 

2441 - MAZZAROPPI

(BRASIL, 2012) - Fenômeno histórico do cinema nacional, Amácio Mazzaropi (1912 – 1981) é, em parte, um mistério. A popularidade do comediante era proporcional a sua discrição pessoal: até hoje, pouco se sabe sobre sua intimidade, da homossexualidade à fortuna que acumulou ao longo de quase 40 anos de carreira no cinema. Ainda que se concentre mais em seu trabalho do que em questões de foro íntimo, o documentário Mazzaropi ajuda a desvendar o homem que, segundo pesquisadores, pode ter vendido 200 milhões de ingressos nos cinemas – em uma época em que o Brasil não tinha 100 milhões de habitantes. Trata-se do primeiro longa dirigido pelo crítico paulista Celso Sabadin. Seu personagem era sempre o mesmo: um caboclo indolente, conformado e desengonçado, com os dentes cariados e a camisa xadrez fechada até o pescoço. Ao homem por trás dele, no entanto, apesar do preconceito dos bem-nascidos, não faltava astúcia e uma ampla e perspicaz visão de mercado.
 

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

2440 - O SHOW DE TRUMAN

(THE TRUMAN SHOW, USA 1998) - Tudo neste filme excepcional nos leva a refletir sobre a natureza da verdade. Pode-se começar com o nome do personagem principal, vivido por Jim Carrey, Truman. Percebem? Truman, ou "true man"? Ele é um vendedor de seguros. Vender seguros? Nada mais diametralmente oposto ao argumento do filme, no qual Truman vive numa imenso cenário, cercado de atores comandados por um diretor responsável pela transmissão do show do título. Toda esta premissa nos remete ao ceticismo gnóstico de Jean Baudrillard. A secreta gnose do seu pensamento: a busca pela “pura aparência”. Se a realidade é uma ilusão e todos os discursos das ciências e das mídias são mobilizados para simular um efeito de realidade que crie uma aparência de sentido às instituições políticas, econômicas e sociais, então a nossa “última chance” é a “pura aparência”: combater a aparência que simula sentido com outra aparência, tão ilusória quanto a “realidade” que nos cerca. O filme “Show de Truman” talvez seja aquele que mais didaticamente apresenta esta estratégia fatal que explodiria os efeitos de realidade dos discursos dominantes. A liberdade criticada pelo filme não está somente no fato de o personagem principal estar enclausurado em um reality show. Também há uma crítica com relação à liberdade amorosa, à liberdade de ir e vir, dentre outras; inclusive há também uma crítica à religião como um todo, como se fosse algo que restringisse a liberdade do ser humano. Com muita inteligência, o diretor Peter Weir coloca Seahaven – uma “ilha” na qual Truman vive – o cenário do maior reality show que o mundo já viu. Nota-se que o nome da ilha significa “Paraíso do mar”. Nesse “ paraíso ersatz”, uma só pessoa é a estrela, o personagem principal (e o único que não sabe que é personagem, pois vive sua vida de forma real). O resto todo são atores, participantes do programa. Lá, tudo é mentira. Os amigos de Truman, a esposa, o emprego, a cidade. “Não há nada de falso no próprio Truman”. Essa frase é de Christof, o criador do programa, o criador de tudo. Obviamente, não pode haver nada de falso em Truman. Por quê? Porque ele, como já dito, é o único que vive uma vida real, em que não é personagem. Além disso, seu nome: Truman: em inglês = True + man, que, ao traduzir para o português: verdade + homem, ou seja, Trumam = o homem verdade, o homem verdadeiro, o verdadeiro homem. Interessante notar que toda a desconfiança por parte de Truman se dá no início do filme, com a queda de uma luminária, que seria parte do cenário do programa, correspondente à estrela Sirius. Vejam, uma “luz” traz iluminação para Truman, e, assim, traz também o início do “conhecimento”, da verdade. a crítica à religião, ou melhor, à Deus. O nome do criador do programa é Christof, que, em inglês, pode ser decomposto em: Christ + of. Traduzindo para o português = Cristo + de, ou seja, de Cristo, de Deus. Programa de Deus ou programação de Deus. Nesse viés, o mundo de Deus é um mundo de mentiras e, somente se livrando dele, como Truman faz no final do filme, é que se consegue atingir a liberdade, a verdade, enfim, é que se consegue ser um homem de verdade. Uma vida verdadeira, uma vida mais livre envolve muitas dificuldades, muitos sofrimentos. Perceber a ilusão é o primeiro passo. Depois, aos poucos, vem os outros, igualmente difíceis. Assim, Truman se livra de sua vida de mentiras. E todos comemoram: o povo do bar, as senhoras do sofá de casa, o homem na banheira e os dois vigias. Por fim, o programa acaba. É o fim da transmissão. Com isso, um dos seguranças diz: “Não tem mais nada para ver”. E vão mudar de canal. Ou seja, não foi somente Truman que se livrou de sua prisão. Todos os telespectadores também se libertaram de quase trinta anos de programa.
Percebe-se, assim, que existe um mundo mais verdadeiro, um mundo mais livre. Mas é preciso ter luz, é preciso conhecer, é preciso, enfim, ter olhos de ver e ouvidos de ouvir. Claro que também se pode abordar o MITO DA CAVERNA, de Platão, através das alegorias do enredo: só "rompendo" as ilusões sombrias da caverna onde vive, que o homem pode chegar ao conhecimento da realidade. Também podemos entender que Shakespeare tinha razão, ao dizer que "o mundo é um palco, e nós, apenas atores". Eu não lembrava que Holland Taylor, que faz a mãe de Charlie e Allan, em TWO AND A HALF MEN, está no filme. A bela e talentosa Laura Linney faz a esposa de Truman. O filme é uma clara metáfora de nossa situação no mundo, pois enfatiza que o cenário falso em que vivemos também é o cenário que a mídia constrói notícias, política, propaganda e relacionamentos como ilusões teatrais.





 
 
 
 
 

terça-feira, 11 de novembro de 2014

2439 - ONZE HOMENS E UM SEGREDO

(OCEAN'S ELEVEN, USA 2001) - Rever este filme é sempre um prazer, por mais que o tempo passe. Se comparado ao excelente OCEAN'S ELEVEN original, com Frank Sinatra, este é dez vez melhor, das atuações ao roteiro, das locações ao clima de verdadeira amizade que transparece em cada cena. Raramente se viu um grupo de atores famosos tão à vontade, fazendo tudo profissionalmente, mas com evidente prazer de estar juntos, se divertindo e quase convidando o espectador para participar da história com eles. Regido com maestria pelo gênio Steven Soderbergh, tudo parece funcionar perfeitamente neste filme. Os cortes de cena, os diálogos engraçados, as locações feéricas de Las Vegas - sim, há um plano mirabolante e fascinante de roubar três enormes cassinos da cidade - vão se superpondo de maneira quase hipnótica, sempre ao som de "A little less conversation", com Elvis Presley. George Clooney está perfeito, assim como Brad Pitt e Andy Garcia. Mas, ainda temos Carl Reiner, Don Cheadle, Matt Damon e Julia Roberts. Puro deleite para quem gosta de cinema e de uma história bem contada. Tecnicamente, Onze Homens mistura elementos do clássico Golpe de mestre (1973) com o ágil Snatch (2001). Do primeiro, copia toda a preparação detalhada do grande golpe. Do segundo, reutiliza recursos de edição e montagem, de velocidade e trilha-sonora, como num videoclipe. O resultado agrada, logicamente, pela energia que sai dos astros. Soderbergh deixa o ritmo cair levemente durante o clímax e o desfecho, mas nada que prejudique. Nesse ponto, o espectador já mantém uma ligação forte com a trama, com os astros e com suas personagens.  
 

domingo, 9 de novembro de 2014

2438 - GODZILLA (2014)

(GODZILLA, USA 2014) - O primeiro Godzilla surgiu no Japão, em 1954, como uma elegia aos mortos pela bomba de Hiroshima. A partir daí, o bichano ressurgiu em várias produções, lutando contra todo tipo de monstro (brigou feio até com King Kong, num filme assim assim da década de 60), sempre com uma característica marcante: a gente sempre achava que ele seria o vilão das histórias, mas, no fim, era ele que acabava resolvendo a parada, destruindo um outro monstro bem mais sinistro). Neste filme, os efeitos são excelentes, não há como negar, mas há dois desastres que nem Godzilla pôde evitar: um roteiro bem ruinzinho, que passa quase uma hora e meia às voltas com um conflito familiar que nada traz de relevante à história, pois, convenhamos, num filme de Godzilla, a gente quer mesmo é ver o monstro em ação e não pais se que se separam dos filhos para, depois, se reconciliarem com eles. Outro desastre: o pior de todos os protagonistas de todos os filmes até então feitos na face de Terra, Aaron Taylor-Johnson (de KICK-ASS, 1 e 2), foi incapaz de qualquer expressão facial além da única que parece ter, estando ele brincando com o filho em casa, ou diante da carantonha de Godzilla. Talvez o pessoal dos efeitos especiais pudesse ter feito alguma coisa para que este rapaz parecesse estar minimamente atuando. A fraca Elizabeth Olsen também não convence e poderia muito bem ter sido, juntamente com Aaron Taylor-Johnson, uma das razões pelas quais Godzilla quer destruir o mundo.   
 

2437 - HOPE SPRINGS

(HOPE SPRINGS, USA 2003) - Quando o artista plástico Colin Ware (Colin Firth) descobre que o amor da sua vida e noiva Vera (Minnie Driver), uma sedutora e sofisticada mulher sem escrúpulos, vai casar com outro homem, decide viajar para a América, mais precisamente para Nova Inglaterra, para a pequena cidade de Hope para se dedicar exclusivamente à sua arte e esquecer tudo o resto. Então, como sempre acontece neste tipo de filme, ele encontra Mandy (Heather Graham, mais que linda), uma encantadora e divertida mulher por quem - claro - ele se apaixona – até Vera aparecer de surpresa e embaralhar tudo. Pois bem, qual o problema do filme? Embora eu goste muito do Colin Firth, ele apenas repete aquele ar de britânico abobalhado e confuso ao entrar em contato com a cultura americana, como se, hoje em dia, com o mundo todo conectado, um estrangeiro pudesse se sentir como que pisando num planeta alienígena ao visitar outro país - cuja língua é a mesma, diga-se de passagem. Ao rever o filme, fiquei pensando que, talvez, Hugh Grant pudesse ter feito o papel, embora provavelmente corresse os mesmos riscos. Outra falha no roteiro: fica difícil de acreditar que uma mulher se apaixone instantaneamente pelo personagem de Firth, um dos mais desenxabidos da carreira do ator. Este personagem, pasmem, ainda é alvo de disputa, quando a ex noiva cruza o Atlântico, para reatar o relacionamento. Para piorar, dois excelente atores, Mary Steenburgen e Oliver Platt, estão completamente subaproveitados.  
 

2436 - 2 COELHOS

(BRASIL, 2012) - Surpreendente filme escrito e dirigido por Afonso Poyart, com ação vertiginosa, descaradamente inspirada nos blockbusters americanos. Até aí, nada demais: tudo é muito bem feito, das perseguições de carro pelas ruas de São Paulo às ações dos personagens, sempre conectados à alta voltagem de um roteiro que atira para todos os lados: referências ao universo pop, reviravoltas incessantes, montagem em alta velocidade, slow motion a mancheias, grafismos, trilha sonora ao estilo de videoclipe, trama com estrutura não linear e um texto de qualidade que, em alguns momentos, evoca Tarantino, sempre flanqueando a crítica social, política, urbana, ou o quer que cruze o caminho dos protagonistas, Fernando Alves Pinto (sobrinho do Ziraldo), Alessandra Negrini, Caco Ciocler e Marat Descartes. O filme é um mais que bem-vindo desvio da mesmice do cinema brasileiro da atualidade que, ultimamente, parece obcecado por egotrips de comediantes sem graça e pela cópia ruim das novelas da Globo.