sexta-feira, 28 de outubro de 2016

2834 - THE WALKING DEAD - SEXTA TEMPORADA

THE WALKING DEAD – SEXTA TEMPORADA (USA 2015) – Esta foi uma das temporadas mais sangrentas de TWD. É curioso notar que os atores parecem mesmo estar vivenciando intensamente as experiências de seus personagens, tal a forma como as emoções ficam estampadas em seus rostos. Um dos episódios mais legais desta temporada é aquele em que Morgan (o excepcional Lennie James) conta como aprendeu sua filosofia de preservar a vida a todo custo, depois de um encontro inusitado com Eastman (John Carroll Lynch, estupendo). No mais, o desfecho da temporada trouxe uma das cenas mais tensas de toda a história – com o aparecimento de Negan (Jeffrey Dean Morgan) diante de todo o grupo ajoelhado e ameaçado de morte. A direção é excepcional, além, claro, das emocionantes atuações de todo o elenco. 

2833 - O ENIGMA DE OUTRO MUNDO

O ENIGMA DE OUTRO MUNDO (THE THING, USA 2011) - A trama se passa dias antes da história do longa de 1982, já um clássico de John Carpenter (que por sua vez refilmou O Monstro do Ártico, de 1951, baseado no conto "Who Goes There?", de John W. Campbell Jr.). Mary Elizabeth Winstead faz a paleontóloga Kate Lloyd, chamada para investigar a descoberta de uma nave alienígena perto de uma base norueguesa na Antártica. O alien congelado é desencavado, desperta e, como se espera, provoca gritos, pânico, até que a equipe descobre que ele absorve e imita humanos. A partir daí, nada de novo continua a acontecer. O filme transcorre de maneira mecânica, como o arsenal de prostéticos e CGIs que mostram e dissecam os aliens nos mínimos detalhes, mas sem alma.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

2832 - UM HOMEM ENTRE GIGANTES

UM HOMEM ENTRE GIGANTES (CONCUSSION, USA 2015) - Apesar de transmitir a mensagem sobre os problemas de saúde que o futebol americano pode causar, falta brilho na condução do diretor Peter Lendesman, que opta por várias subtramas ao invés de investir em um ponto de real importância - as concussões e os problemas causados pelas colisões em cabeças dos jogadores. O estudo realizado por Bennet Omalu (Will Smith, sóbrio e bem no papel) mudou as regras e a história do esporte. Além disso, envolveu grandes nomes políticos e diversas empresas interessadas no campeonato, um dos mais lucrativos do mundo. Percebe-se, depois do arrefecimento da emoção de ver o triste destino destes atletas, que o roteiro é meio irregular, meio perdido em subtramas fracas dramaticamente – por exemplo, o romance de Omalu não decola, e fica meio apressado o processo de amizade dele com o médico Julian Bailes (Alex Baldwin, numa atuação muito boa). De qualquer forma, a história de Omalu mostra como pode ser perverso, injusto e violento um sistema econômico que não se importa em sacrificar vidas por causa do lucro. Os fatos do filme levam a uma reflexão sobre determinados “esportes” carniceiros, como o UFC, nos quais os “atletas” podem ter os mesmos problemas no cérebro em função das pancadas na cabeça, supondo-se que, evidentemente, haja, nestes “atletas”, algum cérebro para ser lesionado.


 

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

2831 - OS 33

OS 33 (THE 33, USA/CHILE, 2015) – A diretora mexicana Patricia Riggen perdeu uma boa oportunidade para fazer um filme que, apesar de todos os clichês que a história proporciona, teria tudo para ser uma emocionante narrativa da saga dos 33 mineiros que ficaram soterrados numa mina de ouro, no deserto do Atacama, em 2010. Por exemplo, o resgate assombroso, por meio de uma cápsula que desceu ao coração da mina e então subiu à superfície 33 vezes, até que todos os trabalhadores fossem trazidos de volta com vida, é retratado no filme sem destaque dramático, como se fosse um desfecho natural de uma proeza impressionante. Antonio Banderas está muito bem como Mario Sepúlveda, líder natural do grupo, e Rodrigo Santoro faz um belo trabalho como o ministro das Minas chileno, sem cujo esforço, não teria havido busca nem, muito menos, salvamento. No geral, faltou uma visão mais ampla da história, muito por causa do tom desnecessário de exaltação, que resultou em cenas canhestras, como a “última ceia” no interior da mina e uma certa superficialidade dos personagens – ou seja, numa história como esta, é até irônico que a diretora não tenha ido mais fundo.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

2830 - SPOTLIGHT - SEGREDOS REVELADOS


SPOTLIGHT – SEGREDOS REVELADOS (USA, 2015) – O ganhador do Oscar de Melhor Filme de 2016 é realmente excelente, explorando (no bom sentido) todos os passos que a equipe do Boston Globe teve de trilhar para denunciar os inúmeros casos de pedofilia perpetrados por padres de uma das cidades mais católicas dos Estados Unidos. Estes padres eram sistematicamente acobertados pela Igreja que, além disso, não os afastava dos fiéis, mas os remanejava de paróquia em paróquia, conforme os casos iam acontecendo. O diretor Tom McCarthy mostra, detalhadamente, os rituais da redação e os valores imperativos que representam o que se pode chamar de “grande jornalismo”, uma instância que requer um grau altíssimo de independência e disposição para romper paradigmas. O elenco é superlativo: Mark Ruffalo, Michael Keaton, John Slattery, a belíssima Rachel McAdams e o grandíssimo Stanley Tucci. O filme que McCarthy fez da persistente apuração levada a cabo pelo "Globe" é sóbrio, cinzento como uma tarde bostoniana. Em meio às inevitáveis cenas de jornalismo explícito (anotações frenéticas, portas batidas na cara de repórteres etc.), uma aura de suave heroísmo banha a equipe do jornal. Não há uma ditadura sanguinária a que se combater, mas a melíflua e sufocante influência que a igreja irradia sobre Boston e que se faz sentir dentro mesmo de seu principal periódico, onde muitos editores provêm de tradicionais famílias católicas. Foi devido à obsessão de três forasteiros –um editor-executivo judeu, um repórter de origem portuguesa e um advogado armênio– que se rompeu o circuito da inércia acomodatícia, quando o jornal, depois de tatear às cegas, decide enfim aprofundar a investigação dos indícios de abuso. A mensagem globalizante também pode ser uma representação dos efeitos de um mundo cada vez mais conectado que começava a aparecer no longínquo ano de 2001, época em que ocorreram os fatos do filme.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

2829 - PRENDA-ME SE FOR CAPAZ

PRENDA-ME SE FOR CAPAZ (CATCH IF YOU CAN, USA, 2002) – Este delicioso filme de Spielberg, logo nos créditos iniciais, com uma charmosa interface retrô, vai dando o clima da história de Frank Abagnale Jr., um dos maiores fraudadores de todos os tempos. Entre 1963 e 1967, ele descontou cerca de 2,5 milhões de dólares em cheques fraudados (com técnicas de própria invenção), em 26 países e em todos os Estados americanos, fez-se passar por piloto da Pan Am, chefe da emergência pediátrica de um hospital, procurador do Estado, sempre driblando, com agilidade impressionante, os policiais que o perseguiam. A história de Abagnale Jr é, antes de tudo, uma ode nostálgica a um tempo em que a abordagem de um desconhecido não fazia soar alarmes de desconfiança. Leonardo DiCaprio, como protagonista, já demonstrava o imenso talento para viver um personagem riquíssimo (em todos os sentidos) com aquele charme juvenil no qual é especialista. Dirigido com gosto por Spielberg, ele está à vontade nas situações mais incríveis, sempre tendo na sua cola os agentes liderados por Tom Hanks (perfeito, na sua atuação contida, dando todo o espaço possível para DiCaprio). O desfecho desta quase fábula é tão sensacional quanto inesperado e comprova que, ao contrário de alguns cheques frios, o crime pode, eventualmente, compensar.  

domingo, 2 de outubro de 2016

2828 - TRÊS SOLTEIRÕES E UM BEBÊ

TRÊS SOLTEIRÕES E UM BEBÊ (THREE MEN AND A BABY, USA 1987) Esqueçam todas as comédias sobre solteirões mulherengos, produções descerebradas e sem graça como, por exemplo, SE BEBER, NÃO CASE, e celebre este delicioso filme estrelado por Tom Selleck, Steve Guttenberg e Ted Danson, dirigido por ninguém menos que Leonard Nimoy. Ainda hoje, TRÊS SOLTEIRÕES... mantém a leveza que o transformou num clássico. Do trio protagonista, Tom Selleck está perfeito, num personagem de imediata empatia, Steve Guttenberg vem bem como coadjuvante, mas o grandíssimo Ted Danson mereceria ter mais espaço para seu talento histriônico, especialmente porque estava no seu auge com CHEERS. O subplot do tráfico das drogas poderia ter ficado de fora do roteiro final, pois em nada acrescenta à história. De resto, as agruras de três homens às voltas com um bebê deixado na porta de seu apartamento (e que apartamento: chega a ser mais um personagem) são mostradas com graça e ritmo perfeitos. Na lista entre os melhores dos anos 80.