segunda-feira, 31 de julho de 2017

2898 - NOITES DE TORMENTA

 
Gere, descobrindo o amor com Diane
   
NOITES DE TORMENTA (NIGHTS IN RODANTHE, USA 2008) – Claro que é um filme romântico, e com Richard Gere e a “Regina Duarte” dos americanos, Diane Lane. Claro que o roteiro é previsível, com idas e vindas, além de um desfecho que é um pote até aqui de lágrimas. Sim, a gente sabe de tudo isso, mas, mesmo com estas contingências jogando contra, a magia do cinema acontece e NOITES DE TORMENTA acaba sendo um daqueles filmes de cabeceira, ao qual recorremos sempre que queremos – ou temos – que nos emocionar. O filme, sim, emociona. Gere faz o que tem de melhor: um sujeito desprotegido, perdido em dores ancestrais, que encontra a mulher sonhadora (Lane), sofrida, que o entende na sua dimensão maior de sofrimento. O cenário mais marcante é o belo hotel à beira-mar na Carolina do Norte, todo em tons azuis. Tudo isso, mais Gere e Lane apaixonados, acaba nos oferecendo um belo filme, mesmo com a previsibilidade da história, o que nem sempre é frustrante. James Franco e Viola Davis no elenco.

domingo, 30 de julho de 2017

2897 - STAR TREK - SEM FRONTEIRAS

   
  STAR TREK – SEM FRONTEIRAS (STAR TREK: BEYOND, USA 2016) – Dá para ver de novo, sim. Aliás, dá para ver várias vezes. Esta edição, dirigida por Justin Lin (de VELOZES E FURIOSOS), tem tudo para agradar qualquer plateia, desde os estonteantes CGIs ao elenco cada vez mais integrado, como o da série original. Agora, para deixar tudo mais comovente, as homenagens a Leonard Nimoy e a Anton Yelchin nos fazem ficar ainda mais próximos deste universo. É claro que, em séries canônicas como esta, há sempre a impressão de que tudo poderia ser diferente, especialmente para os fãs mais “die hard”. Mas nada é perfeito (Nimoy e Yelchin se foram...), mas sagas como STAR TREK e STAR WARS nos fazem refletir sobre uma coisa importante: na vida, temos que escolher entre o que importa e o que não importa, temos que saber escolher nossas batalhas, sem desperdiçar energia com o que não vale a pena. Kirk, Spock, Luke e Han já sabiam disso há tempos...

sábado, 29 de julho de 2017

2896 - JASON BOURNE

 
Damon e Alicia Vikander
    
JASON BOURNE (JASON BOURNE, USA 2016) – Paul Greengrass e Matt Damon, na série que narra a vida (ou as vidas) de Jason Bourne, formam uma dupla realmente imbatível. Esta última edição é realmente impactante, com todos os elementos que caracterizaram os três primeiros filmes, mas com uma abordagem original e, claro, de tirar o fôlego. O roteiro trata de um assunto muito caro aos tempos pós-modernos: a vigilância total de todas as pessoas, permanentemente. Bourne está de volta, com toda sua letalidade misturada num ator único: Damon consegue amalgamar na sua atuação uma perfeita – e difícil – combinação de raiva contida, sentido de justiça, um asceticismo imperturbável e uma inesperada doçura em personagens com este viés. É um ator que valoriza qualquer história com uma carga de verdade raramente vista no cinema ou fora dele. Vincent Cassel faz esplendidamente o vilão da vez, e a presença de Alicia Vikander suaviza, com talento, o ritmo eletrizante imposto por Greengrass.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

2895 - STAR TREK: ALÉM DA ESCURIDÃO

   
   STAR TREK: ALÉM DA ESCURIDÃO (STAR TREK: INTO THE DARKNESS, USA 2013) – Esta segunda edição de Star Trek dirigida por J.J. Abrams é mesmo sensacional. Tanto que rever o filme representa uma experiência sempre renovadora e gratificante. O elenco está afinadíssimo, e o roteiro acerta ao fazer uma inesperada prequela da história de Khan, que no segundo filme com o elenco original foi vivido por Ricardo Montalban. E o papel foi entregue a um ator excepcional: Benedict Cumberbatch. Seu contraponto com Kirk (Chris Pine, também estupendo) faz toda a diferença neste filme em que os efeitos especiais nem precisariam ser perfeitos. Mas são. 

quinta-feira, 27 de julho de 2017

2894 - EU, STEVE MCQUEEN

McQueen, magnífico
EU, STEVE MCQUEEN (I AM STEVE MCQUEEN, USA 2014) – Soberbo documentário sobre um dos atores mais autênticos que o cinema já apresentou ao mundo. Narrado por Robert Downey Jr. a produção lista seus filmes de sucesso, sua relação visceral com carros e motocicletas, sua forma direta e independente de se posicionar diante da vida. De fato, em Hollywood, alguns atores representam seus papéis, outros os vivem. Este é o caso de McQueen. Foram vários os fatores que o levaram a ser um ícone do cinema, mas, talvez, o principal seja a sua forma absolutamente verdadeira de ser, sem se deslumbrar com o glamour de Hollywood ou com a fama mundial que adquiriu graças ao seu talento e magnetismo na tela.

quarta-feira, 26 de julho de 2017

2893 - MANHATTAN NOCTURNE

     MANHATTAN NOCTURNE/NIGHT (USA, 2016) – Filme noir com Adrien Brody e Yvonne Strahovski (a Hanna McKay, da sétima temporada de DEXTER), com um roteiro meio previsível. Pai e marido exemplar, Porter Wren (Brody) é também um prestigiado jornalista de investigação de um dos mais lidos jornais norte-americanos. Um dia, durante uma festa, é abordado por Caroline Crowley, uma atraente loira que lhe pede ajuda no caso do assassinato de Simon, o seu marido. Encontrado morto numa rua abandonada, Simon era um realizador dotado que gostava de filmar pessoas sem a sua autorização. Wren acompanha Caroline a casa, onde ela lhe mostra uma série de relatórios policiais que provam que o caso nunca foi seriamente examinado pelas autoridades. Interessado no material, ele pensa ter encontrado matéria para uma história relevante. As coisas tomam novas proporções quando se deixa seduzir e se vê envolvido numa relação erótica que resulta em extorsão e chantagem, colocando em causa não apenas a sua vida, mas a de todos os que lhe são próximos.

terça-feira, 25 de julho de 2017

2892 - THE BEATLES - YOU CAN'T DO THAT!

      THE BEATLES | YOU CAN'T DO THAT! | MAKING OF A HARD DAY'S NIGHT (USA, 1995) – Excelente documentário sobre os bastidores de A HARD’S DAY NIGHT, com entrevistas com Richard Lester, o diretor, os produtores e os atores que, juntamente com os Beatles, fizeram um filme que marcou a década de 60 e o cenário pop-musical. Uma curiosidade: é o próprio Phil Collins que revela que foi um extra no filme em que os Beatles são mostrados como reféns do próprio sucesso, passando a maior parte do tempo correndo das fãs e se escondendo nos lugares mais improváveis.  A HARD’S DAY NIGHT captura fielmente o que foi a beatlemania, através de seus momentos surreais e a mais absoluta naturalidade com a qual John, Paul, Ringo e George se comportam diante das câmeras. De fato, o filme de Lester serviu, entre tantas coisas, para definir a imagem dos Beatles para um mundo que nem sonhava com a internet e a globalização.  

segunda-feira, 24 de julho de 2017

2891 - OS CAPITÃES

   
 Kirk e Picard, os maiores
  
OS CAPITÃES (THE CAPTAINS, USA 2011) – Escrito e dirigido por William Shatner, este documentário é uma homenagem aos capitães da Enterprise, em todas as versões de STAR TREK: além de Shatner, é óbvio, como Kirk, temos Patrick Stewart (Jean-Luc Picard, da NOVA GERAÇÃO), Avery Brooks (Capitão Benjamin Sisko, de DEEP SPACE NINE), Kate Mulgrew (Capitã Kathryn Janeway, de VOYAGER), Scott Bakula (Captain Jonathan Archer, de ENTERPRISE) e Chris Pine (Capitão Kirk, STAR TREK, a partir de 2009). Com conversas com estes atores, Shatner explora as pressões e as responsabilidades de sentar na ponte de comando, usando o uniforme da frota estelar. A meu ver, a entrevista que rendeu mais foi com Patrick Stewart, um ator shakespeariano que entendeu que STAR TREK o colocou num patamar muito maior na cultura popular do que qualquer versão de Hamlet ou Macbeth. Sua conversa com Shatner, em sua casa, na Inglaterra, é permeada de emoção e admiração por aquele que sempre será o mais famoso capitão da Enterprise. Imperdível!!!!! 

domingo, 23 de julho de 2017

2890 - MULHER MARAVILHA

Mulher Maravilha: faltou roteiro
MULHER MARAVILHA (WONDER WOMAN, USA 2017) – Confesso que me custa entender tanta crítica positiva sobre o filme que, cá para nós, não é essa maravilha toda que falam. Há falhas graves no roteiro, mas o que mais incomoda é a tentativa de catequisar o público com uma mensagem pacifista, enquanto celebra, hipocritamente, a violência heroica da protagonista. Quantas pessoas a Mulher Maravilha mata para livrar o mundo do extermínio causado pela guerra? Para piorar, os CGIs são pobres, dando quase sempre a impressão de que estamos no meio de algum cenário do Playstation ou de GOD OF WAR. Os bandidos são tão estereotipados quanto os mocinhos, e o vilão principal, parecendo egresso de uma capa de disco de alguma banda de heavy metal dos anos 80, é resultado de um CGI tão ruim que chega a doer. Infelizmente, o cinema “mainstream” de Hollywood parece ter se tornado cada vez mais impreciso, principalmente quando quer explorar à exaustão um filão tão lucrativo quanto este dos super-heróis.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

2889 - TESTEMUNHA DE ACUSAÇÃO

  
O grande Charles Laughton e Elsa Lanchester
   TESTEMUNHA DE ACUSAÇÃO (WITNESS FOR PROSECUTION, USA 1957) – Este filme de Billy Wilder bem que poderia ser de Hitchcock, em função do ritmo, do humor e das reviravoltas do roteiro. É memorável a atuação de Charles Laughton como um advogado renomado que resolve defender um homem (Tyronne Power) da acusação de ter matado uma velha viúva endinheirada. É um filme clássico, obrigatório para quem aprecia o cinema tradicional, no qual as atuações dos atores valiam muito mais do que qualquer efeito especial. Laughton rouba todas as cenas, especialmente quando tem a companhia de sua enfermeira (Elsa Lanchester, divertidíssima e esposa de Laughton na vida real e que, em priscas eras, foi a própria noiva de Frankenstein, na sensacional sequência dirigida por James Whale). Uma outra egressa dos filmes de monstros da Universal, e que também está no elenco, é a engraçada Una O’Connor. E Marlene Dietrich. 

quinta-feira, 20 de julho de 2017

2888 - IMPÉRIO SUBMARINO

Parece Flash Gordon, só que não...
IMPÉRIO SUBMARINO (UNDERSEA KINGDOM, USA 1936) – O curioso sobre este seriado é que a REPUBLIC PICTURES, ao saber que a UNIVERSAL estava produzindo FLASH GORDON, logo se apressou para lançar uma aventura com elementos similares, que se passava num mundo sob o oceano. Claro que há um vilão oriental (a II Grande Guerra também influenciou a estética de Hollywood) e um herói, convenientemente chamado “Crash” (alguma semelhança com “Flash”???) Corrigan, que chega a este mundo submarino com um cientista, o filho deste e uma jornalista, por quem, claro, irá fazer par romântico. Muita luta com espadas, perseguições com bigas ( ! ) e evidente preocupação de demarcar os mocinhos dos bandidos, a partir do código cromático das roupas: os primeiros de branco e os últimos de preto. No elenco, Lon Channey Jr., o Lobisomem da galeria da Universal. Quer saber? Uma das produções mais legais do cinema. Veja:

quarta-feira, 19 de julho de 2017

2887 - JUSTIÇA CEGA

Gere e Garcia: ódio real
JUSTIÇA CEGA (INTERNAL AFFAIRS, USA, 1990) -  Este é um dos filmes que marcaram os anos 90 – Richard Gere, no auge, depois de PRETTY WOMAN, aparece como um policial corrupto, violento, que se vê investigado por um oficial da corregedoria (Andy Garcia, exalando tensão dramática). Os dois, segundo consta, não se suportavam durante as filmagens – isso fica evidente nas cenas de briga entre eles. A bela Nancy Travis, de TRÊS SOLTEIRÕES E UM BEBÊ, faz a esposa de Garcia, assediada por Gere. O antagonismo dos dois é explorado ao máximo neste thriller policial superlativo que evidencia o mundo decadente da polícia e o embate entre a ética e a corrupção.

2886 - CINDERELO SEM SAPATO

O grande Jerry Lewis e Ana Maria Alberghetti
     CINDERELO SEM SAPATO (CINDERFELLA, USA 1960) – Aqui, Jerry Lewis usa e abusa de suas caras e bocas na sua versão masculina de Cinderela. O roteiro é fraco, e Lewis repete o “modus operandi” de seus personagens: o rapaz, ingênuo, de bom coração, sempre prestativo, tímido e sem coragem de se declarar para a mocinha (neste caso, a bela Ana Maria Alberghetti que, depois, se casaria com Claudio Guzman, diretor e produtor de JEANNIE). O filme tem dois grandes momentos: o número na cozinha, em que Lewis emula a banda de Count Basie (que está no filme), e a cena da escadaria, cujos 63 degraus ele subiu em sete segundos, o que o fez sofrer um ataque cardíaco, em função do esforço. Vale, claro, para ver Jerry Lewis em ação, mesmo que numa produção ruim e muito aquém do seu talento. THE BELLBOY, realizado no mesmo ano, e com um orçamento muito menor, é sem dúvida superior. 

2985 - FRANKENSTEIN (2015)

  
 FRANKENSTEIN (USA, 2015) – Transposição para a época contemporânea da história de Mary Shelley. Criado por um casal de cientistas, a criatura foge e tem que enfrentar a violência do mundo moderno e o estranhamento em relação a sua existência. Ou seja, os monstros são os outros. O diretor Bernard Rose carrega a mão nas cenas sangrentas e erra na edição lenta demais de algumas sequências. O desfecho, abrupto e frustrante, poderia ter sido mais explorado no sentido de extender as questões existenciais que a história, por si só, instiga. Vale como curiosidade e para constatar que, em termos de gênero de horror, o seminal FRANKENSTEIN, de 1931, com Boris Karloff, ainda é insuperável.  

terça-feira, 18 de julho de 2017

2984 - INFERNO

   
Tom Hanks e Felicity Jones
 INFERNO (INFERNO, USA 2016) – Sem o impulso da polêmica de O CÓDIGO DA VINCI, esta obra de Dan Brown adaptada para o cinema, traz, de novo, Tom Hanks, como o simbologista/detetive Robert Langdon, que tem uma conspiração pela frente para desvendar. A aventura intermediária anterior, ANJOS E DEMÔNIOS, não causou qualquer reboliço. Desta forma, esperava-se que INFERNO repetisse o sucesso (meio relativo, vá la) do primeiro filme. Só que não foi assim. O roteiro agora envolve uma ameaça biológica, tema bem afeito à paranoia atual em relação à segurança. Envolve, também, códigos cifrados cheios de referências religiosas e medievais (especificamente ao Inferno, a primeira seção da Divina Comédia do poeta florentino Dante Alighieri, morto em 1321), porque se não fosse assim Langdon não teria o que fazer no meio dessa história toda. Sim, porque tirante estas referências histórico-literárias, Jason Bourne poderia muito bem ser o protagonista, já que perseguições e belíssimas locações pela Europa é que não faltam. A direção do competente Ron Howard derrapa ao dar instruções quase didáticas sobre a trama. No elenco, a graciosa Felicity Jones acompanha Hanks por quase todo o périplo, Omar Sy meio sem jeito na pele de um policial e o sempre competente Ben Foster. Falta ao filme uma necessária tensão dramática. É totalmente dispensável o desfecho que, por sinal, não é o mesmo do livro. 

segunda-feira, 17 de julho de 2017

2983 - A ONDA

      A ONDA (BOLGEN, Noruega, 2015) – Primeiro filme-catástrofe feito na Noruega sobre uma ameça bem real: há, de fato, uma montanha em constante movimento que, um dia, vai desabar, causando uma imensa e destrutiva onda entre os fiordes. O clima de tensão é construído com a tentativa de um geólogo para avisar a população sobre o que está prestes a acontecer, seguindo a cartilha de Hollywood sobre histórias do gênero. Os efeitos são bons, mas aparecem numa porção mínima do filme, pois o roteiro se concentra mais nos personagens dos que na ação propriamente dita. 

domingo, 16 de julho de 2017

2982 - VELOZES & FURIOSOS 7

    VELOZES & FURIOSOS 7 (FURIOUS 7, USA 2015) – A franquia VELOZES & FURIOSOS começou com o roteiro direcionado para corridas de rua, gangues e altas doses de testosterona. Aos poucos, com o passar dos filmes, as histórias começaram a flertar com o thriller policial, gênero que dá margem a perseguições de carro, situação que tem tudo a ver com a série, a partir do título. Título que, por sinal, dispensou, desta vez, o “velozes” e mostra como o filme se concentrou na fúria. Assim é a história desta sétima edição que, não bastasse a adrenalina compulsiva já esperada, tem ainda a comoção da morte de Paul Walker durante as gravações. Por isso, só vale a pena mesmo acompanhar as aventuras anabolizadas da gangue chefiada por Vin Diesel até a última cena por causa da emocionante homenagem que o elenco faz a Walker. Atenção para a Nathalie Emmanuel, de GAME OF THRONES, à la Ursula Andress, de biquini, saindo do mar. Uma coisa. 

2981 - A CASA DE FRANKENSTEIN

 
Glenn Strange, totalmente estranho, perto de Karloff
    A CASA DE FRANKENSTEIN (THE HOUSE OF FRTANKENSTEIN, USA 1944)Já nos estertores do ciclo dos Monstros da Universal, a ordem era juntar a maior quantidade possível deles. Aqui, não houve nem a preocupação de criar um roteiro em que os três interagissem: na primeira metade o cientista, feito com seriedade por Boris Karloff, lida com Drácula (John Carradine, totalmente fora do papel) e na segunda com o Lobisomem (Lon Chaney Jr., sempre com jeito de que bebeu todas) e o Monstro de Frankenstein (feito por Glenn Strange, com maquiagem fraca, quase uma paródia da interpretação original de Karloff). Longe de ser uma obra-prima do gênero, com produção pobre, elenco de apoio irregular e pouca ação, vale pelos protagonistas e só é mesmo superior ao posterior "A Mansão de Drácula" ("House of Dracula", 1945), praticamente uma comédia pastelão. 

sábado, 15 de julho de 2017

2980 - FOME DE PODER

   
Keaton como o ambicioso Kroc
  FOME DE PODER (THE FOUNDER, USA 2016) – Michael Keaton é um daqueles atores que o cinema vai redescobrindo em pequenas obras de qualidade (BIRDMAN é um exemplo), como uma homenagem tardia, mas inteiramente justa. É o caso aqui: Keaton interpreta, com energia frenética, Ray Kroc, o homem que notou a possibilidade de ampliar as franquias de uma lanchonete modesta, mas eficientíssima, numa cidade da Califórnia, na década de 50, chamada McDonald’s. O roteiro enfoca o esforço ( e também a falta de ética e grandes doses de traição) de Kroc para se apoderar do negócio fundado por dois irmãos (Maurice e Richard McDonald) cuja única ambição era tornar seu restaurante ‘fast food’ realmente eficiente. Keaton tem uma atuação que flutua entre a ambição e a maldade compulsiva – seu personagem não hesita em passar por cima de quem quer que seja para alcançar seus objetivos. Tudo isso pode ser lido como resultado do ambiente altamente competitivo da sociedade americana, aquele que possibilita o sucesso e a glória dos “winners”. Mas, por outro lado, também mostra o quanto de selvageria e desumanidade pode haver na “terra das oportunidades”. O título em português está perfeito.  

quarta-feira, 12 de julho de 2017

2979 - O BOM GIGANTE AMIGO

Ruby Barnhill Mark Rylance
O BOM GIGANTE AMIGO (THE BFG, USA, ENGLAND, CANADA, 2016) – Encantadora adaptação de Steven Spielberg de uma história para crianças escrita por Roald Dahl, cuja criatividade excêntrica combina perfeitamente com a forma com que o diretor de E.T. lida com as questões mais profundas do universo infantil. O gigante que dá nome ao filme sequestra Sophie (Ruby Barnhill, um encanto, em todos os sentidos), de um orfanato em Londres, depois que ela descobre sua existência (sim, gigantes precisam de anonimato). O bom gigante (CGI a partir de um desempenho excepcional do estupendo Mark Rylance, de PONTES DOS ESPIÕES). A partir daí, uma amizade inesperada floresce entre ele e Sophie, duas criaturas solitárias e, de certa forma, deslocadas de seu meio, quase marginais em função da imensa sensibilidade que lhes habita a alma, enquanto se aventuram num mundo mágico, no qual se pode – veja só – sair à noite para caçar sonhos. É mais uma vez notável a habilidade de Spielberg para dirigir crianças e transformar suas atuações em pequenas obras-primas que constituem o prazer mais inefável de apreciar a arte cinematográfica nas mãos mágicas de um de seus maiores mestres. 

terça-feira, 11 de julho de 2017

2978 - EU SOU JOHN KENNEDY JR

John e John
    EU SOU JOHN KENNEDY JR (I AM JOHN KENNEDY, JR, USA, 2016) – Documentário sobre John Kennedy Jr., com depoimentos de amigos e jornalistas – às vezes, ambos, como é o caso de Christianne Amanpour, da CNN – sobre a personalidade de uma das pessoas mais seguidas pela mídia americana, até sua morte num acidente de avião, em 1999. É dado um enfoque à sua vida de novaiorquino ilustre, alguém cuja fama imensa e imanente o impedia de realizar seus sonhos, como, por exemplo, de ter se tornado ator. Sua mãe, Jackie Kennedy, o o colocou nos trilhos da advocacia, carreira que nunca o fez feliz. Fica-se com a forte impressão de que John Kennedy Jr. teve uma vida sufocada pela perseguição da imprensa e pela expectativa de se tornar tão grande quanto seu pai. 

domingo, 9 de julho de 2017

2977 - A GRANDE MURALHA

Matt Damon no lugar errado
A GRANDE MURALHA (THE GREAT WALL, USA, CHINA, 2016) – O filme é uma aventura sem pé nem cabeça, segundo a qual a Grande Muralha da China foi construída não para barrar os nômades mongóis e outras gentes brabas como eles, e sim alienígenas de computação gráfica. Pois é, só mesmo uma grana alta para fazer Matt Damon pagar este mico histórico, juntamente com o excelente Pedro Pascal (de NARCOS e GAMES OF THRONES). É de partir o coração vê-los totalmente perdidos em personagens muito mal resolvidos: eles são dois mercenários que vão à China atrás do milagroso “pó negro”(pólvora) e acabam no meio da batalha entre o exército chinês e os monstros de outro planeta. O filme tem uma ação em coreografada – especialidade do diretor Zhang Yimou (de HERÓI e O CLÃ DAS ADAGAS VOADORAS) – mas acaba provocando um humor involuntário e certo constrangimento de quem esperava mais de tudo o que o dinheiro das duas grandes economias mundiais poderia proporcionar. 

quinta-feira, 6 de julho de 2017

2976 - STAR WARS - O LEGADO REVELADO

  
  STAR WARS – O LEGADO REVELADO (STAR WARS – THE LEGACY REVEALED, USA 2007) – Excelente documentário sobre as duas trilogias de George Lucas, com vários intelectuais fazendo uma análise interessantíssima das referências mitológicas da saga. Através de entrevistas com historiadores, cientistas políticos, críticos e diretores de cinema, o documentário aborda a estrutura narrativa da série, passando pelos seus personagens centrais, a jornada do herói e as heranças diferentes heranças culturais e filosóficas que Lucas imprime em suas duas trilogias. É um documentário obrigatório não só para os fãs da franquia, mas para qualquer um ligado à indústria do entretenimento, seja no caráter de consumidor, crítico ou produtor. Com fortes depoimentos, sequências montadas de forma magistral e uma direção que sabe exatamente aonde quer chegar, trata-se de uma obra que consegue alcançar sua ambição: analisar a franquia de forma meticulosa, explicando seu sucesso e impacto até os dias de hoje.

terça-feira, 4 de julho de 2017

2975 - OKJA

    
Okja e Mikha
 OKJA (USA, COREA, 2017) - Mikha (a encantadora Seo-Hyun Ahn) era bebê, Okja era um filhote, e as duas cresceram juntas. Depois de 10 anos, Okja pesa bem umas quatro toneladas de doçura e lealdade. Só que a criatura em questão é um um superporco – uma linhagem nascida da modificação genética que se desenvolve nos laboratórios sinistros (medonhos, na verdade) da Mirando, uma gigante do setor agropecuário, algo assim como uma JBS, para um paralelo mais preciso. Okja e outros 25 filhotes de superporco foram distribuídos entre fazendeiros de 26 diferentes países. Passada uma década, a Mirando quer retomar os animais para seus propósitos. Mikha não se conforma e parte atrás de Okja, numa sequência de situações na qual o diretor coreano Joon-Ho Bong (do ótimo O HOSPEDEIRO e EXPRESSO DO AMANHÃ) intensifica a crítica à voracidade do capitalismo, à despreocupação ambiental, aos maus tratos com os animais, assuntos indigestos que são magistralmente abordados num filme de primeira linha, mostrando excelência em tudo, principalmente nos efeitos visuais que beiram a perfeição. 

domingo, 2 de julho de 2017

2974 - O ÚLTIMO ATO

      
Greta Gerwig e  o grande Al Pacino
O ÚLTIMO ATO (THE HUMBLING, USA 2014) – Alfredo James Pacino é obrigatório, sempre. Ultimamente, tem se dedicado a personagens melancólicos, já numa idade avançada (NÃO OLHE PARA TRÁS, AMIGOS INSEPARÁVEIS), que aproveitam a longa experiência de vida para refletir sobre as relações pessoais, os sonhos despedaçados, a perda progressiva da alegria. Neste filme de Barry Levinson, na adaptação de um livro de Philip Roth, ele é Simon Axler, um ator que vai perdendo o contato com a realidade, enquanto se envolve com Pegeen (Greta Gerwig, sensacional no papel), filha de um casal amigo. THE HUMBLING começa com um impacto dramático: Simon se joga do palco, durante a apresentação de AS YOU LIKE IT, de Shakespeare, e se interna numa clínica psiquiátrica. Com a vida inteira dedicada ao teatro, sem amigos próximos ou família, ele está em crise. A partir daí, Pacino começa a desfilar seu enorme talento em cena, seja nas tentativas de interpretação do que está se passando com ele, seja nos diálogos rascantes com Pegeen, nos quais parece se evidenciar sua dificuldade de distinguir a realidade dos seus personagens. Al Pacino é um ator que, antes de tudo, emociona, principalmente quando se entrega aos profundos silêncios reveladores da alma. O roteiro do filme lhe dá a chance de vê-lo na pele de um ator cuja própria vida se transformou numa narrativa de comédia dramática, como já vimos em CREPÚSCULO DOS DEUSES (1950). Mas, aqui, Pacino, como sempre, arrasa.