quinta-feira, 29 de março de 2018

3061 - THE CLOVERFIELD PARADOX

   
THE CLOVERFIELD PARADOX (USA, 2016) – Não é à toa que a Paramount se livrou deste desastre: CP é uma mixórdia de elementos de ficção científica que não faz o menor sentido, neste ou em qualquer outro universo paralelo. É um amálgama de lógica de botequim, uma coleção de interpretações risíveis e uma enxurrada de diálogos constrangedores. Tem-se a impressão de que o filme foi desenvolvido equivocadamente, executado de forma tosca e jogado no cardápio de vidro moído da Netflix, sem qualquer aviso de insalubridade cinematográfica ao espectador. Se eu entendi direito, CP era para fazer parte do “universo Cloverfield”, cujo primeiro filme, de 2008, é simplesmente horrível; seguido pelo ótimo CLOVERFIELD 10, com John Goodman. Mas o fato é que PARADOX já começa mal das pernas como sci-fi da periferia e uma trama destruída por um contexto científico mais acanhado do que as feiras de ciência no antigo Colégio Estadual. Ou seja, pela premissa, PARADOX até que daria um bom episódio de BLACK MIRROR, mas se perde em tantos absurdos, que ficaria desataviado até num longa de Mr. Bean. Maurício, mais uma vez, acertou na análise.




3060 - KRAMPUS - TERROR DE NATAL

   KRAMPUS – O TERROR DO NATAL (KRAMPUS, USA, 2015) - Uma família extremamente desunida se junta para passar mais um tortuoso Natal repleto de desavenças. Max, o caçula, meio de saco cheio de tudo aquilo, acaba invocando um antigo espírito que, nas lendas, acompanha o Papai Noel punindo todos aqueles que não acreditam no espírito natalino. Aos poucos, os enfeites e símbolos icônicos da data festiva começam a ganhar vida de forma monstruosa, ameaçando a todos e forçando os parentes a unir forças para sobreviver. O ritmo do filme é irregular, sem maiores apelos do gênero e se perde entre o horror fraco e a comicidade involuntária. O tema da família disfuncional volta a ser explorado, mas sem brilhantismo e competência. É curioso que o filme tenha tido tantas críticas favoráveis; curioso e meio desalentador, pois comprova que a plateia, em geral, não faz mesmo questão de um produto de qualidade.

segunda-feira, 26 de março de 2018

3059 - ENCONTRO MALIGNO


ENCONTRO MALIGNO (MEETING EVIL, USA 2012) – O desenxabido Luke Wilson é o ex-agente imobiliário John que, um dia, atende à porta e é surpreendido pelo sujeito que irá mudar sua rotina. Após mais uma derrota no difícil ramo do "real estate", ele está desempregado, sem esperanças alguma de conseguir algo melhor na vida e se dedicar à sua família. O estranho Richie (Samuel L. Jackson, botando ressentimento pelo ladrão) pede ajuda para empurrar seu carro, aparentemente sem combustível, e o leva para uma viagem infernal pela região, matando todos que o incomodam. O interesse se mantém até a metade do filme, mas logo depois percebemos que este é um daqueles filmes com o final meio em aberto em que o vilão é quase uma entidade maléfica e o roteiro se equilibra entre o clichê o maniqueísmo previsível.

domingo, 25 de março de 2018

3058 - REGRESSO DO MAL

Cage, ainda tentando...
     REGRESSO DO MAL (PAY THE GHOST, USA 2015) - Ainda sou um daqueles que acreditam em Nicolas Cage. Ultimamente, sua carreira tem sido caracterizada por filmes muito ruins. De vez em quando, ele acerta uma, como é o caso de JOE (2013), em que ele tem uma atuação realmente memorável. Aqui, em REGRESSO DO MAL, ele parece se esforçar, mas o personagem não ajuda muito nem o roteiro pouco original: ele faz um pai que perde o filho numa noite de Halloween e descobre que um espírito maléfico anda sequestrando crianças sabe-se lá para quê. Nada memorável, REGRESSO DO MAL é um passatempo desenxabido para quem estiver disposto a perder 1 hora e 34 minutos com mau cinema.   

quinta-feira, 22 de março de 2018

3057 - 99 CASAS

Garfield e Shannon, sensacionais...
     99 CASAS (99 HOMES, USA 2016) – Esta é a segunda vez em que Andrew Garfield me convence de que é um bom ator. A primeira foi em ATÉ O ÚLTIMO HOMEM. Aqui, ele tem um personagem interessante que lhe permite uma atuação marcante: despejado de sua casa, onde mora com o filho e a mãe (Laura Dern) pelo agente imobiliário Rick Craver (Michael Shannon, incontrolável), Dennis Nash (Garfield) se vê diante da possibilidade de se corromper e dar uma vida melhor à família. Ao abordar este dilema ético, o diretor Ramin Bahrami vai fundo no universo do selvagem mercado imobiliário americano, durante a crise econômica de 2008. Só pelas cenas em que as pessoas irradiam desespero ao ser despejadas de suas casas, este filme já seria um caso à parte, mas as atuações viscerais de Shannon e Garfield fazem deste filme meio esquecido no cardápio da NETFLIX um programa imperdível. 

terça-feira, 20 de março de 2018

3056 - PELÉ: O NASCIMENTO DE UMA LENDA


   PELÉ: O NASCIMENTO DE UMA LENDA (PELÉ: BIRTH OF A LEGEND, USA 2106) – Imagine um filme ruim, mas muito ruim mesmo. Então, veja este aqui e convença-se de que nada poderia ser pior. O longa, que pretende contar a história do jovem Edson Arantes do Nascimento, desde sua infância pobre até a participação no primeiro título do Brasil na Copa do Mundo de 1958, quando tinha apenas 17 anos, começa de forma alvissareira: Pelé ouve transmissões de rádio que dizem o quanto a Seleção é fraca, desacreditada e que não tem chances de vencer a partida decisiva contra a União Soviética. Um corte, e ele se vê entrando no estádio, o número dez reluzindo às costas. Depois deste chute inicial, o filme se perde num sucessão de clichês – favelas, samba, bares toscos – que dão margem a personagens estereotipados (o jogador playboy, o treinador rabugento, o rival marrento, o cartola ambicioso) e diálogos de chorar. Apenas Seu Jorge aparece com talento num grupo horroroso de atores perdidos num roteiro idem. E, cá para nós, não há nada mais esquisito do que personagens brasileiríssimos falando inglês de modo artificial.   

segunda-feira, 19 de março de 2018

3055 - INSTINTO SELVAGEM

Stone e Douglas, no limite...
 INSTINTO SELVAGEM (BASIC INSTINCT, USA 1992) – Sharon Yvonne Stone se tornou mundialmente conhecida graças ao famoso “beaver shot” que o diretor Paul Verhoeven fez questão de manter neste filme. No mais, ela apenas desfilou a beleza deslumbrante diante dos olhos cúpidos de Michael Douglas, o detetive que fica literalmente de quatro diante de tanta sensualidade. No entanto, além das suas características físicas, ela provou ter talento em CASINO, de Scorsese, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar e lhe deu um Globo de Ouro. A carreira tem mais baixos do que altos, e talvez tenha faltado um encontro com Hitchcock para que ela chegasse e se mantivesse no panteão das grandes deusas do cinema. Em INSTINTO SELVAGEM, ela quase que não atua – apenas se deixa admirar por todos os personagens com quem contracena, e isso, de certa forma, passa para o espectador, mesmerizado com sua lânguida presença em cena. O filme realmente ficou datado, muito pela suposta audácia do roteiro, numa época em que as cenas sensuais simplesmente desapareceram dos cinemas, em função do choque que a AIDS produzia então.   

domingo, 18 de março de 2018

3054 - ANIQUILAÇÃO

    
A FONF adoraria...
 
ANIQUILAÇÃO (ANNIHILATION, USA 2018) – Jogue toda a lógica pela janela e comprometa a “suspensão de crença”, fator essencial para que se possa entrar de cabeça no universo cinematográfico de qualquer gênero e, principalmente, no da ficção científica. Maurício tinha razão: este filme parece querer acabar com nossas referências. O grupo protagonista – composto só de mulheres – pode vir a calhar nestes tempos de valorização feminina, mas acaba detonando a história logo de início: afinal, diante do que parece ser uma invasão alienígena, o governo resolve mandar uma expedição de mulheres totalmente despreparadas para enfrentar o mais elementar perigo (onde estão as luvas de borracha?), o que esperar deste filme? Onde estão os cientistas e a equipe militar devidamente treinada? Muitas perguntas que, ao final, ficam mesmo sem respostas. Bem, pelo menos ficamos sabendo aonde foi parar o crocodilo gigante de O MISTÉRIO DO LAGO.   

sábado, 17 de março de 2018

3053 - CORRA!

    
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CORRA (GET OUT, USA 2017) – Oscar deste ano de Melhor Roteiro, GET OUT é, de fato, um ótimo filme, com doses exatas de sustos e ironia, temperadas com um inesperado, mas bem-vindo, atrevimento na composição dos personagens. Apesar de a agenda do racismo sobressair numa apreciação mais geral, o filme de Jordan Peele vai além disso, trazendo um sopro de originalidade principalmente nos diálogos em que Chris (Daniel Kaluuya, ótimo) vai percebendo a estranheza das observações preconceituosas dos convidados da festa na casa do sogro – aliás, uma das melhores sequências de um filme com “twists” magistralmente sincronizados com a ação, magnífica movimentação de câmera e uma combinação perfeita de horror, suspense e humor. 

quarta-feira, 14 de março de 2018

3052 - A VIGILANTE DO AMANHÃ - GHOST IN THE SHELL

 
Scarlett, na concha...
    
A VIGILANTE DO AMANHÃ – GHOST IN THE SHELL (UK, China, USA, 2017) – Talvez minhas expectativas sejam sempre altas quanto vejo Scarlett Johansson no elenco e, por isso, insisto e persisto. Mais uma vez, contudo, ela embarca num filme que não funciona. Em um futuro no qual se confundem o real e o virtual, o orgânico e o mecânico, Major (Scarlett) é a única de sua espécie – seu cérebro humano, retirado de uma jovem à morte, comanda um corpo integralmente sintético. Arma mais letal da Hanka, uma empresa de robótica que comanda uma Hong Kong remodelada ao estilo Blade Runner, Major inadvertidamente se depara com revelações perturbadoras sobre seu passado. O filme se arrasta em meio ao visual dissonante das favelas verticais e vielas imundas, junto com holografias colossais e de gosto duvidoso. Fica a impressão de que o filme perde a chance de resgatar as provocações das suas fontes de inspiração, como o já mencionado BLADE RUNNER, além de MATRIX e ROBOCOP. Mesmo assim, Scarlett, séria e com um corte de cabelo ruim, é, no mínimo, provocante.   

segunda-feira, 12 de março de 2018

3051 - A NOITE É DELAS

Scarlett, por quê?
    A NOITE É DELAS (ROUGH NIGHT, USA 2017) OK, Scarlett Johansson é obrigatória, pelo talento, pela beleza, pela voz, pela mesmerizante presença cênica. Por isso, passei pela provação de assistir a esta produção canhestra, sem graça e demente. Tudo bem que estejamos passando pela reafirmação do papel da mulher na sociedade pós-moderna, mas ROUGH NIGHT só pode ser considerado um passo atrás de qualquer movimento de valorização feminina. Abstenho-me de comentar o roteiro (se é que ele existe...) e as atuações (até Scarlett se perdeu...). Até mesmo o “jab” intencional no queixo quadrado de Trump não funciona, inviabilizando a suposta crítica política que a história possa ter nas suas entrelinhas. Segunda bola fora de Scarlett, já que GHOST IN THE SHELL também não funcionou. Veja a seguir.  

domingo, 11 de março de 2018

3050 - HOMEM-ARANHA: DE VOLTA AO LAR

     
Holland, desperdiçado
 
HOMEM-ARANHA – DE VOLTA AO LAR (SPIDER-MAN: HOMECOMING, USA 2017) – A Marvel tem tido como característica adotar uma abordagem mais realista – e, às vezes, cativante – da imperfeição humana de seus heróis. Aqui, Peter Parker (Tom Holland), ainda empolgado com sua aventura conjunta com os Vingadores, se vê às voltas com as agruras de um adolescente que tropeça nas suas impaciências e inseguranças, sequioso por ingressar no mundo adulto do qual sentiu apenas o gostinho. O diretor Jon Watts tomar liberdades com os quadrinhos que irritam até os fãs menos “hard” – afinal de contas, o uniforme “high-tech” dado a Parker por Tony Stark fica meio forçado no universo aracnídeo no qual a picada da aranha radiativa já explicava tudo, sem manual de instruções. Holland é um ator de talento – sua atuação em O IMPOSSÍVEL, já demonstrava isso – mas está exagerado aqui, certamente por culpa da direção e dos roteiristas que, é óbvio, buscaram inspiração em filmes debiloides de adolescentes e no clássico CURTINDO A VIDA ADOIDADO (1986). Porém, John Hughes e seu protagonista, o insopitável Ferris Bueller, estavam mais antenados com os rompimentos de paradigmas que campeavam na década de 80, o que deu a seu filme a leveza perene que o sustenta até hoje. Kundera que o diga. Este HOMEM-ARANHA tem uma tocada pop que soa tão artificial e malfeita quanto os CGIs de algumas cenas. Tudo isso compromete o filme e nos faz sentir saudades cada vez maiores de Tobey Maguire.  

sexta-feira, 9 de março de 2018

3049 - VELOZES & FURIOSOS 8

    
Por que, Charlize...?
 
VELOZES & FURIOSOS 8 (THE FATE OF THE FURIOUS, USA 2017) – Esta franquia chega a sua oitava edição confirmando uma premissa assustadora: é um filme sem roteiro e sem atores, que se fia apenas na ousadia de cenas de perseguição de carros, tiros e explosões, quase tudo feito à base de um CGI irregular. Apesar de atrair algumas participações especiais (aqui, Charlize Theron e Helen Mirren), tudo resulta numa produção de ritmo acelerado, beirando a neurose, com personagens planos e sem qualquer carisma, ainda mais por serem “interpretados” por um grupo sem qualquer talento dramático. Paul Walker era o único da turma que exalava uma empatia quase automática da plateia. Mas sua morte, em 2013, interrompeu a trajetória do único personagem que era o diferencial da série. Emulando a atmosfera dos filmes de delinquência juvenil dos anos 50 e 60, o primeiro VELOZES exaltava a cultura do “racha”, as corridas clandestinas com carros “tunados”. Depois, os roteiristas resolveram transformar Vin Diesel e sua turma em super-heróis improváveis, capazes de manobras automobilísticas humanamente impossíveis, sempre entre muitas explosões e artilharia pesada. Enfim, cinema pobre (em conteúdo), para uma audiência descerebrada que exige muito pouco em termos de inteligência.  

quarta-feira, 7 de março de 2018

3048 - JFK, A HISTÓRIA NÃO CONTADA

      
Giamatti, estupendo
PARKLAND (USA, 2013) – Caos. Só assim pode ser descrita a situação na sala de Trauma 1, no hospital Parkland, Dallas, em 22 de novembro de 1963. O filme do diretor Peter Landesman retrata bem o clima de total descrença e tristeza daquelas primeiras horas depois do assassinato de John Kennedy. Mas ainda é pouco. De fato, ainda está por vir uma produção definitiva sobre esta história dramática. O filme de Oliver Stone se atém mais à investigação posterior e às teorias da conspiração que pulularam a partir de então – não era bem o que esperávamos. Em PARKLAND, as cenas do atendimento são bem-feitas e nos dão uma ideia aproximada do drama que todos aqueles personagens viveram. Um dos acertos do filme é Paul Giamatti no papel de Abraham Zapruder, o homem que capturou, com sua câmera, o momento em que Kennedy é atingido na cabeça. Giamatti rules!