segunda-feira, 31 de março de 2008

264 - À PROCURA DA FELICIDADE


à procura da felicidade (the pursuit of happiness, usa 2006) – não é o brasileiro que não desiste nunca. O norte-americano afro-descendente também, como mostra essa história com Will Smith, que é a própria Lei de Murphy elevada à décima potência. Pois bem, esse é o tipo do filme difícil de comentar sem que se revele toda a trama àqueles que ainda não o assistiram. Mas, vamos : Smith interpreta Chris Gardner, um vendedor de equipamentos médicos que sofreu o que se pode chamar de uma catástrofe quase total: foi abandonado pela mulher, perdeu tudo o que tinha e chegou a viver como sem-teto, com o filho pequeno, enquanto enfrentava um período de testes numa empresa de corretagem financeira. O filme se caracteriza por uma decência e honestidade que não tem nada de comum ao gênero dos “feel-good movies”, nos quais o protagonista sofre ao extremo, para, depois, encontrar uma saída gloriosa para seus problemas, de forma que ninguém deixe o cinema deprimido. Direção de Gabriele Muccino.

sábado, 29 de março de 2008

263 - NUNCA TE VI, SEMPRE TE AMEI


nunca te vi, sempre te amei (84 charing cross road, usa 1987) – repleto de delicadezas, o filme ainda é uma jóia rara de inspiração poética. A relação epistolar entre os personagens de Anne Bancroft (17 de setembro de 1931 – 06 de junho de 2005) e Anthony Hopkins (31 de dezembro de 1937) – ela em Nova York, ele em Londres – sustenta essa história emocionante. Atenção para o lindo poema de Yeats que o personagem de Hopkins diz para tentar traduzir a saudade e o sentimento. Direção de David Hugh Jones.

262 - EU SOU A LENDA


eu sou a lenda (i am legend, usa 2007) – refilmagem de A Última Esperança da Terra, de 1973, com Charlton Heston, uma pequena jóia da ficção científica. Aqui, Will Smith é Robert Neville o único ser humano a ter sobrevivido inalterado a uma epidemia deflagrada por um vírus modificado para o tratamento do câncer. Os que sobreviveram viraram uma espécie de vampiros mutantes que não toleram a luz do sol. Portanto, durante o dia, Neville está completamente , com seu cão Sam, nas abandonadas ruas de Manhattan. É exatamente que Smith demonstra ser um ator de respeito e competência, ao gerar sozinho toda a ação dramática. Até que encontra a personagem de Alice Braga, também sobrevivente e imune. Muito bom.

261 - SEXO, AMOR E TRAIÇÃO


sexo, amor e traição (brasil, 2004) – de Jorge Fernando. O Rio de Janeiro continua lindo, mas que povinho, hein? Se este filme tinha como intenção retratar as relações entre os casais modernos, a conclusão mais óbvia é que retrocedemos a algum ponto bem antes da pré-história. As mulheres, no filme, são fúteis e os homens, meu Deus, são verdadeiros imbecis. Se isso representa a raça humana do sexo masculino, registro aqui o meu protesto. O elenco, global, é fraco, à exceção de Malu Mader: Murilo Benício, Caco Ciocler e Fábio Assunção, cheio de tiques, como sempre. A bela Alessandra Negrini faz valer a pena essa produção com cheiro de Leblon, carpintaria de novela e sem inteligência alguma.

260 - ANJOS DA VIDA


anjos da vida, mais bravos que o mar (the guardian, usa 2006) – de Andrew Davis. Ben (Kevin Costner, 18 de janeiro de 1955) é um dos mergulhadores de resgate mais famosos do país. Depois de um salvamento no qual seu amigo morre, ele é designado para treinar um grupo de jovens na Louisiana. Um dos jovens, Jake (Ashton Kutcher, 07 de fevereiro de 1978), de temperamento difícil e com ares arrogantes, bate logo de frente com ele. A partir daí, o filme segue a velha fórmula do jovem rebelde que acaba aprendendo os valores mais altos com o veterano, até o final previsível. Um pouco longo demais. Boa atuação de Costner.

quarta-feira, 26 de março de 2008

259 - CLOVERFIELD


cloverfield, o monstro (cloverfield, usa 2007) – gosto de filmes de monstros, principalmente quando eles destroem cidades sem a mínima cerimônia. Mas, esse foi um equivoco. Bem, aqui, Nova York é atacada por um monstro gigantesco e a história é contada a partir do ponto de vista de um cinegrafista amador e de grupo de jovens descerebrados, durante a tentativa de escapar da destruição da cidade. Os efeitos especiais são bons, especialmente o que mostra a cabeça da Estátua da Liberdade rolando no meio da rua. No entanto, nem mesmo isso justifica o suposto interesse que uma história sem explicação poderia ter.

terça-feira, 25 de março de 2008

258 - EM PEDAÇOS


em pedaços (going to pieces: the rise and the fall of the slasher films, usa, 2006) – documentário sobre a história do cinema americano de terror. Por décadas, os fãs do terror vem-se encantando com histórias de terríveis assassinos que assediam uma presa indefesa. Este documentário passeia por clássicos do gênero slasher como"Psicose", "Halloween", "Sexta-Feira 13" e outros.

domingo, 23 de março de 2008

257 - BEN-HUR


ben hur (ben hur, usa 1959) – logo no início, o diálogo entre Ben-Hur e Messala, quando os dois se reencontram, estabelece a tensão entre os dois personagens: as falas são carregadas de simbolismo e indicam a ruptura dramática da relação dos dois. Extraordinária atuação de Charlton Heston (04 de outubro de 1924) e de Stephen Boyd (04 de julho de 1931 – 02 de junho de 1977). Há de se registrar a produção impecável dos figurinos ao cenário, além da música grandiloqüente. Tudo isso ajudou a MGM sair do prejuízo. Claro que, sob certo aspecto, Ben-Hur é um dramalhão com pilares épicos e religiosos, meio over para os padrões de hoje. No entanto, ainda impressiona muito a seqüência da corrida de bigas, com seu código cromático evidente: cavalos brancos para Ben-Hur e os pretos para Messala. Muito melhor do que qualquer corrida de fórmula 1. De fato, uma cena para ficar para sempre. Ainda impressionante o diálogo final entre Ben-Hur e Messala. Os extras do DVD são excelentes. Atenção para o documentário sobre a produção, no qual Gore Vidal declara que sugeriu a Wyler o prévio relacionamento romântico entre os protagonistas.

sexta-feira, 21 de março de 2008

256 - RAPOSA DE FOGO


firefox (firefox, usa 1982) – de Clint Eastwood. Clint, aqui, é um piloto aposentado que é chamado de volta pelo governo americano para recuperar dos russos um avião sofisticadíssimo, que ele é capaz de pilotar. O filme começa bem, mas fica meio chato no seu terço final. Os efeitos especiais que mostram o avião são fracos. Não é um grande filme de Clint. A Guerra Fria já está perdida no tempo e não oferece mais interesse ao espectador de hoje.

255 - BARRABÁS


barrabás (barabba, usa 1961) – de Richard Fleischer. Highlander de Jerusalém. Barrabás (Anthony Quinn, 21 de abril de 1915, México – 03 de junho de 2001) é absolvido e Jesus Cristo é crucificado em seu lugar. Ele não entende o porquê de ter sido escolhido para continuar a viver e enfrentar as mais difíceis situações. Produção grandiosa, com atuações bem teatrais, como acontecia com esses filmes bíblicos nessa época. Atenção para a performance canastrona de Jack Palance, como o cruel general Torvald, e para Silvana Mangano, belíssima.

quinta-feira, 20 de março de 2008

254 - O LABIRINTO DO FAUNO


o labirinto do fauno (el laberinto del fauno, méxico, espanha e EUA, 2006) – de Guillermo Del Toro. Ofélia (Ivana Banquero) é uma menina de onze anos que viaja com a mãe ao encontro do padrasto, uma capitão franquista que tenta esmagar os focos de resistência republicana, numa Espanha em guerra, em 1944. Ofélia descobre, num labirinto, um fauno que a informa que ela é uma princesa e que precisa cumprir três tarefas para retornar ao seu reino. O interessante no filme é o paralelismo entre a realidade dura da guerra e o mundo onírico em que Ofélia adentra. No entanto, o filme tem momentos profundamente violentos, o que me leva a crer que estas duas dimensões tão dispares – realidade e sonhosão, por assim dizer, complementares nos seus apectos mais cruéis.