terça-feira, 31 de maio de 2016

2776 - VICTOR FRANKENSTEIN

VICTOR FRANKENSTEIN (USA, 2015) A tendência de refilmar clássicos sob a ótica de personagens originalmente secundários tem tido seus acertos e erros. Este filme recria a história de Victor Frankenstein, dentro de um cenário vitoriano, seguindo as observações de Igor, o ajudante que, no original de 1931, interpretado por Dwight Frye, acompanhava o dr. Frankenstein na, digamos, coleta de partes cadáveres nos cemitérios. Aqui, Igor é vivido por Harry Potter, digo, Daniel Radcliffe. O roteiro começa bem, e o excelente James McCavoy consegue impressionar como o cientista obcecado pela criação da vida, sob a ótica unicamente científica. Sim, em dado momento aparece o conflito entre ciência e religião, aspecto que, infelizmente, o roteiro deixa de contemplar no seu terço final. O desfecho tradicional – com o castelo destruído, juntamente com a Criatura, no meio de uma tempestade – dá a impressão de uma solução fácil, sem aproveitar a chance de aprofundar os personagens ou de discutir a finitude humana em face do embate entre ciência e religião. Se a Criatura não ficou completa, também ficou faltando um pedaço neste filme.  

sexta-feira, 27 de maio de 2016

2775 - SHERLOCK, EPISÓDIO 2, TEMPORADA 1

SHERLOCK - EPÍSÓDIO 2 (UK, USA, 2010) – Este segundo episódio ficou um pouco abaixo da excelente estreia. Mas, mesmo assim, é um prazer ver como Benedict Cumberbatch vai se amalgamando ao personagem, assim como Martin Freeman também encontra a calibragem certa de comicidade do seu Watson. O roteiro é sobre contrabandistas que deixam sinais misteriosos nos locais dos crimes. As críticas em relação a este episódio procedem, na medida que tivemos tantos pontos altos no piloto. De qualquer forma, está muito acima da média de algumas produções do mesmo gênero.  

quinta-feira, 26 de maio de 2016

2774 - O EQUILIBRSTA

O EQUILIBRISTA (MAN ON A WIRE, USA, UK, 2008) – Em 1974, um malabarista francês, de 25 anos, encasqueta que vai atravessar o vão das duas torres do recém construído World Trade Center, com a ajuda de três amigos, sem que as autoridades percebam. Este ótimo documentário é sobre a façanha de Phillipe Petit, contada por ele mesmo, com uma emoção que, aos poucos, vai contagiando também o espectador. De fato, aqui está a história de alguém que resolveu fazer uma coisa diferente, apenas por paixão e por não se adequar aos padrões da vida considerada “normal”. Gosto imensamente de história assim, pois elas que nos mostram como vivemos de forma limitada, geralmente presos à crenças e comportamentos que não são genuinamente nossos. Phillipe Petit pode ser considerado um grande artista, cuja grande obra é mostrar para todo mundo que, na realidade, queiramos ou não, vivemos sempre na corda bamba. Em 2015, foi lançado A TRAVESSIA, de robert Zemeckis, com Joseph Gordon-Levitt, no papel de Petit.  

quarta-feira, 25 de maio de 2016

2773 - SOB O SOL DA TOSCANA

SOB O SOL DA TOSCANA (UNDER THE  TUSCAN SUN, USA 2003) - Diane é uma das atrizes mais queridas de Hollywood e do público em geral. É simpática, bonita, talentosa. Fez filmes bem legais como O SELVAGEM DA MOTOCICLETA e RUAS DE FOGO. Possui aquele ar de heroína romântica desprotegida, mas sempre altiva. Foi casada com o highlander Christopher Lambert e com o talentoso Josh Brolin. Neste filme, ela parece encarnar sua própria vida, sob o ponto de vista de estar sempre disposta a recomeçar – é o que faz seu personagem, que larga tudo depois de uma desilusão amorosa, vai para a Europa e acaba comprando uma casa centenária na região da Toscana. Entre uma e outra falha no roteiro, a história passeia por locações belíssimas, personagens simpáticos e uma revigorante mensagem de esperança.

domingo, 22 de maio de 2016

2772 - SHERLOCK

SHERLOCK (UK, 2010) Excelente série britânica, com o mais excelente ainda Benedict Cumberbatch no papel-título. O roteiro possui a finesse tradicional das falas britânicas, com diálogos desconcertantes e imaginativos. O personagem, transposto para os dias atuais, nos quais interage abertamente com a tecnologia, está perfeitamente adaptado ao mundo pós-moderno baumaniano, sem a barra forçada de outras produções que puseram Sherlock vagando por um mundo moderno que ele não entendia e vice-versa. Neste caso, tudo contribui para que o raciocínio lógico-dedutivo do detetive sobressaia ainda mais claro e objetivo. Como Watson, o também grandíssimo Martim Freeman, cujos espasmos de emoção constituem um contraponto perfeito para a (aparente) frieza racional de Holmes. Extraordinário, estupendo, altamente estimulante, o seriado (com três episódios por temporada, pasmem) é uma das melhores surpresas da TV nos últimos tempos. Obrigado, Gabriel. 

sábado, 21 de maio de 2016

2771 - GOLPE DUPLO

 
GOLPE DUPLO (FOCUS, USA 2015) – O filme começa bem, mas vai deixando a desejar a partir da metade. Will Smith faz um daqueles personagens que já se tornaram cansativos na história do cinema recente: o trapaceiro simpático e charmoso, que acaba conquistando a mulher bonita do filme que, no caso, é uma das mais mesmerizantes do cinema contemporâneo: Margot Robbie. Pois bem, de repente, o filme passa Buenos Aires (a produção também é Argentina), e temos Rodrigo Santoro, num bom personagem: ele é um milionário que contrata Smith para alguns trabalhos escusos. Tecnicamente bem realizado, o filme traz belíssimas locações e uma fotografia caprichada. O roteiro flerta com o do excelente OCEAN’S ELEVEN, principalmente na primeira metade. Vai irregular depois disso, mas o impacto estético de Margot Robbie compensa tudo.


sexta-feira, 20 de maio de 2016

2770 - A VERDADE SOBRE MARLON BRANDO

A VERDADE SOBRE MARLON BRANDO (LISTEN TO ME, MARLON, USA 2015) - Com acesso exclusivo ao seu arquivo pessoal incomum, que inclui centenas de horas de áudio gravado ao longo de sua vida, este é o documentário definitivo sobre Marlon Brando. Traçando sua brilhante carreira como ator e sua vida fora do palco, o filme vai explorar em profundidade os meandros do homem que conta a sua história de uma forma única a partir da perspectiva de Marlon Brando, com sua  própria voz. Não há cabeças falantes, nem entrevistados, apenas Brando e sua vida. O diretor Stevan Riley decupou mais de 300 horas de áudio gravadas por Brando, que fazia auto hipnoses e dissertava sobre vários assuntos recorrentes em sua vida: carreira, filhos, vida, morte, proteção das causas sociais e raciais, família, etc. O filme começa com uma imagem em 3D de Marlon Brando, dizendo que, hoje em dia, por conta da computação gráfica chegará um momento no qual os atores não serão mais necessários. Pois é essa imagem em 3D de Brando que "narra" o filme, trazendo trechos de sua extensa filmografia e de entrevistas e fotos que vão desde a sua infância até o fim da vida. Adotado pela atriz e professora de um método de interpretação, Stella Adler, ele aprendeu que a vivência e a memória emotiva são peças fundamentais para o seu desenvolvimento como ator. Esse método, apropriado de Stanislawsky, foi a base de toda a arte de atuação de Brando, contrariando as performances realizadas em Hollywood até então, que, segundo as palavras de Brando, eram óbvias e pouco convincentes. O que importava agora, é a verdade das emoções, que devem ser vivenciadas pelo momento. Este é um dos melhores documentários que já vi.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

2769 - MACUMBA NA ALTA

MACUMBA NA ALTA (BRASIL, 1958) – Comédia que mistura chanchada e um pouco de drama, com Armando Bogus e Felipe Carone. O curioso, nesta produção, é que ela foi dirigida pela roteirista de BOCCACCIO (1940), Maria Basaglia, que evitou o uso do termo “chanchada” e optou por “cine-comédia”, logo nos créditos iniciais. De fato, o filme se afasta um pouco do foco usual das chanchadas e lembra – vagamente, devo dizer – os filmes italianos pré-realistas. Atenção para a beleza inesperada da atriz Maria Dilnah.      

quarta-feira, 18 de maio de 2016

2768 - NÃO OLHE PARA TRÁS

  NÃO OLHE PARA TRÁS (DANNY COLLINS, USA, 2015) – Baseada na história real de um músico que recebeu, no início da década de 70, uma carta de John Lennon, convidando-o para conversar, o filme tem o grandíssimo Al Pacino no papel-título. O roteiro se concentra numa reviravolta que realmente aconteceu: a carta só chegou ao seu destinatário mais de 40 anos depois. É aí que Danny (Pacino), cantor de rock veterano, que ainda vive como um pop star tresloucado, começa a se transformar. Contracenando com a também excelente Annette Bening, o Danny Collins de Pacino entra num processo de autodescoberta que passa pelo resgate da relação com o filho que ele mal viu durante a vida e pelo questionamento dos seus valores. Como sempre, Pacino emociona com sua simples presença em cena. O filme é uma daquelas pequenas joias esquecidas entre um e outro blockbuster. É um privilégio poder assistir a um grande ator no total domínio de sua técnica e talento.       

segunda-feira, 16 de maio de 2016

2767 - UM BOM ANO



UM BOM ANO (A GOOD YEAR, USA, UK, 2006) – Este é um dos meus filmes favoritos, sem qualquer razão especial. A belíssima fotografia do interior da França, aliada a uma história simples, mas comovente, com excelentes atores, como Russel Crowe, Albert Finney e Marion Cotillard, talvez sejam motivos suficientes. Nos momentos em que Max (Crowe) fica em silêncio e se lembra das conversas que teve com o tio (Finney), é que vemos como ele é um grande ator. A história é envolvente e charmosa, regada a vinho e à beleza inebriante de Marion Cotillard. Assim como um bom vinho, o filme melhora com o tempo.    

2766 - OU TUDO, OU NADA

OU TUDO OU NADA (THE FULL MONTY, USA 1997) – Seis desempregados de uma metalúrgica, numa cidade pequena da Inglaterra, resolvem ensaiar um número de strip numa boate local. O drama do desemprego implode identidades pessoais, de gênero e de classe, constituídas no período de desenvolvimento do capitalismo industrial. O capital em sua sanha de reestruturação produtiva, deslocando e tornando obsoletos homens e territórios de produção, expõe dramas existenciais singulares. É o que The Full Monty tenta traduzir através de um mote narrativo curioso e intrinsecamente metafórico: desempregados montando um show de striptease, buscando se desnudar para um público de mulheres curiosas.   
 

2765 - EXTERMINADOR DO FUTURO, GÊNESIS

O EXTERMINADOR DO FUTURO: GÊNESIS (TERMINATOR GENISYS, USA 2015) – Seguindo a cartilha de STAR WARS, O DESPERTAR DA FORÇA, esta sequência também retoma o espírito (e quase todo o roteiro) do filme de maior sucesso, no caso, o segundo EXTERMINADOR, que, junto com o primeiro, fez coisas que ninguém esperava: arrasou na bilheteria, revolucionou o conceito de efeitos especiais e ocupou, a partir de então, o imaginário da cultura pop. Schwarzenegger faz até um pouco mais do que se poderia esperar dele: atua ( ! ) com aquele mesmo jeito mecânico do personagem, mas acaba por adir algumas nuanças de interpretação, mais para o lado cômico, como se fizesse troça consigo mesmo. O filme vai bem até a metade, mas, a meu ver, se complica ao trazer para o presente um John Connor híbrido de ser humano e máquina de metal líquido, como conviria a uma abordagem baumaniana. O Kyle Reese feito por Jay Courtney nos faz ter saudade da forma excepcional como Michael Bhien retratou um personagem um pouco fragilizado, com cicatrizes psicológicas, que vinha do futuro para salvar a mulher que amava. Há um excesso de CGI que também não funciona – os animatronics dos primeiros filmes davam conta do recado de maneira muito mais eficiente. Mas temos uma recompensa: Emilia Clarke, a Daenerys, de GAME OF THRONES, como Sarah Connor, sem a força de Linda Hamilton, mas ainda belíssima.   
  

 

 

sexta-feira, 13 de maio de 2016

2764 - TOP GANG, ASES MUITO LOUCOS

TOP GANG, ASES MUITO LOUCOS (HOT SHOTS, USA 1991) o que chama a atenção nesta paródia do hit TOP GUN (1986) é a presença, junto com Charlie Sheen, de Jon Cryer que, anos depois, faria com o próprio Sheen o grande sucesso TWO AND A HALF MEN. Dentro da linha de TOP SECRET, o roteiro é repleto de referências cinematográficas e da cultura pop americana e mundial. Creio que, para as gerações mais jovens, em geral sem qualquer conhecimento que vá além das fofocas veiculadas por facebooks e what’up, o filme não tenha qualquer apelo. A cena em que Sheen e Valeria Golino emulam a sequência da geladeira de 9 SEMANAS E MEIA DE AMOR ainda é memorável. É curioso notar também que Sheen e Cryer já tinham a mesma química que apresentaram em TAHM.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

2763 - MINIONS

MINIONS (USA, 2015) – O roteiro simplista e linear não invalida a tentativa de colocar os simpáticos Minions como protagonistas de uma história que diverte mais pelo coeficiente de fofura das criaturinhas do que propriamente as situações em eles se envolvem. Lá para o meio do filme, dá para ficar meio cansado dos esquetes quase previsíveis. É interessante checar a passagem que faz alusão ao Mito da Caverna, de Platão.