quarta-feira, 10 de agosto de 2016
2805 - FRANKENSTEIN DE MARY SHELLEY
FRANKENSTEIN
DE MARY SHELLEY (MARY SHELLEY’S FRANKENSTEIN, USA, JAPAN, 1994) – Esta versão
em tons operísticos, bem “over”, dirigida e estrelada por Kenneth Branagh possui
mais baixos do que altos. Cenas bombásticas, grandiloquentes, muito teatrais, no
pior sentido do termo, nada disso contribui para o entendimento da obra de Shelley: o conflito
existencial entre o homem e a criação artificial da vida, com todas as implicações
éticas que a obra vem suscitando há tanto tempo. Branagh procura evidenciar a
figura de Victor Frankenstein como um homem apaixonado pela tecnologia, questionando
tudo que considera retrógrado na evolução científica. De certa forma, o
filme acaba sendo mais sobre ele e suas contradições e perdas afetivas, deixando
de lado a busca por afeto e aceitação da criatura, inesperadamente vivida por Robert
De Niro. De Niro enfatiza o processo de “perda da inocência” por que a criatura
passa ao se expor à civilização. Sim, é Robert De Niro, mas ainda fica a sensação
de que alguma coisa ficou fora de lugar. Fofoca cinematográfica: Branagh, então casado com Emma Thompson, se apaixona, durante a filmagem, por Helena Bonhan-Carter, que, na história, faz
Elizabeth, um personagem pouco desenvolvido, num roteiro, cá para nós, mal costurado,
como o layout da criatura montada por Victor Frankenstein.