domingo, 12 de abril de 2009
775 - IRINA PALM
IRINA PALM (INGLATERRA, 2007) - Marianne Faithfull, musa dos anos 1960 e ex-namorada do Rolling Stone Mick Jagger, estrela "Irina Palm", drama que competiu no Festival de Berlim em 2007. Escrito e dirigido por Sam Garbarski ("O tango dos Rashevsky"), "Irina Palm" acompanha a história de Maggie (Marianne Faithfull), uma viúva sessentona que já vendeu até a própria casa para financiar o tratamento de saúde do único neto, Olly (Corey Burke). Todo o dinheiro dos pais da criança, Tom (Kevin Bishop), filho de Maggie, e Sarah (Siobhan Hewlett), é gasto na mesma finalidade. Mas, por algum motivo, o menino não melhora. Uma nova esperança surge num tratamento experimental na Austrália. A avó quebra a cabeça para descobrir como arranjar dinheiro para as caras despesas dessa viagem. Quando procura emprego, pesam contra ela a idade e a falta de experiência profissional da senhora, que foi apenas dona-de-casa e mãe a vida inteira. Tais características não a impedem de conseguir um emprego muito bem-pago num lugar onde não se fazem muitas perguntas, a boate Sex World, dirigida por Mikky (Miki Manojlovic, ator de vários filmes de Emir Kusturica, como "Underground -- Mentiras de guerra"). As mãos macias de Maggie, que adota o pseudônimo de Irina Palm, começam a render-lhe algumas centenas de libras por semana. Entretanto, ela não pode dizer a ninguém, muito menos ao próprio filho ou às amigas, o que anda fazendo em vez de participar das conversas do chá da tarde. Quando se descobre a origem do dinheiro que ela ganha, todo o peso do preconceito contra a tarefa sexual que ela exerce cai sobre seus ombros. Mas é nesse momento também que a personagem de Maggie cresce em dimensão humana. E seu patrão, Mikky, mostra um comportamento surpreendente, que leva a história a caminhos não tão previsíveis. Dica valiosa do Miranda.
sábado, 11 de abril de 2009
774 - GRAN TORINO
GRAN TORINO (USA, 2008) – de Clint Eastwood. Walt Kowalski (Eastwood, 31 de maio de 1930), veterano da Guerra da Coréia, operário aposentado da Ford e um poço de racismo, mostra-se, desde a primeira cena, como um sujeito irascível que rosna e cospe sempre que algo o desagrada. E várias coisas o fazem: os netos egoístas, os filhos gordos e consumistas, o padre que tenta reaproximá-lo da igreja atendendo ao último pedido de sua mulher e os vizinhos asiáticos do bairro de Detroit, onde ele, agora viúvo, mora sozinho com um cão e sua grande paixão, um Ford Gran Torino que Walt ajudou a montar na fábrica. É exatamente aí, ao se deparar com a flébil pele que separa a realidade de seus fantasmas, que Kowalsji se convence da real dimensão de sua solidão. Essa dimensão de exílio existencial começa a se romper quando Thao, um adolescente oriental que mora na casa ao lado, tenta roubar seu carro, por pressão de uma gangue da mesma etnia. Ele o surpreende na garagem, de rifle em punho. Thao foge, e Walt, surpreendentemente, acaba se tornando um herói involuntário para a família do jovem que, em gestos simples e sinceros como convidá-lo para festas e deixar presentes em sua porta, dedica a ele o que seus próprios filhos e netos são incapazes de oferecer: respeito e carinho. Ou seja, os asiáticos, a quem dedica profundo desprezo, cujas raízes estão nos horrores da guerra que tanto o marcou, são os que lhe vêem com respeito e admiração. Estes dois ingredientes formam a base da relação paternal que Walt passa a ter com Thao e com a irmã deste, Sue. O menino, então, se revela trabalhador, educado e ávido por informações que o façam crescer. Torna-se sobremodo pertinaz ressaltar a interpretação magnífica de Eastwood: seu personagem é de uma coerência rígida, um homem agressivo e atrelado visceralmente aos valores em que acredita. É aí que se tangenciam as histórias do veterano de guerra e dos vizinhos hmong: ambos têm valores tradicionais de que não abrem mão e são constantemente desafiados pelas circunstâncias sociais. O turning point da história são os trágicos acontecimentos que se abatem sobre Thao e Sue e, por um momento, tem-se a impressão de que Eastwood não hesitará em reviver Dirty Harry Callahan, o policial linha-dura que o colocou entre os astros de todos os tempos do cinema, e que Walt emula com laivos burlescos. A decisão que seu personagem toma é, em certo modo, um epítome de suas conclusões em relação à violência e uma forma de convidar seus novos amigos a ter uma participação digna num país estrangeiro que, ao mesmo tempo em que os acolhe, os repudia. Gran Torino é uma obra-prima de sensibilidade, cuja maior lição, entre muitas, é mostrar que o passar do tempo não é um empecilho à mudança e que nunca é tarde para vivenciarmos as grandes descobertas da vida, aquelas que verdadeiramente nos fazem humanos de verdade.
quinta-feira, 9 de abril de 2009
773 - DRACULA
DRÁCULA (DRACULA, USA 1979) – de John Badham. Esta versão com Frank Langella (01 de janeiro de 1938), no papel do conde, e com Laurence Olivier (22 de maio de 1907 – 11 de julho de 1989) como o Professor Van Helsing já virou um clássico do cinema de horror, justamente porque foi uma adpatação de uma peça homônima estrelada pelo próprio Langella na Broadway. Além deles, Donald Pleasence compõe o elenco como o Dr. Jack Seward, chefe do manicômio de Londres. A música de John Williams tem os mesmo violinos do filme de Coppola.
772 - ENCURRALADOS
ENCURRALADOS (BUTTERFLY ON A WHEEL, USA 2007) – de Mike Barker. Convenhamos, o roteiro não é um primor de originalidade: uma pacata e feliz família norte-americana é completamente devastada quando a filha pequena é sequestrada por um homem que tem todo o controle da situação. No entanto, o filme funciona, principalmente por causa de Pierce Brosnan (16 de maio de 1953), num inesperado papel de homem mau, exatamente o sequestrador. O casal, ora feliz, é composto da bela Maria Bello (18 de abril de 1967) e de Gerard Butler (13 de novembro de 1969), de 300. O que parece ser um filme previsível, acaba revelando algumas surpresas. O título em inglês vem do ditado “Who breaks a butterfly upon a wheel?”, usado quando se faz um grande esforço para alcançar algum objetivo mínimo. Vale a pena
771 - CLÃ DAS ADAGAS VOADORAS
CLÃ DAS ADAGAS VOADORAS (SHI MIAN MAI FU, CHINA/HONG KONG 2004) – de Zhang Yimou. A primeira faz chun... Assim como HERÓI, do mesmo diretor, CAV é uma sinfonia de imagens poéticas. O enredo é simples: um guerreiro romântico ajuda uma prisioneira cega a fugir e se reencontrar com seus companheiros, que formam o Clã das Adagas Voadoras. Nesta fuga, eles são perseguidos pelos soldados e têm que lutar para sobreviver numa floresta. HERÓI e O CLÃ DAS ADAGAS VOADORAS são filmes opostos e paradoxalmente complementares. Talvez a melhor explicação para tal fato seja o conceito oriental de Yin e Yang, que simbolizam os opostos (luz/trevas, feminino/masculino, lua/sol,etc.), mas que prega que nem tudo é completamente Yin e nem tudo é completamente Yang, e que não há como existir um sem o outro, estando esses opostos em complementaridade. È neste sentido que os dois filmes de Yimou se encaixam um no outro. O CLÃ DAS ADAGAS VOADORAS é um excelente filme. Com personagens fortes e carismáticas, atuações excepcionais, seqüências bem feitas e belas de se ver, fotografia e figurinos exuberantes. A seqüência final, em especial, uma explícita homenagem aos filmes de samurai do mestre Kurosawa, é particularmente marcante, dada principalmente a seu forte apelo dramático. Roger deve ter gostado.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
770 - A MÁSCARA DA TRAIÇÃO
A MÁSCARA DA TRAIÇÃO (BRASIL, 1969) – Janete Clair na tela grande. Este é um daqueles filmes que só foram possíveis porque a década de 60 se permitiu a toda e qualquer imitação daquilo que se considerava sucesso. Pois bem, “A Máscara da Traição” é uma mistura de filmes policiais com tramas rocambolescas de telenovelas, não fosse a presença de Tarcísio Meira, Glória Menezes e Cláudio Marzo encabeçando a história de um roubo da renda de um jogo no Maracanã. César (Marzo), contador da Suderj, é despedido por seu chefe autoritário, Carlos (Tarcísio Meira), ao mesmo tempo em que começa um romance com a esposa deste (Glória Menezes). Para incriminá-lo pelo roubo da renda do jogo, César se faz passar por ele, usando uma máscara de borracha. Tosco e curioso, vale como registro do cinema nacional.
segunda-feira, 6 de abril de 2009
769 - SENHORES DO CRIME
SENHORES DO CRIME (EASTERN PROMISSES, USA 2007) – de David Cronenberg. Uma adolescente russa dá à luz e morre num hospital em Londres, sob os cuidados de uma enfermeira (Naomi Watts, 28 de setembro de 1968) que, intrigada com um diário que encontra na bolsa da jovem, resolve investigar de onde é sua família. Acaba se envolvendo com um mafioso dono de um restaurante, cujo filho desajustado (Vincent Cassel, soberbo) vive vigiado pelo motorista (Viggo Mortensen, 20 de outubro de 1958, excelente). O filme trata da velha dicotomia entre o bem e o mal e, além disso, lança um olhar benigno sobre a suposta indelével capacidade humana de manter a ética mesmo nas situações mais difíceis. De fato, Cronenberg consegue mostrar isso no filme, sem ser sentimentalista. O personagem de Mortensen parece ser a representação desta possibilidade de remissão. É interessante a forma com que o diretor consegue ir desvendando as facetas dos personagens pouco a pouco.
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