sábado, 5 de junho de 2010

921 - DRACULA


DRACULA (DRACULA, USA 1931) – de Tod Browning. Revendo o filme, percebo que ele é feito de algumas sutilezas que me passaram despercebidas das outras vezes. Como convinha à época, não há cenas violentas, e o máximo de sangue que se vê é uma simples gota que escorre do dedo de Reinfeld (Dwight Frye, 22 de fevereiro de 1899 – 07 de novembro de 1943), ainda no castelo do conde, ao se cortar com a pena com a qual escrevia. No mais, Lugosi exagera mesmo nas caras e esgares. O diretor aproveita isso nas tomadas em close-up do protagonista. Os sets são lúgubres e em perfeita consonância com o clima da história. Destaque para a atuação perturbadora de Frye, que também fez o Fritz, ajudante de Victor, em Frankenstein (1931) e Wilmer Cook, em o Falcão Maltês, do mesmo ano. Há bons extras no DVD. Detalhe curioso foi a filmagem paralela da versão em espanhol do filme, feita à noite, nos mesmos cenários, para o público latino, como uma jogada de marketing e também porque a dublagem, à época, era muito incipiente. No entanto, a versão latina sofre com a falta de um Drácula icônico, coisa que Lugosi, com seu sotaque húngaro, conseguiu meio sem querer. Pré-histórico em suas técnicas cinematográficas e preso a um roteiro limitado, o filme de Browning ainda consegue conservar boa parte da atmosfera gótica do romance de Stoker: o filme começa de forma magnífica, com um trecho de "O Lago dos Cisnes" e uma carruagem caindo aos pedaços levando Reinfeld para o castelo infestado de teias de aranhas e animais - há um tatu dentro de uma cripta! Browning desaponta com um clímax fraco, em que o vampiro é derrotado com muita facilidade e sem cores dramáticas.