quinta-feira, 18 de novembro de 2010

962 - O HOMEM DO PLANETA X

A história se passa nos confins de uma ilha pantanosa da Escócia, quando o Professor Elliot (Raymond Band) descobre um planetóide desgarrado no espaço em rota de colisão com a Terra, que ele imediatamente denomina como "Planeta X". Passado algum tempo, uma nave proveniente desse planeta pousa próximo ao observatório do astrônomo e revela seu único tripulante: um humanóide esquisito e sem expressão, que deseja apenas consertar sua nave e voltar embora para casa. O problema é que acidentalmente um outro cientista, o Dr. Mears (William Schellert), descobre o alienígena no pântano e o leva para o observatório, com intenções nem um pouco pacíficas - ele deseja torturar e matar a criatura, depois de obter seus segredos. Mas a criatura, para seu azar, tem poderes telepáticos de dominação, podendo transformar os mais inescrupulosos cientistas em inocentes vegetais. Nesse meio tempo, o jornalista norte americano John Lawrence (Robert Clark), recém chegado à Escócia para investigar o fenômeno, e a filha do astrônomo, Enid Elliot (Margaret Field), acabam se envolvendo em aventuras com o misterioso ser enquanto o restante da população local entra em pânico na iminência do fim do mundo.
Estão todos lá: cientista sério e amável, em busca de conhecimento; seu ajudante inescrupuloso e cheio de ambições; jornalista bisbilhoteiro e heróico (e nesse caso duplamente heróico, porque é norte-americano); mocinha-indefesa-filha-do-cientista-velho-mas-bem-intencionado; chefe de polícia incrédulo e incompetente; aldeões amedrontados e histéricos, etc... No entanto, não seria totalmente correto dizer que esses elementos não passam de clichês mais do que explorados pelo cinema de então, já que é justamente esse o filme que os introduziu, retrabalhando de maneira mais completa idéias que já haviam sido exploradas em menor escala na década de 30. Seu clima, por falar nisso, é bem próximo das produções pós-expressionistas da Universal Pictures, a responsável pela introdução dos grandes monstros clássicos da literatura no cinema, como aqueles nossos velhos amigos já conhecidos. O disco voador, por exemplo, é uma coisa totalmente bizarra, que em nada lembra um disco voador, mais se parecendo com uma garrafa bojuda; mas, para o próprio alienígena, a produção teve o impressionante cuidado de dotá-lo com uma roupa adequada e uma máscara de respiração, coisas geralmente ignoradas pelos outros filmes (se os marcianos do clássico de Byron Haskin tivessem se lembrado deste detalhe, não teriam caído vítimas de simples micróbios terrestres...). A fotografia em preto & branco é sombria e atmosférica, com a desolada paisagem escocesa (em estúdio, obviamente) o tempo inteiro tomada por brumas densas e sinistras, igualzinho aos filmes da Universal. Assim, acho que o verdadeiro mérito de introduzir os conceitos modernos de invasão da Terra por seres pilotando discos voadores cabe mesmo ao filme de Robert Wise, produzido no mesmo ano e levado às telas meses depois. Também de 1951 é o filme O Monstro do Ártico, dirigido por Howard Hawks e com a mesma temática de invasão da Terra, mas cada coisa a seu tempo.