segunda-feira, 30 de abril de 2012

1327 - O HOMEM SEM SOMBRA

O HOMEM SEM SOMBRA (HOLLOW MAN, USA 2000) – este interessante filme do holandês Paul Verhoeven vai muito além da ficção científica carregadas nas tintas sanguinolentas do horror. Ao se desumanizar, a ponto de se achar acima do bem e do mal e cometer os mais atrozes crimes, Sebastian Caine (Kevin Bacon, eletrizante), descobre, com sua equipe, a fórmula a invisibilidade e a aplica em si próprio. A abordagem existencial começa aí: a discussão de como o suposto poder da invisibilidade é capaz de transformar o homem até destituí-lo das mais civilizadas características humanas. Isto também acontece no filme seminal com Claude Rains, de 1933, de James Whale. Numa sequência, o personagem de Caine diz: “Você não pode imaginar o poder de alguém que não vê sua imagem no espelho”. Claro que, quem me conhece, não deixaria de imaginar que eu atrelaria esta fala ao meu norte temático desde os tempos de mestrado: O Retrato de Dorian Gray. Ou seja, O Homem sem Sombra é mais uma releitura do romance de Wilde, cujo personagem principal também passa a nãos e ver no retrato que lhe foi pintado fielmente. O título – Hollow man – é perfeito: “hollow”, em inglês, significa “vazio”, “oco”. Pois bem, o personagem, a partir do momento em que se torna invisível, perde também os sentimentos, as emoções, os valores, se tornando uma pessoa literalmente vazia, oca. A reflexão imediata é claríssima: o ser humano só o é quando o seu interior é continente daquilo que compõe a humanidade. Em termos de roteiro, o filme começa muito bem, mas acaba como um banal arremedo de um filme de terror de segunda categoria. Os efeitos especiais são excelentes e deveriam ser aproveitados numa aula de Biologia. Paralelamente, temos Elizabeth Shue no auge da beleza, o que não faz mal em ninguém.