quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
2035 - CURVAS DA VIDA
(TROUBLE WITH THE CURVE, USA 2012) - neste filme, Clint Eastwood faz seu velho tipo do sujeito que não joga a toalha - e, de fato, não há como enjoar dele. Apesar de com seu Gus Lobel, um olheiro de basebal que enfrenta com dignidade a sua finitude humana, Clint complete um trilogia de personagens parecidos - o treinador de boxe ranzinza Frankie Dunn, de Menina de Ouro, e o antissocial aposentado Walt Kowalski de Gran Torino - o filme prima pela delicadeza sutil, embora previsível, de como trata as relações humanas e profissionais, até que elas mesmas se entrelacem num torvelinho que mais fascina do que confunde. O olheiro Gus está diante de dois fatos que estremecem seu exterior inflexível e assertivo e seu interior eivado de dúvidas e arrependimentos: está perdendo a visão e também o seu lugar no mundo, pois o beisebal moderno prefere os números frios dos computadores a sujeitos como ele, capazes de perceber qualidades, ou a falta delas, em novos jogadores a serem recrutados para a liga principal. Nas metáforas esportivas do jogo em questão, as bolas curvas do título significam também imprevistos ou coisas que enganam. Em um filme com Clint Eastwood, mesmo que apenas atuando, nada disso acontece. Atenção para o bombonzinho Amy Adams, no papel da indomável filha de Gus, com quem vive às turras, como acontece em outros filmes de Eastwood (Poder Absoluto, i.e.). Claro, há a sempre estupenda presença de John Goodman que, na minha opinião, poderia ter um personagem mais desenvolvido e à altura de seu talento.