quarta-feira, 31 de agosto de 2016
2819 - TERREMOTO - A FALHA DE SAN ANDREAS
TERREMOTO: A FALHA DE SAN ANDREAS (SAN
ANDREAS, USA 2015) – Esta é a melhor definição para este filme: é realmente um desastre. Tirante alguns – poucos - momentos
razoáveis de CGs, tudo é muito ruim, do elenco ao roteiro. A única honrosa exceção
é a presença de Paul Giamatti, perdido dentro de um personagem que em nada acrescenta
à história: ele é o cientista que, supostamente, achou um meio de prever a
ocorrência dos terremotos, façanha que teria poupado a vida de milhões de
pessoas, caso, claro, os roteiristas a tivessem incluído na história. Mas não foi isso
que aconteceu. O terremoto veio com vontade, destruindo LA e São Francisco
inexoravelmente. Porém, curiosamente, não se percebe um pânico autêntico nas
pessoas que correm pelas ruas – o cinema digital, frio e sem emoção, domina o
espetáculo, e raras cenas são, de fato, convincentes. Se o tsunami engolindo a
Golden Gate chega a impressionar, quase nada se vê da população em desespero. Parece
que Roland Emmerich, o maior especialista em filme-catástrofe, fez falta nesta lamentável
produção cheia de falhas - a blague é intencional. O roteiro segue o protocolo para apresentar personagens
esquemáticos, sem qualquer apelo dramático ou capazes de provocar empatia com o
espectador. Bem, basta dizer que o protagonista é Dwayne Johnson, que, em
priscas eras, era chamado de The Rock – o que é uma injustiça: uma pedra cuspida
de qualquer poço de lava incandescente teria mais expressão. A falta de originalidade
reaparece no imbróglio familiar – ele ainda gosta da ex-esposa, se sente
culpado pela morte da filha mais nova e cobre de cuidados a mais velha, a
adolescente Blake (Alexandra Daddario, com todas as condições, Michael). Se você
dispõe de duas horas preciosas de sua vida para jogar fora, esta é a oportunidade.
SAN ANDREAS ganha fácil o prêmio de pior do ano, se não década. Este é o tipo
do filme cujos produtores deveriam dizer, com propriedade, sem qualquer
estremecimento: “Desculpem a nossa falha...”.
terça-feira, 30 de agosto de 2016
2818 - O DOSSIÊ PELICANO
O
DOSSIÊ PELICANO (THE PELICAN BRIEF, USA 1993) – Estava em Richmond, quando este filme foi
lançado, e ainda me lembro do impacto ao assisti-lo no grande cinema da Broad Street, juntamente com um grupo da
faculdade. Denzel Washington, sempre obrigatório, e Julia Roberts, nem sempre, conseguem galvanizar
nossa atenção neste thriller de suspense bem ao estilo hitchcockiano, dirigido
por Alan J. Pakula. Julia é Darby Shaw, uma estudante de Direito que descobre
uma conspiração para assassinar dois juízes da Suprema Corte, com a anuência da
Casa Branca. Washington é Gray Grantham, o repórter que a ajuda na
investigação. O roteiro é bem urdido e as reviravoltas açulam o interesse até o
desfecho, meio ao estilo de Casablanca, com Darby e Gray se despedindo num
aeroporto, numa sequência com um pé no kitsch que destoa do filme como um todo. Não adianta
sinoptizar além do que já foi analisado, sob o risco de expor alguns spoilers, mas é interessante notar a estranheza ao rever como, na época, eram feitas as investigações jornalísticas e policiais sem a ajuda da internet. Sob a ótica pós-moderna das possibilidades virtuais, uma história desta natureza, sem celulares e buscas no Google, parece quase inimaginável.
segunda-feira, 29 de agosto de 2016
2817 - LUTA PELA ESPERANÇA
A LUTA PELA ESPERANÇA (CINDERELLA MAN, USA
2005) – Dois dos mais carismáticos e talentosos atores do cinema
contemporâneo – Russel Crowe e Paul Giamatti –, um roteiro amarradinho, um
personagem que epitoma uma história de heroica de superação, um diretor
especializado em personagens históricos e pronto: o filme de Ron Howard prende
a nossa atenção do começo ao fim, sem cair na armadilha do lugar-comum e dos
clichês que os filmes sobre boxe sempre apresentam. Raros atores possuem a
força cênica de Russel, que passa uma coisa que está muito além do que se pode
chamar de competência dramática. É o olhar, a postura, um virar de rosto entre
silêncios. Aqui, ele é o boxeador James Braddock que, durante a Grande
Depressão americana, perdeu o status e dinheiro, conseguindo incertos trabalhos
nas docas, até desafiar o campeão mundial e, por fim, voltar a experimentar o
sucesso. Russel vai passando por estas etapas mostrando uma integridade fora do
comum, construindo o personagem que tinha tudo para ser igual aos outros do gênero,
mas que nele fica saudavelmente original e autêntico.
sexta-feira, 26 de agosto de 2016
2816 - DIA DE TREINAMENTO
DIA
DE TREINAMENTO (TRAINING DAY, USA 2001) – Já sabem: Denzel Washington é obrigatório, pois
já chegou ao empíreo dos maiores do cinema. Dito isso, vale a pena rever este excepcional
filme de Antoine Fuqua, no qual Washington é o detetive Alonzo Harris, um
policial corrupto de Los Angeles que passa um dia com um novato (Ethan Hawke),
para lhe mostrar como é a ação de campo do departamento de narcóticos. “Cool” e
descolado, a princípio (vejam a sensacional cena em que os dois se encontram
pela primeira vez, numa lanchonete), Harris vai se revelando cada vez mais violento
e partícipe dos procedimentos que deveria combater, equilibrando-se, genialmente,
entre o sarcasmo e a ambiguidade de um personagem que se apresenta com uma cópia
de valores contraditórios. Denzel Washington ganhou o Oscar de Melhor Ator por
este papel.
2815 - RUTH & ALEX
RUTH
& ALEX (5 FLIGHTS UP, USA 2014) – Este é um filme muito simpático, com dois
atores obrigatórios e igualmente cativantes: Morgan Freeman e Diane Keaton.
Casados há décadas, Ruth e Alex moram num bucólico apartamento em Nova Iorque e
estão a um passo de decidir a mudança para um outro lar. Na realidade, o
roteiro se resume a isto, sem se aprofundar nas questões orbitantes à vida do casal
- suas reminiscências, a discussão da compra e venda de arte nos grandes
centros urbanos (Alex é um pintor) e o predatório mercado imobiliário americano.
Tudo isso se dilui na atuação serena de Freeman e Keaton, que dão a impressão
de serem pessoas da nossa família, tão próximas, que não parecem estar atuando
num filme. Assim são os grandes atores.
quarta-feira, 24 de agosto de 2016
2814 - CAKE: UMA RAZÃO PARA VIVER
CAKE: UMA RAZÃO PARA VIVER
(CAKE, USA 2014) –
Certamente, era a oportunidade que Jennifer Aniston precisava para provar que é
mais do que a atriz simpática do já icástico FRIENDS. É verdade que ela já
havia tentado antes com MARLEY & EU e O AMOR PEDE PASSAGEM, mas é com CAKE
que ela parecia ter um roteiro que lhe possibilitasse um movimento mais radical
na transição da comédia, onde ela reinava, para o drama. E que drama: Claire (Aniston)
tem sequelas físicas e emocionais derivadas de um acidente de carro que lhe
tirou o filho pequeno, o marido e as esperanças. Viciada em analgésicos, vive
enfurnada em casa, com uma empregada mexicana, sem contatos maiores com o mundo
exterior – ironicamente, sem amigos, sobretudo. Há várias questões relacionadas
com perda, culpa, desesperança e profunda tristeza. Ao fim, no entanto, fica-se
com a sensação de que Jennifer Aniston se esforçou muito para mostrar que também
pode se destacar numa história “séria”, mas acaba forçando um pouco a barra ao
subir demais o tom depressivo que o personagem suscita. Nem tanto nem tão
pouco, Rachel.
terça-feira, 23 de agosto de 2016
2813 - DRAGÃO: A HISTÓRIA DE BRUCE LEE
DRAGÃO: A HISTÓRIA DE BRUCE LEE (DRAGON: THE BRUCE
LEE STORY, USA 1993) – Excelente “biopic” de Lee, com uma abordagem
que deixa de lado as especulações sobre sua morte, para se concentrar na sua
obstinação em se tornar um astro na América e popularizar as artes marciais. Acho
que o filme não funcionaria sem Jason Scott Lee no papel principal. Ele incorpora
a essência do que Lee representou, com uma atuação eletrizante que nos faz ter
a sensação de que é o verdadeiro Bruce Lee que está tela. Apesar do sobrenome
em comum, não há parentesco entre os dois. No elenco, ainda bem novinho, podemos
ver Michael Cudlitz, o sargento Abraham Ford, de THE WALKING DEAD, já com seu cabelo
ruivo cortado ao estilo militar.
2812 - SEQUESTRO DO METRÔ 123
SEQUESTRO
DO METRÔ 123 (THE TAKING OF PELHAM 123, USA 2009) – Lembre-se sempre: Denzel
Washington é obrigatório. Neste filme de Tony Scott, ele é um controlador de tráfico
do metrô de Nova Iorque, escolhido pelo sequestrador de uma das composições
(John Travolta) como interlocutor na negociação da entrega do dinheiro para libertar os reféns. Foi a quinta parceria de Scott com Denzel. Tecnicamente,
vemos um filme narrado num ritmo frenético, com cortes rápidos e fotografia esmerada,
retratando o cotidiano meio caótico da Big Apple. O roteiro, no entanto, é
muito previsível, sem a alta voltagem da versão original de 1974, com Walter
Matthau e Robert Shaw. Vale, claro, por causa do marido de Pauletta Washington,
um verdadeiro astro, em todos os sentidos, mesmo num filme bem abaixo de sua grandeza.
sexta-feira, 19 de agosto de 2016
2811 - THE WALKING DEAD - QUINTA TEMPORADA
Rick e seus dilemas |
quarta-feira, 17 de agosto de 2016
2810 - O NEGÓCIO - TERCEIRA TEMPORADA
RAFAELA MANDELLI |
terça-feira, 16 de agosto de 2016
2809 - MANDANDO BALA
MANDANDO
BALA (SHOOT ’EM UP, USA, 2007) – Este é um dos filmes mais interessantes no sentido do uso criativo
e quase estilizado da narrativa cinematográfica, exagerando, de propósito nas
cores dramáticas, para conseguir um efeito final extremamente estimulante para
quem assiste. Além disso, temos o grande Colin Owen levando a sério um papel que
não tem nada de sério e, por isso mesmo, entregando uma atuação sensacional, não
fosse ele, Owen, um dos maiores atores do cinema contemporâneo. Claro que as
curvas insinuantes de Monica Bellucci ajudam muito na sensação de vertigem que
o filme provoca. Mas não é só isso: Paul Giamatti, novamente roubando a maioria
das cenas em que está, atinge a perfeição no equilíbrio entre o cinismo e a
verdade de um personagem quase caricatural, baseado no Elmer Fudd (no Brasil,
Hortelino Troca-Letra), que vivia atrás do Pernalonga – tanto que, não à toa, o
personagem de Owen passa o tempo todo comendo cenouras.
segunda-feira, 15 de agosto de 2016
2808 - MR HOLMES
O GRANDE IAN McKELLEN |
2807 - LIÇÕES PARA TODA VIDA
LIÇÕES
PARA TODA A VIDA (SECONDHAND LIONS, USA 2003) – Este é um dos filmes “coming of age” que realmente
emocionam, pela simplicidade do roteiro e pelas atuações memoráveis de Haley
Joel Osment (do sucesso O SEXTO SENTIDO) e dos grandíssimos Michael Caine e
Robert Duvall. A história do menino Walter (Osment) que, rejeitado pela mãe , vai passar
uma temporada com os tios (Caine e Duvall), aborda
temas sensíveis como o resgate das relações familiares, a importância das coisas
simples e o sentido reinventado da vida, a partir das descobertas afetivas
inesperadas. A sensação é que o filme desabrocha como uma flor, à
medida que o menino Walter vai entrando na vida dos dois irmãos que, até então,
viviam para si, rejeitando qualquer interação com o mundo exterior. A construção
da história épica dos irmãos, no imaginário de Walter, a partir da narrativa
que eles fazem, é primorosa.
sexta-feira, 12 de agosto de 2016
2806 - O HOMEM IRRACIONAL
O estupendo Joaquin Phoenix observado pelos grandes olhos de Emma Stone |
– Este filme recente de Woody Allen lida com uma questão interessante: já que a vida não faz sentido, não seria o caso de tentar alguma coisa para dar a ela alguma razão? O ritmo, os diálogos, os personagens angustiados, a trilha jazzística, tudo o que caracteriza o universo woodyalleniano está presente no filme, mas este é o tipo de falta de originalidade que é sempre muito benvinda. Woody se debruça sobre os questionamentos de um professor de filosofia (Joaquin Phoenix, sensacional, como de costume) e suas frustrações existenciais e sexuais, que acaba encontrando um propósito na vida ao tomar uma decisão inesperada que o reanima inteiramente.
Escritor por excelência, Allen não resiste ao impulso de, além dos muitos diálogos, encher o filme de offs explicativos dos pensamentos dos personagens principais. A trama ganha contornos rocambolescos, se enche de conversas didáticas, e o final parece apressado. Mas quem acompanha a carreira do diretor há algum tempo sabe que ele não tem grandes preocupações estéticas. Seus fortes são as premissas para uma trama e o humor refinado com que seus diálogos são redigidos, muitas vezes com citações à filosofia, música clássica, psicologia e outras áreas do conhecimento. As futuras gerações nos invejarão por termos sido contemporâneos de um gênio como Allan Stewart Konigsberg.
quarta-feira, 10 de agosto de 2016
2805 - FRANKENSTEIN DE MARY SHELLEY
FRANKENSTEIN
DE MARY SHELLEY (MARY SHELLEY’S FRANKENSTEIN, USA, JAPAN, 1994) – Esta versão
em tons operísticos, bem “over”, dirigida e estrelada por Kenneth Branagh possui
mais baixos do que altos. Cenas bombásticas, grandiloquentes, muito teatrais, no
pior sentido do termo, nada disso contribui para o entendimento da obra de Shelley: o conflito
existencial entre o homem e a criação artificial da vida, com todas as implicações
éticas que a obra vem suscitando há tanto tempo. Branagh procura evidenciar a
figura de Victor Frankenstein como um homem apaixonado pela tecnologia, questionando
tudo que considera retrógrado na evolução científica. De certa forma, o
filme acaba sendo mais sobre ele e suas contradições e perdas afetivas, deixando
de lado a busca por afeto e aceitação da criatura, inesperadamente vivida por Robert
De Niro. De Niro enfatiza o processo de “perda da inocência” por que a criatura
passa ao se expor à civilização. Sim, é Robert De Niro, mas ainda fica a sensação
de que alguma coisa ficou fora de lugar. Fofoca cinematográfica: Branagh, então casado com Emma Thompson, se apaixona, durante a filmagem, por Helena Bonhan-Carter, que, na história, faz
Elizabeth, um personagem pouco desenvolvido, num roteiro, cá para nós, mal costurado,
como o layout da criatura montada por Victor Frankenstein.
terça-feira, 9 de agosto de 2016
2804 - PENNY DREADFUL - A PRIMEIRA TEMPORADA
PENNY
DREADFUL – A PRIMEIRA
TEMPORADA (USA, IRELAND, UK, 2014) – Na Inglaterra do fim do século
XIX, as “penny dreadfuls” eram livretos baratos que ofereciam histórias macabras
ao preço módico de alguns centavos para consumo ávido do povão. Ao contrário de
sua gênese literária, a série produzida pelo canal americano Showtime é uma luxuosa
produção de terror, cuja trama é um compêndio de tudo aquilo que atiçava os leitores
da era vitoriana – um caldo cultural irresistível que mistura ciência,
esoterismo e literatura. Neste cenário “mashup”, a bela, atormentada e
sensitiva Vanessa Ives (Eva Green) e o explorador lorde Malcolm (Timothy Dalton)
se encontram personagens impensáveis em contextos comuns, como o doutor Victor Frankenstein
e Dorian Gray. Agora, o destaque mesmo vai para a provocante Eva Green, cujos olhos
verdes e corpo metafísico mesmerizam seres estranhos deste e de outros mundos.
2803 - DIVERTIDAMENTE
DIVERTIDAMENTE
(INSIDE OUT, USA, 2015)
–
A Pixar agora leva o espectador a uma viagem pela mente de uma criança que tenta
se adaptar a difíceis mudanças em sua vida, explorando as raízes bioquímicas das
emoções e os mecanismos da memória de curto e longo prazo. O que parece um projeto
complexo e desinteressante, principalmente para o público infantil, se mostra uma
fascinante aventura dentro da cabeça de uma criança, Riley, uma menina que deixa
para trás escola, time de hóquei e amigos, quando sua família se muda para São Francisco.
O roteiro passeia delicadamente pela delicada psicologia infantil, oportunizando
insights preciosos para a turma adulta que, em muitos momentos da vida, continua
se comportando como crianças à mercê das emoções, verdadeiras ou não, mas nem
sempre adequadas às situações que s estimulam ou das quais são resultado. O título
em português é um achado.
segunda-feira, 8 de agosto de 2016
2802 - FILHOS DA ESPERANÇA
FILHOS
DA ESPERANÇA (CHILDREN OF MEN, USA, INGLATERRA, 2006) – Excepcional
filme com o também estupendo Colin Owen. A espécie humana está fadada a desaparecer
não de forma súbita, mas pouco a pouco, devido a um surto de infertilidade que perdura
há anos. Theodore Faron (Owen) mora na Inglaterra, um dos poucos países que ainda
subsistem de alguma forma, apesar de ter as fronteiras acossadas por multidões
de imigrantes. Faron se vê como guardião da única mulher grávida – fato que ninguém
mais achava ser possível. Essa nova Eva, negra e imigrante ilegal, é um trunfo político
para quem primeiro consiga pôr as mãos nela. O clima distópico toma conta de toda
a narrativa e persiste incomodamente em nós bem depois que o filme acaba. Michael
Caine faz um personagem interessantíssimo, cuja caraterização, segundo ele, foi
baseada em John Lennon. Atenção para a cena em que a mulher, com o filho nos braços, paralisa o cenário de guerra apocalíptica - veja foto ao lado. Uma das melhores produções do gênero.
2801 - A TRAVESSIA
A
TRAVESSIA (THE WALK, USA 2015) – Com uma
abordagem inicial quase didática, Philippe Petit (Joseph Gordon-Levitt)
explica o passo a passo do plano de caminhar na corda bamba entre as duas
torres do World Trade Center, feito que concluiu com sucesso meses mais tarde, em agosto de 1974. Eram tempos
bem diferentes: Petit, apesar de alguns imprevistos, entrou com sua trupe e com
todo o material para a travessia, sem que fosse importunado pela segurança do
então recém-inaugurado complexo. O roteiro acaba nos cativando, principalmente
pela magnética atuação de Gordon-Levitt, que se equilibra entre a seriedade e uma
saudável gaiatice na composição de um personagem que, na vida real, já era uma
composição ficcional pronta. O próprio Petit contou no bom documentário O EQUILIBRISTA,
de 2008, como a emoção tomou conta dele quando, ainda em Paris, encasquetou que
iria fazer a travessia e que esta façanha se tornaria um dos marcos do século
XIX. Os dois filmes confirmam isso.
2800 - QUERO SER GRANDE
QUERO
SER GRANDE (BIG, USA 1988)
– Clássico do cinema dos anos 80, BIG eternizou
a cena em que Tom Hanks e Robert Loggia tocam com os pés um teclado gigante, no
chão de uma loja de brinquedos. Apesar de toda a leveza, o filme traz questões importantes
– sem aprofundá-las, no entanto – sobre as contradições entre o mundo infantil
e o adulto, ritos de passagem, relações pais e filhos, a descoberta da sexualidade
e do amor, além de um vislumbre do mundo empresarial de Nova Iorque, algo longe
de ser brincadeira de criança. Hanks já demonstra o talento e a empatia imediata
com o público, logo na primeira cena, na qual acorda 17 anos mais velho, após
ter seu desejo atendido por uma misteriosa máquina de parque de diversões. A cena
final, simplíssima na sua concepção, é emocionante.
sexta-feira, 5 de agosto de 2016
2799 - INVASÃO A LONDRES
INVASÃO
A LONDRES (LONDON HAS FALLEN, USA 2016) – Sequência
pífia de outro filme constrangedor, INVASÃO À CASA BRANCA (2013), este aqui ainda
se caracteriza por um roteiro mais pobre ainda, com atores perdidos - mas provavelmente
bem pagos – em uma trama que é um festival de clichês e de mau gosto. Os CGIs são
primários e as premissas da história – ataques terroristas em massa em Londres –
apesar de possíveis, negligenciam o realismo e descartam qualquer inteligência por
parte do espectador. Além do mais, Gerard Butler é mesmo um péssimo ator que
consegue a proeza de ficar pior a cada filme de que participa. Fico com pena de
ver o grande Morgan Freeman nesta roubada.
quinta-feira, 4 de agosto de 2016
2798 - O FRANCO-ATIRADOR
O
FRANCO-ATIRADOR (THE GUNMAN, USA 2015) –
Primeiramente, Sean Penn não era mesmo a melhor escolha para estrelar este thriller
de ação, meio ao estilo Jason Bourne. Ao fim do filme, fica-se com a impressão
de que outros atores poderiam dar mais charme e carisma ao personagem, já que
Penn parece meio desconfortável com a exigência física que o papel demanda. Dito
isto, THE GUNMAN prende a atenção por vários motivos. O principal deles talvez
seja a já consabida vontade de misturar justiça com vingança, para, ao fim, ver
os bandidos serem punidos exemplarmente. A bela paisagem da Europa ajuda a
amenizar os diálogos pobres e a atuação anêmica de Penn.
2797 - LOCKE
LOCKE
(LOCKE, USA, UK 2013) – Tom Hardy
é Locke, um mestre de obras que, ao fim de um dia de trabalho, entra no seu carro
e, numa noite chuvosa, empreende uma jornada inesperada entre duas cidades da Inglaterra.
Sim, este trajeto é como se fosse uma metáfora da vida, na qual Locke se vê
obrigado a tomar decisões que vão afetar sua existência profundamente. Exemplo excepcional
de cinema minimalista, LOCKE retoma a premissa de um só ator num ambiente confinado
durante todo o tempo, sem que isso canse o espectador em nenhum momento. Hardy tem
uma atuação sólida e impressionante, baseada apenas em reações provocadas por chamadas
telefônicas com as quais ele tem que lidar até chegar ao seu destino. Estupendo
em todos os aspectos.
quarta-feira, 3 de agosto de 2016
2796 - UMA VIAGEM EXTRAORDINÁRIA
UMA
VIAGEM EXTRAORDINÁRIA (THE YOUNG AND PRODIGIOUS T.S. SPIVET, USA 2013) – Um garoto de 10 anos sai de seu
rancho em Montana e vai até Washington, para receber um prêmio por uma invenção
sua, dado pelo Instituto Smithsonian. Esta é a história de TS Pivet, “cute as a
button”, que, vivido por Kyle Catlett, lembra muito Macaulay Culkin, em ESQUECERAM
DE MIM, e que constrói sua narrativa num road movie meio ao estilo de Tim
Burton, em função dos personagens caricatos que vai encontrando pelo caminho. A
primeira parte do filme prima pela estonteante fotografia do interior dos EUA,
o que representa o grande atrativo deste filme fofo que encanta e leva à reflexão
na medida certa, mas sem a magia de O FABULOSO DESTINO DE AMÉLIE POULAIN (2001).
segunda-feira, 1 de agosto de 2016
2795 - A ERA DO GELO: O BIG BANG
A ERA DO GELO: O BIG BANG (ICE AGE: COLLISION COURSE, USA 2016) – Esta quinta edição da franquia parece ter derrapado feio (no gelo, talvez), principalmente na concepção do roteiro, confuso demais para uma história que se pretende leve e divertida, como os primeiros três filmes. Ao lidar com uma situação hipotética – mas provável -, que é a colisão de um meteoro com a Terra, os personagens acabam aprofundando uma discussão que pode tirar o interesse do público infantil, principalmente. O filme tenta conferir a cada protagonista um conflito interno que muitas vezes não acompanha a trama, como se fosse mera atribuição burocrática, uma quase obrigação dos roteiristas. Heloísa também não gostou.
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