quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

3047 - DESPEDIDA EM GRANDE ESTILO

   
A amizade, sempre...
 
DESPEDIDA EM GRANDE ESTILO (GOING IN STYLE, USA, 2017) – Não dá para deixar um elenco desses passar batido: Michael Caine, Morgan Freeman e Alan Arkin. Embora a direção e o roteiro não ajudem, o trio esbanja vitalidade e talento, sempre cuidando para não deixar que a caricatura supere a malandragem de três senhores que, sem grana e com todos os problemas inerentes à quilometragem etária, decidem que vão roubar um banco – afinal, na pior das hipóteses, passarão alguns anos na cadeia, com teto, comida e assistência médica. O roteiro exagera no otimismo forçado e no sentimentalismo, mas o “dream team” consegue transformar o que poderia ser ridículo em forma de arte, especialmente nas cenas-solo, como as que mostram a sólida amizade entre eles. O filme é um agradável exemplar de um subgênero que cresce com a faixa demográfica que o protagoniza: o das comédias sobre velhinhos teimosos que resolveram dar a volta por cima e realizar seus sonhos. Freeman já havia feito algo similar com Jack Nicholson, em ANTES DE PARTIR (2007). A celebração de uma amizade tão duradoura é sempre algo que deve ser visto, revisto e incorporado. É uma pena que o personagem de Christopher Lloyd não tenha tido qualquer destaque nesta bela homenagem, sobretudo, à amizade que dura a vida inteira.  

domingo, 18 de fevereiro de 2018

3046 - RUPTURE - SUPERANDO O MEDO

    
RUPTURE - SUPERANDO O MEDO (RUPTURE, Canada/USA – 2016) – O diretor Steven Shainberg dirige este suspense psicológico que tem Naomi Rapace como protagonista, no papel de uma mãe divorciada que é sequestrada por uma organização misteriosa para ser objeto de uma experiência genética. Não chega a ser nada de excepcional, mas funciona como narrativa contida, na qual os segredos vão se revelando aos poucos, embora ao desfecho possa deixar muita gente frustrada. Naomi Rapace, que já enfrentou “aliens” em PROMETEUS, tem uma atuação condizente com o clima de angústia que permeia a história.  

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

3045 - BRIGHT

       BRIGHT (USA, 2017) – A Netflix investiu pesado nesta produção que chega ao serviço de “streaming” sem precisar do aval dos estúdios de Hollywood. Isto, certamente, serviu para que se visse com bons olhos um roteiro com bases pouco originais, mas que agrega elementos fantásticos a uma história que, em princípio, todo mundo já conhece. Então, BRIGHT pode ser definido como uma mistura de MÁQUINA MORTÍFERA com O SENHOR DOS ANÉIS, que o diretor David Ayer (do indesculpável ESQUADRÃO SUICIDA) leva adiante sem medo de errar e com uma saudável ousadia. É numa Los Angeles barra-pesada que o policial Dary Ward (Will Smith) se vê obrigado a trabalhar com Nick Jakoby (Joel Edgerton) o primeiro policial orc do país, uma novidade que encontra resistência em todos os setores. A partir daí, o que se vê é todo mundo em pé de guerra, numa cidade em que latinos, asiáticos, negros, brancos e, evidentemente, seres estranhos que pipocam em várias formas e cores, vão formando um painel de confronto de facções. BRIGHT tem jeito de piloto de série, o que creio ser o desejo dos seus protagonistas e dos produtores, apesar dos clichês dos filmes sobre duplas desajustadas, correria, explosões e diálogos pouco inspirados. Apesar dos pecadilhos, BRIGHT pode agradar  alguns exatamente pela aparente despretensão e pela coragem de revestir um modelo consagrado com uma boa camada de hibridismo exótico. 

3044 - KONG: A ILHA DA CAVEIRA

      
Kong rules!!
KONG – A ILHA DA CAVEIRA (KONG: SKULL ISLAND, USA 2017) – Nesta segunda visita ao filme do diretor Jordan Vogt-Roberts, constato que a excelente premissa da história acaba ficando diluída num segundo ato morno, que nos afasta daquilo que realmente importa: ver Kong em todo o seu esplendor, graças a um esmero técnico raramente encontrado neste tipo de gênero – talvez só superado pelo excepcional SHIN GODZILA, de 2016. Sim, porque filme de monstro (que adoro) bom é filme que mostra o monstro o máximo possível. Assim, A ILHA DA CAVEIRA, frustra um pouco ao não deixar Kong mais tempo em cena. O ótimo elenco – Samuel L. Jackson, Tom Hiddleston (o Loki, irmão de Thor), John C. Reilly e, apesar de mais magro, o grandíssimo John Goodman. A inspiração em APOCALYPSE NOW, do Coppola, é uma ótima sacada, juntamente com os hits musicais dos anos 70. Para os apressadinhos metidos a inteligentes, que se acham espertos por se levantar antes de o filme acabar, atenção: há uma cena reveladora após os créditos finais.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

3043 - CORRA QUE A POLÍCIA VEM AÍ 33 1/3

     
Nielsen e Raquel Welch
CORRA QUE A POLÍCIA VEM AÍ 33 1/3 (POLICE SQUAD 33 1/3, THE FINAL INSULT, USA – 1994) – No cotejo com os dois filmes anteriores da trilogia baseada na série de TV THE NAKED GUN, todos estrelados por Leslie Nielsen, este é o que mais fica devendo. Não chega a ser um insulto, como diz o título, mas as piadas perderam a força do filme original e da série (apenas seis episódios e todos eles imperdíveis!!!). Aqui, Drebin (Nielsen) está às voltas com o tédio da aposentadoria e os conflitos com sua esposa (Priscilla Presley), num roteiro meio irregular, mas que tem alguns bons momentos, como a sequência inicial, emulando cena da escadaria de OS INTOCÁVEIS e do ENCOURAÇADO POTEMKIN (1925). A “playmate” Anne-Nicole Smith está no elenco, assim como o competente Fred Ward e a tantalizante Raquel Welch.

sábado, 10 de fevereiro de 2018

3042 - CORRA QUE A POLÍCIA VEM AÍ - 2 1/2

Nielsen e George Kennedy
    CORRA QUE A POLÍCIA VEM AÍ 2 ½ (THE NAKED GUN 2 ½: THE SMELL OF FEAR, USA – 1991) – Esta segunda edição da trilogia dos irmãos Zucker não é tão boa quanto o filme de estreia. As piadas absurdas, aqui, perderam a força num roteiro mais complexo e, assim, não coadunado com o espírito escrachado advindo da série THE NAKED GUN. Apesar destas dificuldades estruturais, Leslie Nielsen continua engraçado demais como Frank Drebin, dando uma dimensão maior ao “nonsense” das cenas. De fato, é preciso ficar atento ao volume das gags que se acumulam, ao fundo, a cada sequência. Na realidade, este tipo de humor – que é ótimo – não se coaduna com os tempos atuais, em que as pessoas não se dispõem a prestar atenção no que acontece paralelamente ao foco da cena. O WhatsApp não deixa. 

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

3041 - LIGADAS PELO DESEJO

   
Gina e Tilly
 
LIGADAS PELO DESEJO (BOUND, USA – 1996) – Este “noir” com tintas modernas tem como protagonistas Gina Gershon e Jennifer Tilly. De certa forma, o filme tem uma abordagem de “graphic novel”, o que sublinha a história de chantagem e manipulação, até o desfecho inesperado. BOUND é um filme que ficou meio esquecido entre as produções da década de 90 e está bem acima das produções da época. Gershon e Tilly demonstram uma conexão de alta voltagem em suas cenas, e seus personagens estão bem definidos nas suas características complementares: enquanto uma é de natureza bruta, a um passo da revolta, a outra faz uma leitura quase sussurrante do mundo, com um olhar oblíquo, altamente mesmerizante. O destaque dramático vai para Joe Pantoliano que, em 1987, fez uma sequência hilariante em AS AMAZONAS NA LUA. 

3040 - UM LOBISOMEM AMERICANO EM LONDRES

A transformação do licantropo
UM LOBISOMEM AMERICANO EM LONDRES (AN AMERICAN WEREWOLF IN LONDON, USA – 1981) – O filme fez um grande sucesso na época e é um dos trabalhos mais lembrados do diretor John Landis. Ainda hoje, a cena da transformação impressiona, e a história funciona eficientemente, embora haja uma valorização exagerada do filme como objeto cult. Não é para tanto. O humor – talvez involuntário – do roteiro acrescenta uma leveza inesperada a uma história clássica de licantropia que vem sendo explorada desde o clássico com Lon Chaney Jr, em 1941. O filme foi revolucionário em seu lançamento e venceu o Oscar de melhor maquiagem na primeira vez em que a categoria foi incluída na cerimônia realizada pela Academia. E também foi o impulso para a carreira de Rick Baker, especialista em maquiagem e efeitos especiais.