quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

2743 - STAR WARS - O DESPERTAR DA FORÇA

STAR WARS, O DESPERTAR DA FORÇA (STAR WARS, THE FORCE AWAKENS, USA 2015) Objeto de paixão e devoção, o novo STAR WARS espalhou pelo mundo inteiro – e por algumas galáxias também – uma emoção que recompensa o apego e a dedicação que lhe são largamente dedicados. Ao fim da exibição, entende-se por que tanta confiança foi depositada no diretor J.J. Abrams: o filme emociona do princípio ao fim, costurando com habilidade os universos distantes com o atual ,e os personagens da primeira trilogia com a nova geração que fazem seu debut neste episódio VII. Sempre redimensionando as diferenças dramáticas das locações e dos personagens, o filme não se limita a uma passagem para uma galáxia distante, muito tempo atrás – STAR WARS se propõe sobretudo do drama bem mais próximo e familiar da experiência humana, projetando-o numa galáxia devorada por uma guerra civil que nunca termina e que empurra seus personagens para cada um de seus lados, a Primeira Ordem, o Estado fascista que se ergueu a partir dos escombros do Império, ou o lado bom da Força, que a Resistência quer restaurar, e no qual Gabriel e eu estávamos quando, boquiabertos, vislumbramos a primeira cena, na qual as dunas de Jakku revelam sua imensidão verdadeira ao lado das carcaças das naves gigantescas que restaram ali de alguma batalha. Logo em seguida surge Rey, uma jovem solitária que vive de catar e vender sucata espacial, vivida com impressionante força dramática pela inglesa Daisy Ridley. Há, no filme, doses certas de drama, aventura, romance e humor, tudo misturado numa profusão de emoções que fazem o novo STAR WARS ser mais que um ótimo filme para se tornar uma experiência tão prazerosa e eletrizante – de fato não dá para conter as lágrimas em vários momentos. E quem poderia imaginar que seria possível criar um androide mais legal do que o R2D2? Pois bem, o que é difícil mesmo é imaginar algo mais gracioso que o redondinho BB-8, que acompanha a heroína Rey. Claro que há muito mais para falar sobre o filme, mas um adjetivo resume tudo: maravilhoso. Sim, Abrams dá um reboot no roteiro de UMA NOVA ESPERANÇA, o episódio VI, mas de uma forma inesperadamente inteligente e sedutora. Há aspectos a serem melhorados para os episódios VII e IX? Sim, há-os, mas não se pode negar que O DESPERTAR DA FORÇA é magnífico na sua concepção e realização, indo totalmente ao encontro dos anseios de fãs de todos os mundos, pois parece mesmo ser essencial encontrar Luke e ver como Rey vai liderar os esforços para um universo melhor, e acordo com os ganchos que no roteiro deixa para as próximas continuações. Esta é uma história que ainda vai longe, muito longe.

2742 - REI ARTHUR

REI ARTHUR (KING ARTHUR, USA, UK, 2004) O filme conta uma história fictícia baseada em dados arqueológicos de que a lenda do Rei Arthur teria se originado em uma pessoa real, um comandante romano de nome Artur. Mistura as evidências históricas com elementos das lendas arturianas. O excelente Colin Owen faz o personagem-título, e Ioan Gruffudd, da ótima série FOREVER, é Lancelot. Keira Knightley faz uma Guinevere guerreira e está linda, como sempre. 
 

2741 - ALEXANDRE E O DIA TERRÍVEL...

ALEXANDRE E O DIA TERRÍVEL, HORRÍVEL. ESPANTOSO E HORROROSO (USA, 2014) – Comédia com Steve Carell e Jennifer Garner, sem grandes momentos para registrar. O título quilométrico já dá uma dica do que pode ser um roteiro meio nonsense, com aquelas histórias que giram em torno de famílias disfuncionais, coisa que o cinema americano médio adora.

2740 - JESUS CRISTO, EU ESTOU AQUI

JESUS CRISTO, EU ESTOU AQUI (BRASIL, 1970) – O que há de notável aqui é a música de Roberto Carlos num filme ruim, com Zé Trindade e Costinha, e com locações em Friburgo. O roteiro é baseado na peça de teatro "Zefa entre os homens" de Henrique Pongetti. As filmagens foram em Magé e Nova Friburgo, apesar de a história trazer temas típicos da Região Nordeste do Brasil, como a seca, a religiosidade popular e a política dos coronéis.

2739 - REFÚGIO DO MEDO

REFÚGIO DO MEDO (USA, 2014) – Versão de A Mansão da Loucura (1973), com um bom elenco: Kate Beckinsale, Ben Kingsley e Michael Caine. Evidentemente que a atração maior é a presença de Kate, linda como sempre. Não há muita ação, mas o ritmo lento ajuda a construir o suspense eficiente do roteiro. Baseado num conto de Edgard Allan Poe.

domingo, 27 de dezembro de 2015

2738 - MEIA HORA E AS MANCHETES QUE VIRAM MANCHETE

MEIA HORA E AS MANCHETES QUE VIRAM MANCHETE (BRASIL, 2014) – Documentário sobre a criação do jornal Meia Hora, resposta de O Dia à entrada do Extra no mercado jornalístico, no fim dos anos 90. O que é mais curioso de ver é forma como seus editores procuram justificar suas linhas editoriais, sempre calcadas no sensacionalismo sangrento e na total indiferença ao que pode ser ético na veiculação da informação para um público menos elitizado. Esse aspecto é amenizado com os depoimentos de Muniz Sodré, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Sylvia Debossan Moretzsohn, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF). Sylvia destaca o aspecto do sensacionalismo no estilo “sangue-sexo-futebol” (semelhante ao “pão e circo” da antiga Roma) que gera manchetes ditas preconceituosas, machistas e homofóbicas. Já Muniz destaca o jornal como diversão e entretenimento visto que é, segundo suas palavras, um “meio-jornal” (devido ao formato tabloide) com as notícias de sangue que faz o gosto dos leitores. Muniz, como sempre, faz uma exposição brilhante.

2737 - GENTE COMO A GENTE

GENTE COMO A GENTE (ORDINARY PEOPLE, USA 1980) – Robert Redford, na sua estreia como diretor, ganhou o Oscar com este drama familiar estrelado por Mary Tyler Moore, Donald Sutherland e Timothy Hutton. Minha maior curiosidade era ver MTM neste papel pesado, depois de ela ter tido seu ápice na TV, com a série que levava seu nome. E ela realmente surpreende, com uma atuação contida e perfeita, como a mãe em eterno luto pela morte de seu primogênito, ao mesmo tempo que rejeita o filho mais novo (Hutton). Donald Sutherland também brilha como o vértice sofridamente mais silencioso e mostra que é um ator excepcional. Hutton, também no seu debut, ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, com toda justiça. É um filme sem leveza, mas realizado com talento de sobra, da direção ao elenco.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

2736 - A TEORIA DE TUDO

A TEORIA DE TUDO (THE THEORY OF EVERYTHING, ENGLAND 2014) – Torci muito para que Michael Keaton ganhasse o Oscar de Melhor Ator este ano, mas devo dizer que, de fato, a atuação de Eddie Redmayne como Stephen Hawking excedeu todas as expectativas e, realmente, ele mereceu o Oscar. Interpretar uma personalidade cujo brilhantismo excede qualquer parâmetro é mais que um desafio dramático para um ator – a inteligência, no seu estado simples e puro, não é algo que se possa emular, sem correr o risco de cair em estereótipos de fácil absorção. Há uma cena em que Redmayne mostra que é realmente um grande ator e que entendeu a natureza particular de seu personagem: o brilho no seu olhar, quando ele chega ao título de seu livro – Uma Breve História do Tempo – diz mais sobre a agudeza e profundidade de Hawking que qualquer outra sequência do longa que consagra tanto Redmayne quanto Felicity Jones, que faz Jane, sua esposa por 26 anos, cuja dedicação dá ao amor o sentido sempiterno que talvez Hawking tenha tentado alcançar no universo físico.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

2735 - OS MERCENÁRIOS 3

OS MERCENÁRIOS 3 (THE EXPENDABLES 3, USA 2014) – Arrisquei dar uma olhada neste filme por causa da presença de astros importantes do cinema, como Harrison Ford, Mel Gibson, Kelsey Grammer e Antonio Banderas. O que estes atores renomados estariam fazendo numa história de tiros e pancadaria, bem ao estilo dos outros do elenco, Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger e Jason Statham? Não consegui descobri. O filme é ruim, até mesmo no que poderia ter de melhor: as cenas de ação. No entanto, a presença de Ronda Rousey acaba sendo a melhor desculpa para perder duas horas de vida diante da TV.

2734 - UMA NOITE NO MUSEU 3

UMA NOITE NO MUSEU 3: O SEGREDO DA TUMBA (NIGHT AT THE MUSEUM: SECRET OF THE TUMB, USA 2014) – Apesar de gostar muito de Ben Stiller, a série nunca foi das minhas favoritas. Acho a linha narrativa chata, repetitiva e, o que é fatal numa comédia, sem graça. O filme tem sua importância por ser a última aparição de Robin Williams e de Mickey Rooney. Os efeitos são razoáveis, mas acabam saturando a história.

2733 - UM RETRATO DE MULHER

UM RETRATO DE MULHER (THE WOMAN IN THE WINDOW, USA 1944) – O diretor Fritz Lang colocou Edward G. Robinson como um professor que se encanta pelo retrato de uma mulher, numa vitrine. Ao conhecê-la, ela vai se enredando numa trama que envolve assassinato e chantagem, conforme o cânon dos filmes noir. O ritmo é intenso, e a atuação contida de Robinson ajuda manter o interesse até o desfecho meio desconexo com o restante da história.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

2732 - O QUE É ISSO, COMPANHEIRO?

O QUE É ISSO, COMPANHEIRO? (BRASIL, 1997) – Depois de tanto tempo, é curioso ver atores que se consagraram na comédia fazendo um drama político – o filme é sobre o sequestro do embaixador dos EUA, em plena ditadura militar – como: Luiz Fernando Guimarães, Fernanda Torres e Pedro Cardoso. Também não lembrava de Lulu Santos fazendo um sargento do exército. Alan Arkin faz o papel de Charles Elbrick. A reconstituição de época é razoável, embora a modernidade dos anos 90 apareça aqui e ali, quando se tem uma panorâmica do Rio de Janeiro. O filme de Bruno Barreto trata de um importante episódio da história brasileira, com honestidade e acurácia.  

2731 - A ESTRADA

ESTRADA (THE ROAD, 2009) – Mais uma vez, um futuro distópico, a Terra semidestruída, salteadores atrás do que ainda sobrou depois de uma provável hecatombe. Mas, no elenco, tinha Charlize Theron, e isso vale uma olhada. Na realidade, eu já tinha começado a assistir ao filme há algum tempo, mas, por algum motivo, não fui em frente. Desta vez, valeu a pena. Apesar de um roteiro nada original, a história de Viggo Mortensen e de seu filho vagando num lugar árido, tendo como sonho chegar ao mar, é mesmo muito emocionante. O desfecho faz chorar, vou logo avisando. Charlize aparece pouco, o que é lamentável, mas açula as nossas esperanças, caso o mundo esteja em vias de acabar.  


2730 - ANTES DE DORMIR

ANTES DE DORMIR (BEFORE I GO TO SLEEP, USA 2014) O que me chamou a atenção para este filme é a presença de Colin Firth, bem colocado na minha lista de favoritos. Já de Nicole Kidman eu não posso dizer o mesmo. Ela é fraca como atriz e, agora, colocou Botox nos lábios, o que lhe deu um certo ar de Barbosa, da anciã TV Pirata. Ela faz o papel de uma mulher que sofreu um acidente e perde a memória todos os dias, logo após acordar (premissa de COMO SE FOSSE A PRIMEIRA VEZ, de 2004). O roteiro trilha um caminho bem óbvio: se ela não se lembra de nada, quem é o mocinho e quem é o vilão desta história. Colin Firth tem um personagem apagado e inane - devia estar precisando de um troco quando aceitou trabalhar nesta furada. Tudo muito chato e até previsível. Se possível, durma ao invés de assistir.  

2729 - RATATOUILLE

RATATOUILLE (USA, 2007) – Paris. Remy (Patton Oswalt) é um rato que sonha se tornar um grande chef. Só que sua família é contra a ideia, além do fato de que, por ser um rato, ele sempre é expulso das cozinhas que visita. Um dia, enquanto estava nos esgotos, ele fica bem em baixo do famoso restaurante de seu herói culinário, Auguste Gusteau (Brad Garrett). Ele decide visitar a cozinha do lugar e lá conhece Linguini (Lou Romano), um atrapalhado ajudante que não sabe cozinhar e precisa manter o emprego a qualquer custo. Remy e Linguini realizam uma parceria, em que Remy fica escondido sob o chapéu de Linguini e indica o que ele deve fazer ao cozinhar. O filme é tão saboroso quanto os pratos que Remy ensina a Linguini. Vale cada garfada.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

2728 - NOCAUTE

NOCAUTE (SOUTHPAW, USA 2015) – Jake Gyllenhaal é Billy Hope, boxeador da categoria meio-pesado que, emocionalmente, nunca superou a infância e a juventude passadas num orfanato. Billy é um campeão, milionário, mas, por dentro, continua órfão, inseguro e infantilizado. Sua única paz está no amor de sua mulher (Rachel McAdams, linda, como sempre) e de sua filha. A partir deste cenário, o diretor Antoine Fuqua constrói aquilo que vai ser o momento de declínio do protagonista, a partir de uma resposta passional a uma ofensa de um rival latino arrogante (sim, o estereótipo também é arrogante). É sempre uma tarefa difícil fugir da metáfora do boxe como conflito entre a agressividade e a obstinação, entre o sentimento de inferioridade e a afirmação pessoal – muitos filmes do gênero já se dedicaram a esmiuçar este universo que, não raro, inspira uma imediata simpatia com o protagonista – é só lembrar de TOURO INDOMÁVEL, O CAMPEÃO e MENINA DE OURO. De qualquer forma, é impressionante a maneira como Gyllenhaal, tanto física quanto psicológica, expressa a fúria e o medo do personagem. O filme, em todo o seu esplendor, é unicamente dele, pois a direção dura de Fuqua é pesada e sem as nuances necessárias para emoldurar a grande atuação do seu ator principal.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

2727 - O JUIZ

O JUIZ (THE JUDGE, USA 2014) – Este grande filme reúne dois fundamentos hollywoodianos reconhecíveis em todo mundo: a trama de tribunal e o resgate das relações de pais e filhos. Feito para ser veículo de um astro que está em grande fase – Robert Downey Jr., atualmente o ator mais bem pago do cinema americano – ele não decepciona como Hank Palmer, um advogado-vedete de Chicago que, com a morte da mãe, vai à sua cidade natal para se reencontrar com o pai (Robert Duvall, excepcional), com quem nunca se deu bem. Neste trajeto, ele reencontra um antigo amor (Vera Farmiga, linda, como sempre) e tem que defender, no tribunal, o pai, agora acusado de ter matado um marginal. O filme é muito emocionante e, claro, tem em Robert Downey Jr e em Duvall seu grande destaque, principalmente quando contracenam. Em alguns momentos o Tony Stark se sobressai na atuação de Downey Jr., mas isso em nada desmerece o seu trabalho.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

2726 - LIVRE

LIVRE (WILD, USA 2014) – Com a dissolução do seu casamento e com a morte prematura da mãe, Cheryl Strayed (Reese Witherspoon) perdeu toda a esperança na vida e em si mesma. A fim de se encontrar consigo mesma, ela decide fazer, sozinha, uma trilha de mais de mil milhas, da Califórnia ao estado de Washington. Ao longo de quatro anos de desintegração e luto caótico, Cheryl largou os estudos, viciou-se em heroína, transou com qualquer um em qualquer lugar, destruiu sistematicamente seu bom casamento, até que, atônita com o ponto a que chegara, decidiu que iria sair andando e que não pararia até se transformar na mulher que sua mãe acreditava que ela fosse. A metáfora do filme é o reaprendizado do essencial: como manter-se viva e inteira pelos próprios meios. Claro que o destaque é mesmo Reese Witherspoon, que já tinha a minha admiração desde o primoroso JOHNNY & JUNE. Um grande filme e uma excelente atriz.  

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

2725 - O PLANO PERFEITO

O PLANO PERFEITO (INSIDE MAN, USA 2006) – Spike Lee dá uma aula de como se deve fazer um filme eletrizante, desde os créditos iniciais, logo depois de um monólogo arrasador de Clive Owen (veja e ouça aí embaixo), e com uma trilha sonora simplesmente espetacular. Além do já citado – e nunca suficientemente incensado Owen – há também Denzel Washington e Chiwetel Ejiofor, dois dos melhores atores do cinema atual. O plano perfeito consiste num roubo a banco, durante cujo processo Owen passa praticamente o tempo todo com uma máscara, só atuando com o olhar. Coisa de gênio! Com domínio total do ofício de cineasta, Spike Lee faz maravilhas com movimentos de câmera totalmente inusitados e diálogos permeados de sutil causticidade e amplo bom humor. Um dos melhores de todos os tempos.

 

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

2724 - NO LIMITE

NO LIMITE (THE EDGE, USA 1997) – O que mais chama a atenção nesse filme é a presença do grandíssimo Anthony Hopkins, além da belíssima fotografia das montanhas rochosas do Canadá. Hopkins é Charles Morse, um milionário que acaba se perdendo numa floresta inóspita, e sob a constante ameaça de um urso, com um fotógrafo (Alec Baldwin, bem canastrão), supostamente amante da mulher de Morse (Elle MacPherson). As ações na floresta são risíveis, e nem mesmo um grande ator como Hopkins consegue salvar o filme, até porque não há qualquer laivo de dramaticidade artística no roteiro.