quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

219 - MAIS ESTRANHO QUE A FICÇÃO


mais estranho que a ficção (stranger than fiction, usa 2006) – Will Ferrell (16 de julho de 1967) de novo. Ainda não consegui achá-lo o grande ator de que tanto falam. Em 1995, na sua primeira temporada do Saturday Night Live, Ferrell foi votado pelo público como o pior comediante na história do programa. Continuo achando que eles estavam certos e ainda espero uma grande atuação para me convencer. Mesmo assim, ele não compromete – muito – essa história interessante, na qual ele interpreta Harold Crick, um desenxabido fiscal da Receita que vive metodicamente controlado por números (até a quantidade de escovadas de dentes é repetida diariamente). De uma hora para outra, começa a ouvir uma voz dentro de sua cabeça – uma voz de mulher, que narra cada um dos seus gestos minuciosamente. Auxiliado por um professor de literatura (Dustin Hoffman), Harold descobre que passou a ser personagem de um romance escrito por Kay Eiffel (Emma Thompson, bastante envelhecida) e que a autora vai matá-lo. A voz que ouve é dela. A partir daí, ele tenta convencê-la a mudar o desfecho. A mensagem mais aparente é que precisamos valorizar mesmo as pessoas que aparentemente são insignificantes, o que, em si, é uma atitude nobre em dias tão áridos como os de hoje. Também entra a questão, sempre interessante, de sermos os verdadeiros autores de nossas vidas ou não. Além disso, gostei da abordagem do personagem de Hoffman, que começa querendo saber se a história em que Harold está é uma comédia ou uma tragédia, nos remetendo à genial sacada de Woody Allen em Melinda, Melinda. Maggie Gyllenhaal é o contraponto romântico de Harold, iluminando para nós, que vemos o filme, o lado mais humano de um personagem supostamente tão sem graça quanto seu intérprete.