578 - MORTE POR ENCOMENDA

morte por encomenda (red rock west, usa 1992) – de John Dahl. Nicolas Cage vai procurar emprego numa cidade do Wyoming e acaba sendo confundido com um pistoleiro contratado para matar a mulher de um figurão da cidade. Ele então tira proveito da confusão e foge com o dinheiro que pagaria o assassinato, levando ainda, de contrapeso, a esposa que seria seu alvo. Bom thriller, com pinceladas de romance noir e um elenco onde brilham, além de Cage, Dennis Hopper.

577 - ASSALTO SOBRE TRILHOS

Assalto sobre trilhos (money train, usa 1995) – de Joseph Ruben, que dirigiu Dormindo com o Inimigo (1991). Um dos primeiro filmes de Jennifer Lopez, antes mesmo de Selena (1997). Ela está linda como nunca, já fazendo o papel de uma policial, como em Angel Eyes (2001). Ela acaba despertando o interesse de dois policiais (Wesley Snipes e Woody Harrelson) com quem vai trabalhar para tentar evitar o roubo do trem coletor do metrô de Nova York. Robert Blake, o Baretta, é o chefe do sistema dos trens e perseguidor de Snipes e Harrelson. O filme vai bem até que Harrelson resolve seqüestrar o tal trem pagador, causando um tumulto danado e sem propósito. Nada explica o porquê dos mocinhos passarem para o outro lado. Só para bater de frente com o personagem de Blake? Não faz sentido.

576 - O CHACAL

o chacal (the jackal, usa 1997) – de Michael Caton-Jones. Um prisioneiro irlandês (Richard Gere) é solto para ajudar na captura de um brutal assassino “sem rosto” (Bruce Willis). Ao contrário do Santo de Kilmer, no filme acima, Bruce Willis faz uma caracterização perfeita aqui, ao assumir várias identidades falsas para realizar seus crimes. Gere está muito bem como o ex-guerrilheiro do IRA, agora a serviço do governo americano e comandado pelo magnífico Sidney Potier. Jack Black, de Escola de Rock, está no elenco, repetindo os trejeitos de outros filmes. Belas tomadas de Washington.

575 - O SANTO

o santo (the saint, usa 1997) – de Philip Noyce. Val Kilmer é Simon Templar, um ladrão internacional que acaba se apaixonando por uma bela cientista (Elisabeth Shue, bela mesmo e dona de um dos sorrisos mais bonitos do cinema), autora de uma teoria de fusão a frio. Refilmagem da série com o mesmo nome, de 1962 a 1969, na qual brilhou o até então desconhecido Roger Moore. A trama se passa em Moscou e em Londres e fica meio confusa na parte final. A grande atração, que seria a troca incessante de disfarces de Kilmer, não funciona direito. O resultado é tosco, sem impacto algum. Kilmer tem um estilo cool de representar, mas não funcionou aqui: ficou sem expressão, embora prejudicado pela péssima dublagem.

574 - OS SONHADORES

os sonhadores (the dreamers, frança 2003) – de Bernardo Bertolucci. Interessante viagem à juventude do diretor, mais precisamente a revolta estudantil de maio de 68 em Paris, marcando sobretudo a perda da inocência da geração cinéfila que queria mudar o mundo. Três jovens, Matthew (Michael Pitt) Theo (Louis Garret) e a belíssima Isabelle (Eva Green) se encontram durante os tumultos de maio em Paris. Theo e Isabelle parecem viver numa redoma, num mundo meio autista, para o qual convidam Matthew, com quem dividem ritos de iniciação e jogos de trívia cinematográfica, no amplo apartamento dos pais dos gêmeos. Enquanto no lado de fora o maio de 1968 está incendiando a cidade – uma rebelião deflagrada justamente com a demissão pelo governo de Henri Langlois, o diretor da Cinemateca Francesa, espécie de Meca para os cinéfilos da época. Bertolucci desfere mais um de seus ataques frontais contra a alienação, e golpeia também a mitologia da libertação que cerca aquela célebre primavera em Paris. Os extras do DVD são muito bons, mostrando o making of e um documentário da época.

573 - BEIJOS QUE MATAM

beijos que matam (kiss the girls, 1997) – Gary Fleder. Detetive (Morgan Freeman) procura um colecionador de mulheres que as mantêm num cativeiro numa floresta. Sua única esperança é uma mulher que conseguiu escapar (Ashley Judd). Freeman está maravilhoso como sempre. Que ator sensacional! Ashley Judd enfeita a tela com seu belo rosto, mas mostra que também sabe atuar. O papel principal masculino havia sido oferecido a Denzel Washington, mas como ele não pôde fazer, Freeman passou a fazer parte do projeto. Thriller envolvente, com bela fotografia e o grande Morgan Freeman regendo tudo isso.

572 - ESCORPIÃO REI

escorpião rei (the scorpion king, usa 2002) – de Chuck Russel. Conan para menores. Imensa bobagem bem produzida que acaba sendo um bom passatempo se você estiver num dia zen. A ótima fotografia ajuda a história nada original de um guerreiro fortão Mathayus (The Rock, ou Dwayne Douglas Johnson, que alcançou fama ao ganhar campeonatos de queda de braço) que ajuda uma feiticeira com traços orientais a ajudar seu povo oprimido por um vilão. Qualquer semelhança com Conan, O Bárbaro, filme que projetou Schwarzenegger ao estrelato, não é mera coincidência. Concebido para ser a terceira parte da série A Múmia, estrelada por Brendan Fraiser, Escorpião Rei não tem nada a ver com os dois primeiros filmes.

571 - LEMBRANÇAS ETERNAS

lembranças eternas (great expectations, usa 1998) – de Afonso Cuarón. Ethan Hawke é um pintor que, depois de famoso, vai a Nova York procurar o grande amor de sua vida (Gwyneth Paltrow), que ele não vê desde criança. Filme charmoso que segue a linha romântica dos grandes resgates amorosos. O elenco é grandioso. Logo no início, vemos Robert De Niro fazendo um prisioneiro em fuga e Anne Bancroft arrasando como uma mulher sofisticada mostrando sinais de demência. E ainda tem o excelente Chris Cooper, de Beleza Americana, como o tio do Ethan ainda criança. Gwyneth está deslumbrante, especialmente quando posa nua para Ethan.

570 - MORTO AO CHEGAR

morto ao chegar (Dead On Arrival, usa 1988) – de Rocky Morton. Dennis Quaid é um professor de inglês que se vê envolvido por várias mortes ao descobrir que foi envenenado. Tem, então, 24 horas para descobrir quem quer vê-lo morto. É um thriller razoável, mas meio confuso quando se está prestes a deslindar o mistério. Quaid está péssimo como sempre e Meg Ryan, que o ajuda a procurar pelo assassino, está a mesma Meg Ryan de todos os filmes: sem graça e com aquele ar apalermado com que pontuou toda a sua pífia carreira. O elenco ainda conta com Daniel Stern que, evidentemente, é logo identificado por quem conhece cinema como o assassino, pois seu papel é, a princípio, menor, sem importância. Como ele é um ator conhecido, fica claro que deverá ter alguma surpresa no final. A mesma coisa aconteceu com Dívida de Sangue, de Clint, com a escalação de Jeff Daniels. O filme acaba ficando meio chato no seu terço final.

569 - ESTRADA ALUCINANTE

estrada alucinante (black dog, usa 1998) – de Kevin Hooks. Carga Pesada: Patrick Swayze é um ex-criminoso na condicional que aceita o frete num caminhão sem saber que transportaria armas para criminosos. Boas seqüências de perseguição, mas a história é pouco original, baseando-se só no carisma de Swayze. Seu personagem, previsivelmente, tem a esposa e a filha feitas reféns para que complete a viagem. Muitas explosões, mas pouca criatividade. No elenco, o gente boa Stephen Tobolowsky, que fez Bossa Nova, de Bruno Barreto e que foi o guru de Kramer num episódio hilariante de Seinfeld.

568- REDENTOR

redentor (brasil, 2003) – de Cláudio Torres. Apesar de toda a mídia a favor, não gostei do filme. Pedro Cardoso, excelente como sempre, é um repórter que quer se vingar do amigo de infância (Miguel Fallabela), hoje dono de uma grande construtora, que não entregou o apartamento comprado por seu pai com dificuldade. Então, recebe a incumbência de Deus de regenerar o ex-amigo ambicioso. A produção da Conspiração Filmes é luxuosa e caprichada, com excelente fotografia, mas a história se torna meio confusa a partir da metade do filme e, então, a coisa não funciona. O que funciona é a enebriante presença de Camila Pitanga, suave e linda como nunca. Houve uma intenção de fazer um filme com cores épicas e uma abordagem bíblica, configurando, assim, uma fábula urbana, mas com elementos medievais. O tema é a distância entre pobres e ricos no Brasil e a falta de justiça que permeia a relação destes extremos.

567 - LENDAS DA PAIXÃO

lendas da paixão (legends of the fall, usa 1994) – de Edward Zwick. Novela das oito. Épico sobre três irmãos e seu pai vivendo numa região remota dos Estados Unidos no início do século e de como suas vidas são influenciadas pela natureza, pela guerra e pelo amor. O título em inglês se refere à passagem bíblica da inocência para um mundo selvagem e árido. Bem, se mulher de amigo meu é homem, o mesmo não se poderia dizer da mulher do irmão. Pois , o irmão mais novo, Samuel (Henry Thomas, o menininho de E.T.) chega ao rancho com a mulher que vai desassossegar a família inteira, Suzana (a linda Julia Ormond, 4 de janeiro de 1965). Ela logo fica atraída por Tristam (Brad Pitt). Seu irmão Alfred (Aidan Quinn) também fica fascinado por ela, mas Suzana e Tristam assumem o romance depois que Samuel morre na guerra. Tristam se sente culpado pela morte do irmão mais novo e, em crise, se afasta de Suzana, viajando como aventureiro pelo mundo. Suzana casa então com Alfred, agora um político e comerciante de sucesso. Bem, nesta altura, tudo vira uma verdadeira novela, com todos os dramas e desencontros possíveis. O grandíssimo Anthony Hopkins faz o pai dos rapazes e, mais uma vez, tem atuação primorosa, principalmente quando, depois de ter um derrame, recebe Tristam de volta, numa cena emocionante. A fotografia é maravilhosa. Pitt faz bem o papel de homem com espírito livre e selvagem, que não se sujeita às regras da sociedade, enquanto o Alfred de Quinn faz o contraponto, se apresentando como personagem certinho, respeitador das leis e correspondente às expectativas de todos. Numa boa cena, Alfred diz a Tristam: “Ao contrário de você, sempre respeitei as leis. No entanto, ninguém foi mais amado do que você pelas pessoas mais importantes de minha vida: Alfred, nosso pai e até minha esposa”. Grande filme. Julia Ormond tem um dos sorrisos mais lindos do cinema. Curiosamente, ela fez três filmes quase seguidos em que é disputada por dois homens: Sabrina (disputada por Harrison Ford e Greg Kinnear), Lancelot (disputada por Sean Connery e Richard Gere) e Lendas da Paixão (disputada por Brad Pitt e Aidan Quinn). Não há como tirar a razão dos rapazes.

566 - EPIDEMIA

epidemia (outbreak, usa 1995) – de Wolfgang Petersen. Dengue sofisticada. Como não gostar de um filme com Dustin Hoffman, Morgan Freeman, Donald Sutherland e Kevin Spacey? Além do mais, o filme sobre misteriosa arma biológica usada pelo exército americano prende a atenção e, em tempos de epidemia e atentados, assusta mesmo. Hoffman é um coronel, chefe de uma equipe médica, que tenta salvar uma cidade contaminada por um vírus trazido por um macaco, o Motaba, variação do Ebola. René Russo faz a esposa de Hoffman e até que está especialmente bonita neste filme, sem aquele jeito meio masculinizado de outros personagens. Donald Sutherland está excelente como o general que quer esconder a responsabilidade do exército na criação do vírus. E Morgan Freeman? Bem Morgan Freeman, mesmo num papel pequeno, arrasa! E Dustin Hoffman? Só poder vê-lo em cena é um privilégio, uma emoção que não se esquece.

565 - NOVE MESES

nove meses (nine months, usa 1995) – de Chris Columbus, especialista em bobagens como Esqueceram de Mim (1990). Esse aqui é a quintessência da trivialidade elevada ao mais alto grau de idiotice. Hugh Grant – de quem gosto como ator – repete o mesmo papel apalermado de sempre, só que numa história fraca e enjoada. Esta entrada em Hollywood se deveu ao sucesso de Quatro Casamentos, mas não funcionou. Depois de descobrir que a namorada (a excelente Julianne Moore, também desperdiçada) está grávida, Samuel (Grant, 09 de setembro de 1960) entra em parafuso e não sabe mais o que fazer da vida, já que a paternidade nunca esteve em seus planos. Desperdício da já mencionada Julianne, do próprio Grant, Robin Williams e Jeff Goldblum, este perfeito no papel de um solteirão emperdenido. Ainda tem a Joan Cusak, que ganha fácil o prêmio de atriz mais feia do cinema americano. Para esquecer.

564 - CARANDIRU

carandiru (brasil, 2003) – de Hector Babenco. O clima sufocante do presídio é retratado na tela com perfeição. Tanto que, a certa altura, dá vontade de desligar e não ver mais aquela sucessão de tragédias que vai levar ao consabido banho de sangue no final. Os personagens são bem construídos e as atuações convincentes, principalmente a de Rodrigo Santoro, como o travesti Lady Di, e o malandro casado com duas mulheres, vivido por Ailton Graça. Luiz Carlos Vasconcelos é o alter-ego do dr. Dráuzio e também se destaca como fio condutor das histórias que se enredam sob o signo da violência, do sofrimento e da solidariedade. Pesado e deprimente.

563 - SWIMMING POOL, À BEIRA DA PISCINA

swimming pool, à beira da piscina (swimming pool, UK 2003) – de François Ozon. Uma escritora de meia-idade, Sarah Morton (Charlotte Rampling, 5 de fevereiro de 1945) vai passar um tempo na casa de veraneio de seu editor no sul da França, onde começa a trabalhar num novo romance. Mas ela não contava com a chegada repentina chegada de Julie (Ludivine Sagnier), de 16 anos, a belíssima e pouco convencional filha do editor. Depois de um início cheio de turbulências e ambigüidades, as duas começam a desenvolver uma intensa e inesperada amizade. O que mais me chamou a atenção foi a abordagem do processo literário da escritora, que se propõe a se isolar num lugar calmo para produzir um romance e acaba buscando na realidade os elementos para o livro que quer escrever. Atmosfera erótica permanente, em função da bela Ludivine, que faz um personagem sem barreiras morais.

562 - A DAMA DO LOTAÇÃO

a dama do lotação (brasil,1978) – de Neville d’Almeida. Aqui temos toda a exuberância de Sônia Braga, no auge de seu sucesso como símbolo sexual. Sem conseguir ter prazer com o marido (Nuno Leal Maia), Solange (Sônia Braga) faz incursões diárias, quando se entrega a vários homens que conhece nos ônibus. A música tema “Pecado Original”, na voz de Caetano, ajudou a tornar o filme um dos mais significativos desta safra de adaptações das peças de Nelson Rodrigues, que também assina o roteiro. Revistas hoje, as atuações deixam muito a desejar. Principalmente Sonia Braga, que exagera nas caras e bocas sem convencer, à exceção da cena com Roberto Bonfim, na cachoeira. Boa fotografia e excelente chance de ver como o Rio era no final da década de 70.

561 - A ÚLTIMA AMEAÇA

a última ameaça (broken arrow, usa 1996) – de John Woo. Bando de terroristas chefiados por um ex-oficial da força aérea (John Travolta) rouba bombas nucleares, mas não contavam com a interferência de um piloto (Christina Slater) e de uma guarda florestal (Samantha Mathis). O título em inglês tem a ver com o possível fato de uma ogiva nuclear ser acidentalmente danificada. A ação se passa quase que totalmente no deserto de Utah,o que engessa um pouco o ritmo da história, já em si muito previsível e sem brilho, mesmo com a presença magnética de Travolta, que já tinha feito, dois anos antes, o excelente Pulp Fiction. Filme totalmente descartável.

560 - AEROPORTO 1997

aeroporto 1997 (airport 1977, usa 1977) – de Jerry Jameson. Um dos clássicos filmes-catástrofe que caracterizaram a produção cinematográfica americana na década de 70, com um elenco estelar, paupérrima produção e roteiro pífio. Parece incrível, mas esta fórmula funcionou satisfatoriamente, promovendo sucessos como Inferno na Torre, O Destino de Poseidon e os Aeroportos anteriores. Ao invés de Charlton Heston, temos aqui Jack Lemmon como o piloto herói do 747 que, depois de ter sido seqüestrado por ladrões de obras de arte (!), bate com a asa numa plataforma de petróleo (!!) e acaba caindo no mar e afundando intacto (!!!) com todos os passageiros. O avião é recuperado depois que mergulhadores amarram balões de ar à fuselagem (!!!!) para que ele flutue e os passageiros sejam resgatados. Mas quem se preocupa com qualquer verossimilhança nesta altura do campeonato? Mas vale ver James Stewart mesmo num papel secundário, como o dono da companhia aérea do avião seqüestrado. George Kennedy volta como Joe Patroni, personagem obrigatório em todos os filmes da série. Completam o elenco famoso Brenda Vaccaro, Joseph Cotten, Christopher Lee, Olivia de Havilland e Kathleen Quilan.

559 - FRANKENSTEIN, DE MARY SHELLEY

frankenstein de mary shelley (mary shelley’s frankenstein, usa 1994) – de Kenneth Branagh. Visualmente caprichado, mas com um tom meio teatral demais. Até hoje não sei se a escolha de Robert de Niro foi adequada para viver a criatura que deu fama a Boris Karloff na década de 30. Acabou sendo uma criatura dotada de inteligência e chagada a arroubos filosóficos, como mostrou em várias cenas em que divaga sobre a sua condição. Helena Bonhan Carter, com sua carinha de boneca, faz Elizabeth, noiva de Victor Frankenstein (Branagh) e mulher na vida real de Branagh na época. O desaparecido Tom Hulce, que brilhou em Amadeus fazendo o próprio Mozart, volta aqui como ajudante de Victor na sua obsessão de criar vida com as próprias mãos. John Cleese, do Monthy Python, faz o cientista que vê em Victor o talento e obstinação suficientes para levar a cabo suas experiências. Não um grande filme, mas tem o mérito de não se basear totalmente no clássico de Karloff.

558 - SABRINA

sabrina (sabrina, usa 1995) – de Sydney Pollack. Refilmagem do clássico de 1954, com Humphrey Bogart e Audrey Hepburn. Desta vez, Sabrina é Julia Ormond, mais linda do que nunca, apaixonada por Greg Kinnear, mas que descobre o verdadeiro amor com o irmão mais velho dele, Lynnus (Harrison Ford). As locações são em Long Island e em Manhattan. Julia, filha do motorista da família, está inesquecivelmente bela, de cabelo curto e sorriso doce. Paul Giamatti aparece fazendo um papel quase imperceptível. Ainda: Angie Dickinson, Richard Crenna e Fanny Ardant. Harrison está contido, como sempre aliás, no papel do irmão mais velho que descobre inesperadamente o amor pela mulher deslumbrante oriunda de Paris, onde ela se descobriu como mulher, conforme uma de suas falas. Claro que isso me remete ao maravilhoso Antes do Pôr-do-Sol e às ruas mágicas da capital francesa, cenário do reencontro de Jesse e Celine. Acho que sempre que vir Paris, vou lembrar de Celine parada na livraria, de jeans e blusa preta.

557 - TODA DONZELA TEM UM PAI QUE É UMA FERA

toda donzela tem um pai que é uma fera, brasil 1996 – de Roberto Farias. Adaptação de uma peça de teatro, com Reginaldo Farias e John Herbert fazendo dois playboys da zona sul carioca, morando, evidentemente, em Copacabana, o bairro mais badalado do país na década de 60. o argumento é o temor do casamento que os dois têm, e que se acentua quando a namorada de Reginaldo é obrigada a se esconder no apartamento de Herbert porque o pai dela, um general (Walter Forster), a está procurando. Ao descobri-la, ele a obriga a casar com Herbert, apesar de ela gostar mesmo de Reginaldo. Estes filmes em preto e branco desta época são uma delícia. Ver o Rio de Janeiro ainda quase um balneário caipira, sobrevivendo em plena ditadura militar, é um prazer sem par. Imagine a avenida Atlântica só de mão única, com fusquinhas e Aero-Willis passando para lá e para cá. O cenário principal, além da praia, é um apartamento espaçoso, com vista para o mar. Tudo bem maravilhosamente tosco, como convinha à estética da época.

556 - CROCODILO DUNDEE EM HOLLYWOOD

crocodilo dundee em hollywood (crocodilo dundee in los angeles, usa 2001) – de Simon Wincer. Paul Hogan faz sua terceira incursão como Mike Dundee, exótico caçador de crocodilos australiano que resolve ir a Los Angeles com a mulher (Linda Kozlowski, um pouco deformada a prováveis operações plásticas) e o filho para que ela ajude o pai, um milionário do ramo jornalístico. A história é pobre, mas a simpatia de Hogan carrega o filme e dá um certo charme à já batida abordagem do choque cultural. O que mais chama a atenção é a fisionomia um pouco alterada de Linda Kozlowski, com quem Hogan se casou na vida real. É pena porque ela era, realmente, linda.

555 - TUDO PARA FICAR COM ELE

tudo para ficar com ele (the sweetest thing, usa 2002) – comédia totalmente descerebrada com a debilóide da Cameron Diaz dividindo um apartamento com três amigas em São Francisco. As três vivem à procura do homem ideal. Numa boate, Cameron pensa ter encontrado o amor de sua vida, até descobrir que ele está com casamento marcado. Estupidez e baixo nível, tudo no mesmo filme. Os diálogos são horrorosos e de péssimo gosto. Direção de Roger Kumble.

554 - KILL BILL VOLUME 1

kill bill - volume 2 (kill bill – volume 2, usa 2004) – O filme leva ao extremo a máxima que diz que a vingança é um prato que se come frio. Quentin Tarantino acerta nesta seqüência, com a consabida habilidade de ser original quando menos se espera. A ação agora se passa no Oeste, sob cujo signo transcorre este epílogo. A belíssima introdução homenageia Rastros de Sangue, de John Ford. O espalhafato e o exagero dos filmes de artes marciais dão lugar a um clima crepuscular e pesaroso dos faroestes. Da mesma forma, o diretor apresenta sua protagonista, A Noiva (Uma Thurman) não apenas como a máquina de matar da primeira parte, mas como um objeto de amor e uma personagem de contornos quase religiosos. A homenagem explícita a David Carradine, o Bill do título e o gafanhoto da série Kung Fu, aparece no treinamento da Noiva com um monge chinês, aliás, uma das melhores seqüências, ao lado daquela em que Uma é enterrada viva por Michael Madsen. David Carradine, ao contrário do que pensa Isabela, está muito bem, especialmente quando contracena com A Noiva, já grávida, no início do filme, na entrada da igreja onde está ensaiando a cerimônia e que será palco para o massacre do noivo e dos convidados. O diálogo é maravilhoso. A Noiva tem, desta forma, uma representação bíblica para Tarantino, pois quer lavar com sangue um crime maior: ter sido roubado do direito de ressurgir. No código do diretor, abdicar da violência equivale mais ou menos a voltar a ser virgem. Desde de Pulp Fiction todos os filmes de Tarantino têm personagens femininas fortes – provavelmente resultado da influência da sua mãe, que o criou sozinho. Aqui, como no volume 1, aparece também a sua fixação nos pés femininos. Na cena em que A Noiva luta com Darryl Hanna (com uma atuação convincente, diga-se), ela está descalça, assim como no embate final com Bill, quando os dois estão descalçados. Trilha sonora perfeita e instigante. Obra-prima!