segunda-feira, 2 de junho de 2008

554 - KILL BILL VOLUME 1

kill bill - volume 2 (kill bill – volume 2, usa 2004) – O filme leva ao extremo a máxima que diz que a vingança é um prato que se come frio. Quentin Tarantino acerta nesta seqüência, com a consabida habilidade de ser original quando menos se espera. A ação agora se passa no Oeste, sob cujo signo transcorre este epílogo. A belíssima introdução homenageia Rastros de Sangue, de John Ford. O espalhafato e o exagero dos filmes de artes marciais dão lugar a um clima crepuscular e pesaroso dos faroestes. Da mesma forma, o diretor apresenta sua protagonista, A Noiva (Uma Thurman) não apenas como a máquina de matar da primeira parte, mas como um objeto de amor e uma personagem de contornos quase religiosos. A homenagem explícita a David Carradine, o Bill do título e o gafanhoto da série Kung Fu, aparece no treinamento da Noiva com um monge chinês, aliás, uma das melhores seqüências, ao lado daquela em que Uma é enterrada viva por Michael Madsen. David Carradine, ao contrário do que pensa Isabela, está muito bem, especialmente quando contracena com A Noiva, já grávida, no início do filme, na entrada da igreja onde está ensaiando a cerimônia e que será palco para o massacre do noivo e dos convidados. O diálogo é maravilhoso. A Noiva tem, desta forma, uma representação bíblica para Tarantino, pois quer lavar com sangue um crime maior: ter sido roubado do direito de ressurgir. No código do diretor, abdicar da violência equivale mais ou menos a voltar a ser virgem. Desde de Pulp Fiction todos os filmes de Tarantino têm personagens femininas fortes – provavelmente resultado da influência da sua mãe, que o criou sozinho. Aqui, como no volume 1, aparece também a sua fixação nos pés femininos. Na cena em que A Noiva luta com Darryl Hanna (com uma atuação convincente, diga-se), ela está descalça, assim como no embate final com Bill, quando os dois estão descalçados. Trilha sonora perfeita e instigante. Obra-prima!