terça-feira, 15 de setembro de 2009

806 - FATAL


FATAL (ELEGY, USA 2008) - David (Ben Kingsley), um professor universitário, se encanta por uma de suas alunas, a bela Consuela (Penélope Cruz). Eles começam a viver uma intensa paixão, porém o desejo de David por Consuela se torna uma obsessão que será capaz de transformar a sua vida, fazendo-o rever sua postura existencial. Mais que um objeto de desejo,porém, Consuela demonstra uma grande autoconfiança e uma intensidade emocional que o deixa fora de controle. Na realidade, a meu ver, o filme promete mais do que realmente oferece ao espectador, deixando, especialmente no seu terço final, a impressão que as questões levantadas durante o desenvolvimento do relacionamento de David e Consuela (ciúme, posse, confiança, insegurança) foram esquecidas para dar lugar a um drama de outra natureza. Não achei que Ben Kingsley está bem no papel do doutor universitário que pensa que sabe tudo (e como há-os na vida real)e que vê na conquista de uma bela jovem uma forma de se sentir ainda mais poderoso. Acontece que Consuela começa a confrontá-lo com uma série de questões inesperadas para quem já se sentia emocinalmente estabilizado na vida. Aí que acho que o roteiro se perde, ao substituir o amor pelos sentimentos de compaixão e proteção. O filme podia explorar mais o poder que a beleza tem de cegar, revelar e mudar as pessoas. De fato, Penelope Cruz está linda e se entrega com mais verdade ao personagem do que Kingsley.Considero equivocados o título original e o em português. "Elegia", no sentido de uma composição poética triste e geralmente relacionada à morte, não traduz a proposta do filme, pois nos leva a um enfoque reducionista do tema. Já "Fatal", em português, me parece sugerir uma idéia da sedução pela sedução, como na expressão "mulher fatal" que, de modo nenhum, se aplica ao personagem Consuela. Dica do Miranda.