quarta-feira, 23 de setembro de 2009

819 - O PORNÓGRAFO


O PORNÓGRAFO (BRASIL, 1970) – de João Callegaro. O jornalista Miguel Metralha (Stênio Garcia), trabalhava numa revista insossa chamada “Comer Bem”, e decide ir trabalhar no escritório de redação de “revistinhas” de conteúdo erótico. São praticamente quadrinhos, desenhados à mão, e que vão enfrentar a concorrência das revistas fotográficas americanas, os “novos tempos”. Apesar de trabalhar num ramo não muito prestigiado, sem muito reconhecimento, Miguel Metralha trabalha não pelo dinheiro - ao contrário, ele tem um enorme prazer em ser redator das “revistinhas”, sente orgulho do seu trabalho. Quer imprimir uma marca pessoal, um trabalho criativo, mesmo dentro desse ramo aparentemente vulgar, chulo e desgastado. O filme então mostra uma avaliação crítica da possibilidade de um cinema de invenção dentro da estrutura de subdesenvolvimento típica da cinematografia nacional, articulada com a própria estética do filme que é mostrar isso de uma forma acessível ao público. Callegaro quase não se concentra sobre o processo de criação em si (o traço, a criação das histórias) e sim no entorno do processo de criação, a estrutura econômica da administração e os jogos de poder necessários à preservação do negócio. E sua falência pelo conservadorismo dos verdadeiros donos da praça. Tudo é feito sem grandes sofisticações, com diálogos evidentemente improvisados.