domingo, 3 de março de 2013

2041 - A INVENÇÃO DE HUGO CABRET

(HUGO, USA 2011) - Martin Scorsese também sabe que a película vive seus últimos suspiros. Essa irmã da fotografia que criou cem anos de ilusão, quadro a quadro, está nos seus extertores, para dar lugar à projeção digital. Adorador do fotograma, o diretor presta, com A Invenção de Hugo Cabret, uma bela homenagem a este cinema romântico. Apesar de, em alguns momentos, Scorsese se mostrar didático em excesso, ele vai buscar na figura de George Méliès, pioneiro francês do cinema de fantasia, que criava artesanalmente seu ilusionismo, ainda herdeiro da tradição teatral, o gancho emocional do filme. É quando a história atinge aquela suspensão de realidade, digna do melhor cinema. Atenção para a participação luxuosa de Christopher Lee, como o bibliotecário que apresenta a Hugo os livros sobre os primórdios da sétima arte. Outra coisa importante: o simbolismo da chave em forma de coração, capaz de fazer o autômato volta à vida. Tudo muito lindo, confirmando que o cinema é, atualmente, o melhor representante do que se chama arte contemporânea.