terça-feira, 13 de outubro de 2015

2694 - BOYHOOD, DA INFÂNCIA À JUVENTUDE

BOYHOOD, DA INFÂNCIA À JUVENTUDE, USA 2014) – Richard Linklater é um diretor especial, que consegue algo raro: mistura, com talento incomum, o discurso verbal com uma enxurrada de imagens, atingindo com isso a alma de quem assiste aos seus filmes. Foi assim com ANTES DO PÔR DO SOL e suas duas sequências. Agora, com BOYHOOD, ele atinge domínio total da linguagem (poética) cinematográfica. Tão sereno, curioso e gentil é o filme que, enquanto ele vai transcorrendo, mal se percebe quão sublime e definitiva é a experiência de vê-lo. Só o fato de manter a coesão dramática de um elenco durante doze anos já seria, por si, um feito memorável. Colocar-nos dentro de uma história emocionante, que em tudo nos inspira uma identificação imediata e profunda, é coisa para escrever seu nome entre os grandes que souberam manejar a lente de uma câmera. Desde a primeira cena, em que nos reencontramos com aquela sensação de deslumbramento mesmerizante, através dos olhos de Mason (Ellar Coltrane, fantástico), até a última, em que seu olhar encontra um horizonte aberto à sua frente, convidando-o para ingressar no mundo adulto, caminhando pelos próprios pés, BOYHOOD é uma experiência cinematográfica revolucionária para quem entende que o cinema, no mínimo, é a arte que mais se assemelha, metaforicamente, à vida.