domingo, 29 de novembro de 2015
2721 - BIRDMAN
BIRDMAN OU A INESPERADA VIRTUDE DA
IGNORÂNCIA (BRIDMAN OR THE UNEXPECTED VIRTUE OF IGNORANCE, USA 2014) – A primeira coisa que vem à cabeça quando os créditos finais começam a
aparecer é a cena – real – de Michael Keaton ao não ouvir seu nome na hora da
premiação do Oscar de Melhor Ator e guardar, discretamente, o discurso que preparara para seu momento de glória. Para quem prestou atenção, foi uma das cenas
mais tristes e comoventes da história do cinema e que, curiosamente, não estava
num filme. Pois bem, Eddie Redmayne (Melhor Ator, por A TEORIA DE TUDO) que me
perdoe, mas Keaton merecia o prêmio, com uma atuação tão feérica e visceral,
que amalgama ator e personagem numa percepção só, como se a história, em si,
não fosse um raio X do ator que fez o primeiro Batman, de Tim Burton, em 1992. Tudo
em Keaton, no papel de Riggan Thomson – um astro de primeira grandeza quando
interpretava o super-herói Birdman e que se recusou a fazer mais uma sequência
do filme – sugere, com uma força titânica, incertezas, nervosismos, medos, frustrações,
tudo pulsando e repercutindo como a bateria que acompanha a ação o tempo todo e
que vai manter Birdman em um nível de energia quase impossível de ser absorvido.
O filme do mexicano Alejandro Iñárritu dá uma aula de planos-sequência, comprimindo
uma história que se desenrola em duas semanas em duas horas enxutas, refletindo
o fluxo de (in) consciência de Riggan, como se o filme se desdobrasse em tempo
real. Trabalho técnico magnífico!