segunda-feira, 2 de novembro de 2015

2707 - PONTE AÉREA

PONTE AÉREA (BRASIL, 2014) - Tive a curiosidade de assistir a PONTE AÉREA, porque li que a diretora decidiu fazê-lo ao ler AMOR LÍQUIDO, do Bauman. Bem, vi muito pouco do Bauman no filme. A história trata de duas pessoas que se conhecem, passam a noite juntos, se apaixonam e, depois, se separam, por razões ainda pouco claras para mim. Sim há alguma coisa dos relacionamentos líquidos, mas, como sói acontecer com o cinema nacional, tudo ficou muito raso, sem amplitude, meio disfarçado num roteiro de comédia romântica. Só mesmo beleza mesmerizante de Leticia Colin, que faz a moça em questão, mantém o interesse até o fim. Seu personagem, Amanda - linda, profissional de propaganda, chique, sofisticada, culta - é tudo aquilo que um homem sensato gostaria de encontrar numa mulher. Amanda é sensível, antenada com o mundo, e possui uma qualidade admirável: é capaz de rever seus pontos de vista, acatar outras visões epistemológicas sem que isso afete suas certezas, pois as sabe sempre provisórias. Aí, sim, há uma tangência com a teoria baumaniana. O filme vale por esta proposta e, sobretudo, pela atuação (inclua-se aí o aspecto estético) da protagonista. A história é conduzida com delicadeza, com a naturalidade de quem conhece o universo que está retratando – as tomadas urbanas de São Paulo são prova disso. Contudo, a investigação existencial inserta na proposição da diretora se dilui, como os laços líquidos de que fala Bauman.