quarta-feira, 7 de setembro de 2016

2822 - PONTE DOS ESPIÕES

PONTE DOS ESPIÕES (BRIDGE OF SPIES, USA 2015) É um Spielberg clássico: o protagonista que se caracteriza por um impulso de integridade muito mais forte do que o apego à família ou à própria vida, cuja honestidade na consecução de seus objetivos está acima de tudo, fazendo, com isso, que ele se destaque no cotejo com os outros agentes da história, quase todos comuns e sem entender muito bem por que alguém se apega a ideais tão nobres. Assim é o James Donovan de Tom Hanks, um desses atores talhados para personagens dessa craveira. Na complicada, sutil e, claro, perigosa missão de administrar a troca de dois espiões, em plena Guerra Fria, Donovan ainda encasqueta que tinha que libertar também um estudante americano que nunca espionara coisa alguma, além do talvegue do decote da namorada alemã. Tudo, em PONTE DOS ESPIÕES, orbita em torno das ínfimas variações de luz de cada cena, da interpretação cuidadosa do que é dito (e não dito), do equilíbrio entre as ações, suas consequências e implicações. É uma aula de etiqueta e decência humana que deveria ser ensinada nas escolas. Atenção para a cena em que Hanks e o premiado (justamente) com o Oscar Mark Rylance experimentam um encontro de almas: “Você não parece estar preocupado”, diz Donovan, intrigado, ao homem que acabou de ser informado de que a pena de morte será o desfecho provável. “E se eu estivesse, ajudaria? ”, retruca o Abel vivido com primor por Rylance. Aí está um fundamento que deveria ser incorporado por todos: a serenidade, porque nada justifica o desespero.