PREMONIÇÕES (PREMONITION, USA, 2007)–Sandra Bullock é uma mulher cujo
marido morre num acidente. No dia seguinte, ela acorda e o encontra em casa,
como se nada houvesse acontecido. Ela se dá conta de que seus dias estão se
repetindo e começa a duvidar a própria sanidade mental. O filme tenta se
mostrar como uma trama inteligente, mas é confuso e irrelevante. Aliás, já
vimos Sandra Bullock no mesmo papel antes. Sandra Bullock is a woman whose
husband dies in a car accident. On the
following day, she wakes up and finds him at home alive and well. She then
realizes that her days are repeating over and over. The movie tries to be
clever, but ends up being confused and irrelevant. By the way, we have seen
Sandra Bullock on the same role before.
HUSH – A
MORTE OUVE (HUSH, USA, 2016) – O pessoal do Mike Flanagan de
volta ao cardápio da Netflix: uma escritora surda e muda (Kate Siegel), isolada
numa cabana num bosque para terminar seu livro, tem que lutar por sua
sobrevivência, quando um mascarado aparece na sua janela. O roteiro simples se
presta ao trabalho minucioso de Flanagan e consegue manter a atenção até o
desfecho previsível, mas eficaz. Mike Flanagan’s
gang is back to Netflix catalogue: A deaf
and mute writer who retreated into the woods to live a solitary life must fight
for her life in silence when a masked killer appears at her window. The simple script is in accordance with Flanagan’s through work and
succeeds in keeping the interest until the predicable but effective end.
NO RITMO DO CORAÇÃO (CODA, USA, 2021) – Mais que
merecido, o filme de Sian Heder ganhou, ontem, o Oscar, por várias razões:
belíssimo, sensível, cativante, é um daqueles momentos sutilmente
arrebatadores, quando você se dá conta, durante os créditos finais, da
obra-prima que acabou de acontecer diante dos seus olhos. Emilia Jones,
estupenda como a única pessoa ouvinte de uma família de deficientes auditivos
(daí o título em inglês, CODA - child of deaf adults), é Ruby, uma adolescente
dividida entre o sonho de estudar música em Berklee e o papel essencial de ser a
conexão sonora entre seus pais e o mundo. Ela é uma das joias raras do filme. Falando
nos pais, é emocionante rever Marlee Matlin em cena e a atuação magnífica de
Troy Kotsur, premiada com o Oscar de Ator coadjuvante. Sim, e ele está maravilhoso
no papel de pai de Ruby, especialmente na cena na qual ela canta para ele –
Troy, também surdo, como Marlee, prova a validade incontestável de um dos meus
critérios para um grande ator: saber atuar nos silêncios. Yesterday, Sian Heder’s movie was awarded with the
Oscar of the Best Motion Picture of the Year for several reasons: it is
beautiful, sensitive, captivating, and it is also one of those ravishing moments
when you realize, while the finals credits are rolling, that a masterpiece has
just happened before your eyes. Emilia Jones, splendid as the only hearing
person in her deaf family, is Ruby, a teenager finding herself torn between pursuing
her passion at Berklee and her essential role as the hearing link between her
parents and the world. She is one of the jewels of the movie. Speaking of the
parents, it is touching to see Marlee Matlin in scene again and the magnificent
performance of Troy Kotsur, awarded with the Best Supporting Actor Oscar. Yes,
he is wonderful on the role of Ruby’s father, especially in the scene in which
she sings to him – Troy is deaf, as Marlee, and proves the truth of one of my
standards for judging a great actor: knowing how to act in silence. Prime.
ANÔNIMO (NOBODY, USA, 2021) – Nada
de muito excepcional ou original sobre esse filme, tirante o fato de ser protagonizado
por Bob Odenkirk, o Saul de BREAKING BAD, num papel inesperado: um pai de família
buscando vingança depois de sua casa ter sido invadida por ladrões. Um dado
inevitável: os bandidos são russos, como convém à narrativa norte-americana dos
fatos. Odenkirk se esforça, mas não convence muito como uma versão moderna de
Charles Bronson. Melhor
chamar Saul. Nothing outstanding and original in this movie apart from being
starred by Bob Odenkirk, who played Saul in BREAKING BAD, on an unexpected
role: a family man seaching for revenge after having his house burgled by thieves.
An unavoidable fact: the bad guys are Russians, according to the American account
of the facts. Odenkirk does his best, but he is not convincing as a modern version
of Charles Bronson. Better call Saul. TC Cult.
SEVERINA (BRASIL,
URUGUAI, 2017) – Esse é um filme difícil de resistir: um melancólico
escritor aspirante e também livreiro tem suas estruturas abaladas quando uma bela
jovem entra recorrentemente na sua livraria e passa a roubar livros. Ele logo
descobre que esse comportamento se repete em outras lojas, e o quase inevitável acontece:
ele começa a ter ciúmes dela e viver num delírio romântico, tangenciando a ficção
e a realidade. No entanto, com a aproximação, vem também a angústia: por que
ela rouba e quais são seus valores? O filme é um mergulho na alma feminina e
mostra como a realidade masculina pode ser incapaz de penetrar e entender os
mistérios da mulher. No caso, a mulher que rouba livros e alguns corações. A melancholic, aspiring writer and
bookseller is shaken by the appearances and disappearances of his newfound muse
who steals books from his bookstore. Soon he discovers that she steals in other
bookstores as well, and is consumed with jealousy. He starts to live in a kind
of loving delirium, on the border between fiction and reality, but the closer
he gets to her, the more indescribable she becomes: Why does she steal and what
are her values? The movie takes the plunge into the feminine soul and shows how
the masculine reality can be unable to penetrate and understand the woman’s
mysteries. In this case, the woman who steals books and some hearts. TC Cult.
VINGADORES: ULTIMATO (AVENGERS: ENDGAME, USA, 2019) – Encerrando a fase 3 da Marvel, VU traz também o desfecho
de vários arcos dramáticos da saga de super-heróis começada em HOMEM DE FERRO
(2008). E é exatamente Tony Stark (Robert Downey Jr) a chave para o
entendimento de uma longa luta contra o mal maior, personificado no vilão Thanos
(Josh Brolin). Do ponto de vista estritamente cinematográfico, esta segunda parte
dirigida também pelos irmãos Russo apresenta falhas no roteiro. Uma delas é
excesso de personagens. Alguns deles não tiveram o fechamento à altura de sua
importância no Marvelverso. Os momentos de sentimentalismo são aceitáveis,
embora traumáticos, e aduzem um profundo traço de humanidade a personagens tão
familiares quanto queridos do público. Closing Marvel phase 3, AE also
displays the resolution of several dramatic archs of the superhero saga that
begun with IRON MAN (2008). And it is Tony Stark (Robert Downey Jr) the key for
the understanding of a long battle against a greater evil, personified in the
villain Thanos (Josh Brolin). From the strictly cinematic point of view, this
second part also directed by the Russo brothers has some script flaws. One of
them is the excess of characters. Some of them do not have the proper closure
up to their importance in the Marvelverse. The sentimental moments are
acceptable, tough traumatic, and add a deep human trait to such familiar and
loved characters. Disney Plus.
VINGADORES – GUERRA
INFINITA (AVENGERS: INFINITY WAR, 2018) – Sétimo filme da fase 3 do
universo Marvel, VGI é a primeira parte de uma grande tragédia grega intergaláctica.
O momento é de uma crise sem precedentes: Thanos (Johs Brolin, sob várias
camadas de CGI) está a caminho da dizimação total do universo. Seguindo sua
tendência malthusiana – ele acredita no ponto de inflexão perverso, a partir do
qual os recursos serão insuficientes para a população crescente, coisa ocorrida
em seu planeta de origem -, ele se lança à sua sanha genocida, numa medida profilática. Para combatê-lo,
os irmãos Russo põem quase todo o time de super-heróis em campo. Uma falha
compreensível e perdoável: a ação se perde numa profusão de CGIs. Um pecado irremissível:
Scarlett aparece pouco em cena. Disney Plus.
Seventh movie of phase 3 in the Marvel universe, AIW is the first part of a
great intergalactic Greek tragedy. The crisis is imminent: Thanos (Josh Brolin,
under several layers of CGI) is prone to the total destruction of the universe.
Following a Malthusian trend – he believes in the inflexion point from which
the resources would be insufficient for the growing populace (the same thing
occurred in his planet) -, he starts his genocide tendency. To fight him, the
Russo brothers send for the available superheroes. An understandable and
forgivable flaw: the action gets lost in a profusion of CGIs. An irremissible sin:
Scarlett has little scene time. Disney Plus.
O CHÃO
SOB MEUS PÉS (DER BODEN UNTER DEN FÜBEN, Alemanha, 2019) – O filme
é sobre as pressões corporativas capazes de transformar problemas familiares em
riscos para projetos profissionais. Lola (Valerie Pachner) é uma alta executiva
de uma empresa e oculta de todos o histórico de doenças mentais da sua família –
sua irmã está internada num hospital psiquiátrico, longe do seu local de
trabalho. É uma história bem engendrada, com um lastro adicional de um drama agudo
sobre as relações humanas. The movie
is about the corporative pressures able to transform familiar issues into risks
for professional projects. Lola (Valerie Pachner) is a high-flying young
business executive, and she hides her family’s mental disease record – her sister
is being treated in a psychiatric unit far from Lola’s place of work. It is a
meticulously wrought story, with the additional ballast of an acute dramaabout human relationships. Arte 1.
HOMEM-ARANHA
-DE VOLTA PARA CASA (SPIDERMAN – HOMECOMING, USA, 2017) – O
apelo juvenil do Homem-Aranha é levado a um paroxismo muito prejudicial ao quinto
filme da fase 3 do universo Marvel. Tom Holland exagera na inconsequência do
personagem, as piadas são fracas, falta timing e um roteiro mais consistente. Os
CGIs são irregulares, há uma profusão de cores levando a um certo cansaço
visual, mas Marisa Tomei continua linda, e isso conta muito. The juvenile appeal of Spider-Man is taken to a paroxysm
that damages the fifth movie of phase 3 in the Marvel universe. Tom Holland exaggerates
the character’s inconsequence, the jokes are weak, timing is missing and so is
the script. The CGIs are irregular, there is a tiring profusion of colors, but
Marisa Tomei is still beautiful, and this counts! Netflix.
