A inconfundível puxada no punho da camisa |
007 – SEM TEMPO DE MORRER (NO TIME TO DIE, UK, USA, 2021) – Indubitavelmente, Daniel Craig trouxe uma reformulação profunda para o personagem mais famoso de Ian Fleming. A meu ver, Craig é o ator capaz de repaginar um clássico formador da cultura da espionagem ao longo de mais de cinco décadas de cinema. Mesmo mantendo o ethos britânico de Bond, Craig rompeu com diversos paradigmas atrelados ao agente (nem tão secreto assim, convenhamos) e se impôs como um Bond superior aos seus antecessores (embora Connery ainda seja a encarnação canônica do personagem). Em NO TIME TO DIE, Craig tem o privilégio de ganhar, pela primeira e única vez, um filme de despedida, em função da inestimável contribuição dada por ele para a marca. Em termos de roteiro, ele merecia bem mais: a narrativa desconjuntada não ajuda o envolvimento dos espectadores, o diretor Cary Joji Fukunaga está muito aquém da tarefa a ele dada (Sam Mendes fez muita, mas muita falta, e Danny Boile teria sido o dínamo necessário a um momento tão grandioso, não tivesse sido substituído por Fukunaga), Rami Malek é um vilão incapaz de assustar uma garota de cinco anos – o resultado é um filme melancólico e sem a energia característica da franquia. No mais, a sequência com Ana De Armas é memorável: ela tem a química e os olhos faiscantes diante de Bond, coisa esquecida por Léa Sedoux no filme anterior. Daniel Craig fez história dentro da história do agente secreto mais famoso (não seria isso um paradoxo?) do mundo. Undoubtedly, Daniel Craig has brought a deep change to Ian Fleming’s most known character. It is my understanding that Craig was able to rebrand a classic that has remodeled the espionage culture for more than five decades. Keeping the British ethos, Craig represents a paradigm shift in the way the famous agent was presented to the public and makes his Bond superior to the previous ones (although Connery is still the canonic representation of the character). In NO TIME TO DIE, Craig has the privilege of being given a farewell movie due to his invaluable contribution to the franchise. But he deserved more: the intricate narrative does not help the involvement of the viewer, the director Cary Joji Fukunaga is not up to the task he was given (Sam Mendes would have been a better director and Danny Boile would have been the proper engine behind such great project, hadn’t he been replaced by Fukunaga), Rami Malek is a villain who does not scare a five-year-old girl – the result is a gloomy movie without the energy of the franchise. On the other hand. Ana de Armas displays the expected chemistry with Craig, something Léa Sedoux has probably left somewhere in the previous movie. Daniel Craig makes History inside the most famous secret agent’s universe (which might be a paradox, don’t you think?). HBO.