O HOMEM
DUPLICADO (ENEMY, Canadá, 2013) - Jake Gyllenhall plays Adam, a university
lecturer nearing the end of his relationship with his girlfriend Mary. One night,
when watching a film, Adam spots a minor actor who looks just like him.
Consumed by the desire to meet his double, he obsessively tracks down the actor
and engages him in a complex and dangerous struggle. Dark, gripping and
pulsating with atmosphere, ‘Enemy’ is a haunting and provocative thriller based
on the novel ‘The Double’ by Nobel laureate José Saramago. The story is an open
discussion about identity in the present time. DVD.
ANATOMIA DE
UMA QUEDA (ANATOMIE D’UNE CHUTE, França, 2023) - ANATOMY OF A FALL is roughly structured like a courtroom thriller, with
evidence collecting and interrogation that eventually leads to a lengthy trial;
the title and some of the advertising even hark back to Otto Preminger’s 1959
classic, Anatomy
of a Murder. But Triet lets us know early on that this won’t be an
ordinary procedural. She stretches unlikely moments while brushing over the
kinds of turns that in more conventional hands would become key passages, thus
weaving the idea of uncertainty into the very fabric of her film. The nominal
question hovering over the story is whether Sandra actually killed Samuel or
whether a depressed Samuel threw himself out of the window. The underlying (and
more important) question, however, is whether we can ever know or fully
understand the truth. Prime.
O PIANISTA
(THE PIANIST, USA, UK, 2003) - Brilliantly directed by Roman Polanski and starring an
amazing Adrien Brody, The Pianist is bound to garner comparisons to Schindler's
List, for obvious reasons. However similar the subject matter, the approach is
different. While Schindler's List was filmed in a beautiful, crisp black and
white that offered many incredible images, The Pianist was filmed with almost
muted color. Schindler's List featured what has been argued as a complicated
hero. Oskar Schindler did save many Jews, but not without battling his own
materialistic demons first. The Pianist's Szpilman is a sympathetic character
throughout. His plight was desperate, and the demons he fought were over his
own guilt in surviving a fight that eventually turns into a primal will to live.
MATADOR DE ALUGUEL (ROAD HOUSE, USA, 1989) – Muito
melhor do que a versão mais recente, MDA é um daqueles filmes despretensiosos
que se tornaram referência de uma época. O ar blasé de Patrick Swayze, num personagem
mezzo leão de chácara, mezzo filósofo, contribui para uma reflexão inesperada
sobre o sentido da violência, coisa bem atual até hoje. Much better than the most recent version, RH is one of
those unpretentious movies that have become reference of a period. Patrick Swayze’s
aloofness, playing a character half wrestler, half philosopher, contributes to
an unexpected consideration about the sense of violence, something deeply present
nowadays. Prime.
DIAS PERFEITOS (PERFECT DAYS, Alemanha/Japão,
2023) – Wim Wenders fez um filme perfeito em vários sentidos,
principalmente por ser uma homenagem ao cinema de Yasujirô Ozu e por simbolizar
a complexidade da vida de uma forma simples. De certa forma, DIAS PERFEITOS lembra
PATTERSON, de Jim Jarmuch, com Adam Driver, ao valorizar os momentos mais
simples da vida, mas acrescenta um elemento nostálgico traduzido pelas fitas
cassete e pela câmera analógica do personagem principal. Há outros aspectos: a
rotina do personagem principal refletindo o Mito de Sísifo, a invisibilidade
social, o minimalismo, a utopia de viver o aqui e agora, a busca pela ataraxia
através dos pequenos gestos, uma aceitação nietzschiana do eterno retorno, a
fotografia como meio de reconhecimento da realidade, a solidão cósmica numa megalópole
(as cenas do jogo da velha mostram isso), até a cena final, ao som de Feeling
Good, com Nina Simone, indicando a aceitação da alternância emocional da vida
de todo mundo. Wim Wenders has made a
perfect movie in several aspects, mainly because it pays tribute to Yasujirô Ozu’s
cinema also symbolizes life complexity in a simple way. PERFECT DAYS parallels JIM
JARMUCH’s PATTERSON, with Adam Driver, in many ways, but adding a nostalgic
element translated by the cassette tapes and the analogic camera. There are
other elements: the main character’s routine mirroring the Myth of Sisyphus,
social invisibility, minimalism, the utopia of living the here and now, the
search for ataraxy through small gestures, the Nietzschean acceptance of the
eternal return, the photography as a means of recognition of reality, the
cosmic solitude in a big city (the scenes with noughts and crosses show this),
until the last scene, with Nina Simone singing FEELING GOOD, indicanting the
emotional alternance in everybody’s life. MUBI.
CAÇADORES DE OBRAS-PRIMAS (THE MONUMENTS MEN,
USA, 2014) – No fim da WW2, um improvável pelotão de especialistas em arte
tem como missão recuperar obras roubadas pelos nazistas. O argumento é
fascinante, o elenco é maiúsculo, mas o roteiro não funciona. George Clooney
dirige e atua junto com alguns nomes obrigatórios em qualquer produção: Matt
Damon, John Goodman, Bill Murray, Cate Blanchett. Todos desperdiçados em papéis
pouco desenvolvidos, sem força e inúteis na construção da trama. Além disso, o
humor limitado tende a diminuir os fatos históricos e seus participantes. Há
uma mistura de BASTARDOS INGLÓRIOS E ONZE HOMENS E UM SEGREDO, sem o elemento
crucial do trabalho de equipe: aqui, os personagens agem quase
independentemente, desmontando, assim, a construção de uma história que
prescinde do tom humorístico dado pela direção de Clooney. After WW2, na unlikely platoon is tasked to rescue art
masterpieces from German thieves and return them to their owners. The argument
is fascinating, the cast is great, but the script simply doesn’t work. George
Clooney directs and plays along with some mandatory names in any production:
Matt Damon, John Goodman, Bill Murray and Cate Blanchett – all wasted in
uninspired roles and useless in the construction of the plot. In bringing
together elements from INGLORIOUS BASTARDS and OCEAN’S ELEVEN, the movie leaves
out the team work: here, the characters act almost independently, disassembling
a story in which the whimsical element is completely out of context.
Netflix.
HOLLYWOODLAND (USA, 2006) – Oscar
de Melhor Ator em 2033, por O PIANISTA, Adrien Brody é obrigatório. Aqui, ele é
um detetive investigando a morte de George Reeves, marcado definitivamente como
Super-Homem durante as temporadas de AS AVENTURAS DO SUPER-HOMEM na TV
americana. O filme trabalha com flashbacks mostrando a carreira de Reeves,
alternando com as investigações depois de sua morte. Brody tem uma atuação
perfeita, como um daqueles detetives clássicos americanos, meio rebelde, mas
obstinado pela solução do caso. Por outro lado, Reeves é vivido por Ben Affleck
– o que dizer sobre isso? Affleck é um não ator, alguém incapaz de dar qualquer
credibilidade ao personagem sob sua responsabilidade. Diane Lane é Toni Mannix,
de quem Reeves se torna amante, numa tentativa arrivista de conseguir melhores
papéis nos estúdios. Best Actor in a
Leading Role winner for THE PIANIST, Adrien Brody is mandatory. Here, he is a
detective investigating George Reeves’s death. Reeves was indelibly type casted
as SUPERMAN during THE ADVENTURES OF SUPERMAN on American TV. The movie has
flashbacks showing Reeves’s career, and the investigations after his death.
Brody has a perfect performance as one of those classic American detectives, at
the same time rebel and determined to solve the case. On the other hand, reeves
is played by Ben Affleck – and what to say about it? Affleck is a non actor,
someone unable to give any credibility to any character under his
responsibility. Diane Lane is Toni Mannix,
of whom Reeves becomes the lover, in an arrivistic attempt to get better roles
in Hollywood.
PRISCILLA (USA, 2023) – Sofia
Coppola costuma filmar com uma certa distância da história e dos personagens –
e isso dá ao espectador uma posição privilegiada em relação ao que se vê na
tela, convidando-o a se envolver com o filme. Assim é PRISCILLA, um conto de
fadas às avessas. Dificilmente, no showbiz, achar-se-á uma relação tão doentia
quanto a de Elvis e Priscilla, na qual uma jovem do meio oeste americano é
jogada num torvelinho tão intenso quanto os primeiros anos de ascensão de Elvis
no cenário pop americano. Jacobi Elordi está correto no papel do Rei do Rock, e
Caillee Spaeny interpreta uma Priscilla refém de sonho que se transformou
rapidamente em pesadelo. Sofia Coppola
generally films with some distance from the story and the characters – and this
provides the audience a privileged position towards what is seen on screen,
inviting them to get involved in the movie. PRISCILLA is a fairy-tale in
reverse. Hardly in showbiz will we find such a bizarre and sick relationship,
in which a girl from the American mid-west is thrown inside a whirlpool so
intense as the first years of Elvis’ ascension in the pop scenario of the time.
Jacobi Elordi is correct as Elvis, and Caillee Spaeny plays Priscilla as a
hostage of a dream that quickly turned into a nightmare. HBO Max.
MATADOR DE ALUGUEL (ROAD HOUSE, USA, 2024) – Apenas
Jake Gyllenhaall, mesmo assim até certo ponto, salva essa refilmagem do ótimo
ROAD HOUSE com Patrick Swayze, de 1989. Aqui, tudo é muito ruim, do roteiro
preguiçosamente adaptado para gradar aos fãs de UFC, passando pelas atuações
ruins de um elenco de apoio muito fraco até uma coreografia sem inspiração das
brigas. O filme se afunda completamente em função dos péssimos diálogos,
personagens desinteressantes e um roteiro adaptado tão ralo que dá para ver
através dele. Não perca tempo com esta refilmagem – assista ao original e será
recompensado. Just Jake Gyllenhaal,
and even up to a certain point, saves this remake of the movie with Patrick
Swayze in 1989. Here, everything is lousy, from the lazy script, adapted to
please UFC freaks, until the bad performances of a weak cast and uninspired
fight choreographies. The movie overall falls completely
flat with awful dialogue, uninteresting characters, and a storyline so thin you
can see through it. Don’t waste time with this remake – watch the original and
you will be rewarded.
À PROCURA DO AMOR (ENOUGH SAID, USA, 2013) – Este é
o penúltimo filme de James Gandolfini, e James Gandolfini é obrigatório. Esta
comédia romântica tem ainda Julia-Louis Dreyfus, fraquíssima, especialmente
quando contracena com Jim, cuja presença solar dá à história tudo que Julia,
talvez involuntariamente, ajuda a destruir com sua atuação preguiçosa. O
roteiro é de uma simplicidade palmar, e apenas Jim dá uma dimensão
sentimentalmente dramática a um filme cujo protagonista mereceria muito mais. This is James Gandolfini’s penultimate movie, and
James Gandolfini is mandatory. This romantic comedy still has Julia-Louis
Dreyfus, especially weak when shares the scene with Jim, whose solar presence
provides the story with everything Julia, maybe involuntarily, helps to destroy
with her lazy performance. The script is extremely simple, and just Jim gives a
dramatic dimension to a movie whose leading actor would deserve much more.
ZONA DE INTERESSE (THE ZONE OF INTEREST, USA,
UK, 2023) – Uma família alemã tradicional vive tranquilamente numa casa
espaçosa, com jardim, piscina, empregados e confortos. O ano é 1943. Estamos
vendo a rotina diária de Rudolf Höss, de sua esposa e filhos. Ao fundo, é
possível ouvir gritos abafados e ver o topo dos telhados de algumas construções
e o rastro de fumaça saindo de chaminés. Estamos ao lado do campo de
concentração de Auschwitz, cujo lado de dentro nunca é mostrado. O diretor
Jonathan Glazer optou por planos médios e abertos, sem closes, e isso tem um
efeito ainda mais dramático nesta tradução fílmica da banalidade do mal e de
como ele, o mal, pode se incorporar à mais simplória forma de vida. Raramente
um filme teve um impacto tão profundo no espectador, porque reflete um risco
permanente e perturbadoramente presente até hoje. A German family lives in Peace in a dreamy roomy house, with garden,
swimming pool, employees. The year is 1943. We are observing the daily routine
of Rudolf Höss, his wife and children. In the background, screens are heard,
the top of some buildings are seen as well as the smoke coming out of the chimneys
of Auschwitz camp. Director Jonathan Glazer chose medium shots, without closes,
and this has a dramatic effect in this filmic translation of the banality of
the evil and ho it can be incorporated to the most simplistic way of life. Rarely
has a movie such impact on the viewer for it points to a permanent risk we face
today. Prime.
O BALEIA (THE WHALE, USA, 2023) – o Oscar
de Melhor Ator para Brendan Fraser foi totalmente justo. Sua atuação no filme
de Darren Aronosfsky é impecável. Desde a primeira cena, Charlie, um professor
de redação isolado em sua casa por causa da obesidade e pelo preconceito, é um
personagem emocionante, marcado por profunda culpa e sofrimento sem fim. Fraser
faz um trabalho notável, sensível, delicado, e é isso, apenas, a razão do
filme, cujo roteiro é, convenhamos, muito fraco. A história de Charlie está
muito aquém da atuação majestosa de Fraser. The Best Actor Oscar for Brendan Fraser was totally fair. His
performance in Darren Aronosfsky’s movie is impeccable. From the first scene
on, Charlie, an online writing instructor isolated at home for being obese and
for being marginalized, is a touching character, scarred by the profound wounds
of grief and guilt. Fraser does a great, sensitive and delicate job, and it is
the only basis for the film, whose script is very weak. Charlie’s story is
evidently below Fraser’s majestic performance.