DIAS PERFEITOS (PERFECT DAYS, Alemanha/Japão, 2023) – Wim Wenders fez um filme perfeito em vários sentidos, principalmente por ser uma homenagem ao cinema de Yasujirô Ozu e por simbolizar a complexidade da vida de uma forma simples. De certa forma, DIAS PERFEITOS lembra PATTERSON, de Jim Jarmuch, com Adam Driver, ao valorizar os momentos mais simples da vida, mas acrescenta um elemento nostálgico traduzido pelas fitas cassete e pela câmera analógica do personagem principal. Há outros aspectos: a rotina do personagem principal refletindo o Mito de Sísifo, a invisibilidade social, o minimalismo, a utopia de viver o aqui e agora, a busca pela ataraxia através dos pequenos gestos, uma aceitação nietzschiana do eterno retorno, a fotografia como meio de reconhecimento da realidade, a solidão cósmica numa megalópole (as cenas do jogo da velha mostram isso), até a cena final, ao som de Feeling Good, com Nina Simone, indicando a aceitação da alternância emocional da vida de todo mundo. Wim Wenders has made a perfect movie in several aspects, mainly because it pays tribute to Yasujirô Ozu’s cinema also symbolizes life complexity in a simple way. PERFECT DAYS parallels JIM JARMUCH’s PATTERSON, with Adam Driver, in many ways, but adding a nostalgic element translated by the cassette tapes and the analogic camera. There are other elements: the main character’s routine mirroring the Myth of Sisyphus, social invisibility, minimalism, the utopia of living the here and now, the search for ataraxy through small gestures, the Nietzschean acceptance of the eternal return, the photography as a means of recognition of reality, the cosmic solitude in a big city (the scenes with noughts and crosses show this), until the last scene, with Nina Simone singing FEELING GOOD, indicanting the emotional alternance in everybody’s life. MUBI.