segunda-feira, 16 de julho de 2007

105 - CARTAS DE IWO JIMA


cartas de iwo jima (letters from iwo jima, japan 2006) – só mesmo o grande Clint Eastwood para fazer uma obra-prima como essa! É impressionante como ele consegue tirar o mais profundo lirismo de uma batalha de guerra tão sangrenta como foi a de Iwo Jima. Assim como em Menina de Ouro, que trata de outro tema difícil, Clint sublinha com sensibilidade o lado mais humano de cenários brutalizantes e de terrenos tão resvaladiços como a violência da luta de boxe em si e o horror da guerra. Em Cartas de Iwo Jima, descobre-se, graças ao imenso talento do diretor, as delicadezas que sobrevivem a granadas e a condições de vida subumanas. A fotografia é perfeita, além de excelentes efeitos especiais. E tem o magistral Ken Watanabe, como o general Kuribayashi, que havia estudado nos EUA e que, ciente da condição desfavorável dos japoneses em relação ao iminente ataque dos americanos e decidido a impedir ou ao menos postergar a queda de Iwo Jima, aplicou idéias do oponente à sua estratégia. Ordenou que, em vez de cometerem haraquiri quando fracassassem em determinada frente de defesa, seus soldados se reorganizassem para continuar a resistência. Eastwood ficou fascinado com o militar e o homem, revelado nas cartas escritas à família durante a estada americana de Kuribayashi e de dentro dos túneis e cavernas que ele mandou escavar na ilha. Identificar a si mesmo no inimigo, como Clint faz em Cartas, é um dos maiores desafios que qualquer ser humano pode enfrentar. O outro filme, A Conquista da Honra, funciona como contraponto desta história emocionante.