os aristocratas (the aristocrats, usa 2005) – de Paul Provenza. A premissa é original – Os Aristocratas é um documentário sobre uma piada escatológica contada tradicionalmente entre os comediantes americanos. É também um risco e tanto para descambar para o mau gosto, mas Provenza consegue manter um, digamos, certo nível, enquanto desfila quase 150 atores (alguns famosos como Robin Williams, Jason Alexander, Paul Reiser e Gilbert Gottfried – na foto aí em cima) que parecem mesmo se divertir ao dizer as maiores barbaridades diante da câmera. Cada um dá a sua versão sobre a piada, cujo nome “Os Aristocratas” já é uma brincadeira em relação ao seu conteúdo nada correto politicamente. O que conta é o desenvolvimento da história, não o seu final. Por isso, “Os Aristocratas” é mais uma prova de resistência do que qualquer outra coisa. Vale a pena ver pela originalidade e pela ousadia.
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
quarta-feira, 24 de outubro de 2007
146 - 12 HORAS ATÉ O AMANHECER
12 horas até o amanhecer (journey to the end of the night, brasil/alemanha/usa, 2006) – eis um filme totalmente inesperado e surpreendente, o que não quer dizer que seja bom. Alguns atores americanos de segunda linha e uma história de sexo e drogas que se passa em São Paulo, à noite, como um pesadelo. Uma pitada de exotismo bem ao gosto do estrangeiro (leia-se americano), prostitutas a granel, mais o clima de bas-fond do terceiro mundo e temos uma produção horrorosa que, agora se entende, passou despercebida à época de seu lançamento. Além do mais, é esquisito mesmo ver atores brasileiros e americanos conversando entre si, cada um em sua língua. Brendan Fraser, que já fez coisas boas como Deuses e Monstros e Crash perdeu a noção. Scott Glen não convence como cafetão da Augusta e dói ver Matheus Nachtergaele, mais uma vez, fazendo um travesti caidaço. Alice Braga tem um papel pequeno. A fotografia é depressiva, condizente com o péssimo roteiro deste filme pretensamente noir, e as atuações são constrangedoras. O diretor Eric Eason, por mim, continuará desconhecido.
sábado, 20 de outubro de 2007
145 - PEARL HARBOR
pearl harbor (pearl harbor, eua 2001) – de fato, é sempre constrangedor assistir a um filme com Ben Affleck (15 de agosto de 1972) no elenco, e Pearl Harbor confirma a regra. Ele, magistralmente, consegue ser ruim o tempo todo, sem nenhum momento que se salve. Na ficha técnica, ficamos sabendo que esta foi a produção que mais bombas usou numa filmagem até então – isso explica Affleck no papel do protagonista Rafe que, junto com seu melhor amigo Danny (Josh Harnett), se torna um grande piloto de caça durante a segunda guerra. Acabam se apaixonando pela bela enfermeira Evelyn (Kate Beckinsale, 23 de julho de 1973, Londres), que se envolve com Rafe na véspera de ele partir para uma missão na Inglaterra. Aí, tudo vira um dramalhão mexicano, até a impressionante seqüência do bombardeio a Pearl Harbor – realmente, um primor de técnica quase sem defeitos. Eu não me lembrava do apuro realista e convincente do ataque japonês aos americanos. De resto, uma visão unilateral mostrando os americanos como os bonzinhos da história, enganados pelos japoneses para, então, serem “covardemente” atacados sem condições de revidar. Esse é o segundo grande defeito de Pearl Harbor (o primeiro, lógico, é Affleck): não fazer uma autocrítica histórica que permitiria uma melhor compreensão do complexo contexto daqueles anos de guerra. Jon Voight (29 de dezembro de 1938) está bem no papel do presidente Roosevelt, embora seja possível ver algumas imperfeições na maquiagem, especialmente nos close-ups. Kate está linda como sempre e é excelente atriz. Josh Harnett (21 de julho de 1978) faz o papel com correção, e Cuba Gooding, Jr. (02 de janeiro de 1968) não surpreende com um papel pequeno, mas marcante. Alec Baldwin está exagerado como o coronel Doolittle. A linda Jennifer Garner (17 de abril de 1972) é uma das enfermeiras que, além de ajudarem os feridos de guerra, estão lá para acharem um marido. Infelizmente, na vida real, acabou se casando com Affleck. Direção de Michael Bay, num filme longo demais que mereceria um roteiro à altura dos ótimos efeitos especiais.
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
144 - O CHEIRO DO RALO
o cheiro do ralo (brasil, 2007) – Lourenço (Selton Mello) é dono de uma loja que compra objetos usados de pessoas que passam por dificuldades financeiras, o que o leva a desenvolver um jogo perverso, trocando a frieza pelo prazer de explorar as pessoas. Esse processo é colocado em xeque no momento em que ele se vê obrigado a se relacionar com uma mulher, usando uma moeda que deixou de lado há muito tempo: o afeto. A mulher, no caso, é a belíssima Paula Braun, por cujos atributos calipígios Lourenço se apaixona à princípio. Mas ele só a quer se ela o deixar pagar para ver seu fabuloso derrière. Perturbado pelo cheiro fedorento do ralo que existe na loja, ele passa a ser confrontado pelos personagens que julgava controlar. De início, Lourenço se explica para seus clientes, mas, depois, numa guinada surpreendente, ele como que abraça esse cheiro ruim e passa a sorvê-lo. De tanto corromper seus clientes desesperados, ele próprio se degradou a ponto de só se sentir bem junto ao esgoto. Além disso, crescem nele a paranóia e a sensação de poder. Selton está à vontade para mostrar seu imenso talento num personagem esquisito, egocêntrico, sexista, neurótico e profundamente simpático, pois retrata o lado nebuloso que todos temos com uma naturalidade impressionante. Tudo funciona nesta justificada produção que logo se tornou cult sem esforço algum. Ou melhor, teve esforço sim e com ótimos resultados. Muito bons os extras do DVD.
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
143 - DRÁCULA, MORTO MAS FELIZ
drácula, morto, mas feliz (dracula, dead and loving it, usa 1995) – de Mel Brooks. Muito boa paródia de Brooks, com Leslie Nielsen, ótimo como sempre, no papel do Drácula mais engraçado do cinema. Nem mesmo George Hamilton, que estrelou “Amor à primeira mordida”, em 1979, consegue tirar o título de Nielsen. Além disso, Peter MacNicol rouba a cena com um hilariante Reinfield, e Brooks diverte como Van Helsing. As situações e os diálogos foram diretamente tirados do filme original com Lugosi, de 1931.
142 - TROPA DE ELITE
tropa de elite (brasil, 2007) – de José Padilha. Sucesso mais que justificado, Tropa de Elite é mais um típico filme brasileiro. Brasileiro porque, embora tenha lá suas inspirações na SWAT americana, toca na ferida do caos urbano que é a guerrilha carioca do tráfico de drogas. Toca apenas não – fura, maltrata, aperta, arrebenta e mais qualquer outro verbo perfurocortante que exista. A violência urbana é isso que se vê na edição nervosa, mas eficiente, do filme sobre, entre outras coisas, as atividades do BOPE, que reúne os mais malvados heróis do cinema nacional jamais vistos. Tudo sob a ótica, ao mesmo tempo fria e emocionada, do capitão Nascimento - um vulcânico desempenho de Wagner Moura - que se esforça para deixar o batalhão em função da chegada do primeiro filho. Ele precisa decidir quem o substituirá nas incursões mais perigosas às favelas: Neto (Caio Junqueira) ou Matias (André Ramiro, numa ótima estréia como ator). O primeiro é perigosamente impetuoso, e o segundo é inteligente, mas se encontra dividido entre a carreira na polícia e o curso de Direito, onde convive com a classe média consumidora de drogas. Paralelamente a isso, um grupo de jovens trabalha numa ONG na favela no intuito de ajudar as pessoas. A tropa de elite aposta na violência esquece e subverte o lema “tortura nunca mais”, o que, assustadoramente, ganha a platéia, acostumada a reclamar exatamente disso. Vale como cinema polêmico? Vale. Vale como denúncia de que os ricos financiam a indústria da droga? Vale. Vale como exposição da podridão das instituições exemplares como a polícia militar? Vale também. Vale como pedra incômoda no sapato dos otimistas? Vale sim, a ponto de a gente se perguntar como isso tudo se mantém às custas de vidas humanas e não só de inocentes. Agora, vale como motivo de reflexão daqueles que realmente podem mudar esse cenário? Não sei. A ver. Essas questões aparecem quando obras de ficção retratam a realidade, despertando o debate sobre o nexo causal entre a violência e as estruturas subjacentes a ela. O personagem de Moura, o capitão Nascimento, por exemplo, poderia ser enfocado por uma ótica hamletiana: sua angústia reflete, de certo modo, o comportamento dividido do príncipe dinamarquês que dialoga com a caveira (símbolo do BOPE) e se vê diante de atitudes de vingança e de questionamentos de valores. O que permeia o filme, então, mais do que a violência implícita, é o desejo visceral de não ser corrupto. Uma outra linha de pensamento se impõe em função do imenso sucesso popular de Tropa de Elite: é curioso constatar a contradição de o público ter se interessado tanto por esta produção através de um meio ilícito – a cópia ilegal. Ou seja, as pessoas viram um filme que fala do crime, usando um produto do próprio crime organizado - a pirataria. Isso é mais um exemplo de que a sociedade brasileira vive de uma profusão de ilegalismos, também mostrada na história. No fundo, Tropa de Elite é uma discussão sobre a grande tragédia humana, a do descompasso entre a intenção e a realização. Tanto o capitão Nascimento quanto o grupo de jovens ongueiros querem acabar com a iniqüidade e melhorar as condições de vida das pessoas. A verdadeira tragédia está aí: eles não conseguem mudar o mundo e acabam engolidos pelo “monstro” representado pelo sistema que tanto combatem.
sábado, 6 de outubro de 2007
141 - FENÔMENO
fenômeno (phenomenon, usa 1996) – filme simpático com John Travolta (18 de fevereiro de 1954) no papel de um mecânico que vê uma luz no céu e passa a ter uma inteligência fora do comum. As coisas se complicam quando ele, acidentalmente, decifra um secreto código militar e fica sob investigação. No mais, a história ressalta a importância da energia que liga todos os seres – isso fica evidente nas cenas em que aparecem as árvores balançando com o vento e no que o personagem de Travolta diz às crianças sobre dar uma mordida na maçã e fazê-la, assim, ser parte deles. No elenco, Kyra Sedwick (19 de agosto de 1965), Forest Whitaker e Robert Duvall. Na trilha sonora, “Change the World”, com Eric Clapton.
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
140 - JACK
jack (jack, eua 1996) – de Francis Ford Coppola. Por causa de um raro distúrbio de crescimento, um garoto de 10 anos vai pela primeira vez à escola com a aparência de 40. Quem seria o ator mais adequado para um papel desses? Se você disse Robin Williams (21 de julho de 1951), acertou. Ele possui o talento raro para mergulhar no universo infantil – já tinha feito isso em Hook – sem resvalar para a pieguice ou a caricatura. Nessa comédia com tons dramáticos (ele é uma criança presa num corpo adulto, correndo contra o tempo), Williams parece mais à vontade do que nunca, tentando fazer amigos na escola e enfrentando as dificuldades que sua aparência provoca nesse processo. Nesse contexto, a pergunta “O que você quer ser quando crescer?”, assume uma perspectiva totalmente nova. Diane Lane (22 de janeiro de 1965) faz a sua mãe, e Jennifer Lopez (24 de julho de 1969) a professora por quem, claro, ele vai ter uma queda. Vale a pena ver, embora seja um filme inesperado para um diretor como Coppola.
terça-feira, 2 de outubro de 2007
139 - VIOLAÇÃO DE CONDUTA
violação de conduta (basic, usa 2003) – um sargento durão (Samuel L. Jackson, 21 de dezembro de 1948) é assassinado durante um treinamento com soldados numa floresta no Panamá. Um dos soldados, tido como suspeito, é resgatado, mas só admite falar com um Ranger. Então, John Travolta (18 e fevereiro de 1954) se apresenta para ajudar uma oficial encarregada do caso (Connie Nielsen, 03 de julho de 1965, Dinamarca). O problema com o roteiro é que há twists demais, e isso acaba por enfraquecer as boas surpresas da trama. De qualquer forma, Travolta faz o papel com competência, mas Connie Nielsen, mesmo de cabelo curtinho, não convence muito como militar. Melhor vê-la como a Lucilla de Gladiador (2000) ou a Christabella do excelente O Advogado do Diabo (1997).
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