segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

1259 - O SÉTIMO SELO

O SÉTIMO SELO (DET SJUNDE INSEGLET, SUÉCIA, 1957) – de Ingmar Bergman. Este é um dos filmes mais interessantes do grande diretor sueco. Começa com o encontro de um cavaleiro (Max Von Sidow) que retorna das Cruzadas com a Morte personificada que veio ali para levá-lo. Para ganhar tempo, o cavaleiro a convida para um jogo de xadrez. A partir daí, acompanhamos o filme sob dois prismas que terminam por se conjugarem. Pelo lado do cavaleiro, percebemos toda a aflição que alguém pode sentir ao ter suas mais profundas convicções abaladas. Tendo vivenciado as Cruzadas, a peste e tendo agora a Morte à sua espera, o cavaleiro passa a refletir sobre a existência de Deus e o significado da vida. Decide então, dedicar o tempo de vida que ganhou com a partida de xadrez que se desenrola, para tentar fazer ou encontrar algo na vida que seja significativo. Por outro lado, acompanhamos a vida de uma “família” de artistas itinerantes, que vivem sob a opressão da pobreza. Apesar disso, esta família encontra uma felicidade, e por que não, um sentido para a vida, nas coisas simples. A imagem da Morte de manto preto e rosto branco jogando xadrez na praia com um guerreiro cansado e questionador está tão arraigada na memória coletiva dos cinéfilos quanto King Kong no topo do Empire State, Janet Leigh sendo esfaqueada no chuveiro ou a explosão da Estrela da Morte em Star Wars. Parodiada diversas vezes, esta cena passou equivocadamente a representar todo o filme no imaginário popular. Na verdade, O Sétimo Selo, embora tenha suas raízes nos grandes temas do auge de Bergman, é um filme divertido, uma quase fábula medieval influenciada pelo entusiasmo do diretor pelos filmes de Akira Kurosawa, na sua preocupação em celebrar os prazeres simples (a família de atores) quanto em apontar os tormentos complexos (a angústia do cavaleiro).