segunda-feira, 9 de julho de 2012

1361 - UM NOVO DESPERTAR


UM NOVO DESPERTAR (THE BEAVER, USA 2011) - todos gostamos de Mel Gibson. Por isso, exatamente por me inserir no grupo dos que têm uma impressão benigna dele, me recuso a considerar esta produção uma parte séria de sua outrora exitosa carreira. Tudo bem que Jodie Foster, amiga de fé, irmã camarada, quis dar uma força à tentativa de reativar a comatosa carreira de Gibson, mas este filme é o que se pode chamar de “fogo amigo”. Quem tem uma parceira assim não precisa muito de inimigos, convenhamos. “The beaver” é uma tentativa de abordar o drama existencialista da falta de sentido no mundo daqueles que já possuem tudo, menos, aparentemente, a famosa paz de espírito, e partem para a autodestruição. Claro que o tema se interlaça com a vida real do astro - ele mesmo se incumbiu de detonar o próprio patrimônio, tangível e intangível, mais ou menos como Charlie Sheen vem tentando  - com mais sucesso, inclusive. Como diretora, Jodie Foster parece querer fazer o espectador sentir na pele a desconexão com o mundo. Para tanto, preferiu correr o mínimo de riscos, embalando o roteiro já frágil, no celofane translúcido da mensagem fácil, o que subtrai do observador mais atento qualquer tentativa de se aprofundar em temas que valeriam os milhões de dólares investidos nesta pálida parábola pós-moderna, como a depressão, o alcoolismo, o pai ausente, a mãe despreparada e o gancho psicanalítico dos estereótipos neuróticos da pseudo-estabilizada família americana. Ao observar uma cisão clara entre o interno e o externo, não estabelece a ordem, mas sim o caos. No fim, resta Mel Gibson atuando com e como um fantoche. Como eu gostaria que fosse diferente...