(BRASIL, 1956) - Sensacional filme da época de ouro das chanchadas que é uma coletânea de disparates politicamente incorretos em série, tão impagáveis e divertidos que deixará você certamente impressionada com algumas referências. Embora seja uma comédia levinha "de costumes", como se dizia na época, só nos resta embasbacar-se frente aos tais costumes: um desfile de esteriótipos, preconceitos, racismo, mau caratismo, e o reforço de um sistema de classes fajuto e colonial. Certamente foi esta a ideia do diretor Carlos Burle : fazer do filme um espelho caricatural da classe média de então, de maneira que esta, ao apreciar-se na tela, talvez se envergonhasse de seus hábitos tão decadentes. Tenho lá minhas dúvidas se estas pessoas eram capazes de entender esta sutileza (muitas ainda não o são hoje !). Anselmo Duarte no auge, e na companhia de um elenco excepcional, que contava ainda com Dercy Gonçalves, Grande Otelo, Zé Trindade, entre outros, além de números musicais de Jamelão e do célebre Ivon Cury, que sem saber, participava aqui do primeiro vídeo-clip da história. Um filme clássico, de uma época pré televisão (não por acaso o filme é protótipo das telenovelas), do tempo que o cinema brasileiro bebia direto da fonte americana, (que por sua vez vivia um período igualmente romântico), e tinha pretensões de ser uma filial de Hollywood ao sul do Equador.