sábado, 31 de maio de 2014

2310 - A CAÇADA

(THE HUNTING PARTY, USA 2007) - Richard Gere é Simon Hunt, um correspondente internacional na Bósnia que, durante uma das transmissões, tem um ataque de fúria e, então, é demitido. Tempos depois, reencontra seu câmera (Terrence Howard, com a voz cada vez mais chata), agora promovido na emissora, e lhe promete um furo de reportagem: uma entrevista com o pior criminoso de guerra local. Agindo contra ordens da ONU e confundidos com agentes da CIA, eles partem em sua busca. Baseado em uma história real. A meu ver, o filme é um pouco irregular e fica lento em algumas sequências, mas prende a atenção até o fim.
 

2309 - VÍTIMAS DE UMA PAIXÃO

(SEA OF LOVE, USA 1989) - Assim como Marlon Brando, Al Pacino faz qualquer filme em que ele esteja valer a pena. Aqui, ele é um detetive que investiga um caso de assassinatos em série cometidos por uma pessoa que responde a anúncios de jornal. Ou seja, tudo por causa da má tolerância à solidão, um problema que parece mesmo universal. O gente-boa John Goodman é o seu parceiro e tem uma atuação memorável em cada cena em que aparece. Os dois combinam tão perfeitamente em cena, que eu me pergunto como teria sido um sucesso um seriado com eles, ao estilo de PERSUADERS.  Enfim, o filme é muito bom, um noir mais moderno, com um roteiro envolvente e atores talhados para o gênero que, nesta produção, ainda possui o requinte de inserir laivos cômicos que funcionam esplendidamente no contexto. Destaque, também, para Helen Barkin, a mulher-fatal que coloca o personagem de Pacino novamente no caminho do amor.
 

sexta-feira, 30 de maio de 2014

2308 - O MORDOMO DA CASA BRANCA

(LEE DANIEL'S THE BUTLER, USA 2013) - Há dois modos de ver estre filme: ou você se deixa levar pela atuação sempre emocionante de Forest Whitaker e se esquece do pano de fundo que pontua a história, ou não há como fugir de uma análise mais fria de um filme que tem todo o jeito de peça de propaganda política do governo Obama. O MORDOMO se destaca porque conta uma história de afirmação de negros do ponto de vista dos negros e com atores negros, sem a intenção de repetir a velha fórmula de querer despertar a consciência dos brancos. Dentro do contexto sócio-político americano das décadas de 50 e 60, esta postura pode significar muito, especialmente para quem sofreu na pele escura os ataques e as humilhações que o filme mostra em várias cenas. O grandíssimo Forest Whitaker, com seus arrebatadores olhos tristes, é Cecil Gaines, o mordomo que serviu oito presidentes americanos, de Eisenhower a Reagan, sempre como um exemplo extremo de subserviência ao poder branco, se contrapondo à militância política de seu filho mais velho, o rebelde Louis (David Oyelowo). O problema é que, em vários momentos, o filme fica didático demais, quase caricatural, principalmente por causa da insistência do diretor Lee Daniels de colocar os personagens sempre no canto do quadro histórico e então fazê-los influir neste de maneira decisiva, como um Forrest Gump ao contrário. O diretor também peca, sem remissão possível, ao pedir a atores conhecidos imitações de figuras verídicas - John Cusack, como Nixon, e Liev Schreiber, como Lyndon Johnson estão constrangedores. O que ficou ruim, a meu ver, é colocar no epílogo um endeusamento ao presidente Obama (de quem gosto muito, hein?), numa manobra capciosa, enfocando-o como um símbolo e um objetivo da vida de Gaines. Se você esquecer tudo isso que eu falei, pode ficar então com a atuação de Whitaker, que é mais que suficiente para nos emocionar e nos lembrar que um ator talentoso e profundamente empático pode ser muito maior que o filme em que atua.
 

quinta-feira, 29 de maio de 2014

2307 - O LOBO DE WALL STREET

(THE WOLF OF WALL STREET, USA 2013) - Enquanto assistia a TWOWS, um palavra inglesa ficava cruzando a minha mente: "debauchery". É exatamente isso o que acontece nesta obra-prima de Martin Scorsese - uma festa sempiterna de prazeres, sem pesar qualquer consequência, a não ser o lucro. Mas o que importa aqui é a impressionante carpintaria cinematográfica do diretor ítalo-americano. Cada cena parece ter sido longamente planejada para dar a dimensão exata do turbilhão que foi a vida de Jordan Belfort, vivido com imenso talento por Leonardo DiCaprio. Scorsese nos mostra como funciona o intrincado, e nem sempre honesto, mecanismo da compra e venda de ações, sem deixar de apontar seus mais deletérios efeitos: o exibicionismo, a corrupção, a vaidade, a exploração sexual, o uso quase ilimitado de todo o tipo de drogas, a prepotência dos mais ricos, a relatividade das relações pessoais e uma completa indiferença em relação às leis e ao politicamente correto (há uma cena em que anões são atirados num exercício de tiro ao alvo). Scorsese corre, sim, o risco de estar mostrando o glamour do crime e valorizando condutas de natureza ética no mínimo questionáveis, mas, se o faz aos olhos dos mais críticos, também exerce toda a potencialidade do ofício cinematográfico com incomum maestria. A abordagem cômica e caricatural de seus personagens reflete uma realidade pós-moderna que, em vários aspectos, também é cômica e caricatural. Ou seja, TWOWS é humor negro, com laivos de drama (a vida não seria assim?) que, no fim, acaba nos deixando com um travo amargo na alma, como se reconhecêssemos, no circo montado por Belfort, um pouco das nossas inconfessáveis ambições e vaidades. No mais, o filme é de Leo DiCaprio, sem qualquer dúvida. Sua cena se arrastando pelo chão até o carro, depois do efeito das drogas, vai ficar como uma das mais antológicas do cinema. Ele se mostra completamente tomado pelo personagem e não respeita qualquer limite de velocidade para nos entregar um produto visceral, incômodo e extremamente realista. Jonah Hill está excelente como o contraponto - ou quase - de DiCaprio, na composição de um personagem histriônico que vai muito além do que ele fazia em SUPERBAD e 21 JUMP STREET. Atenção para a boca, os olhos e as curvas de Margot Robbie, atributos que não atrapalham sua surpreendente atuação como esposa de Belfort, um papel difícil que ela faz com inequívoco talento.   
 

terça-feira, 27 de maio de 2014

2306 - O ENIGMA DO HORIZONTE

(EVENT HORIZON, UK 1997) - Uma força alienígena está solta dentro de uma nave espacial e, aos poucos, vai matando os membros da tripulação. Já viu este filme? Sim, claro que já viu, pois todas as produções que sucederam ALIEN, O OITAVO PASSAGEIRO, o original nunca superado e sempre copiado, só conseguiram mesmo ser um pastiche cinematográfico da obra do mestre Ridley Scott. Aqui, temos algumas cenas violentas, muito sangue jorrando dentro da nave e uma abordagem psicológica não muito comum aos filmes do gênero. Laurence Fishburne e Sam Neill encabeçam o elenco que não faz muita coisa a não se mostrar que está apavorado com o que não conseguem entender. De fato, não há muito mesmo para entender.
 

2305 - MORTE POR ENCOMENDA


(RED ROCK WEST, USA 1993) - Um texano (Nicolas Cage) vai até o Wyoming, na esperança de conseguir trabalho em perfuração de petróleo, mas não consegue o emprego. No entanto, é confundido com um assassino profissional contratado para matar uma esposa infiel. Ele se aproveita da situação e pega 5 mil dólares como adiantamento, mas, em vez de executar o serviço, conta tudo para sua possível vítima, que lhe oferece o dobro para matar o marido. Aí, começam os twists desse filme com todo jeito de noir, mesmo tendo como cenário o colorido sertão do Estados Unidos. O diretor John Dahl consegue tirar o máximo do mínimo de ação, por isso, o filme prende desde o início. No entanto achei o epílogo meio corrido, com alguns clichês que poderiam ter sido evitados. Cage está muito bem no papel de um homem bom que, de inopino, se vê enredado numa trama que lhe foge ao controle. A disléxica Lara Flynn Boyle é uma atriz fraca, que provavelmente só será lembrada pelo affair com Jack Nicholson enquanto namorava David Spade, em 1999. Hoje, está com a boca deformada com Botox. O enfant terrible Dennis Hopper cumpre com talento o papel limitado de vilão.
 
 
 

domingo, 25 de maio de 2014

2304 - CHAMADA DE EMERGÊNCIA

(THE CALL, USA 2013) - Thriller de suspense com a cotia Hale Barry no papel de uma operadora de chamadas de emergências da polícia de Los Angeles. Com uma adolescente sequestrada na linha, ela acaba se envolvendo no caso, que se mostra muito mais pessoal do que ela esperava. O diretor Brad Anderson aproveita todos os ângulos do belo rosto de Hale, na tentativa - bem sucedida - de passar para nós a angústia da pessoa que está do outro lado da linha, tendo apenas o diálogo como ferramenta de ajuda. Assim, o filme funciona e mantém o clima de tensão até o fim. Mas é exatamente na parte final que o roteiro se complica um pouco, mostrando uma solução preguiçosa, meio na contramão da linha quase documental da história.
 

sábado, 24 de maio de 2014

2303 - ELYSIUM

(ELYSIUM, USA 2013) - Responsável pelo eficiente e inquietante DISTRITO 9, o sul-africano Neill Blomkamp parece aposta mesmo todas as suas fichas num gênero que ele mesmo inventou: o favela-sci-fiction. Neste filme, ele repete uma estética que impressionou bem em DISTRITO: as favelas horizontais contrastando com o céu azul, onde despontam, aqui e ali, naves espaciais como se fossem parte natural do cenário futurista. Aqui, Matt Damon tem a missão de trazer de volta aos habitantes da de uma Terra semi-destruída a condição de vida dos habitantes de Elysium, uma espécie de condomínio de luxo espacial, onde as pessoas mais ricas vivem tranquilas e felizes, nunca se lembrando dos menos favorecidos que sobrevivem lá embaixo. Fica evidente, a meu ver, comparação com o que acontece no mundo de hoje, onde os menos favorecidos também veem os ricos como se estes estivessem vivendo em outro planeta. Damon, como sempre, tem aquela atuação tão honesta, que não há como não torcer por ele, mesmo que passe a maior parte do tempo metido dentro de um exoesqueleto meio improvável, fornecido por Spider (Wagner Moura, meio perdido). Alice Braga repete seu papel de A LENDA, fazendo uma mãe que faz tudo para salvar a filha, e uma envelhecida Jodie Foster, constrangedoramente parecida com a Xuxa, faz um personagem burocrático. Vale a pena ver, mais pela estética do diretor do que pela história propriamente dita.  
 

2302 - REPTILICUS

(REPTILICUS, USA 1961) - Considerado um filme cult entre os fãs de filmes sci-fi trash (como é o meu caso), esta produção dinamarquesa ( ! ) se esforça para apresentar uma história com um mínimo de seriedade: ao fazer uma escavação num depósito de cobre, um grupo de mineiros descobre parte da cauda de um animal pré-histórico, que é levada para o Aquário Municipal de Copenhagem ( ! ), onde a criatura vai se desenvolver e aterrorizar a cidade, bem ao estilo Godzilla. O curioso é que a produção foi em parte financiada pelo governo dinamarquês, que exigiu um merchandising da cidade para o turismo. Há cenas completamente deslocadas dos personagens passeando pelos pontos turísticos da capital dinamarquesa.
 

2301 - WILDE, O PRIMEIRO HOMEM MODERNO

(WILDE, UK, 1997) - Cinebiografia de Oscar Wilde, vivido aqui por Stephen Fry, que alia o talento à espantosa semelhança física com o autor de O RETRATO DE DORIAN GRAY. A abordagem burocrática do diretor Brian Gilbert acaba levando o filme na direção dos moldes melodramáticos de Hollywood. Tivesse sido desenvolvido por um diretor mais ousado, certamente o filme combinaria a língua ácida e a inteligência arguta de Wilde com o drama de sua condição social e sexual, especialmente no conflito com valores morais míopes e retrógrados da Inglaterra vitoriana. De qualquer forma, é uma ótima oportunidade para conhecer a vida do grande escritor. Por outro lado, Jude Law se destaca pela entrega no seu personagem, o jovem lorde Alfred 'Bosie' Douglas, alvo da paixão de Wilde. WILDE é um filme que serviria muito bem para uma discussão sobre os preconceitos que, mesmo na segunda década do século XXI, ainda continuam presentes na sociedade pós-moderna e hipócrita em que vivemos.
 
 

2300 - CHARLIE CHAN, CASTLE IN THE DESERT

(CASTLE IN THE DESERT, USA 1942) - This final entry in 20th Century-Fox's "Charlie Chan" series is set in a huge mansion, smack-dab in the middle of the Mojave desert. When snoopy weekend guest Professor Gleason  is murdered, every member of the household falls under suspicion-none more so than Mr. Manderly, the surly and highly secretive master of the household. Charlie Chan  and number two son Jimmy stumble into this nest of vipers and quickly get to work trying to unravel the mystery, which involves a collection of priceless artifacts and an old-fashioned torture chamber. An excellent series entry, Castle in the Desert would have been a worthy screen finale for the inscrutable Mr. Chan, impersonated by Sidney Toller, who has a quite peculiar manneirism in delivering the lines that I personally like very much. One curiosity in this movie is the presence of Ethel Griffies, the ornithologist in Hitchcock's THE BIRDS.
 

quinta-feira, 22 de maio de 2014

2299 - QUANDO DUAS MULHERES PECAM


(PERSONA, Suécia 1966) - O infeliz título em português pode dar aos desavisados uma ideia totalmente equivocada do que se trata o filme. Mas isso não se constitui num obstáculo para uma apreciação plena desta joia de Bergman. Ao assistirmos ao filme, a primeira coisa que nos atinge é uma sensação de peso, pois essa é uma obra-prima psicológica, que obriga o espectador a pensar sobre cada detalhe em cena. Cada take indica uma situação, cada expressão indica uma vertente do personagem geminado que se nos apresenta em longas sequências e profundos silêncios. Elisabeth é uma atriz de teatro que após uma apresentação de teatro decidiu calar-se. Desde então, fica muda e vive num hospital, onde conhece Alma, a enfermeira que tomará conta dela. Com o modesto avanço nas tentativas de fazer Elisabeth falar, a médica do hospital sugere que as duas mulheres passem algum tempo na em sua casa de praia, onde poderão ficar mais à vontade e o tratamento poderá fluir melhor. No período em que passam juntas, cresce entre elas um relacionamento conflitante, íntimo, levando-as a uma gradativa interação quase simbiótica. Bergman, Liv Ullman e Bibi Andersson, respectivamente, diretor e intérpretes de Elisabeth e Alma, representam um universo psicológico que descortina, cena a cena, uma metáfora do comportamento bipolar humano. Os planos-sequência de Bergman mostram sempre uma atriz em cena, sempre com o perfeito uso da iluminação. Bibi Andersson representa o descontrole emocional, as revoluções internas do ser. Em pouco tempo, sua personagem ama e odeia, se sente apaixonada e, pouco depois, se torna vingativa. A atriz responsabiliza-se pelas modificações comportamentais, tornando-se um objeto de estudo de Elisabeth. Liv Ullmann, em seu primeiro papel num filme - este seria o 1º de 12 filmes em que ela trabalharia com Bergman -, nos apresenta um personagem provocante, que nos intriga principalmente por causa do silêncio. Sem falas, suas interpretação resigna-se aos olhares e gestos. Bergman, neste filme, se apaixona por ela. Bergman iria se tornar no imaginário do público como uma "marca registrada" do seu cinema: uma temática bastante densa e agora sempre pessimista, com poucos personagens, vivendo situações de crise intensa em ambientes quase sempre claustrofóbicos, mesmo que este cenário seja a paisagem de uma ilha, onde as duas protagonistas estão. Elisabeth e Alma são, na verdade, a mesma pessoa. Representam, respectivamente, o físico e o emocional. Elisabeth é quase linear e a sua única grande explosão é aquela instintiva (quando teme que a outra lhe jogue água fervente); Alma, como o próprio nome sugere, é a parte interna, cheia de movimentos bruscos, variando em humor e sentimentos. Alma e Elizabeth, passam a manifestar diferentes facetas de uma só personagem, culminando na notória sequência onde fundem-se os rostos das atrizes. Chamando mais uma vez atenção para a personalidade do diretor, convém destacar que tanto Elizabeth quanto Alma são afligidas por traumas relacionados à maternidade - a primeira simplesmente renega o filho, enquanto a segunda não aceita bem um aborto ao qual fora obrigada - o que reflete uma evidente característica de Bergman, que nunca conseguiu assumir de forma completa o papel de pai dos filhos que acumulou ao longo de sucessivos casamentos. É incrível que o filme tenha apenas 85 minutos e ofereça tantas leituras.

  

quarta-feira, 21 de maio de 2014

2298 - DARKMAN, VINGANÇA SEM ROSTO

(DARKMAN, 1990) - Liam Neeson alcançou a fama com este personagem, Darkman, passando posteriormente a fazer papeis "mais sérios", como me A LISTA DE SCHINDLER. Depois, voltou aos filmes de ação, como BUSCA IMPLACÁVEL e outros em que sempre faz o sujeito que busca vingança. Pois bem, é exatamente a busca de vingança de que se trata este filme dirigido por Sam Raimi, no qual um cientista (Neeson) fica desfigurado, depois de sofrer um atentado, e se transforma num vingador noturno com o rosto coberto por bandagens. O filme é bem no estilo de Raimi, com muita violência gratuita, com uma história baseada num conto do próprio Raimi que tinha como objetivo homenagear os filmes de horror da Universal dos anos 30, um interesse específico que eu também tenho. Julia Roberts estava cotada para o papel que acabou ficando com Frances McDormand. Julia optou, então, por PRETTY WOMAN.
 

segunda-feira, 19 de maio de 2014

2297 - SANGUE NO GELO

(THE FROZEN GROUND, USA 2013) - Com dois dos atores de que mais gosto, Nicolas Cage e John Cusack, SANGUE NO GELO é um filme frio. Por favor, não ria. Cage é um policial no Alaska, e Cusack é o serial killer que perpetra os crimes mais terríveis, assassinando jovens prostitutas com extrema crueldade. É estranho ver Cusack num papel assim, pois ele tem sempre o perfil de gente boa, mas sua atuação é muito boa, acima, inclusive da de Cage, que apenas parece burocrático no seu personagem. Não é um filme fácil de ver: a atmosfera é sombria e pesada, as situações, baseadas em fatos reais, são extremamente realistas e desconfortáveis. O título em português ficou muito bom, o que raramente acontece.
 

sexta-feira, 16 de maio de 2014

2296 - EU, MEU IRMÃO E NOSSA NAMORADA

(DAN IN REAL LIFE, USA 2007) - Esse filme é uma espécie de Nelson Rodrigues ianque, que tinha tudo para render mais, porém fica mesmo na comédia de costumes, sem grandes profundidades. Mas eu gosto muito do Steve Carell e assisto mesmo a qualquer filme em que ele esteja. Não posso deixar de lembrar do seu papel em PROCURA-SE UM AMIGO PARA O FIM DO MUNDO, que adorei. Aqui, Carell é Dan, um, viúvo com três filhas, que vai passar uns dias na casa dos pais, onde também estarão os irmãos e suas famílias. Numa livraria (ah, sempre numa livraria...), ele conhece Marie (Juliette Binoche, distribuindo charme) e os dois começam a conversar e descobrir afinidades. Eles se despedem, e Dan vai para a casa dos pais, onde tem a grande surpresa: Marie é a namorada do irmão! Aos poucos, ela vai cativando a família e colocando Dan em rota de colisão com o irmão. No fundo, é uma comédia, com pinceladas dramáticas, sempre centrada na atuação contida de Carell. Como falei, acho que o filme podia ter rendido mais.
 

quarta-feira, 14 de maio de 2014

2295 - O SEGREDO DA CABANA

(THE CABIN IN THE WOODS, USA 2011) - Quando a gente acaba de ver o filme, pode muito bem ficar na dúvida se está diante de um filme tradicional de horror adolescente ou um exercício de metalinguagem. que explora os arquétipos do gênero. Bem, acho que pode ser um pouco dos dois. Sem revelar muito, a trama é a seguinte (parece um clichê ambulante, mas acredite, não é): cinco jovens amigos se reúnem para uma confraternização regada a álcool, drogas e probabilidade de muito sexo em uma cabana isolada no meio da mata. Lá, eles acidentalmente invocam um ritual antigo, libertando zumbis e outras criaturas do gênero. A partir daí, o diretor Joss Whedon parece querer brincar com os estereótipos do horror-teen, sem muita preocupação de estar apresentando uma crítica ou um esculacho geral. O aspecto mais curioso do filme é a presença de Chris Hemsworth, antes de Thor e dois grandes atores, em papéis horríveis: Richard Jenkins e Sigourney Weaver que, coitada, parece ser convidada a dar seu aval em qualquer filme de monstro, desde que fez Aliens.
 

2294 - A SOCIEDADE DA NEVE

(STRANDED: I'VE COME FROM A PLANE THAT CRASHED ON THE MOUNTAINS, FRANÇA, URUGUAI, ESPANHA E CHILE, 2007) - Em 1972, o avião que levava um time de jovens jogadores amadores de rugby uruguaios para um jogo em Santiago do Chile caiu em meio à cordilheira dos Andes por causa do mau tempo. Por dez dias, grupos de resgate vasculharam a região sem encontrar nada. Mas graças a um planejamento meticuloso e à difícil decisão de comerem a carne dos companheiros mortos, 16 deles conseguiram sobreviver, sendo encontrados dez semanas depois por um pastor de ovelhas. Reunidos hoje, eles contam como administraram sua sobrevivência e ponderam sobre questões transcendentais.
 

terça-feira, 13 de maio de 2014

2293 - MINHA NOVA VIDA

(HOW I LIVE NOW, UK 2013) - Este é um filme meio surpreendente, porque, de fato, dá uma nova abordagem aos dramas adolescentes e aos ritos de passagem, mas também não se resolve ao longo da história. Daisy, uma adolescente americana vai passar férias na casa dos primos, no interior da Inglaterra. Ela é a típica menina-problema: implica com tudo, nunca está satisfeita, não faz questão de ser simpática etc. Está claro que ela não queria estar estada num sítio acanhado e rústico. Então, o país é vítima de um atentado terrorista: uma bomba atômica explode no centro de Londres, pondo todos em quarentena. Separada dos primos e tendo que enfrentar situações difíceis, Daisy, de uma hora para outra, amadurece, mas de uma maneira muito rápida, sem qualquer transição. Isso, a meu ver, atrapalha bastante a história. De qualquer forma, é um filme interessante.   
 

sábado, 10 de maio de 2014

2292 - GUERRA MUNDIAL Z

(WORLD WAR Z, USA 2013) - Este filme parece uma releitura de A LENDA, com Will Smith, e, devo dizer, é tão ruim quanto. Dá continuidade ao gênero que foi ressuscitado espontaneamente nos últimos anos, o do apocalipse zumbi. Brad Pitt é Gerry Lane, ex-analista de campo da ONU que cansou de viver em países conflagrados e resolveu viver como um simples pai de família na Filadélfia. Reconvocado, Gerry vai em busca da solução para uma contaminação que vem transformando as pessoas em zumbis, se vendo obrigado a enfrentar a fúria destes até ter a ideia nem tão original assim de resolver a situação. Sensatamente, o filme não almeja a discussão moral na qual WALKING DEAD é insuperável, mas acaba por ter um epílogo meio em aberto e, em muitos níveis, insatisfatório para quem aguentou ficar até o fim.
 

segunda-feira, 5 de maio de 2014

2291 - TOCAIA NO ASFALTO

(BRASIL, 1962) - A mando de um coronel, um matador é enviado à Bahia a fim de eliminar um político corrupto. Chegando lá, ele vai morar num bordel e se apaixona por uma prostituta. Enquanto isso, um jovem deputado pretende criar uma comissão para investigar as falcatruas do grupo ao qual pertence o político que está sob a mira do assassino. Prestes a cometer o crime, o matador é avisado de que não precisa mais cumprir o trabalho. Mas ele hesita em abandonar o plano.O curioso neste filme de Roberto Pires é ter Agildo Ribeiro no papel principal, um matador de aluguel que conjuga sua vida profissional com uma extremada religiosidade. Tocaia no Asfalto também pode ser considerado um filme político, porque o protagonista é apenas um elemento de uma conspiração política. O filme foi gravado em Salvador e narra uma disputa eleitoral para as eleições que estão por vir. Dois aliados políticos, dois coronéis especificamente, estão juntos para derrotar um candidato mais jovem, que por ironia do destino se envolve com a filha de um deles.Mas o filme não fala sobre política ou assassinato. O protagonista é pistoleiro profissional, mata por encomenda, mas entrou nesta vida para vingar o irmão. Em grande parte do filme ele é mostrado como um homem simples e seguidor de uma moral própria, que envolve sua frieza com o trabalho e sua religiosidade, uma espécie de personalidade paradoxal, pois o homem mata e reza pela alma de suas vítimas.

domingo, 4 de maio de 2014

2290 - JOVENS ADULTOS

(YOUNG ADULT, USA 2013) -Neste filme, Charlize Theron é Mavis Gary, divorciada e entediada, cujo trabalho é ser ghost writer de uma série de livros para adolescentes (são os jovens adultos do título), já em declínio, com o último volume já encomendado. De longe, vê-se uma escritora bem sucedida, loura, sexy e confiante. No entanto, de perto, nada disso se sustenta, apesar de ela ter deixado a cidadezinha onde foi criada e todo o modo de vida meio caipira que ela considerava inadequado. Ao receber o convite para o batizado da filha do ex-namorado (Patrick Wilson), Mavis decide que ele é o cara certo e passa a acreditar que ele é infeliz ao lado da mulher. Então, ela parte para a cidade natal para reconquistá-lo e tirá-lo daquele lugar. O roteiro de Diablo Cody, de JUNO (2007), mostra como pode ser conveniente enxergar apenas o que nos interessa, sem se dar conta de que a vaidade pode nos levar a situações constrangedoras. É o que acontece com Mavis.

sábado, 3 de maio de 2014

2289 - UM BIRUTA EM ÓRBITA

(WAY, WAY OUT, USA 1966) - Na onda da Guerra Fria e da corrida espacial, esta comédia com Jerry Lewis tinha tudo para dar certo. Mas, revendo o filme, fica mesmo a impressão é de que tudo deu errado, do roteiro descerebrado à produção, muito aquém do que já se fazia na época. Nem o histrionismo de Lewis aparece na história. Ele, inclusive, parece meio perdido num set que emula uma estação lunar e em diálogos muito pouco inspirados. Além disso, há uma abordagem claramente sexista, sem muitas preocupações com o politicamente correto.