(STAND-UP GUYS, USA 2012) - Esta comédia dramática que junta um trio espetacular (Al Pacino, Christopher Walken e Alan Arkin), na verdade, é uma homenagem à carreira dos três, em particular, e à geração da Nova Hollywood dos anos 1970, de modo geral. Val (Pacino) é solto depois de passar 20 anos na cadeia por se recusar a entregar seus parceiros criminosos. Ele então encontra seu melhor amigo Doc (Walken) e o velho companheiro Hirsch (Arkin) para uma longa jornada noite adentro, incluindo excessos de velocidade, remédios e mulheres. O passeio tem tom de despedida, porém, porque Doc recebeu do chefão mafioso local a missão de matar Val. Aqui, como De Niro, Pacino faz o tipo inconsequente que, talvez por pressentimento, sabe que precisa aproveitar os minutos como se fossem os últimos. Já a Walken cabe o ingrato papel de impedir que o amigo se machuque. Que Walken seja o encarregado de matar o personagem de Pacino é um interessante e irônico elemento que move adiante o roteiro do estreante Noah Haidle. Além de ser um filme com um ritmo particular, quase uma crônica de costumes, STAND-UP GUYS é também uma rara comédia com senso de vergonha - como se os personagens de Pacino e Walken se agarrassem, acima de tudo, à chance de mostrar às plateias mais jovens como a dramaturgia pode ter camadas mais profundas de intensidade. O humor meio involuntário vem das situações, da dinâmica polarizada dos dois, e dessa tentativa frequentemente frustrada de evitar vexames diante do mundo dos jovens. Hoje em dia, parece que restaram a esses atores mais velhos poucas alternativas. Há os filmes de época e as adaptações teatrais/literárias, os francos pastelões e os filmes "bucket list" de terceira idade. No entanto, estes grandes atores encontram uma terceira via bem interessante nesta produção. Consegue evitar as armadilhas de Hollywood - ninguém neste filme está tentando "reencontrar a alegria de viver" - e não tem medo de enfrentar a morte. Basta ver a franqueza com que Pacino diz a uma mulher no filme que o pai dela está morto. Há um desprendimento ali que o diretor sabe usar a seu favor, neste filme que parece comum, que, ao mesmo tempo, possui um brilho raro, mas apenas aos olhos mais atentos. E, claro, há sempre que se exaltar a presença magnética de Pacino, em todas as cenas. Ali está boa parte do melhor da história do cinema, um ator que epitoma talento imenso e uma emoção selvagem que atualmente não se encontra mais.