O MESTRE (THE MASTER, USA 2012) – Diretor do excelente MAGNÓLIA (1999), Paul Thomas Anderson não costuma fazer filmes fáceis. Neste filme, o diretor se liberta das formas narrativas tradicionais, para contar a história de um ex-soldado (o magnífico Joaquin Phoenix) que se encanta pelo líder de uma seita suspeita (o também magnífico Philip Seymour Hoffman). A partir daí, o diretor faz uma interessante incursão na natureza da relação entre líderes espirituais e seus seguidores, normalmente chamados de “soldados”. Com uma belíssima fotografia em 65 mm que ressalta o clima nostálgico do roteiro, O MESTRE é um veículo para, talvez, a maior atuação de Phoenix no cinema, especialmente nas cenas em que está com Hoffman. Há, dentro do argumento, uma discussão sobre a Cientologia, numa visão bem particular do diretor.
Joaquin Phoenix não apenas habita visceralmente seu personagem, como também consegue mostrar um homem que se reinventa depois de destroçado física e psicologicamente, passo a passo. Seu personagem é uma mistura de uma revolução interna – imprevisível, impulsivo, intenso. Com maestria Phoenix controla isso todo este processo, mesmo que, em certos momentos, pareça estar prestes a pôr tudo a perder. Onde Phoenix e Hoffman são mercuriais e explosivos, Amy Adams é resignada e sutil, mas sempre flertando com as fímbrias do ser. Um filme de mestre.