A AUTÓPSIA DE JANE DOE (THE AUTOPSY OF JANE DOE, USA, 2016) - Brian Cox e Emile Hirsch são pai e filho que tocam um negócio há gerações na família – uma funerária que é também a morgue da cidadezinha em que eles moram, na Virgínia. Certa noite, um cadáver estranho vai parar lá: no porão de uma casa em que a polícia está investigando o massacre de uma família, descobre-se, meio enterrado no chão de terra, o corpo de uma jovem. Não parece haver nenhuma ligação entre ela e os crimes do andar de cima, mas o defunto é tão fora do comum que o xerife o despacha com urgência, já no meio da noite, para os legistas. É aí que o filme do norueguês André Ovredal começa a tomar forma de uma peça de câmara, tirando partido do ambiente claustrofóbico da morgue, do elenco enxuto – três personagens, sendo um dos quais está morto - , dos elementos sobrenaturais que o roteiro incorpora gradativamente e da atmosfera do terror que nos remete a produções da década de 70, quando a imaginação do espectador era constantemente instigada por diretores mais preocupados com uma história original e criativa do que com efeitos especiais que nem sempre contribuem para um bom filme. Eu esperava mais, no entanto, o filme é muito melhor que muitos outros mais badalados. Jane Doe é um nome genérico que a polícia americana dá a vítimas de crimes que devem ter sua identidade protegida ou que seja desconhecida.