O HOMEM COM DOIS CÉREBROS (THE MAN WITH TWO BRAINS, USA 1983) – de Carl Reiner. Há muito tempo que não via esse filme e me surpreendi: ainda é uma ótima comédia, com Steve Martin (14 de agosto de 1945) como um médico neurocirurgião que se apaixona por um cérebro de uma mulher. Kathleen Turner (19 de junho de 1954) está perfeita como sua esposa “sem coração”, ao mesmo tempo sexy e interesseira. Talvez seja o melhor filme de Martin, daquela safra do início dos anos 80. É o tipo de humor de que se gosta ou odeia, não há meio termo. Cinemax, 22 de dezembro de 2007. ☺☺
domingo, 23 de dezembro de 2007
226 - O VIGARISTA DO ANO
O VIGARISTA DO ANO (THE HOAX, USA 2007) - reconstituição da incrível história de Clifford Irwing, escritor que forjou a autobiografia de Howard Hughes e provocou uma mudança de paradigma naquilo que é o limite entre fato e ficção, pois, ao final, ficamos sem saber se os eventos do livro são ou não autênticos, em função da personalidade excêntrica de Hughes. Excelente atuação de Richard Gere (31 de agosto de 1949) como Irwing, como há muito são se via. O sempre brilhante Alfred Molina (24 de maio de 1953, Londres), Hope Davis (23 de março de 1964) e Stanley Tucci estão ótimos. Além disso, tem Julie Delpy (21 de dezembro de 1969), num papel pequeno, mas o suficiente para constatarmos que ela é igualmente linda e talentosa. Marcia Gay Harden (14 de agosto de 1969) faz a esposa de Irwing. No final, a história se perde um pouco ao sugerir teorias conspiratórias que ligam o livro a Nixon. É interessante a discussão do fato e de sua versão, recorrente em vários filmes, mas que nesse, pelo menos, assinala um episódio premonitório do que passou a ser comum nos dias de hoje: a manipulação da realidade (?) pela mídia ansiosa por construir seus próprios mitos. Direção de Lasse Holström, do delicioso Chocolate. DVD, 23 de dezembro de 2007. ☺☺ ☺
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
225 - REINE SOBRE MIM
reine sobre mim (reign over me, usa 2007) – de Mike Binder. A história é um dos ecos do 11 de setembro: Charlie (Adam Sandler, 09 der setembro de 1966), ex-dentista, perdeu a mulher e as filhas nos ataques ao WTC e agora vive em completa prostração, enfurnado no seu apartamento, jogando vídeo-game. Seu colega de faculdade, Alan Johnson (Don Cheadle, 29 de novembro de 1964), bem situado na profissão, o encontra casualmente na rua e seus mundos começam a se inter-relacionar. Enquanto Charlie foge do mundo e não tem trabalho nem família, Alan se sente também isolado por não conseguir equacionar a profissão com a mulher e as filhas. Boa atuação de Sandler num papel dramático, assim como Cheadle. No entanto, há alguns furos no roteiro: ninguém explicou a fixação da tal Ms. Remar (a belíssima Saffron Burrows, 21 de outubro de 1972, Londres), o que seria pertinente, creio. A esposa de Alan (Jada Pinkett Smith, 18 de setembro de 1971) parece ter tido algumas falas cortadas, especialmente quando tenta expor as dificuldades que vem tendo no relacionamento com o marido. A psiquiatra que Liv Tyler (01 de julho de 1977) faz também parece um personagem pouco trabalhado por Binder, que também escreveu a história. No geral, um filme dentro da média aceitável.
224 - IT'S A MAD, MAD, MAD, MAD WORLD
it’s a mad, mad, mad, mad, mad world (usa, 1963) – de Stanley Kramer, diretor também de O Segredo de Santa Vittória, com Anthony Quinn. Um grupo de pessoas ouve de um homem que está prestes a morrer, depois de um acidente de carro no deserto, que devem procurar quantia de 350 mil dólares, escondido debaixo de um W, em algum lugar do Oeste. Esse mote dá início a situações cômicas típicas dos anos 60, com muito pastelão, perseguições e esquetes copiados dos filmes humorísticos das duas décadas anteriores. Mas, o que importa realmente é o desfile de astros do cinema da época: Mickey Rooney, Therry-Thomas, Spencer Tracy, Milton Berle, Peter Falk, Buster Keaton, Carl Reiner, Jimmy Durante, Jerry Lewis, Os Três Patetas, entre outros. É divertido aguardar a entrada de cada um deles, como se estivéssemos na platéia de um teatro.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
223 - SCOOP, O GRANDE FURO
scoop, o grande furo (scoop, UK, usa 2006) – de Woody Allen. No funeral do famoso jornalista inglês, Joe Strombel (Ian McShane, 29 de setembro de 1942), seus colegas e amigos lembram de sua obstinada perseguição a um furo jornalístico que lhe desse fama. A partir daí, Woody Allen (01 de dezembro de 1935) dá início a uma comédia que flerta com o mundo dos mortos, pois é lá mesmo que Strombel descobre uma pista de quem é o misterioso serial killer que anda assombrando Londres e as mulheres morenas de cabelos curtos. Strombel aparece, então, para Sondra Pransky (Scarlett Johansson, 22 de novembro de 1984), num lugar insólito: em meio a uma apresentação de um mágico (Allen), para a qual ela foi escolhida, no manjado número da desmaterialização. Fica sabendo, por Strombel, que o aristocrata Peter Lyman (Hugh Jackman, 12 de outubro de 1968) é o assassino. Allen junta todos esses acontecimentos num roteiro que é o próprio Woody Allen que conhecemos: recheado de humor neurótico, crítica às relações familiares e, nesta fase britânica, com sutis comparações entre as culturas americana e inglesa. Mas não é um grande filme de Woody Allen. Pelo menos, está bem abaixo de Match Point e Melinda e Melinda. No entanto, é essa leveza inesperada nos filmes do diretor que faz de Scoop o que se pode chamar de “fase intermediária”, própria dos grandes gênios do cinema. Scarlett está à vontade num papel cômico, mas Jackman parece engessado como um lorde inglês, apesar de suas raízes britânicas. Durante os créditos finais, tem-se a impressão de se ter visto uma comédia, sem grandes pretensões a não ser mostrar que assassinatos em série possuem aspectos engraçados que só podem ser explorados por um grande diretor.
domingo, 16 de dezembro de 2007
222 - VESTÍGIOS DO DIA
vestígios do dia (remains of the day, usa/uk, 2003) – de James Ivory. Por causa de filmes assim é que podemos considerar atores como Anthony Hopkins (31 de dezembro de 1937) verdadeiros gênios. Sua atuação como um simples e devotado mordomo de um lorde inglês é simplesmente impecável. As sutilezas, os olhares, a inflexão exata, tudo isso faz deste ator uma referência única no cinema. A forma como ele mostra o senso de dever acima de tudo na vida do personagem é para ser visto e revisto sempre. Mas não é só isso: Emma Thompson (15 de abril de 1959), como a governanta que passa a ser o objeto de amor do mordomo, está soberba; o saudoso Christopher Reeve (25 de setembro de 1952 – 10 de outubro de 2004) emociona num papel relativamente pequeno, mas marcante, e um contido Hugh Grant, sem caretas. Um elenco em perfeita sintonia com o talento.
221 - O HOSPEDEIRO
o hospedeiro (gwoemul, coréia do sul, 2006) – depois que, de uma base militar americana, galões de uma substância tóxica são despejados no rio Han, em Seul, uma criatura gigantesca aparece e parte para cima da multidão. A partir daí, o diretor Joon-Ho Bong, dá início a algo mais do que um filme de ficção-científica, misturado com terror e excelentes efeitos especiais: reflexões político-sociais sobre a divisão das duas Coréias, relações familiares dilaceradas, autoridades corruptas e desigualdade entre as classes da população. Apesar da maneira totalmente diferente de representar, os atores coreanos acabam por estabelecer uma certa simpatia com o público, talvez por seu jeito naturalmente desprotegidos, característica que o diretor explora a fundo. Vale, especialmente, pelos ótimos efeitos da Orphanage, o ateliê do momento para os cineastas mais ousados.
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
220 - HONKYTONK MAN
honkytonk man (usa, 1982) – de Clint Eastwood. Red Stovall (Clint) é um cantor country que, durante a Grande Depressão, quer ir a Nashville para realizar seu grande sonho de participar do Grand Ole Opry, o mais antigo programa de rádio dos Estados Unidos. Red está com tuberculose e juntamente com seu sobrinho Whit (Kyle Eastwood, filho de Clint) faz a viagem, apesar da doença. Todos os ingredientes do road movie estão presentes, incluindo o rito de iniciação sexual de Whit num bordel e a inevitável descoberta de valores como amizade, lealdade e companheirismo. O foco é a obstinação do solitário Red em perseguir seu sonho, ao mesmo tempo em que constrói uma profunda e autêntica relação de afeto com seu sobrinho
219 - MAIS ESTRANHO QUE A FICÇÃO
mais estranho que a ficção (stranger than fiction, usa 2006) – Will Ferrell (16 de julho de 1967) de novo. Ainda não consegui achá-lo o grande ator de que tanto falam. Em 1995, na sua primeira temporada do Saturday Night Live, Ferrell foi votado pelo público como o pior comediante na história do programa. Continuo achando que eles estavam certos e ainda espero uma grande atuação para me convencer. Mesmo assim, ele não compromete – muito – essa história interessante, na qual ele interpreta Harold Crick, um desenxabido fiscal da Receita que vive metodicamente controlado por números (até a quantidade de escovadas de dentes é repetida diariamente). De uma hora para outra, começa a ouvir uma voz dentro de sua cabeça – uma voz de mulher, que narra cada um dos seus gestos minuciosamente. Auxiliado por um professor de literatura (Dustin Hoffman), Harold descobre que passou a ser personagem de um romance escrito por Kay Eiffel (Emma Thompson, bastante envelhecida) e que a autora vai matá-lo. A voz que ouve é dela. A partir daí, ele tenta convencê-la a mudar o desfecho. A mensagem mais aparente é que precisamos valorizar mesmo as pessoas que aparentemente são insignificantes, o que, em si, é uma atitude nobre em dias tão áridos como os de hoje. Também entra a questão, sempre interessante, de sermos os verdadeiros autores de nossas vidas ou não. Além disso, gostei da abordagem do personagem de Hoffman, que começa querendo saber se a história em que Harold está é uma comédia ou uma tragédia, nos remetendo à genial sacada de Woody Allen em Melinda, Melinda. Maggie Gyllenhaal é o contraponto romântico de Harold, iluminando para nós, que vemos o filme, o lado mais humano de um personagem supostamente tão sem graça quanto seu intérprete.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
218 - BEIJOS E TIROS
BEIJOS E TIROS (KISS KISS BANG BANG, USA 2005) – de Shane Black, roteirista de Máquina Mortífera. Divertida e inesperada, esta produção ressuscita a carreira comatosa de dois atores que já estiveram na crista da onda: Val Kilmer (31 de dezembro de 1959) e Robert Downey Jr. (04 de abril de 1965). Misturando comédia e cinema noir, Black satiriza a vida glamourosa de Hollywood e seus arquétipos, como a turma das festas, o poder dos milionários e, acima de tudo, o mistério de vários assassinatos sem solução. Downey Jr. é Harold, um ladrão que, fugindo da polícia, se vê involuntariamente num teste para uma cena de um filme policial. A cena requer que ele lamente e se culpe pela morte do parceiro, fato que, momentos antes, havia acontecido com ele na vida real. Sua atuação no teste é, portanto, mais que convincente, e ele é enviado para Los Angeles, onde conhece Gay Perry (Val Kilmer), um investigador particular que o leva a um torvelinho de múltiplos homicídios, apropriações de identidade e segredos que envolvem mulheres fatais e coisas do tipo. Tudo evoca Raymond Chandler, com divisões em capítulos inclusive, embora Harold seja o antípoda de Marlowe, agindo mais para um Forrest Gump que aderna num mar de situações, do que um agente argucioso como o detetive chandleriano. Atenção para a bela Michelle Monaghan (23 de março de 1976), a outra ponta do trio.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
217 - EVOLUÇÃO
evolução (evolution, usa 2001) – total perda de tempo. Grandes atores, num momento de total eclipse do bom senso, se rendem a filmes constrangedores. É o caso de Julianne Moore aqui. Como esquecer seu papel no excelente Magnólia, em que fazia uma caça-dotes que se descobre apaixonada pelo marido idoso e moribundo (Jason Roberts, soberbo). A pergunta que não quer calar: o que uma atriz desta craveira está fazendo num filme, digamos, tão rasteiro, não bastasse a presença de répteis antediluvianos dividindo a cena com outro perdido, David Duchovny que, desde o fim de Arquivo X, anda patinando na carreira? Evolução ( ! ) é uma tentativa do diretor Ivan Reitman de repetir os sucesso que teve nos anos 80 com a série Os Caça-Fantasmas. Tudo pretexto para mostrar monstros despejados na Terra por um meteoro e toda sorte de vulgaridade, como cenas de sexo bizarro entre os, bem, vá lá, bichinhos. O roteiro descerebrado tem um mérito: mostrar, sem rodeios, uma nova teoria da involução dos bons filmes.
216 - CLAMOR DO SEXO
clamor do sexo (splendor in the grass, usa 1962) – de Elia Kazan. Sempre que revejo este filme, me convenço que já não se fazem atores (e diretores) como antigamente. Além de formarem um dos casais mais bonitos já vistos na tela, Natalie Wood e Warren Beatty têm atuações maravilhosas. Sabem atuar, sem dúvida. Assim, diga-se, como todo o restante do elenco. Pat Hinge (19 de julho de 1924), por exemplo, que faz o pai de Bud. Que ator! É impressionante o que ele faz com um personagem difícil, que idolatra o filho, renega a filha e é completamente indiferente à esposa submissa (a ótima Joanna Ross). Beatty interpreta Bud, rapaz rico, filho de um casal rústico, que se apaixona por uma garota pobre, Deannie (Wood). Bud quer viver com ela, mas tem que enfrentar o desestímulo e as idéias conservadoras do pai e, assim, frustrar seus desejos e sentimentos. O mesmo acontece com Deannie que, embora não brigue nem se desentenda com os pais, deixa claro suas discordâncias com eles. O roteiro apresenta as frustrações dos dois, e volta a discutir o conflito de gerações, assunto central do cinema de Kazan. Um filme lindo e triste, como a vida, vira e mexe, se nos apresenta.
215 - O HOMEM DE ALCATRAZ
birdman of alcatraz (usa, 1962) – de John Frankenheimer. Poético filme com Burt Lancaster no papel de Robert Stroud, condenado à pena máxima que, um dia, passa a cuidar de um pássaro encontrado no chão do pátio da prisão, até desenvolver um profundo conhecimento sobre eles. O contraponto óbvio é a liberdade representada pelas aves e a falta desta, condição da qual Robert não desfruta. Num certo ponto, Robert é proibido pelas autoridades prisionais de criar seus pássaros na cela e faz da luta para recuperar esse direito uma obsessão. Na vida real, Stroud viveu 54 anos atrás das grades, sendo 43 deles em solitária. Totalmente isolado, aprendeu a ler e escrever, além de outras línguas, até se tornar a maior autoridade em pássaros da época. Telly Savalas (21 de janeiro de 1922 – 22 de janeiro de 1994), ainda com cabelo, é Feto Gómez, um dos prisioneiros que também passam a se interessar pela ornitologia. Depois, tenta melhorar as condições de vida dos presos nos EUA. Karl Malden (22 de março de 1912), memorável, é o oficial da penitenciária que acaba se afeiçoando a Stroud. Burt Lancaster recebeu indicação para o Oscar por esse papel.
sábado, 24 de novembro de 2007
214 - SERPENTES A BORDO
serpentes a bordo (snakes on a plane, usa 2006) – pois é, vi isso. Já sabia do que se tratava, não posso reclamar – afinal, o título já diz tudo. No entanto, Samuel L. Jackson estava no elenco, e eu precisava conferir se ele tinha mesmo embarcado nessa canoa furada e cheia de serpentes. Na trama, ele é um agente do FBI que escolta uma testemunha crucial num processo contra a máfia em um vôo para Los Angeles. Os bandidos, então, despejam algumas centenas de víboras dentro da aeronave. O curioso é que o filme começou como um sucesso estrondoso de marketing via internet, antes de estrear, em setembro de 2006. Tudo por causa, exatamente, do título auto-definidor, que estimulou os fãs a inundar a rede com mensagens a respeito do filme. Vale como marketing, mas o filme é muito ruim, com efeitos primários e atuações pífias. Jackson, este sim um cobra, perdeu uma ótima chance de fazer um outro filme à altura de seu talento.
213 - OS CORRUPTOS
os corruptos (the big heat, usa 1953) – de Fritz Lang. Excelente exemplar do filme noir, com Glenn Ford (01 de maio de 1916, Canadá – 30 de agosto de 2006) como sargento Bannion, um policial que começa a sofrer ameaças, depois de investigar o suposto suicídio de um chefe de polícia. Sua esposa (Jocelyn Brando, irmã mais velha de Marlon, 1919 - 2005, linda, na foto aí do lado) morre num atentado planejado para ele. A partir daí, Bannion passa a ser perseguido pelos colegas corruptos da corporação. Fotografia e roteiro primorosos, além do talento de Ford, evidentemente. Lee Marvin (19 de fevereiro de 1924 – 29 de agosto de 1987) tem um papel que justificaria sua futura fama de homem mau, especialmente na cena em que joga café quente no rosto da amante (que malvado!). Mais um exemplo de como havia filmes excelentes antigamente.Só por curiosidade: Lang, nascido em Viena, havia sido convidado por Goebbels para ser o presidente do Instituto Alemão de Cinema, em 1933, mas não aceitou o cargo por ser anti-nazista. TCM, 24 de novembro de 2007.
sábado, 17 de novembro de 2007
212 - INVASÃO DE DOMICÍLIO
invasão de domicílio (breaking and entering, usa 2006) – de Anthony Minghella. Jude Law (29 de dezembro de 1972, Londres) é Will Francis, um arquiteto que mantém um estiloso escritório numa das regiões mais pobres de Londres, King’s Cross, vive com namorada Liv (Robin Wright Penn) e a filha adolescente problemática desta. Quando descobre que o assaltante que vem roubando coisas de seu escritório é um menino bósnio, Miro, se aproxima da mãe dele, Amira (Juliette Binoche, 09 de março de 1964, Paris), e os dois começam a se envolver, à princípio por razões distintas. Pois bem, a história parece apontar para várias representações, a partir do significado suposto dos assaltos cometidos pelo menino e das atitudes do conflitado Will. O relacionamento de Will com Liv não está bom, muito em função da aparente hiperatividade da filha dela. Aí, ele tenta sair desta situação forçando a entrada em outra (com a mãe do menino), ou seja, há sempre a ação de entrar e sair das situações através de subterfúgios e meios obscuros. Nisso, Will e Miro se aproximam e apresentam certa necessidade de uma figura feminina forte, papéis cumpridos por Amira e Liv, intercambiavelmente, como veremos no final do filme. Observa-se, também, o problema social dos imigrantes do leste europeu em grandes centros, como Londres. os personagens de Minghella sempre parecem buscar a redenção. É o caso aqui. Outra coisa: rara oportunidade de ver uma cena de nudez de Juliette Binoche, apesar de ter posado para a Playboy francesa recentemente. Juliette é, sem dúvida, uma das atrizes mais lindas e talentosas do cinema.
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
211 - 0 GAVIÃO E A FLECHA
o gavião e a flecha (the flame and the arrow, usa 1950) – história meio copiada de Robin Hood, com Burt Lancaster (02 de novembro de 1913 – 20 de outubro de 1994) tendo a chance de mostrar seus dotes acrobáticos (havia trabalhado em circo antes), juntamente com o simpático Nick Cravat (11 de janeiro de 1912 – 29 de janeiro de 1994). Dardo (Lancaster) lidera os camponeses na luta contra o Conde Ulrich (Frank Allenby), que rapta seu filho. Virginia Mayo e Robert Douglas compõem o elenco. O filme é uma delícia e é um exemplo clássicos dos filmes em que o herói aparece pendurado num candelabro e lutando com espada, como na época de Erroll Flynn. Um dos filmes da minha infância.
210 - ROBSON CRUSOÉ EM MARTE
robson crusoé em marte (robson crusoe on mars, usa 1964) – uma pérola do gênero trash da ficção científica dos anos 60. O título já diz tudo: astronauta cai em Marte e luta pela sobrevivência, à princípio sozinho, e, depois na companhia de um chimpanzé e de Sexta-Feira, um escravo fugitivo de uma mina explorada por civilização alienígena. E ainda tem Adam West, num papel pequeno, mas no qual ele tem a chance de mostrar toda sua falta de talento que, mais tarde, exploraria com inteligência em Batman, na TV. Direção de Byron Haskin.
terça-feira, 13 de novembro de 2007
209 - A RAINHA
a rainha (the queen, inglaterra/frança/itália 2006) – de Stephen Frears. Literalmente, um drama da vida real. Quando Diana Spencer morre num acidente de carro em Paris, a rainha Elizabeth (Helen Mirren, 26 de julho de 1945) acredita que o protocolo e a tradição devam ser mantidos, enquanto o mundo e, em especial, a Inglaterra, é tomado de profunda comoção. Para enfrentar essa inusitada situação, ela precisa da ajuda do novo primeiro-ministro, o jovem e popular Tony Blair (Michael Sheen, excelente). Política, família, mídia, nobreza e vulgaridade são tratados com fascinante sutileza. E Helen Mirren ainda ganhou o Oscar. Sheen tem uma atuação inesquecível. James Cromwell também convence como o desenxabido príncipe Phillip.
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
208 - GIGOLÔ EUROPEU POR ENGANO
gigolô europeu por engano (deuce bigalow: european gigolo, usa 2005) – humor rasgado de Ron Schneider (31 de outubro de 1963), sem nenhuma conseqüência. Desta vez, ele vai à Europa, mais especificamente Amsterdã, e leva consigo a prótese da perna de sua finada esposa. Bem, está aí, talvez, a maior piada do filme. O resto você pode imaginar. Direção frouxa de Mike Bigelow.
207 - LARA CROFT: TOMB RAIDER
lara croft: tom raider (lara croft: tomb raider usa, 2001) – o filme serve como veículo para o carisma e o sex appeal de Angelina Jolie. E só. A adaptação é mal feita, a história é confusa e sem imaginação, emulando precariamente Indiana Jones. Francamente, nem Angelina está à vontade aqui. Só os fãs mais radicais poderão gostar desse video-game sem graça. Totalmente dispensável. Direção de Simon West.
206 - UM NOITE COM SABRINA LOVE
uma noite com sabrina love (una noche con sabrina love, argentina) – de Alejandro Agresti, de A Casa do Lago (2006). Um adolescente de 17 anos, do interior da Argentina, ganha um concurso para passar uma noite com uma famosa estrela pornô, Sabrina Love (Cecília Roth, 08 de agosto de 1956 BsAs), e começa sua viagem até o estúdio em Buenos Aires, onde se encontrará com ela. No caminho, vai conhecendo vários personagens que o ajudam na formação de sua personalidade. Belo filme de Agresti sobre os rituais de iniciação sexual, tendo como pano de fundo uma história inusitadamente delicada.
domingo, 11 de novembro de 2007
205 - NO CAIR DA NOITE
no cair da noite (the tooth fairy, usa 2006) – de Chuck Bowman. Mesma fórmula dos filmes de terror para televisão. Casa, agora transformada em albergue, é assombrada por uma bruxa serial killer. Muito sangue cenográfico, pedaços de corpos e uma mulher bonita como protagonista (Chandra West, 31 de dezembro de 1970). Lixo, sem dúvida. Procure outra coisa para assistir no cair da noite. Péssimos atores – tudo muito ruim. Jason está melhor na fita.
204 - O ROUBO DA MONA LISA
o roubo da mona lisa (On A Volé La Joconde, itália, 2006) – direção de Fabrizio Costa. A Mona Lisa foi roubada por amor – esse é o argumento dessa minissérie italiana em duas partes. Achei que a história se basearia no livro que acabei de ler, chamado, exatamente “O Roubo da Mona Lisa”, de Darian Leader, mas me equivoquei. Dois irmãos italianos, Vincenzo e Mariuccia, vão para Paris, no início do século XX, à procura de emprego. Vincenzo se apaixona por Aurore e, quando vai trabalhar como funcionário do Louvre, rouba a Mona Lisa para dar de presente a ela, num gesto apaixonado. Faria o mesmo. Gostei da narrativa. Destaque para Violante Plácido, como Aurore.
203 - AS CRÔNICAS DE NÁRNIA
as crônicas de nárnia, o leão, a feiticeira e o guarda-roupas (the chronicles of narnia: the lion, the witch and the wardrobe, usa 2005) – essa é mais uma adaptação de um relativo sucesso literário, desta vez para a tela grande, já que apareceu três vezes na televisão. Tudo aqui lembra Harry Potter e O Senhor dos Anéis: a existência de um mundo paralelo à realidade habitado por criaturas estranhas, efeitos de computador, crianças diante de graves decisões de vida e a eterna luta entre o bem e o mal. O inventor desse universo mítico, C.S. Lewis, era professor de Literatura Medieval em Oxford, colega de J.R. Tolkien, que discordava das alegorias religiosas de Lewis. Neste filme, quatro crianças são filhos encaminhados pela mãe para o castelo de um velho professor durante os ataques à Inglaterra, na Segunda Guerra Mundial. Elas acabam descobrindo um guarda-roupas que, na realidade, é um portal para Nárnia, onde uma bruxa satânica controla tudo com seu feitiço. Há várias referências a fontes místicas como as de Alice no País das Maravilhas e O Mágico de Oz. Em As Crônicas de Nárnia, a fuga das crianças da guerra humana acaba na participação delas numa outra, onde têm que lutar para restabelecer a ordem, durante uma missão bélica de exacerbada realidade violenta. Os efeitos especiais não são bons, e o enredo se remete a questões bíblicas, bem ao gosto de Lewis: o leão Aslan seria uma espécie de Cristo à espera de ressurreição, os seres humanos são chamados de “filhos de Adão” ou “filhas de Eva” e a bruxa usa a maçã para seduzir uma das crianças a ponto de transformá-la em traidora (um Judas?). No fim, acha-se tudo meio chato.
202 - A CASA MONSTRO
a casa monstro (monster house, usa 2006) – não é exatamente uma animação para crianças – o filme chega a assustar em alguns momentos, principalmente quando toca em alguns assuntos mórbidos, como a morte da dona da casa do título. A produção é de Robert Zemeckis e Steven Spielberg e é o segundo filme feito com a técnica de animação por captura de movimentos, a mesma do ótimo O Expresso Polar, que Zemeckis dirigiu. A direção deste aqui é de Gil Kenan. Na história, três crianças descobrem que a casa vizinha é, na verdade, uma criatura assustadora. Destaque para Maggie Gyllenhaal fazendo a voz do personagem Z.
sábado, 10 de novembro de 2007
201 - SIN CITY
sin city (sin city, usa 2005) – uma das melhores adaptações do clima noir das histórias em quadrinhos para o cinema. Uma sucessão de episódios violentos e aparentemente desconexos, protagonizados por um ressuscitado Mickey Rourke, Bruce Willis, Clive Owen e Benício Del Toro. Rosário Dawson aparece lindíssima, assim como Jéssica Alba dançando numa boate com um laço na mão. Mistura perfeita de CP com o clima noir do universo de Frank Miller (27 de janeiro de 1957). O trabalho mais conhecido de Miller, dentro e fora da indústria de quadrinhos, é "The Dark Knight Returns", um conto sombrio de Batman situado em um futuro próximo. Mostrava Batman como um vigilante violento e de certo modo sem escrúpulos, fugindo do campo cômico da série de TV dos anos 6o estrelada por Adam West no papel do super-herói. Nesse trabalho também redefiniu o perfil psicológico de alguns vilões clássicos: Coringa e Duas Caras , e acabou para sempre com a amizade cordial com o Super-Homem, mostrado como um personagens de traços reacionários e distantes. Sin City, incrivelmente, recupera um pouco da carreira de Rourke, que faz o melhor papel dos episódios, mesmo sob uma pesada maquiagem.
200 - VÔO 93, O FILME
199 - AMEAÇA INVISÍVEL
ameaça invisível (Stealth, usa 2005) – apesar dos exageros na computação gráfica, Stealth é um filme de ação razoável: no futuro, a marinha desenvolve um caça inteligente que prescinde do piloto para realizar suas ações de ataque. No entanto, abuso de CP. No elenco, Josh Lucas, e a bela Jéssica Biel (o verdadeiro avião do filme, olha aí), além do talentoso, e aqui desperdiçado, Jamie Foxx.
198 - INFERNO NA TORRE
inferno na torre (the towering inferno, usa 1974) – o filme é ruim, não dá para dizer o contrário. Não pega fogo, entende? Apesar do elenco de estrelas - Paul Newman, Steve McQueen, Faye Dunaway, Fred Astaire, Robert Vaughn, Robert Wagner, William Holden e o inacreditável O.J. Simpson – não dá para levar a sério esse projeto de Irwin Allen: na inauguração do maior edifício do mundo, o arquiteto Newman encontra falhas no sistema elétrico e quer evacuar o prédio, mas o dono do empreendimento decide continuar com a festa, por razões comerciais. Este eixo argumental nos remete à Tubarão, de Spielberg, onde o personagem de Roy Scheider, o xerife de Amity, quer fechar a praia, depois do primeiro ataque do tubarão. Vale como um dos ícones do cinema-catástrofe dos anos 70.
197 - VÔO UNITED 93
vôo united 93 (united 93) – ao contrário do Vôo 93, O Filme, este aqui enfoca, com mais dramaticidade, os momentos de terror a bordo do avião da United seqüestrado em 11 de setembro de 2001. O destaque, aqui, é o documentário que mostra algumas famílias se encontrando com os atores que fizeram o papel dos passageiros. A ação se passa em tempo real. Direção de Peter Greengrass.
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
196 - IRMÃS
irmãs (hermanas, arg e espanha, 2005) – no Texas, depois de 9 anos, duas irmãs se reencontram e começam a perceber as diferenças que o tempo fez aparecer entre elas. Para mim, a razão do filme é ver Ingrid Rubio. A história meio chata, meio depressiva, sobre duas irmãs argentinas separadas pela ditadura militar, mas ela, quando aparece, ilumina a tela. Nascida em Barcelona em 02 de agosto de 1975, Ingrid fez um filme muito bom chamado O Alquimista Impaciente (2002).
195 - HARRY POTTER E O CÁLICE DE FOGO
harry potter e o cálice de fogo (harry potter and the globet of fire, usa/inglaterra, 2005 ) – a sensação que tive com os outros filmes da franquia se repetiu nesse: acho tudo meio confuso e com um excesso de efeitos especiais que, supostamente, teriam tudo a ver com uma história sobre bruxarias. Confesso que cansei bem antes do final. Direção de Mike Newell, de Quatro Casamentos e um Funeral, que conseguiu identificar neste quarto episódio da série uma espinha dorsal que não parece clara para aqueles que não se aprofundaram na saga do bruxinho: todos os acontecimentos resultam da determinação de Lorde Voldemort em obter três gotas do sangue de Potter para, assim, recuperar a forma humana. Tudo meio chato.
194 - CIDADE DOS ANJOS
cidade dos anjos (city of angels, usa 1988) – ainda continua sendo um filme emocionante, especialmente por causa de Nicolas Cage (07 de janeiro de 1964). Ele é, de fato, um grande ator e a gente vê isso nos silêncios que seu personagem, Seth, um anjo solitário e apaixonado pela médica feita displicentemente por Meg Ryan (19 de novembro de 1961). Esta versão americana de Asas do Desejo é muito boa e aproveita o gancho quase inevitável de a história se passar em Los Angeles para colocar um grupo de anjos que observam a cidade do alto de anúncios e dos telhados dos prédios. Líricos, eles ouvem música no nascer e no pôr-do-sol. Dennis Franz (28 de outubro de 1944), um ex-anjo que optou pela mortalidade, está maravilhoso no papel de Nathaniel Messinger, o guru de Seth. André Braugher (01 de julho de 1962) é Cassiel, amigo de Seth e que o ajuda a questionar a decisão de ser mortal para poder amar. A fala de Seth, respondendo por que havia se machucado – “I fell in love...” – é linda.
193 - DE REPENTE É AMOR
de repente é amor (a lot like love, usa) – não dava para não assistir: Amanda Peet (11 de janeiro de 1972) numa comédia romântica! Porém, comecei com má vontade, quando vi que seu par era Ashton Kutcher (07 de fevereiro de 1978), mas até que, no final, achei que ele fez bem o rapaz que conhece uma moça linda (Amanda) e, durante sete anos, reencontra-se com ela e com a certeza do amor. É impressionante como Amanda tem magnetismo na tela! Ela é Emily, uma garota que tem a vida amorosa mais que tumultuada. Kutcher é Oliver, um rapaz que pretende casar, ter uma profissão e se estabelecer na vida num período de seis anos. Durante esse tempo, eles se encontram e reencontram até perceberem que o verdadeiro amor é mesmo inesquecível. Um belo filme! Direção de Nigel Cole.
192 - AS TORRES GÊMEAS
as torres gêmeas (world trade center, usa 2006) – apesar do sempre talentoso Nicolas Cage no elenco, não gostei desta visão de Oliver Stone sobre os ataques de 11 de setembro ao World Trade Center. O filme não deixa de ser uma homenagem aos policiais e bombeiros que se transformaram em heróis, mas não vai além disso. A história é focada nos personagens de Cage (John McLoughlin) e de Michael Peña (Will Jimeno), policiais que ficaram soterrados sob os escombros depois que os prédios caíram. O drama das famílias dos policiais é que dá o argumento para este filme chato. De bom mesmo é ver Maria Bello (18 de abril de 1967) como a esposa de McLoughlin – ela está linda, como sempre!
191 - PLANO DE VÔO
plano de vÔO (flightplan, usa) – muito bom filme com Jodie Foster. Depois de embarcar num vôo de Berlim para Nova York, uma engenheira de jatos (Jodie) descobre que sua filha de seis anos, que estava viajando com ela, desapareceu. Transtornada, e aparentemente tida como maluca pela tripulação, ela é obrigada a confiar num técnico de segurança de vôo para provar que, de fato, a filha embarcara com ela.
190 - TUDO POR DINHEIRO
tudo por dinheiro (two for the money, usa 2005) – no limite da lei, Walter (Al Pacino) toca um negócio de “consultoria esportiva”: mediante comissão, fornece a apostadores palpites quentes sobre resultados de jogos do desenxabido – para nós, brasileiros, pelo menos – futebol americano. Seu novo contratado (Matthew McConaughey) é um talento na matéria, e a idéia de Walter é construir um império em torno dele. O tema do filme é a natureza faustiana dessa atividade obscura: quanto mais se ajuda um apostador a ganhar, mais se está empurrando-o para a beira do abismo. Pacino confirma que é um dos poucos atores capazes de fazer do histrionismo uma forma de arte.
189 - FORA DE RUMO
fora de rumo (derailed, usa 2005) – thriller de suspense com o ótimo Clive Owen e Jennifer Aniston. Um encontro ao acaso, num trem, leva Charles (Owen) e Lucinda (Aniston) a uma paixão arrebatadora e secreta, pois os dois são casados. Em princípio, essa história parece ter todos os ingredientes de um romance urbano, mas, com o aparecimento de um estranho (Vincent Cassel), as coisas tomam uma outra direção. Roteiro bem feito, enxuto, sem excessos e valorizado pelas ótimas atuações de Owen e Cassel, principalmente. Não gostei de Jennifer Aniston neste filme. Falta a ela aquele ar de mulher fatal que o personagem exige.
188 - VÔO NOTURNO
vôo noturno (red eye, usa 2005) – de Wes Craven. Lisa (Rachel McAdams, 07 de outubro de 1976) é uma moça com medo de avião que tem que pegar um vôo noturno para Miami. O passageiro ao seu lado (Cillian Murphy) é o rapaz com quem tinha flertado no aeroporto. Tudo vai bem até que ele lhe revela que precisa colaborar com ele num plano para matar um alto funcionário do governo, sob o risco de ter o pai, mantido refém, assassinado. Bom thriller de suspense, indevidamente incensado pela crítica como tendo ares hitchcockianos. Craven está longe de ser um novo Hitch, convenhamos. Murphy repete o papel de malvado que fez em Batman Begins, onde era o Espantalho.
187 - SENTINELA
sentinela (the SENTINEL, usa 2005) – thriller policial com Michael Douglas no papel de agente do serviço secreto americano, cujos grandes feitos foi ter sido baleado no atentado a Reagan e ter um caso com a atual primeira dama (Kim Bassinger). Não é para se espantar, pois o homem já foi internado numa clínica por ser viciado em sexo. De qualquer forma, tenho uma profunda admiração por um homem que foi capaz de casar com Catherine Zeta-Jones. Bom produto de ação, com belas seqüências de Washington. Kiefer Sutherland faz um papel um pouco abaixo de sua capacidade dramática.
186 - MARCAS DA VIOLÊNCIA
marcas da violência (a history of violence, usa 2005) – Tom Stall (Viggo Mortensen, 20 de outubro de 1958) tem uma vida tranqüila como dono de um restaurante com a esposa (Maria Bello) e os filhos numa cidade do interior. Depois de se tornar um herói ao evitar um assalto ao seu estabelecimento, torna-se foco da imprensa, e sua história conhecida em todo o país. Com essa exposição, atrai a atenção de pessoas que conhecem o seu passado nada glorioso. O primeiro a chegar é Carl Fogarty (Ed Harris, 28 de novembro de 1950), até que, no fim, Tom reencontra seu irmão Ritchie (William Hurt, 20 de março de 1950) e, assim, sua antiga identidade, da qual havia feito tudo para esquecer. Acho que David Cronenberg, diretor de Crash e A Mosca, quer mostrar que todo mundo tem algo a esconder. Também pode ter querido dizer que a violência é hereditária – a cena em que o filho de Tom mata um personagem pode muito bem representar isso.
185 - SHOWGIRLS
SHOWGIRLS (COYOTE ugly, usa 2000) – de David McNally. O filme mostra a história de Violet (Piper Perabo, 31 de outubro de 1976), que vem de New Jersey tentar a vida como compositora em Nova York e acaba arranjando emprego no bar mais agitado da cidade, o tal Coyote Ugly, onde só trabalham lindas garotas que se esmeram em tirar sarro da cara dos clientes masculinos. A gerente é a bela Maria Bello. Típico produto do american way of life, que mostra que qualquer um pode alcançar a fama no país das oportunidades. Violet, no entanto, tem que se livrar do medo do palco e convencer seu pai (o gente boa John Goodman, 20 de junho de 1952) de que vale a pena buscar a realização dos sonhos. Uma das meninas do bar é a gorgeous Bridget Moynahan (21 de setembro de 1970), que fez O Recruta (2003) e que aparece ainda mais linda em O Senhor das Armas (2005).
184 - O SENHOR DAS ARMAS
o senhor das armas (lord of war, usa/frança 2005) – tudo é excepcional neste filme escrito e dirigido pelo neozelandês Andrew Niccol (Gattaca e O Show de Truman), a começar pela abertura originalíssima: sob o hipotético ponto de vista de uma bala de fuzil, acompanhamos seu nascimento do metal fundido, no Leste Europeu, até o momento em que ela estoura o crânio de um rapaz negro, num país africano qualquer. Além do mais, temos Nicolas Cage num desempenho memorável como protagonista e narrador Yuri Orlov que, num dado momento, convence-se de que seu destino é atender a uma necessidade humana, tão básica quanto o alimento – a de matar. Orlov então alicia seu irmão caçula e enfia-se no negócio de tráfico de armas, começando por baixo (vendas de peças usadas, por quilo) e subindo ao topo graças aos arsenais deixados sem dono pelo desmantelamento da União Soviética. Para enfeitar, Bridget Moynahan está mais linda do que nunca como esposa de Orlov. Um grande filme sobre um tema delicado e que, certamente, incomoda qualquer um com um mínimo de sensibilidade. Magnificamente filmado e com um humor quase perverso, este filme é um tiro de misericórdia no que ainda há de inocência neste início de século.
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
183 - TENSÃO NO AR
tensão no ar (air marshal, alemanha 2005) – uma das piores produções que já vi. Roteiro mais que previsível: seqüestro de um avião, um oficial de segurança a bordo, terroristas mulçumanos e um garotinho que ajuda a pousar o avião. Duro, não? Pois é, para piorar as coisas, os efeitos são paupérrimos: tudo desenhado sem a mínima preocupação com a realidade. Os atores são péssimos e a direção praticamente inexiste. Não é de se admirar que tenha havido tensão no ar. O mocinho, Dean Cochran (18 de março de 1972), foi um dos motoqueiros de Batman&Robin (1997).
182 - A BUSCA
a busca (iris effect, usa/russia 2004) – thriller de suspense eficiente, mas com um final comprometido por uma indefinição de roteiro. Sarah (Anne Archer, 24 de agosto de 1947) vive em Los Angeles e desde que seu filho Thomas desapareceu, nunca perdeu a esperança de reencontrá-lo. Um livro com ilustrações que podem ter sido feitas por ele, a leva até a Rússia, onde ela espera resolver o mistério do seu desaparecimento. A maioria dos atores são russos, o que compromete ainda mais a história porque são péssimos. Anne Archer está muito envelhecida e parece indisposta a dar ao personagem certa credibilidade. Nem de longe lembra a exuberante mulher de Michael Douglas em Atração Fatal, filme de Adrian Lyne de 1987. Bem, se passaram 20 anos desde então, mas a gente sempre espera um milagre do cinema, não? Direção de Nikolai Lebedev.
181 - MATADORES DE ALUGUEL
matadores de aluguel (shadowboxer, usa 2005) – interessante e original história de dois assassinos que vivem juntos há muito tempo, Rose (Helen Mirren, 26 de julho de 1945) e Mickey (Cuba Gooding, Jr., 02 de janeiro de 1968). Rose está com câncer e tem seus dias contados. Juntos, são contratados para um último serviço: matar Vickie (Vanessa Ferlito, 28 de dezembro de 1980) a mulher de um cruel criminoso (Stephen Dorff, 19 de julho de 1973). Contudo, Rose poupa Vickie ao ver que ela está prestes a ter um bebê. Juntos, Rose, Vickie e Mickey buscam, juntos, encontrar amor e redenção sob as mais inesperadas circunstâncias. Impressionante atuação de Cuba, que tem apenas 37 falas em todo o filme, mas que consegue passar toda a carga dramática de seu personagem que, no fundo, é capaz de tudo para se sentir protegido. Helen Mirren é, de fato, uma grande atriz! Algumas cenas violentas, mas inteiramente dentro do contexto do filme. Belíssima fotografia.
180 - OPERAÇÃO DRAGÃO
operação dragão (enter the dragon, usa 1973) – recrutado pelo serviço secreto britânico, um experto em artes marciais (Bruce Lee) investiga o traficante de drogas e prostitutas que está promovendo uma competição de kung-fu em sua fortaleza, numa ilha. Clássico do cinema de artes marciais responsável pela transformação de Lee em astro internacional. Dirigido por Robert Clouse, um especialista em filmes de ação e artes marciais. Aos olhos de hoje, o filme é ruim, mas tem seu charme. Até hoje, não está bem claro o que realmente provocou a morte de Lee, em julho de 1973. A versão oficial diz que ele teve um edema cerebral, provavelmente provocado por golpes sofridos nos sets de filmagens de Operação Dragão, agravado pelo uso de analgésicos tomados sem recomendação médica, por causa das fortes dores de cabeça que sentia. A lenda diz que foi a Máfia chinesa, que queria Lee em seus quadros. Operação Dragão fez mais de 100 milhões de dólares em todo mundo, no seu lançamento, num verdadeiro fenômeno para a época.
179 - SEM TALENTO PARA MATAR
sem talento para matar (the gazebo, usa 1959) – este não é o filme que eu supunha ter visto há muito tempo, embora o título e o tema sejam os mesmos: um cadáver escondido na base de um coreto de jardim (o gazebo do título) que, com o passar do tempo, vai aparecendo e deixando o autor do crime em evidência. Curiosamente, eu tinha uma outra idéia do filme, certamente deformada pela lembrança que arrasto por este vale de lágrimas há tanto tempo. Glen Ford mostra que sempre teve o timing certo para comédia. Debbie Reynolds, como não poderia deixar de ser, é a esposa.
178 - O PECADO MORA AO LADO
o pecado mora ao lado (the seven year itch, usa 1955) – de Billy Wilder. Comédia adaptada de uma peça da Broadway de George Axelrod, que tinha o mesmo Tom Ewell no papel de Richard Sherman que, depois que sua família saiu de férias, ficou sozinho em seu apartamento em Nova York, disposto a não mais beber, não mais fumar e não mais procurar qualquer mulher. Acontece que a vizinha do andar de cima é Marilyn Monroe e, aí, fica difícil manter qualquer promessa. É um filme simbólico para a construção do mito Marilyn, principalmente por causa da cena em que a saia do seu vestido levanta quando o metrô passa sob a calçada. Na época, Marilyn estava casada com Joe DiMaggio há exatamente 9 meses e, ironicamente, o casamento acabou durante as filmagens. Explico: o título, em inglês, se refere a uma suposta coceira que acomete os casais depois de sete anos juntos, fazendo com que eles rompam a relação. Marilyn causou problemas durante as filmagens: chagava tarde e mal decorava suas cenas. Em algumas, repetia até 40 vezes o mesmo take até ficar bom. Wilder queria Walter Matthau, um novato na época, para o papel principal, mas a 20th Century Fox não queria correr o risco e indicou Ewell.
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