quarta-feira, 7 de novembro de 2007

163 - O CÓDIGO DA VINCI


o código da vinci (da vinci code, usa 2006) – de Ron Howard. Assisti ao filme com certa reserva, mas até que o considerei um bom thriller de suspense. Howard optou por uma narrativa didática para os que não leram o livro de Dan Brown (eu inclusive) e expôs com competência a trama que envolve um segredo milenar: a descendência de Cristo, que teria sido casado com Maria Madalena e deixado filhos. Pressupõe-se, daí, que Maria Madalena teria sido o receptáculo do sangue de Jesus, na forma do filho ou dos filhos que teve com ele. A ausência do cálice (Santo Graal) na Última Ceia pintada por Leonardo confirmaria esse papel de Madalena. O que se sabe sobre a arte da Renascença contradiz essa sugestão: o cálice está ausente também em algumas pinturas italianas anteriores à de Leonardo, já que o costume era enfatizar não a Eucaristia – a partilha do pão e do vinho -, mas o choque dos discípulos perante a afirmação de um deles trairia Jesus. A história, a meu ver, só tem um aspecto consistente: retrata muito bem a força feminina e como a sua figura tem sido temida pela Igreja Cristã. O Código da Vinci pode seduzir alguns leitores por seu verniz de informação histórica, mas esse, segundo consta, não é o forte do autor e nem foi a preocupação de Howard. Crível ou não, tudo bem explicadinho, menos uma coisa: a chapinha no cabelo de Tom Hanks. Não perca tempo com esse filme e reveja O Nome da Rosa, com muito mais pedigree acadêmico.