quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
1213 - 20.000 LÉGUAS SUBMARINAS
20.000
LÉGUAS SUBMARINAS (20.000 LEAGUES UNDER THE SEA, USA 1954) – de Richard Fleisher. James Mason faz um Capitão Nemo como um heroi trágico,
um homem tão à frente do seu tempo, que suas invenções eram vistas como ameaças
à humanidade. Desta forma, o grande ator inglês transformou seu personagem numa
imagem icônica (a barba, os cabelos grisalhos, a expressão amargurada...), que
influenciou a formação do arquétipo do cientista brilhante (nem louco nem
excessivamente racional), tão presente em outras produções do gênero (veja
Vincent Price, em Rubor, o Conquistador do Mundo, 1961, também de Verne, uma
versão aérea de Nemo). Uma nota dissonante do filme é a atuação meio over e estereotipada
de Kirk Douglas, como um Ned Land que mais reflete a personalidade, então,
exuberante do ator do que a descrição feita por Jules Verne no livro. À parte
tudo isso, não há como negar que a obra contém elementos caracteristicamente shakespearianos:
a ação, em geral, se passando dentro da mente dos personagens que se analisam
mutuamente, a claustrofobia do submarino gerando alucinações, a luta com o
polvo gigante emulando os fantasmas criados pelo Bardo. Quase sem muitas falas,
Peter Lorre tem uma participação coadjuvante, sem muito brilho. Uma fato
curioso sobre ele: quando jovem, foi aluno de Freud, em Viena.