BEIJOS PROIBIDOS (BAISERS
VOLÉS, 1968) - Esta terceira
aventura de Antoine Doinel foi feita durante os protestos estudantis de maio de
1968 e por isso é dedicada ao diretor da Cinemateca francesa, Henri Langlois,
na época ameaçado de demissão. Faz parte da série autobiográfica do diretor
François Truffaut (1932-1984), sempre com o ator Jean-Pierre Léaud como Doinel
e iniciada com "Os Incompreendidos" ("Les 400 Coups",
1959), que foi também a estréia do diretor no longa-metragem. Seguiu-se um
episódio de "O Amor aos Vinte Anos" ("LŽAmour à 20 Ans",
1962) e depois este "Beijos Proibidos", no qual o personagem conhece
sua futura mulher, interpretada por Claude Jade. Truffaut tirou o título original das palavras de uma
canção de Charles Trenet, "Que-Rest-t-il de Nos Amours?", que
pergunta o que resta de nossos amores, de nossos dias felizes, olhos amassados,
beijos roubados. Truffaut dizia que, se o filme ficasse parecido com essa
canção, ficaria contente. Foi esse exatamente o resultado: um filme suavemente
melancólico, simples e complicado como a vida, ao mesmo tempo poético e
divertido. E que na verdade não se parece com nada que já tivesse sido feito em
cinema antes. Somente Truffaut conseguiria transformar em emoção
uma imagem tão prosaica como a de uma carta "pnéumatique" -- um
sistema já extinto, que havia apenas em Paris, pelo qual se podia enviar uma
mensagem expressa por um sistema de tubos subterrâneos injetados com ar
comprimido, chegando ao destinatário no mesmo dia.
Se quisermos teorizar sobre os temas do filme,
podemos dizer que Truffaut sempre condena as instituições como culpadas pelas
formalidades e distorções das relações humanas, enquanto celebra a beleza da
sorte e da coincidência. "Beijos Proibidos" é um belo e inesquecível
filme, indicado ao Oscar de melhor produção estrangeira. Esta edição faz parte
da coleção "As Aventuras de Antoine Doinel" e traz como extras os trailers
da série com o personagem e biografia do diretor.